UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ FABIOLA EFFQUEM ANÁLISE QUANTITATIVA DE MERCADO: ESTIMATIVA E PROJEÇÃO DE DEMANDA PARA BENS DE CONSUMO EM BIGUAÇU Biguaçu 2007 FABIOLA EFFQUEM ANÁLISE QUANTITATIVA DE MERCADO: ESTIMATIVA E PROJEÇÃO DE DEMANDA PARA BENS DE CONSUMO EM BIGUAÇU Trabalho de Conclusão de Estágio apresentado ao Curso de Administração do Centro de Educação da UNIVALI – Biguaçu, como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Administração. Professor Orientador: Francisco Alexandre Moredo Biguaçu 2007 FABIOLA EFFQUEM ANÁLISE QUANTITATIVA DE MERCADO: ESTIMATIVA E PROJEÇÃO DE DEMANDA PARA BENS DE CONSUMO EM BIGUAÇU Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi considerado adequado para a obtenção do título de Bacharel em Administração e aprovado pelo Curso de Administração, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Biguaçu. Área de Concentração: Marketing Biguaçu, 20 de junho de 2007. Prof. M.: Francisco Alexandre Moredo UNIVALI - CE de Biguaçu Orientador Prof. Esp.: Alexandre Magalhães UNIVALI - CE de Biguaçu Prof. M.: .Rosalbo Ferreira UNIVALI - CE de Biguaçu Dedico este Trabalho de Conclusão de Estágio aos meus pais, amigos, especialmente Carla Carrero, e a todas as pessoas que acreditam que ser aprendiz não deve ser uma condição temporária. AGRADECIMENTOS À Universidade do Vale do Itajaí. Ao orientador, professor Francisco Alexandre Moredo, por sua compreensão e incentivo no decorrer do desenvolvimento deste trabalho e que, diante das turbulências, agiu de forma a proporcionar-me confiança para a sua conclusão. Aos professores João Carlos Domingues Carneiro e Maria Albertina Schmitz Bonin, pelo incentivo demonstrado e apoio constante. Ao professor Alcides José Fernandes Andujar, por sua colaboração no decorrer do Estágio II, quando orientou-me buscando auxiliar na conclusão deste trabalho. Aproveito a oportunidade única para deixar registrado meus agradecimentos à professora Christiane Kleinübing Godoi que, através das disciplinas que ministrou, fez despertar novamente o que de mais caro deixei no tempo, minha paixão pelo misterioso “ser humano”. Em suas aulas pude enriquecer minha mente, abri-la para novos aspectos da sociedade e fortalecer minha postura quanto ao conhecimento, reafirmando que somos, todos, aprendizes, pois que, a cada passo, surgem novas incógnitas que, por sua vez e em mim, alimentam o prazer de aprender. Aos meus amigos tenho pouco a dizer. Sei que ao longo deste curso acabaram transformando-se em “meio administradores” assim como eu transformeime em meio pedagoga, engenheira, geógrafa, odontologista, advogada, tudo isso sem contar os novos conhecimentos empíricos que juntos adquirimos e trocamos. Um bom amigo faz coisas incríveis para ficar junto, até mesmo falar sobre temas não muito agradáveis, fora de sua rotina ou de suas habilidades. A todos, o meu “muito obrigada” pela força, pelo carinho, pela presença, ainda que distantes. À minha família, por estar torcendo, respeitando, acreditando em meu potencial, em minhas intenções, em meu futuro e, acima de tudo, por jamais ter feito desta minha jornada algo penoso e obrigatório. Agradeço especialmente à minha mãe, Maria Pratti Effquem, por orgulhar-se desta filha antes mesmo de eu chegar aqui. A Carla Carrero, porque sem ela nada teria começado, porque dela veio a força e a crença de que eu poderia, e aqui estou. A Vera Lúcia Effquen, minha tia amada, que sempre incentivou os estudos de todos os membros da família e amigos, buscando estar sempre por perto para auxiliar. A Oliva, que sempre trouxe tranqüilidade ao meu coração em tempos bons e ruins. Ao Pai Celeste, meu eu oculto, meu sopro, meu amor, minha razão por razões que só Ele conhece. Por fim, às flores que vi no caminho, especialmente as amarelas, cor de sol, tom de vida, fluidos de esperança. O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos para que eu saiba sustentar com uma palavra o que está cansado, ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como discípulo. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não fui rebelde, nem me retirei para trás. Isaías 50:4-5 RESUMO EFFQUEM, Fabiola. Análise quantitativa de mercado: estimativa e projeção de demanda para bens de consumo em Biguaçu. 