83 – MATEMÁTICA APLICADA À GESTÃO CRITÉRIOS DE CORRECÇÃO EXAME de 28 de Fevereiro de 2002 Nos exames desta cadeira avaliam-se os conhecimentos adquiridos, bem como a capacidade de estruturação do racicínio lógico do aluno. O aluno tem, basicamente, tarefas dos seguintes tipos: identificar o problema proposto, efectuar cálculos (com justificações) e demonstrar o que lhe for pedido. Assim, em relação a cada um dos tipos: 1. Na identificação de um problema prtende-se que o aluno mostre que sabe a que assunto da matéria se refere o problema (p.e., dada uma série, saber dizer de que tipo de série se trata). 2. Na resolução de um problema, ou seja, quando tiver que efectuar cálculos, pretende-se que o aluno os indique de forma clara e numa sequência lógica, justificando, pelo menos os que conduzirem à conclusão do resultado. 3. Nas demonstrações, pretende-se que o aluno identifique a hipótese e através de uma cadeia de implicações, válidas e devidamente justificadas, atinja a tese. No que se segue dão-se indicações sobre as respostas às perguntas, bem como a distribuição da cotação por cada questão. Neste exame todas as questões estão resolvidas, mas nos exames que se seguem, tal pode não verificar-se. Note-se ainda que pode haver diversas formas de resolver acertadamente à mesma questão, pelo que uma resolução diferente não está necessariamente errada. 1 Exame de 28-02-2002 GRUPO I 1. Considere o conjunto seguinte: A={x: x-1 x} a) Determine o interior, o fecho e o derivado de A. (1,5 valores) Resolução: x 1 x 1 x 1 x 1 x 1 1 1 1 1 0 1 0 x x x x x 1 2x 1 1 0 0 x 00 x x x 2 x 1 x 0 - 1/2 + 2x-1 - - - 0 + x - 0 + + + 2x 1 x + ss - 0 + A=]-,0[ ]0,1/2] Int A=A\ {1/2} A A fr A=]-,1/2] (fecho ou conjunto dos pontos aderentes) A A (neste caso o derivado é igual ao conjunto dos pontos de acumulação) b) Determine, caso existam, o supremo e o ínfimo de A. . (0,5 valores) Resolução: Por definição, vem sucessivamente: sup A=max A=1/2 2 Como A é ilimitado à esquerda, A não tem nem ínfimo nem mínmo. 2. Estude a natureza das séries seguintes, indicando se são absolutamente convergentes, simplesmente convergentes ou divergentes e calculando a soma, quando possível: n a) n 1 2 1 2n (1,5 valores) Resolução: A série dada é uma série convergente de Mengoli. Para calcular a sua soma vamos proceder da seguinte forma: 1 1 A B . Desembaraçando de denominadores, vem: n 2n n(n 2) n n 2 2 1=A(n+2)+Bn Fazendo n=0, vem 1=2A. Donde A=1/2 Fazendo n=-2, vem 1=-2B. Donde B=-1/2 Tem-se então: n n 1 1 1 1 1 = 2 2 n 1 n n 2 2n Fazendo un= 1 1 , tem-se un+2= . n n2 Assim, a soma da série é dada por 1 1 1 1 3 s= u 1 u 2 2 lim u n 1 2 lim = 2 2 2 n 4 0 b) n 1 n n4 n2 1 (1,5 valores) 3 Resolução: Atendendo a que n n n 1 4 2 n 1 , a série dada é da mesma natureza da série harmónica n2 n 1 n . Como esta série é divergente, a série dada também é divergente. c) n n 1 2 n! 2n (1,5 valores) Resolução: Atendendo a que n! n! n , vamos estudar a natureza da série de termo geral n n 2 2 2 n! . A série dada será da mesma natureza desta série. 2n Assim, vamos utilizar o critério de d'Alembert para estudar a referida série: n 1! n 1 lim 2 n1 2n n 1 n ! lim 2n 2 n! 2n 1 lim n 1 2 Como este limite é maior que 1, a série é divergente, pelo que a série dada também o é. d) n 1 1n n n2 (1,5 valores) Resolução: A série dada é uma série alternada. Vamos começar por observar o seguinte: 4 n lim 1 0 , n par n2 1 n lim n2 lim n 1 0 , n ímpar n 2 n Pelo teorema geral de convergência a série dada é divergente. 