1 USO DE PROTEÍNA RECOMBINANTE E PRODUÇÃO DE ANTICORPO PARA MIOSINA-V E DLC NO ESTUDO DE CÉREBRO DA ABELHA Apis mellifera ANDRÉA ANDRADE VILELA1, LUCIANA KAREN CALÁBRIA1, MILTON VIEIRA COELHO1, FOUED SALMEN ESPINDOLA1 RESUMO Em estudos que envolvem a miosina-V e suas proteínas associadas, em cérebro de vertebrados e invertebrados, o anticorpo é utilizado como ferramenta essencial. Dessa forma, esse trabalho tem como objetivo produzir anticorpos anti-DLC1 a partir de proteínas recombinantes e testar a especificidade de anticorpos anti-cabeça de miosina-V purificados por imunoafinidade, em homogeneizados de cérebro de abelha rainha e operárias Apis mellifera. Palavras chave: miosina-V, DLC, abelha, anticorpo, imunoafinidade. ABSTRACT Antibodies are the most important tool to study myosin V and its associated proteins in both invertebrate and vertebrate brains. This work aims to produce antibodies through recombinant proteins against DLC1 and to test the specificity of immunoaffinity-purified anti-miosina-V in Apis mellifera brain homogenates. Key words: myosin V, DLC, honeybee, antibody, immunoaffinity. 1 Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Genética e Bioquímica, Bloco 2E, sala 39, Av.. Pará s/ número, CEP. 38400-920, Uberlândia-MG, [email protected]. 2 conseqüente INTRODUÇÃO transcrição do gene (SAMBROOK et al., 1989). Tecnologia do DNA Recombinante As proteínas de fusão são geralmente mais Até a década de 70, o DNA era o estáveis que a correspondente proteína de componente celular mais difícil de ser eucarioto analisado. Sua seqüência de nucleotídeos portanto, podem ser obtidas em grande de enorme tamanho e monotonia química quantidade. Com isso, a expressão de era proteínas geralmente analisada por meios produzida clonadas em bactérias tornou-se e, uma indiretos como a seqüência de proteínas e abordagem essencial para a produção de análise genética. Novas técnicas foram anticorpos desenvolvidas permitindo o isolamento e o afinidade, a fim de se realizar estudos uso de genes específicos num processo funcionais/estruturais da proteína expressa chamado de clonagem gênica, que faz (BUGG et al., 1994). parte da tecnologia do DNA recombinante King e Patel King (1995) descreverem a (BUGG et al., 1994). clonagem molecular de seqüências de genes A partir do uso dessa tecnologia e de novas que correspondem as cadeias leves de descobertas sobre promotores e repressores dineína (DLCs) de Clamydomonas de 8 e 11 do genoma de Escherichia coli é possível a kDa. A região que codifica a DLC foi clonagem de genes e a manipulação de clonada em fusão com uma proteína ligante expressão protéica. O primeiro, e mais de maltose (PLM). A construção foi inserida comumente usado, sistema de expressão de em Escherichia coli XL-1 e a expressão da proteínas heterólogas em Escherichia. coli é proteína foi induzida pela adição do IPTG. baseado no operon lac. Nesse sistema, o Cerca de 50% da proteína expressa foi DNA de interesse é clonado em fago ou purificada através de cromatografia de plasmídeo contendo o lacI (repressor), lacP afinidade, e a partir do anticorpo obtido foi (promotor) e lacZ (gene estrutural transcrito possível para mRNA da β-galactosidase). A indução homólogas as DLCs de 8 e 11 kDa de da transcrição é obtida pela adição de um Clamydomonas em Caenorhabditis elegans. análogo não Um outro estudo, realizado por Espindola e (isopropiltio-β-D-galactosídeo, colaboradores (2000), demonstrou através IPTG), o qual se associa ao repressor e o de anticorpos anti-DLC Clamydomonas inibi, deixando o promotor livre para a (KING interação homologia entre a DLC presente no flagelo de degradável lactose com a sintético RNA e polimerase e e a & purificação identificação PATEL desses de KING, por proteínas 1995) a de Clamydomonas (KING & PATEL, 3 KING, 1995, KING et al., 1996) com a cultura primária de hipocampo de rato, cadeia leve de 10 kDa associada ao domínio