2007. Trabalho de Conclusão de Estágio (Graduação em Administração) - Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2007. Observando-se que o município de Biguaçu tem apresentado um crescimento que pode ser favorável a novos empreendimentos, o presente trabalho tem por objetivo determinar a demanda de mercado no município para alguns bens de consumo, buscando mensurar possíveis vendas futuras. Para tanto, utiliza dados primários coletados através de pesquisa de campo e dados secundários, extraídos de fontes reconhecidas no meio acadêmico. A coleta dos dados primários trata de investigação das vendas atuais dos produtos selecionados no mercado de Biguaçu, seus preços e, ainda, dos seus ciclos de venda. Através da exploração dos métodos de quantificação de mercado que auxiliam na mensuração do potencial total de demanda, definiu-se um dos métodos científicos para realizar esta análise, por meio do qual o presente trabalho determina o potencial de demanda para os bens de consumo analisados. Os resultados encontrados determinam potenciais de demanda, auxiliam a análise de fatia de mercado e, ainda, disponibiliza dados para novas investiduras, especialmente para os que possuem experiência neste mercado. Palavras–chave: marketing; consumo; demanda; mercado; potencial. ABSTRACT EFFQUEM, Fabiola. Análise quantitativa de mercado: estimativa e projeção de demanda para bens de consumo em Biguaçu. 2007. Trabalho de Conclusão de Estágio (Graduação em Administração) - Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2007. Observing that the city of Biguaçu has presented a growth that can be available to increase new business, this research aims to determine the market’s demand of the city for some goods, looking for calculate possible future sales. For this, it uses primary data collected through site’s research and secondary data, extracted of recognized sources in the college centres. The collection of the primary data inquiries the current sells of the products selected in the Biguaçu’s market, its prices and its sell cycles. Through the exploration of the quantification market methods, that helps in the measure of the total demand’s potential, the scientific method between others was defined, to make this analysis, which the present research determines the demand’s potential for the analyzed goods. The results determine demand’s potentials, it helps the analyses of market share and make available data for new projects, especially for who have experience in this market. Key words: marketing; goods; demand; market; potential. LISTA DE SIGLAS IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística SDR – Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional DC – Diário Catarinense MTE – Ministério do Trabalho e Emprego AMA – Associação Americana de Marketing PM – Planejamento de marketing PE – Plano estratégico SIC - Standard Industrial Classification (SIC) System (sistema-padrão de classificação industrial). DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1: Os 4 Ps do marketing .......................................................................... 17 Quadro 2: A visão sistêmica dos 4 As .................................................................. 19 Quadro 3: Principais classificações e os tipos de métodos científicos de previsão de vendas que as compõem ............................................................. Figura 1: Funções de demanda de mercado........................................................ 22 33 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Produtos de conveniência / cesta básica ........................................ 38 Tabela 2: Bens de consumo de conveniência – higiene e limpeza ................... 39 Tabela 3: Produtos de compra comparada..................................................... 41 Tabela 4: Produtos de compra comparada .................................................... 42 Tabela 5: Produtos de compra comparada..................................................... 43 Tabela 6: Produtos de compra comparada .................................................... 45 Tabela 7: Produtos de compra comparada .................................................... 47 SUMÁRIO RESUMO.................................................................................................................. 7 ABSTRACT.............................................................................................................. 8 LISTA DE SIGLAS.................................................................................................... 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES.......................................................................................10 FABIOLA EFFQUEM.......................................................................... 2 Palavras–chave: marketing; consumo; demanda; mercado; potencial.....................7 Key words: marketing; goods; demand; market; potential...................................... 