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AGK Corretora de Câmbio S.A.
A G E N D A E T E N D Ê N C I AS PARA A S E M A N A
DE 11 À 15 DE MARÇO DE 2013
Cenário de Longo Prazo
CRISTINA CANAS: EXTERIOR, O PILAR FRÁGIL
Um dos pilares do otimismo demonstrado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega,
com relação à retomada do crescimento econômico neste ano, a melhora do cenário
internacional, deu sinais recentes de fragilidade. Ao comentar os dados do Produto
Interno Bruto (PIB) de 2012, Mantega atribuiu parte do resultado negativo ao
desempenho desfavorável da economia global e previu um 2013 mais robusto lá fora,
com reflexos positivos no Brasil. Porém, enquanto o ministro falava, uma série de
números exibia o contrário.
"Para 2013 o cenário internacional é mais benigno", disse o ministro, depois de afirmar
que os investidores perderam a confiança ao redor do mundo em consequência da
crise internacional e atribuir uma boa parte do desempenho ruim da indústria brasileira
à queda das importações por parte de países desenvolvidos, principalmente europeus.
"O cenário agora é mais benigno para todo mundo e devemos ter aumento de
investimento", previu.
Tudo leva a crer que é com base nessa confiança que o governo, desde o final do ano
passado, claramente intensificou o assédio aos investidores estrangeiros, apostando
nesses agentes para destravar a taxa de investimento do Brasil, que insiste em se
manter aquém do desejável e necessário. Vários países foram visitados pela presidente
Dilma Rousseff, pelo ministro Mantega, pelo presidente do Banco Central, Alexandre
Tombini e pelo comandante do BNDES, Luciano Coutinho. Em todos houve conversas
diretas com investidores dos setores produtivo e financeiro. Foram apresentadas
condições favoráveis de crédito ao mesmo tempo em que não faltaram promessas de
regras claras, contratos seguros e tributações favoráveis.Ainda é cedo para decretar a
impossibilidade de uma recuperação mesmo que parcial dos países em crise. Mas é
fato que, pelo menos no curto prazo, as perspectivas pioraram.
Enquanto o ministro vendia entusiasmo no dia 1º de março, números divulgados na
China mostraram que a recuperação da atividade na segunda maior economia do
planeta praticamente estacionou em fevereiro.
Na Europa, o mês de março começou com a divulgação de dados sobre a atividade no
setor manufatureiro da zona do euro e a conclusão é de que nada mudou em fevereiro.
A economia encolheu no mesmo ritmo observado em janeiro e a região ainda não
conseguiu escapar da recessão. No que se refere à indústria, houve pequena melhora
em alguns países, mas retrocesso em outros importantes, como é o caso da Itália e do
Reino Unido. Este último, voltou a exibir queda da atividade industrial pela primeira
vez em três meses. Foi no dia 1º também que a zona do euro anunciou que a sua taxa
de desemprego atingiu 11,9% em janeiro, o nível mais alto numa série histórica
iniciada em 1995. E que o PIB da Itália recuou 2,4% em 2012, sendo que o PIB real
atingiu no ano passado o menor nível desde 2000.
Nos Estados Unidos, foi divulgado que a renda pessoal teve a maior queda em 20
anos. O encolhimento foi de 3,6%, no primeiro mês de 2013. Também naquele dia
entraram em vigor os cortes de gastos do Orçamento. Para o Fundo Monetário
Internacional a medida deve tirar entre 0,5 e 0,6 ponto porcentual do PIB dos EUA
este ano, estimado pela instituição em 2%. O Fundo ressaltou que o impacto exato
dependerá da duração e agressividade dos cortes.
Não parou por aí. Do dia 1º para cá, a China ainda revelou fraqueza no setor de
serviços e divulgou medidas para conter os preços dos imóveis. A Europa anunciou
novos dados de atividade em queda, principalmente referentes ao segmento de
serviços. Já nos estados Unidos houve números bons e ruins.