quando analisadas com anticorpos anti- cauda da miosina-V de cérebro de Gallus miosina-V produzidos a partir de proteínas gallus. No mesmo trabalho, o uso de recombinantes, porém purificados tanto técnicas por cromatografia de afinidade quanto por de proteínas recombinantes possibilitou a síntese de um anticorpo anti- imunoafinidade cabeça de miosina-V, usado para confirmar nitrocelulose. em membrana de a localização da DLC nesta classe de miosina. Material Anticorpos anti-miosina-V também foram Moleculares e abelha Apis mellifera sintetizados em um estudo desenvolvido As células animais possuem um grande por Costa e colaboradores (1999) com a repertório de subclonagem de fragmentos dos genes que associados ao codificam os domínios cabeça, pescoço e denominados de mecanoenzimas, capazes cauda total da miosina-V de cérebro em de hidrolisar o ATP e acoplar a energia fusão com a PLM no vetor pIH902, e química dessa hidrólise à produção de subdomínios cauda força e movimento necessários a vários proteína eventos celulares (RECK-PETERSON et globular cauda associadas medial com e a de Estudo: motores Motores moleculares citoesqueleto, também glutationa transferase (GST) no vetor al., 2000). pGEX, bactéria Existem três principais proteínas motoras, Escherichia.coli. O estudo proporcionou cada uma pertencendo a uma superfamília evidências bioquímicas que sugeriram que gênica com muitas classes distintas. Dentre a miosina-V de cérebro é fosforilada por essas, as proteínas da família das miosinas, uma proteína quinase dependente de cálcio que interagem com filamentos de actina, e e calmodulina, denominada CaMKII. Além dineínas e cinesinas que atuam associadas disso, utilizando a de miosina-V MOOSEKER, 1992; LANGFORD, 1995). a localização A classe V de miosinas é composta por 11 subcelular da miosina-V em células B16 de membros, sendo a miosina–V de cérebro a melanomas (NASCIMENTO et al., 1997). primeira Um trabalho apresentado por Esperafico e Inicialmente colaboradores (1998) mostrou diferenças fosfoproteína de cérebro de coelho de 190 de marcação na região perinuclear de kDa, ligante de calmodulina e enriquecida células em cultura de mamíferos e em uma em sistema nervoso, apresenta atividade todos a anticorpos também expressos imunodetecção anti-cauda confirmou na microtúbulos identificada (CHENEY & bioquimicamente. caracterizada como uma 4 MgATPásica e A dineína foi inicialmente identificada em estimulada por Ca2+/calmodulina, mas não axonema de eucariotos, como uma proteína atividade ATPásica, ATPásica requerida para o batimento de característica de miosinas (ESPINDOLA et cílios e flagelos. Posteriormente, foi al., 1992). isolada uma forma enzimática de dineína Considerando a presença da miosina-V em citoplasmática, domínios ricos em microtúbulos, como complexo protéico com multi-subunidades centrossomos de células em interfase, envolvidas no transporte axonal retrógrado pólos mitótico de organelas e em alguns aspectos da (ESPREAFICO et al., 1998), acredita-se mitose (HUGHES et al., 1995; DICK et al., que este motor molecular possa, além de 1996 a, b). transportar organelas, interagir diretamente A DLC1 como uma cadeia do complexo da com filamentos dineína, está relaciona a diversas funções, intermediários, participando de funções incluindo manutenção da polaridade e distintas durante o processo de divisão controle do ciclo celular (FAN et al., celular (RAO et al., 2002). 2002), além de funcionar como um Outras funções atribuídas a miosina têm regulador de apoptose por seqüestro da partido de várias linhas de pesquisa, proteína incluindo a identificação de organelas e microtúbulos (PUTHALAKATH et al., proteínas que interagem com a miosina-V 1999). (RECK-PETERSON et al., 2000). Dentre também como um inibidor neuronal da essas proteínas, reconhece-se a sintaxina, PIN (JAFFREY & SNYDER, 1996), como uma proteína de membrana sináptica que uma proteína ligante do RNAm do 3 -UTR co-imunoprecipita miosina-V do hormônio da paratireóide (EPSTEIN et (COSTA et al., 1999), a cadeia pesada da al., 2000), além de realizar interações com cinesina, que interage com a cauda a proteína de controle transcricional 1 globular da miosina-V (HUANG et al., kappaB alpha (CREPIEUX et al., 1997). 