8 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 13 1.1 OBJETIVOS..................................................................................................... 14 1.1.1 Objetivo geral...........................................................................................................14 1.1.2 Objetivos específicos............................................................................................... 14 2.1 MARKETING.................................................................................................... 15 2.1.1 Princípios de Marketing................................................................................. 16 2.1.2 Os 4 As do marketing...............................................................................................18 2.1.3 Conceitos de mercado.............................................................................................. 20 2.1.4 Demanda.................................................................................................................. 21 2.1.5 Definições de produtos e serviços............................................................................23 2.1.6 Comportamento do consumidor...............................................................................24 4 2.2 MÉTODOS DE QUANTIFICAÇÃO DE MERCADO........................................... 27 2.2.1 Potencial de demanda.................................................................................. 28 2.2.2 Previsão de vendas...................................................................................... 30 3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO.................................................................. 35 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.............................................................. 38 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 49 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 51 13 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento do mercado consumidor de Biguaçu é visível e comprovado por dados estatísticos. Observando-se o crescimento populacional projetado, especula-se um possível aumento na demanda por bens de consumo. Em 2002, o município foi classificado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA - como uma “cidade média”, estando entre os 20 municípios no estado neste patamar. Seu crescimento demográfico tem superado o do próprio Estado, alcançando entre 1970 a 2002 uma taxa de 6,13% a.a, enquanto o Estado teve uma queda no mesmo período de 2,27%. Isto significa, de maneira superficial, que há um crescimento diferenciado na demanda do local, o que instiga a aplicação de pesquisas para novos empreendimentos. Relatórios do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram um crescente número de registros no município no período de 01/10/2001 a 30/09/2006, com uma variação absoluta de 1727 ocupações. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o município contava com 916 empresas comerciais em 2001, atualmente, já possui 1262 empresas comerciais, segundo dados colhidos junto à Prefeitura Municipal em novembro de 2006. Observa-se que o fluxo de pessoas no município de Biguaçu é mais concentrado no Centro, apesar de se verificar novas empresas em sua periferia. Nesta região de maior fluxo tem se estabelecido organizações de renome, tais como: a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, que, em março de 2001, inaugurou seu segundo Campus no município; a rede de eletrodomésticos Colombo, que inaugurou sua filial em agosto de 2003; em janeiro de 2007, a Lettel, empresa de aparelhos e sistemas de comunicação, fechou acordo com a Prefeitura de Biguaçu para instalar no município mais uma de suas filias; agências bancárias como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco e Besc também encontram-se nesta região. Alguns meios de comunicação, tais como os jornais Diário Catarinense, Biguaçu em Foco e Folha Catarinense, têm divulgado pesquisas que indicam um crescimento mercadológico dos municípios vizinhos da capital, Florianópolis, especialmente Biguaçu. Por outro lado, há informações publicadas pela mídia televisiva indicando uma 14 estagnação do município no que tange ao desenvolvimento do saneamento básico, da iluminação pública e da segurança. Estas estagnações indicam uma necessidade de captar recursos que possibilitem tais desenvolvimentos. A Prefeitura do município demonstra, através de recentes acordos estabelecidos com empresas privadas para implantação de filiais, tal como o citado com a empresa Letter, seu interesse em promover o crescimento econômico-social da região. Caso o governo faça a sua parte, poderá ocorrer uma expansão da oferta de bens e serviços para atender o aumento da demanda e também evitar fuga da demanda para municípios vizinhos. Diante das informações ora expostas, observa-se um crescimento do município que, aparentemente, é favorável a novos empreendimentos. No entanto, não existe uma quantificação do tamanho do mercado de consumo em Biguaçu. Por esta razão, pretende-se responder a seguinte questão: qual é o potencial de demanda de mercado para determinados bens de consumo no município de Biguaçu? 