Com isso, os mercados resolveram comemorar o fato de alguns dos indicadores da
Europa mostrarem uma piora menor do que estimada e as reiterações feitas por vários
dos bancos centrais mais importantes do planeta, de que os estímulos à economia vão
continuar. Ou seja, os investidores "compram" a comprovação de que a economia não
saiu do ponto crítico e que, portanto, incentivos continuam necessários. O que leva a
considerar a possibilidade de que os recordes das bolsas norte-americanas nos últimos
dias não são na verdade uma aposta positiva, mas sim a demonstração do desespero
dos investidores.
Cheios de dinheiro dos programas de estímulo nas mãos, arriscam nos mercados que
dão menos sinais de fragilidade. Talvez esteja aí a aposta do governo e do ministro
Mantega: convencer que o Brasil tem poucas fragilidades e é um bom endereço para a
sobra de dinheiro que existe no mundo à procura de rendimentos. Uma coisa é fato:
nos últimos tempos, o governo vem se esforçando para mostrar simpatia pelo mercado
financeiro e para "conversar" de maneira mais clara com os agentes desse segmento.
([email protected])
Cristina Canas é jornalista da Agência Estado e escreve coluna semanalmente
Menor dinamismo de indústria e investimentos deve
levar PIB de 2013 a 3,0%
Alessandra Ribeiro
Com o resultado do PIB de 2012 e sinais mais claros sobre a produção industrial de
fevereiro, a Tendências revisou para baixo a sua expectativa para a produção industrial
e para o PIB em 2013. A produção industrial deve crescer 2,3% neste ano, abaixo da
projeção inicial, de 3,2%, em reflexo, basicamente, de uma expectativa menos
otimista para a indústria de transformação (2,2% ante 3,2%). Com relação ao PIB, a
estimativa foi reduzida ligeiramente de 3,2% para 3,0%, uma vez que a revisão
baixista para o PIB industrial foi, em alguma magnitude, compensada pelos ajustes
marginais altistas para o PIB do agronegócio e o PIB de serviços.
A revisão baixista para a produção industrial neste ano não se deve apenas ao fraco
efeito carry-over vindo de 2012 (-0,4%), mas também aos sinais de que a retomada
da produção deve seguir errática, diante de um quadro de lenta recuperação da
atividade econômica. Neste sentido, após uma expansão forte em janeiro (2,5% na
margem, em termos dessazonalizados), os indicadores antecedentes para fevereiro já
apontam novo recuo da produção industrial. Diante desta realidade, a curva esperada
anterior mostrava-se agressiva, mesmo contando com alguns fatores pontuais que
devem impulsionar a indústria neste ano, como a retomada da produção de caminhões
– que foi paralisada em 2012, por conta de uma antecipação da fabricação em 2011
devido à mudança de padrão para Euro 5, em função das regras para controle de
emissão de poluentes.
Dessa forma, essa revisão e também os dados fechados de 2012, motivaram o ajuste
na projeção para o PIB deste ano, de 3,2% para 3,0%. O crescimento esperado para o
PIB industrial passou de 4,1% para 2,9%, basicamente, por causa de uma expectativa
menos otimista do PIB da indústria de transformação, que deve registrar expansão de
2,0% ante 2,7% anteriormente estimada. Os setores de extrativa, construção e
produção e distribuição de energia, água e gás são contrapontos positivos à indústria
de transformação. A revisão da projeção para o PIB, entretanto, só não foi maior
devido à expectativa ligeiramente mais otimista para o PIB agropecuário e de serviços,
que devem crescer, respectivamente 3,9% e 2,7% (quadro).
Do lado da demanda, o principal ajuste ocorreu na estimativa para a formação bruta
de capital fixo, que passou de 4,6% para 3,8%, refletindo a expectativa de lenta
recuperação dos investimentos, o que, inclusive, está ligado ao fato de a indústria
crescer a um ritmo mais moderado neste ano.