1999) e uma cadeia leve de massa Além disso, Espindola e colaboradores molecular relativa de (Mr) 10 kDa, (1996) verificaram a presença de uma associada ao domínio cauda, homóloga a cadeia leve homóloga a DLC1, com uma uma cadeia leve de dineína (DLC) e a um identidade de 85 a 100%, em associação inibidor da óxido nítrico sintase (PIN) com a miosina-V. Essa proteína adicional (ESPINDOLA et al., 1996). associada a miosina-V pode desempenhar e ativada por K-EDTA fibras do microtúbulos fuso e com actina que representa pró-apoptótica Esta proteína foi Bim um dos identificada funções que incluem a estabilização da 5 interação entre as duas cadeias pesadas de Para miosina-V e papel na ligação dessa com as informações, conseqüente aprendizado e cargas transportadas (RECK-PETERSON armazenamento sob forma de memória é et al., 2000). necessário A partir de um screen em duplo híbrido de neuronal. As proteínas motoras possuem levedura tratadas com GKAP (proteína sua abundância comprovada em tecidos com domínio associado a guanilato) nervosos, bem como seu relacionamento ligadas a proteínas pós-sinápticas (PSD- com transporte de organelas, vesículas e 95), realizado por Naisbitt e colaboradores biomoléculas, no intrincado mecanismo de (2000), foi possível isolar uma nova transmissão sináptica (MANI et al., 1994). proteína de mamífero (DLC2) que é Na abelha Apis mellifera, dados de idêntica imunolocalização em tamanho e altamente que haja que o processamento ocorra de comunicação demonstraram a semelhante em seqüência de aminoácidos presença das proteínas motoras cinesina, (93%) com a DLC1 humana, mas é dineína e miosinas na superfície da claramente derivada de um gene distinto. membrana do Golgi de fotorreceptores Um estudo mais recente mostrou que a (BAUMANN, 1998). Devido a este dado e proteína DLC2 interage com a Bmf, um a presença de uma arquitetura cerebral membro pró-apoptótico da família Bcl-2, e especializada co-imunoprecipita miosina-V, comunicação bem desenvolvido, as abelhas enquanto que DLC1 co-imunoprecipita podem ser consideradas um organismo com a dineína (PUTHLAKATH et al., modelo 1999). propriedades de proteínas motoras, como a As abelhas Apis mellifera são insetos miosina–V, DLC1 e a DLC2. sociais altamente adaptados, capazes de Em nosso trabalho utilizamos as técnicas promover específicos do DNA recombinante para a produção de cujo objetivo é a manutenção da colônia. A anticorpos anti-DLC1, além de promover a base molecular de seu comportamento purificação por afinidade do soro imune social tem sido amplamente investigada (ESPINDOLA et al., 2000) para verificar a devido com a comportamentos ao exclusivas, para com a um sistema investigação de de paradoxo de possuírem imunoreatividade e a especificidade do intrigantes e complexas anticorpo anti-cabeça de miosina-V, respostas a estímulos baseados em uma mantido sob refrigeração a -20°C durante simples e eficiente plasticidade neuronal 10 anos, em homogeneizados de cérebro da (GIURFA, 2003). abelha Apis mellifera. 