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo geral Determinar a demanda de mercado no município de Biguaçu para determinados bens de consumo. 1.1.2 Objetivos específicos • Identificar quais os produtos a serem analisados; • Identificar os métodos para determinar a demanda de mercado do município; • Estimar a demanda de mercado atual e futura no município de Biguaçu de todos os produtos analisados. 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O objetivo deste capítulo é apresentar conceitos que dêem fundamento teórico para se alcançar as metas deste estudo, e ainda, através destes conceitos, subsidiar as etapas deste trabalho. 2.1 MARKETING O marketing foi difundido no Brasil nos últimos cinqüenta anos, afirma Richers (2000, p.3), acrescentando que a rapidez da integração deste ao vocabulário brasileiro deu-se por três fatores: a transformação do país de uma economia agrícola para uma industrializada, num “processo revolucionário de substituição de importações (...) não só adotamos tecnologias inovadoras mas também novos métodos administrativos, entre eles o marketing”; a formação de jovens em cursos superiores e especiais de administração; a evolução dos sistemas de comunicação. Popularmente, o marketing é um meio utilizado para vendas e promoções. Kotler e Armstrong (1993, p.2) definem marketing “como o processo social e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo de que necessitam e desejam por meio da criação e troca de produtos e valores”. Observa-se que o conceito central do marketing compreende um processo de troca entre atores. Em alguns casos, o objeto de troca pode ser um bem tangível, como por exemplo, um aparelho de televisão, ou um bem intangível, serviços, como por exemplo o conserto deste aparelho. Mas este conceito isolado reflete numa definição que não resistiu às críticas, elaborada pela Associação Americana de Marketing – AMA, que, conforme Richers (2000, p.5), “caracterizava a área como abrangendo todas as atividades que envolvem o fluxo de bens e serviços entre o produtor e o consumidor”. Ainda segundo Richers, esta definição: (...) deu lugar a uma interpretação mais ampla e voltada para dois aspectos primordiais: a responsabilidade das funções administrativas, no processo de marketing na empresa (o chamado managerial marketing), e a abordagem sistêmica, que se preocupa com a integração ordenada entre os diversos instrumentos que participam de um processo mercadológico (RICHERS, 2000, p.5). 16 A troca é apenas uma das formas pelas quais um indivíduo pode adquirir um bem desejado, podendo o mesmo fazê-lo, em dadas situações, sem desfazer-se de algo como retorno, que é o que caracteriza a troca. Kotler e Armstrong (1993, p.4) enfatizam que “troca é o ato de se obter um objeto desejado oferecendo algo como retorno”. Diante do exposto, conclui-se que a definição de marketing tem como base a troca, porém seus desdobramentos vão além deste ato. Conforme Cobra (1991, p.22): Mais importante que entender sua definição é compreender que marketing deve ser encarado como uma filosofia, uma norma de conduta para a empresa, onde as necessidades latentes, quer no plano qualitativo, quer no quantitativo, impõem a dedução dos objetivos que a empresa deve ter em mente, para definir as características dos produtos ou serviços a serem elaborados e as respectivas quantidades a serem oferecidas. Entende-se desta forma que, segundo os autores, o marketing é um processo complexo que busca direcionar e dar significado a produção de bens e serviços, está relacionado ao conhecimento do mercado em que está inserida a organização para que se possa oferecer os produtos e serviços que esse mercado demanda. Cabe destacar que Richers (2000, p.5) enfatiza: o marketing é “a intenção de entender e atender o mercado”. 