Para 2014, a expectativa é de um crescimento um pouco maior do PIB (3,4%), como
resultado da aceleração dos investimentos, tendo em vista as concessões previstas
para o segundo semestre deste ano e cujos impactos na atividade econômica só
devem ficar mais evidentes em 2014. Além disso, o cenário conta com um aumento
mais pronunciado nos gastos do governo, em função do calendário eleitoral. Assim, a
FBCF deve registrar expansão de 6,2% e os gastos do governo, 4,1%. Nesta linha, a
expansão do PIB industrial em 2014 deve ser mais expressiva (4,1% ante 2,9% em
2013), sendo o destaque em termos de crescimento do lado da oferta (quadro).
Quadro: Projeção para PIB 2013 e 2104 - componentes de oferta e demanda
PIB
Agropecuária
Indústria
Serviços
PIB pb
Impostos
PIB pm
Famílias
Governo
FBCF
Exportações
Importações
2009
-0,3%
-3,1%
-5,6%
2,1%
-0,3%
-0,3%
-0,3%
4,4%
3,1%
-6,7%
-9,1%
-7,6%
2010
7,5%
6,3%
10,4%
5,5%
6,9%
11,7%
7,5%
6,9%
4,2%
21,3%
11,5%
35,8%
2011
2,7%
3,9%
1,6%
2,7%
2,5%
4,3%
2,7%
4,1%
1,9%
4,7%
4,5%
9,7%
2012
0,9%
-0,5%
-0,9%
1,6%
0,8%
1,4%
0,9%
3,1%
3,2%
-4,0%
0,5%
0,2%
2013
3,0%
3,9%
2,9%
2,7%
2,8%
4,0%
3,0%
2,8%
3,5%
3,8%
1,9%
6,0%
2014
3,4%
0,5%
4,1%
3,0%
3,2%
4,4%
3,4%
3,3%
4,1%
6,2%
5,0%
8,0%
Em linhas gerais, o cenário não prevê crescimento do PIB mais expressivo, devido a
alguns fatores como (a) ambiente internacional ainda marcado por fraca atividade
econômica, (b) incertezas em relação ao cenário macroeconômico doméstico, em
termos de crescimento e inflação, o que, em conjunto com (c) as maiores incertezas
relacionadas ao ambiente setorial devem se refletir em recuperação lenta dos
investimentos, (d) moderação do consumo em linha com crescimento menor da renda,
crédito moderado e elevado comprometimento da renda e (d) reduzida competitividade
estrutural da indústria brasileira, ainda que as medidas do governo devam fornecer
alguma ajuda ao setor.
Tendências On-Line: COPOM: COMITÊ SE DESAMARROU,
MAS SELIC DEVE SER MANTIDA ESTÁVEL
São Paulo, 07 - O Copom manteve a taxa básica de juros em 7,25%, mas apresentou
um comunicado após a reunião completamente diferente do anterior, quando
sinalizava que os juros permaneceriam nos patamares atuais por um período
suficientemente longo. Neste último comunicado, o Comitê destacou que acompanhará
a evolução do cenário macroeconômico, leia-se a atividade econômica e a inflação, até
a sua próxima reunião (17 de abril), para, então, definir os próximos passos na
estratégia de política monetária.
Em linhas gerais, com a retirada do compromisso de manter as taxas de juros nos
níveis atuais por “período suficientemente longo”, o Copom quis deixar as portas
abertas para possíveis ajustes da taxa básica de juros, caso necessário. Ainda que este
comunicado tenha dado maior flexibilidade para o Comitê, para possíveis ajustes nas
condições monetárias, é importante ressaltar que o Copom não acompanhará apenas o
quadro inflacionário, mas também a atividade econômica para definir sua nova
estratégia de política monetária.
Nesta linha, ainda avaliamos que a taxa básica de juros deve seguir estável ao longo
dos próximos meses, uma vez que a atividade econômica tem mostrado lenta
recuperação. Assim, ainda que a PIM de janeiro tenha registrado variação elevada
(2,5% MoMsa), os indicadores antecedentes de fevereiro já apontam devolução da
alta, com a PIM sustentando ainda tendência errática. Adicionalmente, temos
observado perda de ímpeto no mercado de trabalho, queda da confiança do
consumidor e moderada retomada do crédito.
