Planejando a Segmentação e o Posicionamento Wilson Doll* Havia um tempo que bastava trabalhar com uma região geográfica controlável para dizer que se estava segmentado. Tempo que definir grupos de consumidores-alvo era classificar apenas por idade, renda ou sexo. O tempo passou e, a globalização traz a proliferação de marcas e a ampliação dos canais de mercado. Um cenário de mudanças intensas e rápidas pede respostas à altura. As respostas que a empresa dá ao mercado determinam seu tempo de vida e, cada vez mais, respostas ágeis e precisas são requisitadas. As variáveis a serem monitoradas são inúmeras e não bastando as que já existem, novas são inseridas. O grande número de notícias causa, no mínimo, uma confusão de informação. As velhas fórmulas não funcionam mais. Bem-vindo ao novo ambiente de marketing. Toda empresa que atua em um mercado amplo, em um dado momento, percebe que é impossível "atirar" pra todos os lados e conseguir resultados satisfatório, pois os recursos financeiros terão que ser sempre grandes para suportar a estratégia. A diversidade das características dos possíveis clientes são inúmeras e competir em muitos segmentos pode lhe trazer alguma dor de cabeça. Dificilmente você conhecerá tão bem seu cliente num mercado muito amplo. Para facilitar a visualização do publico-alvo agrupam-se os clientes por características comuns de maneira que se possa distinguir um grupo de outro. Essa agrupação permite saber quais são as reais necessidades do grupo, isso é segmentação. De acordo com Kotler, segmentação é "a ação de identificar e classificar grupos distintos de compradores que podem exigir produtos e/ou composto de marketing separados"(Kotler, 1998). Segundo ele, a segmentação acompanha outros dois passos, a escolha de mercado-alvo e o posicionamento de mercado. Para iniciar a segmentação devemos reunir grupos de compradores com características comuns. Essas características comuns, normalmente, revelam padrões de escolha e uso de produtos, avaliações e atributos de importância, reações à marca, fatores geográficos, demográficos, psicográficos e de resposta de mídia. Isso permitirá a identificação dos grupos que temos condição atuar e, deste modo, fazer a segmentação. Depois de identificados os segmentos é possível escolher um ou mais segmentos para atuar. Essa escolha é baseada na atratividade do mercado e devemos levar em conta fatores como: tamanho do segmento; taxa de crescimento; elasticidade e sensibilidade a preço; sazonalidade; barreiras de entrada e de saída; tecnologia usada; fornecedores; perfil da concorrência; diferenciação e impactos econômicos, político-legal e social. É fundamental também uma análise das condições internas da empresa para competir no segmento escolhido: pontos fortes e fracos; posições econômica, tecnológica e perfil de capacidade (gerência, marketing e integração). Para melhor visualizar todas as informações colhidas é aconselhável fazer matrizes para avalizar o grau de atratividade dos segmentos e a capacidade da empresa de atender as necessidades exigidas pelo mercado. O terceiro e último passo é o posicionamento de mercado através do estabelecimento e execução de estratégias. Alguns autores estabeleceram três estratégias básicas para explorar os segmentos: Marketing não-diferenciado, marketing diferenciado e marketing concentrado. O marketing não-diferenciado é uma abordagem que pretende atingir o mercado sem distinção. Nesta estratégia o produto é padrão para todos, não se visualiza nenhuma diferença. Aqui há um pressuposto que todos irão utilizar o produto da mesma forma, logo, os recursos utilizados serão bem menores (proporcionalmente) aos da estratégia diferenciada. O marketing diferenciado é uma estratégia adotada pelas empresas que tem produtos e serviços para oferecer a segmentos com intenções de compra singulares. Aqui os segmentos se comportam de maneiras diferentes e a empresa tenta se adaptar ao segmento. Há uma grande probabilidade de se conseguir atingir todo o mercado-alvo com esta estratégia. Os recursos utilizados nesta estratégia serão grandes, pois implica em custos elevados. O marketing concentrado consiste em atuar fortemente em um ou poucos segmentos, deixando os outros para os concorrentes. Esta é uma maneira de construir uma posição forte frente a alguns mercados, facilitando a defesa de suas posições. Esta estratégia pressupõe um conhecimento profundo dos clientes que vão ser atendidos. Quanto menor o segmento maior será a necessidade de se estar acompanhando permanentemente este mercado para verificar sua atratividade. Decidir sobre a estratégia é estudar cada detalhe da segmentação para que haja um posicionamento de sucesso. O desenvolvimento de uma estratégia bem elaborada facilitará as decisões sobre o preço utilizado, a publicidade indicada, a disponibilização dos produtos e a logística necessária para atender o mercado. O direcionamento dos recursos de uma empresa para uma única estratégia proporciona um crescimento estável e controlável (na maneira do possível), permitindo prever ao longo da linha do tempo possíveis posições de mercado a serem conquistadas ou defendidas. Para se atingir uma posição estratégica confortável, acima de tudo, é necessário um comprometimento da alta gerência com o plano que foi ou está sendo desenvolvido. Caso o plano não seja seguido e engavetado é certo que não haverá o retorno esperado e a frustração será inevitável. Para a sobrevivência da empresa, é necessário que se faça dos clientes o centro de suas operações e escolher a quem se vai disponibilizar produtos é na verdade cobrir de certeza o sucesso das operações de marketing. A segmentação e o posicionamento de mercado possibilita ao empresário a concentração de seus recursos numa estratégia voltada para resultados. Com planejamento é presumível se estabilizar e antecipar as respostas do mercado. É possível monitorar e defender posições. É fundamental para transformar informação em conhecimento. *(Consultor de marketing da Tresdons Marketing, formação em matemática e especialista em Marketing)