Devemos fazer de tudo para impedir a volta da inflação porque ela

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Pronunciamento do Deputado Federal
CORIOLANO
SALES
(PMDB-BA)
comentando a volta da inflação. Sessão
de 20 de novembro de 2002.
Senhor Presidente, Senhoras Deputadas e Senhores Deputados:
O gosto amargo da inflação está de volta. Os brasileiros estão
acordando com um gosto amargo na boca depois de oito anos de
"estabilidade econômica". Os aluguéis disparam, nos supermercados
recomeça a onda de reajustes, as taxas de juros assustam quem precisa de
empréstimo e a gasolina está subindo novamente. O custo de vida,
segundo dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos
Sócio-econômicos (Dieese), está 157% mais caro do que em junho de
1994. Os salários, em média aumentaram 38%. O real perdeu 63% de seu
valor. Na indústria, o nível de emprego se retraiu 20,15%, de acordo com
dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A ressaca é fruto do sonho de crescimento econômico iniciado há pouco
mais de oito anos. O plano real tirou a economia brasileira de um cenário
1
hiperinflacionário, para um período de preços estáveis. Foi como um
sonho. Os jornais alardeavam em suas páginas a morte do dragão da
inflação. O dólar valia menos que R$ 1,00. Um engano, mas que tinha
efeito psicológico bastante positivo na sociedade. Até mesmo os mais
pobres acreditaram que seriam incluídos nos indicadores econômicos
como
consumidores
em
potencial.
Contudo,
aos
poucos,
e
sorrateiramente, os brasileiros começaram a sentir em seu próprios
bolsos que nem tudo estava bem. Em junho de 98, o custo de vida já havia
subido 118%, em relação aos valores constatados no início do plano real.
O dólar já tinha se valorizado mais de 20% em relação a moeda nacional
e o salário médio dos brasileiras subira apenas 19%.
É claro que devemos fazer de tudo para impedir a volta da inflação
porque ela penaliza o trabalhador. O governo deve ter responsabilidade
em seus gastos para não provocar déficits que alimentem a inflação.
Para controlar a inflação é necessário evitar emissões de moeda e
acabar com o déficit público; que a melhor forma de alongar a dívida
pública é obter ao longo dos anos superávits primários que possam
compensar os juros pagos pelos títulos do governo; e que, isso feito,
gradualmente o mercado volta a ter confiança, permitindo esticar os
prazos dos títulos que vão vencendo e, desse modo, alongar a dívida
pública. Se, além disso, houver metas de inflação que possam ser
corrigidas com pequenos aumentos nos juros e um mercado de câmbio
flutuante, a receita estará completa. Essa é a receita de estabilidade
2
recomendada pela boa teoria econômica que funciona para todos os
países desenvolvidos.
CORIOLANO SALES
Deputado Federal
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