Por outro lado, a inflação mensal de fevereiro e março deve se mostrar bem mais
branda quando comparada ao resultado de janeiro, ainda que, em 12 meses, deva se
manter acima de 6%. De qualquer forma, os próximos resultados devem trazer alguns
sinais na linha do esperado pelo Copom, como, por exemplo, uma maior desaceleração
dos preços de alimentação. Assim, os juros devem seguir estáveis ao longo dos
próximos meses. (Alessandra Ribeiro)
FÁBIO ALVES: A ESCOLHA DO BC - ALTA DE 0,25 PP EM
ABRIL OU 0,50 PP EM MAIO
07/03- Com base no comunicado que acompanhou a decisão de manter a taxa Selic
em 7,25%, a pergunta que o mercado deve se fazer neste momento é quão "behind
the curve" (atrás da curva) o Banco Central vai estar no ciclo de aperto monetário
sinalizado ontem com a eliminação da expressão "período suficientemente prolongado"
para caracterizar o horizonte dos juros básicos.
Ao se analisar a dinâmica recente da inflação, parece restar ao Copom as seguintes
opções: iniciar um aperto monetário na reunião de abril com uma elevação de 0,25
ponto porcentual ou - se preferir ficar mais atrás na curva e correr para recuperar o
prejuízo - começar a elevar os juros em maio, sendo forçado a inaugurar o novo ciclo
de aperto com uma alta maior, de 0,50 ponto.
Sim, porque o BC, no comunicado do Copom de ontem, colocou-se numa posição
quase irreversível de elevar os juros para conter a inflação e ancorar as expectativas. E
o trecho do comunicado que colocou o BC numa estrada sem retorno é: "O Comitê irá
acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para
então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária."
Até a próxima reunião do Copom, marcada para os dias 16 e 17 de abril, haverá a
divulgação de apenas três resultados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA): o índice cheio de fevereiro (a ser divulgado amanhã), o IPCA-15 de
março (no dia 22 deste mês) e o índice cheio de março (previsto para o dia 10 de
abril). Já o IPCA-15 de abril será divulgado no dia 19, dois dias depois da decisão do
Copom.
Diante do tom mais duro que o presidente do BC, Alexandre Tombini, e do viés mais
"hawkish" do comunicado de ontem, para que o BC não suba os juros em abril é
preciso haver uma surpresa positiva nos dados de inflação (isto é, desaceleração da
taxa) e uma decepção muito grande nos dados de atividade econômica. Essa é, pelo
menos, a posição que o BC se colocou com a sua comunicação ao mercado das últimas
semanas. É preciso salientar que a comunicação desta diretoria do Banco Central é
percebida pelo mercado como sendo de alta frequência. Ou seja, as afirmações deste
BC em instrumentos oficiais de comunicação são bastante perecíveis no curto prazo basta
citar
o
exemplo
mais
recente
da
expressão
"período
suficientemente
prolongado", a qual sobreviveu apenas a três reuniões do Copom.
E qual a probabilidade de a inflação surpreender para baixo nas próximas três leituras
do IPCA?
Diante da dinâmica subjacente da inflação nas últimas semanas - haja vista os dados
ruins nos primeiros dias úteis de março da coleta diária do IPCA pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV) - essa probabilidade é pequena. O item Alimentação e Bebidas no IPCA
monitorado diariamente pela FGV caiu de 1,77% no dia 1 de março para 1,39%
ontem. É sim uma desaceleração, mas o patamar desses preços está bem mais acima
do que o BC esperava para março. Ou seja, a inflação está levando muito mais tempo
para recuar. O risco de a inflação acumulada em 12 meses ultrapassar o teto da meta,
de 6,5%, já em março cresceu bastante.