2.1.1 Princípios de Marketing Em sua aplicabilidade, o marketing utiliza-se de outras disciplinas e ciências tais como a Economia, a Estatística, a Psicologia e a Sociologia. Dias (2006, p.3) sugere que a teoria da escolha individual, do economista Adam Smith, é um dos fundamentos teóricos do marketing, “cujo pressuposto é que o bem-estar da sociedade é o resultado da convergência entre os interesses individuais do comprador e os do vendedor, por meio da troca voluntária e competitiva”. Ainda na perspectiva de Dias (2006, p.3), são quatro os princípios que englobam essa teoria: • as pessoas buscam experiências que valham a pena; 17 • a escolha individual determina o que vale a pena; • por meio da troca livre e competitiva, os objetivos individuais serão realizados; • as pessoas são responsáveis pelas suas ações e escolhem o que é melhor para elas (princípio da soberania do consumidor). Quanto aos inter-relacionamentos dos elementos de marketing, existem, segundo Cobra (1991, p.31) “dois sistemas integrados de marketing que definem os inter-relacionamentos dos elementos de marketing com o meio ambiente: os 4 Ps de E. Jerome McCarthy e os 4 As de Raimar Richers”. Os 4 Ps, descritos por Cobra (1991, p.31), apresentam-se em quatro funções básicas: produto, preço, ponto e promoção, todos focados no consumidor, como expresso no quadro 1: Preço Produto Mercado Alvo Promoção Ponto de distribuição o Quadro 1: Os 4 Ps do marketing Fonte: Churchill e Peter (2005, p.20) Os elementos do composto de marketing, 4 Ps, são tratados por Churchill e Peter (2005, p.20) da seguinte forma: • Produto – refere-se ao que os profissionais de marketing oferecem aos seus clientes; • Preço – refere-se à quantidade de dinheiro ou outros recursos que os 18 profissionais de marketing pedem por aquilo que oferecem; • Distribuição – refere-se a como produtos e serviços são entregues aos mercados para se tornarem disponíveis para trocas; • Promoção – refere-se a como os profissionais de marketing informam, convencem e lembram os clientes sobre produtos e serviços. Para que se possa cumprir a definição de “entender e atender o mercado”, segundo Richers (2000, p.151), existem duas maneiras, a operacional e a sistêmica. A operacional é basicamente cumprir tarefas, resume-se em delegar e executar. Já a sistêmica é a maneira em que os processos são conduzidos por equipes de trabalho, em que cada elo pode exercer várias funções, sempre atendendo a um desejo específico de um cliente da empresa. Tal abordagem requer um conceito integrado do marketing, denominado pelo autor de “sistema dos 4 As”. O sistema dos 4 As engloba o sistema dos 4 Ps e denomina-os Mix. Segundo Cobra (1991, p.33), o modelo dos 4 As descreve, além do Mix, “a interação da empresa com o meio ambiente e avalia os resultados operacionais da adoção do conceito de marketing em função dos objetivos da empresa”. 2.1.2 Os 4 As do marketing A função dos 4 As, citada por Richers (2000, p.151), para que as tarefas operacionais possam ser realizadas seqüencialmente e a custos controláveis, é a de atender a “necessidade de entrosamento entre as áreas, ao conceber o marketing como um conjunto de tarefas ou funções que precisam ser coordenadas”, o que era função apenas do diretor de marketing e que tem se direcionado aos membros das equipes. Esta ação dos membros das equipes é o que mostra o sistema dos 4 As. Os termos dos 4 As são definidos por Richers (2000, p.152) da seguinte forma: • Análise – visa compreender as forças vigentes no mercado em que a empresa opera, ou pretende operar; • Adaptação – visa ajustar a oferta da empresa – as suas linhas de produtos e/ou serviços – às forças externas detectadas pela análise; • Ativação – é o conjunto de medidas destinadas a fazer com que o produto 19 atinja mercados predefinidos e seja adquirido pelos compradores nas quantidades e com a freqüência desejadas; • Avaliação – propõe-se a exercer controles regulares e esporádicos sobre os processos de comercialização e a interpretar seus resultados para realimentar o sistema com dados atualizados, a fim de permitir um ajuste nos futuros processos de marketing. Há outras duas classificações para os 4 As, em termos estruturais (RICHERS, 2000): • Análise e avaliação são funções de apoio; • Adaptação e vendas são funções de linha, exercidas por pessoas e equipes de produção e vendas, a partir de metas preestabelecidas. O processo sistêmico dos 4 As é contínuo. Partindo-se da análise, busca-se informações no mercado que são distribuídas para a adaptação e para a ativação que, juntas, formam o marketing mix, lançando-o ao mercado para atingir as metas, conforme expresso no quadro 2. Adaptação Análise Mix Ativação M e r c a d o Avaliação Feedback Quadro 2 – A visão sistêmica dos 4 As Fonte: Richers (2000, p.153) Comumente, Segundo Richers (2000), o marketing é concebido como um conjunto de funções desconexas, mas deve primeiramente ser entendido como um processo em que há entrosamento entre seus elementos. 