6 terminal, se a sequência não contiver um METODOLOGIA códon de terminação e se estiver em fase Subclonagem em vetor de expressão com lacZa. plH902 Fragmentos de cDNA codificantes do domínio cabeça de miosina –V isolados de uma biblioteca de cérebro de galinha (ESPREAFICO et aI., 1992) foram subclonados no vetor de expressão plH902 (New England Biolabs, Beverly, M.A.). Este vetor, representado esquematicamente na figura 1, contém a origem de replicação, o forte promotor indutível Ptac, o gene malE, que codifica a proteína ligante de maltose (PLM, 42 kDa) e o gene lacZa, que codifica o fragmento da f3- galactosidase. Entre os genes malE e lacZa, encontra-se uma sequência codificadora do sítio de reconhecimento da protease fator Xa da coagulação e o "polylinker" do vetor, ou seja, um Subclonagem em vetor de expessão fragmento de DNA contendo vários sítios pGEX para endonucleases de restrição. Também O estão presentes o gene lacl codificante do esquematizado na figura 2, contém o forte repressor Lac, que mantém o nível de promotor indutível tac e a sequência expressão baixo até que seja adicionado o codificadora indutor, e o gene da f3-lactamase, que transferase (GST, 26 kDa) do parasito confere Schistosoma japonicum, no qual o códon resistência à ampicilina. A vetor de da expressão enzima pGEX, glutationa clonagem de fragmentos de cDNA em fase de com o gene malE resulta na expressão de "polylinker" contendo sítios únicos de proteínas de fusão contendo em seu amino- restrição para BamHI, Smal e EcoRI, terminal a PLM, seguida do peptídeo ou seguido de códons de terminação TGA nas proteína de interesse e de um pequeno três fases abertas de leitura. O vetor fragmento da f3-galactosidase no carboxi- contém também um gene que confere terminação foi substituído por um 7 resistência à ampicilina, a origem de contendo Bacto-tryptone 1%, NaCl 1%, replicação e o gene lacl, codificante do Bacto-Yest Extrato 0.5%. Os clones foram repressor Lac, que se liga ao promotor inoculados diretamente em meio LB estéril inibindo com a expressão até que seja adicionado o indutor. glicose 0.2% e antibióticos Ampicilina (100 µg/mL) e Tetraciclina (12.5 µg/mL), e crescidos overnigth à 32°C no shaker a 20 rpm. Adicionou-se a cultura de bactérias em um novo meio LB estéril com glicose 0.2% e os antibióticos Ampicilina (100 µg/mL) e Tetraciclina (12.5 µg/mL). A cultura foi mantida sob agitação a 20 rpm até atingir a densitometria óptica de 600 nm. Neste momento, foi coletado uma amostra de cada cultura para centrifugação a 10.000 xg por 1 min à 4°C para análise em SDSPAGE, sendo consideradas “células não induzidas”. À cultura remanescente foi adicionado o indutor IPTG na concentração final de 0.3 mM, e a Expressão da proteína de fusão em incubação foi mantida por mais 2 horas. cultura de bactéria Escherichia coli Ao final deste intervalo, novamente foi Inicialmente foram expressos três clones retirado amostra para análise em SDS- contendo a DLC acoplada a glutationa PAGE, transferase (GST) e a proteína ligante de induzidas”. A cultura foi centrifugada a maltose (PLM). 4.000 xg por 15 minutos e o precipitado foi As construções foram realizadas com DLC1, DLC2 e DLC sendo consideradas “células- congelado a -70°C. Clamydomonas inseridas em diferentes linhagens de bactérias. Com isso, foram Extração e purificação da proteína de utilizados os clones: DLC1 GST Bl21 fusão Códon Plus, DLC2 GST Bl21 Códon Plus A extração foi realizada apenas com o e DLC Clamydomonas PIH XLI Blue. A sedimento da cultura de DLC1 GST Bl21 expressão dos clones transformantes foi Códon realizada ressuspendido, na câmara fria, em 20 mL utilizando meio LB estéril Plus. O sedimento foi 8 de tampão de lise (10 mM Tris-HCl, 100 o valor de zero, foi iniciada a eluição da mM, NaCl, 1 mM MgCl2, 1 mM DTT, 1 proteína. A eluição consistiu da adição de mM EGTA, azida sódica 0.2 mM), 50 mM Tris-HCl pH 8.0, contendo 5 mM contendo os inibidores de proteases: 1 mM de benzamidina, aprotinina 2 µg/mL, 1 mM dosadas que apresentaram as maiores perfabloc. A foi leituras (OD) foram unidas e colocadas em realizada, inicialmente, um diálise contra 2 litros de PBS pH 7.4 para a em saída da glutationa reduzida, à 4°C, sob homogeneizador homogeneização tipo em Dounce e glutationa reduzida. As amostras seguida, procedeu-se a lise bacteriana na agitação French amostras do dialisado para análise em Press, por alta pressão overnight. Foram retiradas (1800PSIG), quando então o lisado foi SDS-PAGE coletado. Após