E isso num cenário de recuperação da atividade econômica. Sim, essa recuperação
ainda está mais lenta do que o esperado anteriormente, mas sem dúvida a economia
está rodando a um ritmo mais acelerado do que o terceiro trimestre e o quarto
trimestre de 2012, quando a inflação registrou um repique. A produção industrial, por
exemplo, aumentou 2,5% em janeiro ante dezembro de 2012, acima da mediana das
estimativas, de expansão de 1,60%. Obviamente, em fevereiro a produção industrial
deve cair ante janeiro, como os dados divulgados ontem pela Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostraram, com uma queda de 17,9%
na produção de veículos em fevereiro ante janeiro. Mas o ponto é: não parece que a
atividade econômica desapontará numa magnitude mais forte do que a inflação poderá
surpreender para baixo.
A questão é que o BC endureceu o seu discurso num grau que deixou pouco espaço
para não subir juros, sob o custo de danificar mais ainda uma credibilidade já
arranhada aos olhos de muitos participantes do mercado. Isso porque está cada vez
mais evidente para analistas e investidores que o BC errou ao reduzir demasiadamente
a Selic, para a mínima histórica de 7,25%. Tanto que essa taxa mínima histórica só
vem sendo mantida há quatro reuniões do Copom, antes de o BC avisar que vai mudar
de curso e fazer um aperto monetário, como fez ontem. Da última vez que o BC
reverteu a direção e elevou os juros de um patamar mínimo histórico foi em abril de
2010, quando subiu a Selic em 0,75 ponto porcentual, de 8,75% para 9,50%. Essa
mínima histórica sobreviveu seis reuniões do Copom. Também naquela época o
mercado cogitava que o BC deveria ter subido a Selic antes do que, de fato, o fez. E
quando o BC capitulou, ficando obviamente atrás da curva, iniciou o ciclo de aperto
com uma paulada mais forte, de 0,75 ponto, em vez de uma elevação mais gradual.
E desta vez? Será como em 2010, quando o BC, num ano de eleições presidenciais,
pareceu ter ficado atrás da curva e foi forçado a iniciar um ciclo numa dose mais forte
do que se estivesse menos atrasado? ([email protected])
Fábio Alves é jornalista da Agência Estado
MERCADO
REAVALIA
EXPECTATIVAS
E
ENCONTRA
ESPAÇO PARA DEIXAR DÓLAR MAIS PERTO DE R$ 2,00
São Paulo, 21/02/2013 - O mercado de câmbio doméstico passa por um momento de
revisão de expectativas. Tudo começou com o alinhamento recente dos discursos do
ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do Banco Central, Alexandre
Tombini, no sentido de apontar que o dólar não é o principal instrumento de controle
da inflação e, sim, os juros. A sintonia ganhou hoje a adesão do diretor de Política
Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo. Ele ressaltou que a estratégia de
política monetária permanece a mesma; que as variações no câmbio certamente têm
impacto na inflação; e que a inflação tende a mostrar resistência no 1º semestre, mas
deve recuar no 2º semestre.
Boa parte dos analistas está entendendo que, diante da perspectiva de uma inflação
mais baixa no futuro, o BC não precisaria mexer no juro básico no curto prazo - o que
poderia prejudicar o crescimento da economia. Ao mesmo tempo, avaliam que, se o
câmbio não é o principal instrumento de controle de inflação, não há espaço para
continuidade de queda das cotações da moeda norte-americana. O mercado assimilou
que o BC está pronto para intervir, se necessário, nas duas pontas do câmbio: para
impedir quedas do dólar se o nível começar a atrapalhar a atividade; e para controlar
uma alta, se a moeda norte-americana pressionar a inflação.
Assim, nesta quinta-feira, com o dólar na faixa de R$ 1,950, nível considerado baixo
para estimular novos investimentos da indústria, os investidores pegaram carona na
aversão ao risco no exterior e operaram a moeda norte-americana em alta. A
percepção é de que, nesse contexto, existe espaço para que a taxa de câmbio oscile
em níveis um pouco mais altos. A expectativa desses agentes é de que, no curto
prazo, o dólar tenda a se aproximar muito mais do suposto teto da atual banda
informal de oscilação do dólar, de R$ 2,00, do que do piso informal de R$ 1,950.