3. Estude a convergência da série de potências n 1 5x 12n n2 1 (2 valores) Resolução: A série dada é uma série de potências. Vamos começar por calcular o seu raio de convergência fazendo u n u r lim n lim u n 1 1 . n 1 2 1 n 1 1 2 1 n 12 1 Tem então que verificar-se o seguinte: (5x+1)2<1 (5x+1)2-1<0 (5x+1-1) (5x+1+1)<0 5x.(5x+2)<0 5x.(5x+2)=0 x=0 x=-2/5 -2/5 - 0 + x - - - 0 + 5x+2 - 0 + + + x(5x+2) + 0 - 0 + Tem-se então que a série é divergente em ]- ,-2/5[ ]0,+ [, é absolutamente convergente em ]-2/5,0[. Como os pontos x=-2/5 e x=0 são pontos duvidosos vamos estudar a natureza da série nesses pontos. Assim, vem: 1º x=-2/5 5 12n n n 1 2 1 1 n 1 n 1 2 Esta série é absolutamente convergente, pois é da mesma natureza da série de Dirichlet 1 n 2 , que é uma série convergente. 2º x=0 12n 1 2 2 n 1 n 1 n 1 n 1 Esta série é como já o dissemos uma série absolutamente convergente. GRUPO II Considere a função real de variável real dada por f(x)= x e1 x . 2 a) Determine o seu domínio e zeros; . (1 valores) Resolução: x e1 x , se x 0 = 2 x e1 x , se x 0 2 1 x 2 f(x)= x e Df= Zeros: f(x)=0 x=0 b) Estude a existência de assímptotas; . (1 valores) Resolução: Como Df=, a função não tem assímptotas verticais. Vamos então fazer a pesquisa de assímptotas horizontais. lim f(x) lim x e 1 x lim 2 x x x x ex 2 1 1 lim x 2x e 1 x 2 0 Nota: Utilizou-se a regra de Cauchy para levantar a indeterminação. 6 lim f(x) lim - x e 1 x lim x 2 x x x ex 2 1 lim x 1 2x e 1 x 2 0 Donde se conclui que f(x) tem uma assímptota horizontal quando x de equação y=0. c) Estude a monotonia e a existência de extremos locais; . (2 valores) Resolução: Para o estudo da monotonia e extremos vamos recorrer à 1ª derivada de f. No ponto x=0 temos que o fazer recorrendo à definição de derivada de uma função num ponto, tanto à esquerda como à direita. Para os restantes pontos, podemos recorrer às regras de derivação. Assim, tem-se: x e 1 x 0 f (0 ) lim e x 0 x 2 x e 1 x 0 f (0 ) lim e x 0 x 2 Donde se conclui que não existe derivada em x=0. Para x0: x>0: f (x) e1 x 2x 2 e1 x 1 2x 2 e1 x 0 1 2x 2 0 x 2 2 2 Como 1-2x2 é uma parábola virada para baixo, vem: 0 + 1 2 f' + 0 - f 1 f é um máximo de f(x). 2 7 1 2 x 1 2 x<0: f (x) e1 x 2x 2 e1 x 1 2x 2 e1 x 0 1 2x 2 0 x 2 2 2 1 2 x Como 2x2-1 é uma parábola virada para cima, vem: 1 - f' 0 2 0 + - f 1 f é um máximo de f(x). 2 d) Estude a concavidade e a existência de pontos de inflexão; . (2 valores) Resolução: O estudo da concavidade e cálculo de possíveis pontos de inflexão faz-se recorrendo à 2ª derivada de f: x<0: f (x) 2xe 1 x (3 2x 2 ) 0 x 0 x 2 - f' 3 - 0 2 0 + f f 3 3 x 2 2 3 é um ponto de inflexão de f. 2 x>0: 8 1 2 f (x) 2xe 1 x (2x 2 - 3) 0 x 0 x 2 0 f' 3 - 3 3 x 2 2 + 2 0 + f 3 é um ponto de inflexão de f. f 2 e) Represente graficamente f(x). . (1 valores) Resolução: Tendo em atenção os resultados obtidos nas alíneas anteriores, podemos fazer um esboço do gráfico de f(x), como o que se indica na figura: GRUPO III 1. Determine uma primitiva da função f(x)= 9 2 e x 1 e 2x (2 valores) Resolução: P 2 e x 1 e 2x Para o cálculo desta primitiva vamos recorrer à seguinte substituição: ex=t x=log t x 1 t Vem então: 1 1 1 1 2P t 2 2P 2 2P 2 2 1 t t t 1 t t t 1t - 1 Trata-se da primitiva de uma fracção racional. Vamos proceder à decomposição da fracção atendendo ao tipo de zeros do denominador e ao seu grau de multiplicidade. Os zeros são x=0 (grau de multiplicidade 2), x=1 e x=-1 (ambos com grau de multiplicidade 1). Assim, vem: a a 1 b c 1 22 t 1 t 1 t t 1t 1 t t 2 1 1 1 a2 1 b 2 t 1t 1 t 0 t (t 1) t 1 2 1 1 c 2 2 t (t 1) t 1 /2 2. Determine o valor do seguinte integral sen x cos x 2 0 Resolução: /2 cos 3 x 2 1 1 =sen x cos x dx 3 =- 0 3 3 0 0 2 FIM 10 dx . (1 valores)