a lise, foi feita uma centrifugação a 30.000 xg a 4°C durante 15 centrifugação a 16500 xg por 10 minutos a minutos. O precipitado foi armazenado a - 4°C. Foram retiradas amostras para análise 80°C para posterior dosagem protéica. e foi realizada uma em SDS PAGE do precipitado (P1) e do sobrenadante (S1). Com o sobrenadante Imunização de coelho com proteína de contendo as proteínas solúveis procedeu-se fusão DLC-GST a purificação. As proteínas de fusão de DLC-GST, já A purificação da proteína DLC1 acoplada extraídas e purificadas foram injetadas em GST foi realizada por cromatografia de coelhos de dois meses de idade, mantidos afinidade pelo liofilizada em de resina glutationa (Amersham/Pharmacia). nosso Laboratório no Hospital A Veterinário da Universidade Federal de coluna foi previamente recuperada e Uberlândia–MG. As injeções foram feitas equilibrada com tampão de lise. Após a via cutânea e intramuscular, com a proteína adição do sobrenadante à coluna, essa foi emulsificada com 1 volume de adjuvante lavada com 3 volumes de tampão de de Freund completo na primeira injeção e renaturação (TR) pH 8.2 (100 mM Tris- incompleto nas subseqüentes. O seguinte HCl, 500 mM NaCl, 1 mM EGTA) esquema de imunização foi seguido: 1ª acrescido de Tween 0.25% (9 mL de TR injeção contendo 200 a 250 µg de proteína, em 25 µL de Tween ), e em seguida lavada 1o reforço 15 dias depois e 2o reforço 21 com 5 volumes de TR sem Tween para a dias após o primeiro, cada um com 100 a coleta e dosagem no espectrofotômetro de 150 µg do antígeno. No 7ª dia após o 2o cada 1 mL do fluido, a uma absorbância de reforço 280 nm. Quando a densidade óptica atingiu quantidade de sangue pela orelha, e a partir foi coletado uma pequena 9 da centrifugação a 2.500 xg por 10 minutos homogeneização (40 mM Hepes, 10 mM a 4°C obteve-se os soros. Após o uso, foi EDTA, 2 mM EGTA, 5 mM ATP, 2 M adicionado 0.2 mM de azida sódica ao DTT, soros imune e esses foram mantidos a Aprotinina, 0.15 M PMSF) em 5 séries de –20°C. 30 segundos, com intervalos de 1 minuto 1 M Benzamidina, 1 mM entre as séries. O homogeneizado foi Purificação de anticorpos anti-cabeça de centrifugado a 10.000 xg por 10 min a 4°C miosina-V por imunoafinidade e o sobrenadante foi utilizado para a Uma fração enriquecida de miosina-V de dosagem de proteína, segundo o método de cérebro de galinha (S5) imobilizada em Bradford (1976). membrana de nitrocelulose foi gentilmente cedida pelo Prof.Dr. Roy Larson (FMRP- Eletroforese em gel de poliacrilamida na USP) para a purificação por afinidade do presença de SDS (SDS-PAGE) soro imune (ESPINDOLA et al., 2000) Na eletroforese foi utilizado o sistema de armazenado a -20°C durante 10 anos. O tampão descontínuo descrito por Laemmili soro foi pré-clareado com centrifugação de e Favre (1973). As amostras foram tratadas 10.000 xg por 20 min à 4°C e incubado com tampão desnaturante e adicionadas a com a fita de nitrocelulose por 2 horas à géis com gradiente de acrilamida de 5 a temperatura ambiente. Após remover o 22%. soro pré-adsorvido, a fita foi lavada com TBS-Tween. O anticorpo purificado foi Dot blot eluído com 1.4% de trietilamina, incubada Amostras de homogeneizado de cérebro de por 5 minutos com agitação à temperatura pintainho ambiente e a reação foi neutralizada com aplicados em membranas de nitrocelulose a 100 µL de TBS-Tween [10X] pH 8.0. Para uma concentração de 20 µg de proteína. As realizar a diálise foi utilizado tampão TBS- membranas foram bloqueadas com tampão Tween [1X] pH 7.6 a 4°C. Os anticorpos bloqueio (leite desnatado 5% em TBS- foram armazenados com 0.2 mM azida, em Twenn 0.5%) por 1 hora à temperatura refrigeração. ambiente com agitação. Em seguida, foram lavadas e em abelha tampão campeira foram TBS-Tween e Homogeneização de cérebro incubadas overnigth com os anticorpos Cérebros de abelhas rainha, operárias primários campeiras e nutridoras e pintainho foram purificados, diluídos 