O ajuste do preço do dólar pode ser sustentado ainda pela proximidade da virada de
mês e a necessidade de alguns bancos de honrar compromissos já assumidos com o
BC. Há um vencimento de, pelo menos, US$ 1,7 bilhão em linha de dólares agendado
para 1º de março, além de outro lote de linha de dólar com recompra em 1º de abril,
de cerca de US$ 2,8 bilhões.
A perspectiva desses vencimentos, combinada com as sinalizações para a política
monetária e cambial das autoridades brasileiras, já provoca um aumento da demanda
pela moeda norte-americana.
Pesam ainda nessa reavaliação dos rumos do câmbio a previsão surgida no mercado
global desde o dia anterior sobre uma possível diminuição das compras de ativos pelo
Federal Reserve dos Estados Unidos, os números fracos de atividade na zona do euro e
o fluxo cambial negativo no Brasil.
Nos próximos dias, no entanto, o contrapondo que pode limitar o ajuste de alta da
moeda norte-americana são os interesses técnicos e especulativos relacionados à
exposição em câmbio de bancos e investidores estrangeiros. Os bancos estão
pesadamente vendidos em dólar à vista e também carregam posição vendida líquida
em derivativos cambiais. Os investidores estrangeiros também estão fortemente
"vendidos" em cupom cambial-DDI. Como o recuo do dólar beneficiaria esses agentes
na liquidação, em 1º de março, de suas posições em aberto, é
possível que até lá
volte esses players encontrem alguma brecha para impedir uma desvalorização
acelerada do real. (Silvana Rocha - [email protected] – AE Broadcast)
ESTIMATIVAS PARA O CÂMBIO EM 2013
Segundo pesquisa da Agência Estado realizada nesta quinta-feira (07/03) pelo AE
Dados junto às instituições dealers* que atuam junto ao Banco Central (BC),
as
projeções para o câmbio no curtíssimo prazo sofreram correção de alta. A mediana das
estimativas para sete dias à frente avançou 0,25%, para 1,9750 R$/US$, valor que
coincide com a média. A mediana dos bancos estrangeiros subiu 0,51%, para 1,9800
R$/US$, distanciando-se da mediana das instituições nacionais que, ao contrário, caiu
(0,25%), para 1,9700 R$/US$. A projeção para a taxa mínima subiu 1,04%, para
1,9400 R$/US$, enquanto a máxima permaneceu estável em 2,0000 R$/US$.
Ao contrário do apurado para o curtíssimo prazo, para o fechamento de março a
mediana das estimativas para a taxa de câmbio cedeu (0,25%), para 1,9850 R$/US$.
A mínima permaneceu estável em 1,9200 R$/US$ e a máxima avançou 0,50%, para
2,0100 R$/US$.
Para o segundo trimestre, as expectativas para a taxa de câmbio ficaram estáveis
em 2,0000 R$/US$, de acordo com a mediana e com a moda do levantamento. A
projeção para a taxa mínima e para a máxima também ficaram estáveis em 1,9000
R$/US$ e 2,0400 R$/US$, respectivamente.
Para o terceiro trimestre, a mediana em 2,0200 R$/US$, com alta de 0,50%. A taxa
foi obtida das estimativas que vão de 1,9200 R$/US$ a 2,1500 R$/US$.
Por fim, para o fim de 2013, as instituições dealers do Banco Central reduziram suas
expectativas para o câmbio ao final de 2013, como mostra a pesquisa da Agência
Estado realizada pelo AE Dados nesta última quinta-feira (07/03). Chama a atenção o
forte recuo de 1,94% da mediana das previsões das instituições nacionais, para 2,0200
R$/US$. De outro lado, a mediana esperada pelos bancos estrangeiros permaneceu em
2,0500 R$/US$. Para este período, a projeção para a taxa mínima e para a máxima
também ficaram estáveis em 1,9500 R$/US$ e 2,1500 R$/US$, respectivamente.