20 (...) A principal idéia subjacente ao sistema dos 4 As é que o marketing jamais deve ser concebido como um conjunto de funções desconexas, (...), deve ser sempre entendido como um fluxo contínuo e sistêmico, de modo que as pessoas se dêem conta do entrosamento e da intercambialidade, ao menos parcial, de seus elementos (RICHERS, 2000, p.153). O sistema dos 4 As apresentado por Richers demonstra a importância do preparo do composto de marketing, constituído dos elementos “adaptação” e “ativação”, uma vez que todos os procedimentos devem ser analisados pelas equipes de marketing na avaliação, análise e no mercado antes de ser encaminhado a estes elementos. 2.1.3 Conceitos de mercado Um mercado existe sempre que há um potencial para comércio. Mesmo que não envolva dinheiro, pode acontecer numa troca de recursos, ou seja, “um mercado é uma arena para trocas potenciais” (KOTLER, 1995, p.33). Sendo assim, para desvendar-se um potencial mercadológico, é necessário estudar os aspectos demográficos referentes às características gerais da população, tais como tamanho, concentração, composição etária, distribuição geográfica e outros; aspectos econômicos, especialmente como renda per capta; aspectos políticos, tais como avaliação de políticas setorial, legislação local, incentivos; aspectos culturais que englobam fatores sociológicos, psicológicos, princípios éticos e morais. Uma conceituação genérica de mercado é fornecida por Holtje e Mazzon (1982, p.20), ao afirmarem que o termo mercado pode ser conceituado simplesmente como “um mercado constitui-se de pessoas ou empresas que têm poder aquisitivo, disposição e autoridade para comprar”. Conforme Kotler (1995), o termo “mercado” é usado em conjunto com um termo qualificativo. Este segundo termo deve definir uma sensação humana, ou seja, descreve uma demanda por um produto. Para se mensurar o potencial mercadológico de uma região, ainda segundo Kotler (1995), faz-se necessário observar todos os tipos de mercado, tais como produto, demográfico, geográfico, entre outros, para detectar as reais condições de expansão de cada um. 21 2.1.4 Demanda A mensuração da demanda de um mercado é uma ferramenta essencial para a previsão de vendas que é o que determina os níveis de produção. Através desta mensuração, de acordo com Kotler (2000, p.140), uma empresa pode desenvolver planejamentos que vão deste as questões financeiras, levantamento de caixa, até as questões humanas, contratação de novos funcionários. Porém, a demanda é uma estimativa, podendo ser mensurada em seis diferentes níveis de produto, cinco diferentes níveis espaciais e três diferentes níveis de tempo. São eles: • Nível de produto – vendas de itens de produtos; vendas de forma de produtos; vendas de linhas de produtos; vendas da empresa; vendas setoriais; vendas totais. • Nível espacial – cliente; território; região; país; mundial. • Nível de tempo – curto prazo; médio prazo; longo prazo. Kotler (2000, p.142) ainda destaca que “os principais conceitos na mensuração da demanda são demanda de mercado e demanda da empresa”. A demanda de mercado com relação a um determinado produto, segundo o mesmo autor, é o volume total deste produto que seria comprado pelos clientes previamente determinados por região geográfica, período de tempo, ambiente e programa de marketing. Ao se determinar a demanda de um produto, deve-se saber que esta não é um número fixo, ou seja, é antes uma “função das condições determinadas” (KOTLER, 2000, p.142), como demonstrado na figura 1 onde pode-se observar a dependência da demanda total de mercado sobre condições definidas. Segundo Kotler (2000, p.142), o eixo horizontal mostra diferentes níveis de gastos setoriais em marketing em um determinado período, enquanto o eixo vertical mostra o nível de demanda. A demanda de mercado estimada está representada na curva, onde há uma associação a vários níveis de gastos setoriais de marketing. Observando-se a figura, pode-se ver que em Q1, que representa o mínimo de vendas do mercado, o produto seria demandado sem quaisquer despesas estimuladoras de demanda, já nos próximos níveis, com gastos setoriais de marketing mais elevados, há uma 22 estimulação crescente à demanda até determinado nível de gastos onde a taxa de demanda passa a decrescer. Isto demonstra que, a partir de certos níveis, os gastos não mais estimulam a demanda, passando-se então ao que o autor chama de Demanda de mercado no período específico a) Demanda de marketing como função dos