1:1.000. Seguiu-se a homogeneizados incubação com anticorpo secundário anti- em tampão de anti-cabeça de miosina-V 10 coelho conjugado com peroxidase e a revelação com NBT-BCIP diluído em tampão fosfato. Western blot (TOWBIN et al., 1979) Amostras de transferidas homogeneizado para foram membrana de nitrocelulose e coradas com Ponceau 0.5%. Logo em seguida, as membranas foram bloqueadas com solução bloqueio por 4 horas, à temperatura ambiente, lavadas em PBS-Tween e incubadas com um anticorpo anti-cabeça de miosina-V purificado e anticorpo secundário conjugado com peroxidase. A especificidade do anticorpo foi detectada por quimiluminescência, seguindo o protocolo do fabricante (ECL). Após ressuspender e homogeneizar os RESULTADOS sedimentos obtidos com a expressão do Expressão dos clones DLC1 GST Bl21 clone DLC1 GST foi possível obter as Códon Plus, DLC2 GST Bl21 Códon proteínas solúveis em um sobrenadante e Plus e DLC Clamydomonas PIH XLI purificá-las através de uma coluna de Blue afinidade, contendo glutationa reduzida. A figura 3 mostra o perfil eletroforético Os das proteínas de fusão, induzida com IPTG absorbância a 280nm foram reunidos para e diálise e análise em SDS-PAGE (Figura 4). não-induzida. Pode-se observar, comparando a amostra de células nãoinduzidas e induzidas, a obtenção de altos níveis de expressão e uma expressão não significativa antes da adição do indutor (IPTG). As proteínas de fusão apresentaram massa molecular relativa (Mr) de, aproximadamente, 36 kDa. eluidos que apresentaram maior 11 concentrações protéicas 0.483, 0.548 e 0.602 ug/uL, respectivamente. Especificidade dos anticorpos gerados A reatividade dos anticorpos 1909, 2809 e 0810 foi testada através de Dot blot, em amostras de homogeneizado de 30 cérebros de abelha campeira e 1 cérebro de pintainho, utilizado como controle positivo. A marcação para todos os anticorpos foi positiva (Figura 5). Purificação de anticorpo anti-cabeça de miosina-V, por método de imunoafinidade Os anticorpos anti-cabeça de miosina-V foram purificados a partir do soro imune (ESPINDOLA et al., 2000) armazenado a 20° durante 10 anos, contra uma fração enriquecida de miosina-V de cérebro de A fim de determinar a especificidade do galinha (S5) imobilizada em membrana de anticorpo M-VRP em abelha, amostras de nitrocelulose, gentilmente cedida pelo homogeneizados de cérebro de rainha, Prof. Dr. Roy Larson (FMRP-USP). O soro operárias campeiras e nutridoras foram foi incubado na membrana de nitrocelulose aplicados em SDS-PAGE e o anticorpo foi e os anticorpos foram eluídos com testado por Western blot (Figura 6). Na trietilamina de análise das membranas observou-se o purificação resultou na produção de 4 reconhecimento de um polipeptídeo de Mr anticorpos, sendo o primeiro produzido em 190 kDa, em todas as amostras testadas, Ribeirão Preto e denominado M-VRP com que possivelmente corresponde a cadeia uma concentração protéica de 0.750 ug/uL, pesada da miosina-V. 1.4%. A seqüência e os seguintes denominados 1909, 2809 e 0810, de acordo com a data em que foram produzidos, com as seguintes 12 mantidos em condições ideais de refrigeração, podem ser purificados por afinidade e conservam sua reatividade. Na síntese de proteínas recombinantes há a promoção da expressão da proteína de interesse em fusão com um tag específico a partir de um indutor denominado IPTG e sua purificação ocorre através de cromatografia por afinidade em resinas acopladas com ligantes específicos para o tag (SASSENFELD, 1990). Nos ensaios de expressão das proteínas recombinantes, foram obtidos resultados positivos para todos os clones testados, confirmada através do perfil eletroforético diferencial das amostras que sofreram indução com IPTG em relação às amostras que não sofreram indução. Somente a proteína DLC1 foi purificada para a produção do anticorpo. De acordo com o perfil eletroforético das amostras eluídas da coluna de