Cenário de Curto Prazo para os Mercados
Comportamento dos mercados na semana de 04 à 08 de
março de 2013
Segundo a Tendências Consultoria, a semana nos mercados foi marcada por queda
da aversão ao risco, especialmente os ligados à economia norte-americana. O Fed
continua a reforçar a postura expansionista, enquanto os indicadores de atividade
sinalizaram continuidade do crescimento moderado da economia. Assim, o otimismo
dos investidores persistiu apesar de o fracasso das negociações entre os congressistas
norte-americanos ter levado à entrada em vigor dos cortes automáticos dos gastos
públicos. As declarações do presidente Mario Draghi após a reunião do BCE,
ressaltando que não houve contágio com os problemas políticos da Itália, também
sustentaram esse ambiente mais favorável.
No câmbio global, segundo o AE Broadcast, na última sexta-feira (08/03), o dólar
subiu ao nível mais alto em três anos e meio frente ao iene e o euro caiu abaixo de
US$ 1,30, depois de o Departamento do Trabalho dos EUA informar que foram criados
236 mil postos de trabalho em fevereiro, enquanto os economistas previam 160 mil; a
taxa de desemprego recuou a 7,7%, a mais baixa desde o fim de 2008.
O euro caiu à mínima de US$ 1,2955 em seguida à divulgação dos dados do nível de
emprego nos EUA e não acelerou sua baixa em reação ao rebaixamento do rating de
crédito da Itália pela Fitch. "Isso não surpreendeu ninguém. A Itália nunca teve um
governo estável", comentou Axel Merk, da Merk Investments.
Neste contexto, no final da tarde em Nova York, o euro estava em US$ 1,3005 de US$
1,3025 na sexta-feira da semana anterior. O dólar estava em 95,99 ienes de 93,60
ienes no fechamento da semana anterior. A libra estava cotada a US$ 1,5036, de US$
1,5036 na sexta-feira da semana anterior.
Ante o real, segundo o Cenário-2 do AE Broadcast, a variação do dólar esteve na
contramão do verificado no exterior. A pressão inflacionária atingiu o mercado cambial,
com o dólar fechando cotado a R$ 1,950, - valor mais baixo desde 10 de maio de
2012. Na sexta-feira, ao longo do dia, a moeda chegou a oscilar abaixo de R$ 1,950,
em meio à leitura de que o governo pode aceitar um dólar mais baixo como
ferramenta auxiliar ao controle dos preços.
Neste contexto, o dólar encerrou a semana a R$ 1,950, de R$ 1,982 no final da
semana anterior, acumulando queda de 1,62% na semana.
Em março, o dólar
acumula queda de 1,32% e, no ano, de -4,65%.
No segmento de juros local, segundo o AE Broadcast, a alta de 0,60% do IPCA em
fevereiro fez a inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses atingir 6,31%, ficando
bem próxima do teto da meta do governo para 2013. Em reação, as taxas dos
contratos futuros de juros voltaram a subir de forma consistente nesta última sexta-
feira, dando continuidade ao movimento iniciado após a reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom).
Os investidores reforçaram as apostas de que o Banco Central está perto de dar início
ao ciclo de alta da Selic, podendo até mesmo subir a taxa básica em 0,50 ponto
porcentual - e não em 0,25 ponto - já em abril.
