PIB só deve se recuperar no ano que vem, segundo analistas

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28 mar 2015
O Globo
MARCELLO CORRÊA [email protected]. br
PIB só deve se
recuperar no ano que
vem, segundo analistas
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Setores que conduzirão retomada, no entanto, ainda geram incertezas
“Obviamente, o efeito do câmbio não puxa sozinho o crescimento de um país como o Brasil”
Luiz Carlos Prado Professor de Economia da UFRJ
O desempenho da economia brasileira deve piorar neste ano, antes de ter uma
recuperação moderada em 2016. É essa a análise de economistas, que esperam recuo de
mais de 1% neste ano e só veem a possibilidade de novo fôlego para o PIB no ano que vem.
Identificar o que vai conduzir essa recuperação parcial, no entanto, ainda é tarefa difícil, com
as incertezas sobre a retomada do crescimento global e na política do país.
Uma das possíveis fontes de esperança é a desvalorização do real frente ao dólar —
uma demanda antiga da indústria, que, em tese, melhora a competitividade dos preços de
produtos brasileiros em relação aos concorrentes internacionais. A mudança do patamar do
câmbio, que fechou ontem em R$ 3,24, no entanto, não deve ser suficiente para alterar
completamente o cenário. Isso porque, com a economia mundial ainda retomando o ritmo, é
possível que exportadores não cheguem a se beneficiar do dólar alto. Além disso, o setor
externo pesa pouco no resultado: no ano passado, as exportações tinham um peso de 11,5%
do PIB.
— A única coisa que está clara é a desvalorização cambial. Isso veio para ficar.
Obviamente, isso isoladamente não puxa crescimento de um país como o Brasil — destacou
Luiz Carlos Prado, professor do Instituto de Economia da UFRJ.
A fraca demanda global deve influenciar ainda um setor que se destacou no PIB do ano
passado: a indústria extrativa. Também com peso modesto no resultado (4%), o segmento
cresceu 8,7%, um cenário que não deve se repetir em 2015. Além da desaceleração da
economia da China, deve pesar a crise na Petrobras.
— A gente tem alguns setores até com desempenho bom, como extrativa mineral, mas
tem a crise da Petrobras por outro lado, que conta contra — diz Vinícius Botelho, do
Ibre/FGV.
O especialista destaca que, com isso, a recuperação deve ficar para 2016, começando
justamente naqueles setores que mais sofreram nos anos anteriores.
— Essa recuperação deve vir dos setores que estão desacelerando mais, como a
indústria de transformação, mais sensível aos ciclos de negócios. Em outros, como consumo
das famílias, há mais caminho para cair: os reajustes de energia ainda não terminaram de
vir, por exemplo, o que ainda deve afetar o indicador.
O consenso é que a recuperação deve mesmo ficar para 2016. Felipe Salles, economista
do Itaú Unibanco, prevê uma recuperação no ano que vem de 1,4%. Ele não está sozinho: a
pesquisa Focus, do Banco Central, realizada com cerca de 100 analistas do mercado
financeiro, indica alta de 1,05% no ano que vem.
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