glutationa sepharose é possível observar um alto grau de purificação e de conservação da proteína, DISCUSSÃO visto os baixos níveis de degradação. Considerando da Considerando estudos que relatam a padronização de técnicas sobre a produção associação da DLC1 com a dineína e (PUTHLAKATH a a purificação importância de anticorpos em et al., 1999) os quantidade ideal para ensaios bioquímicos, anticorpos histoquímico e estudos de neurobiologia de utilizados para uma melhor caracterização invertebrados, nosso trabalho detalhou a da localização e participação da dineína em técnica de produção de anticorpos contra processos celulares que ainda não foram proteínas recombinantes, de totalmente elucidados. Para a produção de comprovar que se anticorpos anti DLC2, que se associa a esses além anticorpos, produzidos poderão ser 13 miosina-V, coelhos estão sendo Nossos resultados de constantemente imunizados com a proteína imunodetecção, realizado inicialmente em de fusão purificada. Esses anticorpos anti- Dot-Blot, confirmaram a reatividade dos DLC2 a anticorpos purificados, porém contra o continuidade dos estudos da participação homogeneizado total de cérebro de abelha da miosina-V no mecanismo neural da e pintainho. Com isso, foi realizada uma abelha Apis mellifera. nova imunodetecção por Western-Blot para Além disso, os resultados apresentados confirmar a especificidade do anticorpo confirmam que é possível obter um contra a miosina-V, que apresentou como anticorpo funcional a partir de um soro de marcação uma banda de aproximadamente coelho 190 serão importantes imunizado para com proteína kDa, correspondente a massa recombinante e armazenado por um longo molecular da proteína, o que possibilita período em refrigeração a -20°C, através afirmar de purificação por imunoafinidade contra especificidade do anticorpo. uma Dessa fração imobilizada em protéica uma enriquecida membrana de nitrocelulose. Seguindo essa a manutenção forma, a da padronização alta dos mecanismos de produção de anticorpos anti-miosina-V e anti-DLC que envolvem metodologia, foram técnicas de biologia molecular, ensaios purificados quatro anticorpos anti-cabeça bioquímicos e imunológicos são essenciais de miosina-V a partir de um soro imune de para coelho (ESPINDOLA et al., 2000) e sua ferramenta como meio de estudo, e os especificidade em anticorpos produzidos e purificados nesse homogeneizados de cérebro de abelhas trabalho abrem perspectivas para novas rainha e operárias, e em pintainho, como descobertas na área da neurobiologia e controle positivo. Estudos bioquímicos neurociência comportamental da abelha anteriores revelaram que a miosina-V está Apis mellifera. foi testada pesquisas que utilizam essa bastante enriquecida em tecido nervoso e em alguns tecidos secretórios. Calábria (2004) mostrou com detalhe AGRADECIMENTOS a imunolocalização de miosina-V no cérebro Agradecemos aos professores Dra. Enilza de operária campeira; e Passos-Lima Maria Espreafico e Dr. Roy Edward Larson (2001) imudetectou em cérebro de Apis do Departamento de Biologia Celular e mellifera e Melípona scutellaris tanto Molecular e Bioagentes Patogênicos da miosinas –V e –VI, como também dineína. Universidade de São Paulo, em Ribeirão 14 Preto/SP; e aos professores Dra. Ana Maria CHENEY, R. E.; MOOSEKER, M. S. Bonetti e Dr. Luis Ricardo Goulart Filho do Unconventional myosins. Current Opinion Instituto de Genética e Bioquímica da UFU, in Cell Biol v. 4(1), p. 27-35, 1992. pela disponibilidade da estrutura laboratorial e seus reagentes. Ao Apiário Girassol pelas COSTA, M. C; MANI, F; SANTORO, W; abelhas. Ao CNPq pelo auxílio financeiro ESPREAFICO, E. M; LARSON, R. E. (B-039/2005). Brain myosin V binds to calmodulin dependent protein kinase II and activates its phosphorilating activity. Journal of REFERÊNCIAS biology Chemistry v. 274, p. 15811-15819, BAUMANN, O. J. 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