BC vê agora inflação perto da meta apenas em 2016

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Ano 1 | Número 3 | Sexta, 13 de março de 2015
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BC vê agora inflação perto da meta apenas
em 2016
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta quinta-feira, 12, pelo
Banco Central, mostra que o Banco Central não tem mais a percepção de que a
inflação entre em 2015 em um longo período de declínio, ao contrário do que
constava na ata de janeiro
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A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta quinta-feira, 12, pelo Banco Central, mostra
que o Banco Central não tem mais a percepção de que a inflação entre em 2015 em um longo período de
declínio, ao contrário do que constava na ata de janeiro. No relatório divulgado hoje o BC observa que o fato
de a inflação atualmente se encontrar em patamares elevados reflete, em grande parte, a ocorrência de dois
importantes processos de ajustes de preços relativos na economia. Esses processos de ajustes são
realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e o realinhamento dos preços
administrados em relação aos livres.
O comitê considerou ainda que, desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação desses ajustes
de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável para este ano.
"Nesse contexto, e conforme antecipado em notas anteriores, esses ajustes de preço fazem com que a inflação
se eleve no curto prazo e tenda a permanecer elevada em 2015", admitiu. Ao mesmo tempo em que reconhece
que esses ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, o comitê reafirmou agora sua
visão de que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda ordem deles decorrentes.
Convergência
O BC passou a utilizar a palavra "ao longo" do próximo ano ao falar da convergência da inflação para a meta
de 4,5%. Substitituia avaliação "no próximo ano" para "ao longo" de 2016. Segundo o BC, os efeitos
conjugados de demanda, consumo das famílias, crédito, investimentos, exportações, política fiscal e
condições financeiras favoráveis são fatores importantes no qual decisões futuras sobre a taxa Selic serão
tomadas para assegurar a convergência ao longo de 2016.
Câmbio
O BC trabalhou com um dólar defasado ao tomar a decisão, na semana passada, que elevou a taxa Selic de
12,25% ao ano para 12,75% ao ano. Nos últimos dias, inclusive, a alta da divisa norte-americana ante o real
alimenta projeções de elevação do IPCA no mercado financeiro - o que levaria o Copom a uma estratégia de
mais aperto monetário.
Na ata de hoje o BC informou que mudou sua previsão para o câmbio de R$ 2,65 para R$ 2,85 pelo cenário
de referência. O valor considerado para o dólar está abaixo do valor negociado no dia em que o colegiado
decidiu subir a Selic, quando fechou em R$ 2,9790. Vale ressaltar que aquele foi o último dia que a moeda
americana encerrou os negócios no Brasil comercializada abaixo de R$ 3,00. O dólar para abril, no dia da
reunião do BC, fechou a R$ 3,0020.
Selic
Para a taxa básica de juros no cenário de referência, o colegiado considerou a Selic em 12,25% ao ano. No
Relatório Trimestral de Inflação divulgado no final de dezembro o BC utilizava a cotação de R$ 2,55 como
premissa para seus exercícios. O realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais - via alta
do dólar - foi apontado pelo BC como um dos principais fatores de pressão para a inflação no curto prazo. A
elevação do dólar frente o real ganhou importância na ata, apesar da cotação defasada, sobretudo na avaliação
sobre as exportações.
Até a reunião anterior do Copom, o BC considerava que as vendas externas tendiam a ser beneficiadas pelo
cenário de maior crescimento de parceiros comerciais e pela depreciação do real. No novo documento, ele
trocou a palavra "tendem" por "devem", reforçando a mensagem de que a elevação do dólar frente a moeda
brasileira e a expansão da atividade em outros países devem favorecer a balança comercial.
PIB
O BC avaliou que o ritmo de expansão da economia em 2015 será inferior ao potencial. Para o Comitê, o
ritmo de atividade tende a se intensificar na medida em que a confiança de firmas e famílias se fortaleça.
Além disso, o comitê avaliou que, no médio prazo, mudanças importantes devem ocorrer na composição da
demanda e da oferta agregada.
"O consumo tende a crescer em ritmo moderado; e os investimentos tendem a ganhar impulso. Essas
mudanças, somadas a outras ora em curso, antecipam uma composição do crescimento da demanda agregada
no médio prazo mais favorável ao crescimento potencial", salientaram os diretores no documento.
No que se refere ao componente externo da demanda agregada, a ata reforça a avaliação de que o cenário de
maior crescimento global, combinado com a depreciação do real, "milita no sentido de torná-lo mais
favorável ao crescimento da economia brasileira". Pelo lado da oferta, o comitê avalia que, em prazos mais
longos, emergem perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria, e também da agropecuária; o
setor de serviços, por sua vez, tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes.
Demanda agregada
O BC vê um arrefecimento da demanda agregada no País. Essa avaliação será levada em conta em decisões
futuras sobre a taxa Selic. Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a instituição
mudou sua avaliação, passou a ponderar que a demanda agregada tende a ser "moderada" no horizonte
relevante para a política monetária. Antes, considerava que ela seria "relativamente robusta" nesse período.
As exportações também ganharam destaque na ata do BC. Até a reunião anterior do Copom, o BC
considerava que as vendas externas tendiam a ser beneficiadas pelo cenário de maior crescimento de
parceiros comerciais e pela depreciação do real. No novo documento, ele trocou a palavra "tendem" por
"devem", reforçando a mensagem de que a elevação do dólar frente a moeda brasileira e a expansão da
atividade em outros países devem favorecer a balança comercial.
A instituição reafirmou ainda que o consumo das famílias tende a se estabilizar, devido a fatores como o
crescimento da renda e a expansão do crédito. Por outro lado, o BC ponderou que condições financeiras
relativamente favoráveis, notadamente no caso de financiamento imobiliário, concessão de serviços públicos,
ampliação da renda agrícola, entre outros, tendem a favorecer os investimentos. Até o documento anterior, o
BC acreditava que essas condições financeiras seriam favorecidas também pela "ampliação das áreas de
exploração de petróleo". Esse trecho, no entanto, foi retirado e, em seu lugar, a instituição acrescentou o
avanço da renda agrícola.
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