gastos setoriais em marketing (supõe um ambiente de marketing específico). Q2 QF Gasto planejado Q1 Gasto setorial em marketing Demanda de mercado no período específico potencial de mercado. b) Demanda de marketing como função dos gastos setoriais em marketing (supõe dois ambientes diferentes) Potencial de mercado Prosperidade Prosperidade Recessão Potencial de mercado Recessão Gasto setorial em marketing Q2 = Potencial de mercado QF = Previsão de mercado Q1 = Mínimo de mercado Figura 1 – funções de demanda de mercado Fonte: Kotler (2000, p.143). O conhecimento detalhado da oferta e da demanda do setor em que se atua é de fundamental importância para a previsão de vendas e para a tomada de decisões estratégicas. Dias (2006, p.25) afirma que “fatores como variação cambial, taxa de desemprego, custo do dinheiro, importações, consumo de energia elétrica”, especialmente quando exercem forte influência no setor, devem ser analisados. O autor cita como exemplos, no plano das médias corretivas de demanda, o seguinte: • Demanda satisfatória – quando há freqüência nas previsões, o que necessita de avaliação de satisfação do cliente, caso se queira manter tal situação. • Demanda decrescente – necessidade de avaliação do produto, realizar mudanças e/ou seu processo de comunicação de vendas, ou mesmo, retirada do produto do mercado. • Demanda sazonal – lançamento de novos produtos ou redirecionamento ao consumidor para outras utilizações do produto. 23 • Demanda excessiva – há uma facilidade em se prever as vendas e as mesmas superam a capacidade de disponibilização do produto no mercado. A demanda excessiva, que no primeiro momento parece saudável, necessita de atenção especial. Um dos problemas resultantes deste tipo de demanda é a insatisfação do consumidor por não encontrar o produto com facilidade. Isto pode gerar até mesmo a rejeição à marca. Neste caso, conforme Dias (2006, p.25), é necessário usar uma estratégia que faça reduzir o consumo, o que reforça a necessidade de se trabalhar os aspectos quantitativos de mensuração de demanda. 2.1.5 Definições de produtos e serviços Ao se abordar as questões de marketing, deve-se ter em mente a que tipo de produtos se está referindo, ou seja, conhecer o que são bens de consumo, bens industriais e serviços. Segundo Cobra (1991, p.351), a classificação dos bens em industriais, de consumo e serviço é bem antiga, e ainda há uma dificuldade com esta classificação quando os bens são, ao mesmo tempo, industriais e de consumo. Para minimizar esta dificuldade, Cobra (1991) afirma que alguns autores definem que “isso depende do tipo de utilizador: se industrial, o produto é classificado como industrial; se é destinado ao consumidor final, é dito de consumo”. Observa ainda o autor que a demanda dos bens de consumo, destinados ao consumidor final, é o que deriva a demanda para produtos industriais, dado ao fato de que as indústrias trabalham em função de satisfazer as necessidades e desejos de seus clientes. Quanto aos bens de consumo, Richers (2000, p.203) destaca três categorias: • Bens de conveniência: de compra freqüente (alimentos) e por impulso (guloseimas), de valores baixos (sabonetes), de múltiplas marcas competitivas (Kibon e Yopa) e de fácil acesso (supermercados); • Bens de comparação: antes da compra, o consumidor compara modelos, sua tecnologia e apresentação, qualidade e desempenho, preços e prazos e formas de entrega (roupas, eletroeletrônicos, móveis, carros de valor médio/baixo); 24 • Bens de especialidade: de valor unitário elevado, destacam-se por marcas e enaltecem o status (iates, carros de luxo, jóias). Os bens industriais descritos por Richers (2000, p.204) são classificados em quatro categorias: matérias-primas – produtos em geral de origem mineral e vegetal, utilizados na manufatura de bens; semimanufaturados – insumos, produtos que já sofreram transformação; instalações e equipamentos – produtos para uso de terceiros em montagens de fábricas e outros; suprimentos – bens necessários à manutenção e execução dos serviços da organização. Há, ainda, uma classificação genérica de Lovelock e Wright (2004, p.16) afirmando que os bens são “objetos ou dispositivos físicos que propiciam benefícios aos clientes por meio de sua propriedade ou uso”. Quanto aos serviços, pode-se afirmar que o mesmo é também um produto, podendo ou não ser agregado a um bem de consumo ou bem industrial. Cobra (1991, p.355) destaca que “há serviços de conveniência, de compra comparada e serviços especiais”. Também Richers (2000, p.204) tem esta visão com referência a serviços, afirmando que, embora não sejam tangíveis, os serviços são também produtos. De acordo com Lovelock e Wright (2004, p.17), os serviços são produtos dos quais o cliente não obtêm propriedade, uma vez que estes não possuem qualquer elemento tangível, embora, muitas vezes, os bens tangíveis e os intangíveis estejam agregados. Segundo os autores (2004, p.17), “nos serviços, os benefícios advêm da natureza da realização”, intangível “é algo que é experimentado, mas não pode ser tocado ou preservado”. 