Na renda variável, o Ibovespa voltou para o campo positivo nos últimos dias, após
ter ficado descolado do comportamento das bolsas do mundo. Impulsionado pelas
notícias de aumento nos preços do óleo diesel pela Petrobras e da parceria entre o
grupo EBX e o banco BTG Pactual, os preços dos ativos mostraram certa recuperação
durante a semana. Na sexta-feria, entretanto, após dois dias de ganhos acumulados
em 5,2%, os investidores realizaram lucros e o Ibovespa encerrou a sessão em baixa
de 0,70%, aos 58.432,75 pontos. Petrobras e OGX, que tiveram fortes ganhos na
quarta e na quinta-feira, na sexta-feira puxaram o índice à vista para baixo,
devolvendo boa parte da alta. Além da realização, as vendas da OGX foram puxadas
por relatório do Deutsche Bank reiterando recomendação de venda para as ações da
petrolífera. Segundo a instituição, novos financiamentos são positivos para a empresa,
mas a questão geológica continua desafiadora. Vale também teve queda forte,
penalizada pelos dados de importações da China e preço do minério. Nada disso
impediu, entretanto, que a Bovespa tivesse sua melhor semana do ano, com ganho de
2,72%. Neste contexto, o Ibovespa fechou a semana aos 57.432,75 pontos,
registrando a
melhor semana do ano, com +2,72% de elevação. No mês,
acumula ganho de 1,76% e, no ano, perda de 4,13%.
Perspectivas para a semana de 11 à 15 de março de 2013
Segundo a Tendências Consultoria, diversos riscos ainda persistem. Assim, com a
agenda econômica menos carregada na semana, devem continuar no foco dos
mercados as negociações políticas nos Estados Unidos, já que ainda resta a questão do
teto do endividamento para ser resolvida. Além disso, o quadro na Itália segue sendo
de paralisia decisória, com aumento do risco da necessidade de novas eleições, o que
interromperia a continuidade da agenda reformista do governo Monti.
Já
para
o
Banco
Santander,
na
pesada
agenda
de
indicadores
econômicos
internacionais, os destaques são a rodada mensal de dados da China e os diversos
indicadores de atividade e inflação nos EUA. O mercado deve reagir, na segunda
pela manhã, aos dados chineses relativos a fevereiro divulgados ao longo do final de
semana. Em particular, os números de produção industrial, vendas do varejo e
investimentos devem chamar a atenção, à luz da perspectiva de que a
economia chinesa mude de ritmo e padrão de crescimento. As projeções do
mercado implicam a manutenção do ritmo forte em comparação com o mês anterior,
consistente com a expectativa de que a China exiba, em 2013, um crescimento pouco
maior que no ano passado. Enquanto isto, a inflação ao consumidor pode mudar de
patamar, passando de 2% a/a em janeiro para 3% a/a em fevereiro, apesar da
contínua deflação nos preços ao produtor.
Nos EUA, os indicadores da semana devem mostrar a inflação sob controle, com o CPI
rodando a 1,8%a/a (núcleo: 2%a/a) e o PPI, a 1,7%a/a – todos confortavelmente
distantes do patamar de 2,5%, sinalizado pelo Federal Reserve como um limite para a
manutenção da política monetária acomodatícia. Dentre os dados de atividade,
destaque para as vendas do varejo e a produção industrial que devem se
manter fortes em fevereiro. Outro dado importante é o índice de confiança da
Universidade de Michigan (preliminar de março): a alta esperada pelo mercado, se
confirmada, poderia reforçar a tendência de melhora na atividade americana no 1º
trimestre, após o decepcionante resultado no último trimestre do ano passado.
No Brasil, a divulgação da ata do Copom é o evento que mais deve repercutir nos
mercados. O comunicado pós-reunião do Copom foi lacônico, deixando a porta aberta
tanto para uma alta como para manutenção da taxa básica de juros. Para o Santander,
nesse sentido, é importante entender qual a avaliação do Banco Central em relação ao
cenário corrente de fraca atividade econômica e pressão inflacionária. O Santander
acredita que a Ata do Copom esclareça quais são as maiores preocupações da
autoridade monetária, e assim conseguiremos reavaliar a probabilidade de
um ciclo de aperto monetário. Com relação ao Ibovespa, para os próximos dias,
além dos dados de atividade a serem divulgados (vendas no varejo, IBC-Br), os
balanços de empresas do setor imobiliário (como MRV, Ez Tec, e Gafisa) devem levar a
oscilações dos papeis do segmento.
Fontes: Tendências Consultoria e AE-Broadcast
Elaborada por Miriam Tavares Diretora de Câmbio
AGK Corretora de Câmbio S.A.
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