2.1.6 Comportamento do consumidor O comportamento do consumidor gera discussões em diferentes áreas do conhecimento que, utilizando diferentes metodologias de pesquisa, buscam incessantemente desvendar os motivos, razões, que levam os indivíduos à decisão de comprar ou não comprar. São muitos os pesquisadores, segundo Casotti (1991, p.1), que concordam que o ponto de partida de tal decisão é a motivação. As principais bases filosóficas e metodológicas para a pesquisa do consumidor, segundo Casotti (1999, p.1), foram amplamente debatidas nos anos 80 25 e de tais debates surgiram diversas alternativas para o conhecimento do consumidor, como por exemplo, a abordagem naturalista, a teoria crítica, a abordagem humanista, a semiótica, os métodos etnográficos, os métodos históricos, o relativismo construtivista, o relativismo crítico, dentre outros. Para Gobe et al. (2000, p.110), “o comprador possui uma série de necessidades, sejam elas pessoais ou profissionais, que o motivam a comportamentos distintos no ato da compra”. A teoria behaviorista, escola que estuda os inputs (estímulos) e os outputs (decisão de compra), interessa-se apenas por fatores externos, determinando que o comportamento observável é a única fonte de comportamento humano, desprezando os fatores internos, sentimentos e emoções humanas. Nesta teoria, a motivação tem como ponto central o impulso, que, segundo Karsaklian (2000, p.22), “é a força que põe o organismo em movimento (...) conseqüência de uma necessidade (...) o impulso é a fonte de energia dos motivos de sobrevivência”, refere-se às necessidades básicas, biológicas e do hábito. Gobe et al. (2000, p.115) destacam, a este propósito, que o processo de decisão de compra do consumidor, quanto às questões sociais, sofre influências, que incluem: cultura, subcultura, classes, papéis e posições sociais, grupos de referência e família. As influências pessoais englobam: idade, estágio de vida, ocupação, condições econômicas, estilo de vida, personalidade, autoconceito, motivação, percepção, aprendizagem, crenças e atitudes. Embora muitas variáveis influenciem o comportamento de compra do consumidor, elas são diferentes para vários produtos e mercadosalvos. Nos mercados globais de hoje, as variações são incontáveis. Portanto, é impraticável considerar todas as possibilidades para cada situação de mercado, mas há princípios comportamentais gerais (modelos) que os gerentes de marketing podem aplicar para saber mais sobre seus mercados-alvos (McCARTHY e PERREAULT, 1997, p.114). Dos estudos quanto ao comportamento do consumidor, pode-se dizer que há três teorias mais conhecidas: a teoria de Sigmund Freud, teoria psicanalítica; a teoria de Abraham Maslow, teoria das necessidades; e a teoria de Frederick Herzberg, teoria de dois fatores. A motivação, ponto de partida da decisão de compra, refere-se, segundo Karsaklian (2000, p.22), a “algo que não pode ser diretamente observado e, por essa 26 razão, infere-se a existência de motivações pela observação do comportamento”. Um dos fatores que indicam um comportamento motivado é a persistência. Se um indivíduo tem um objetivo específico e busca-o incessantemente, pode-se dizer que este indivíduo está motivado, que tem um motivo para desejar alcançar esse objetivo. Motivo, conforme Sawrey e Telford (1976 apud KARSAKLIAN, 2000, p.22), é “uma condição interna relativamente duradoura que leva o indivíduo ao que o predispõe a persistir num comportamento orientado para um objetivo, possibilitando a transformação ou a permanência de situação”. Na abordagem cognitiva da motivação, afirma-se que a resposta a um estímulo não se dá automaticamente, o indivíduo, através de experiências anteriores, consegue antevê as conseqüências de um comportamento, podendo ser, de acordo com Karsaklian (2000, p.24), resultante de “escolhas conscientes do indivíduo, como dos acontecimentos do meio sobre os quais ele não tem controle e que atuam sobre ele”. Nesta abordagem, a motivação depende da percepção do indivíduo quanto aos fatores que exercem influência em seu comportamento, de que modo o percebe, observando-se que nem sempre a percepção condiz com a realidade. Para Sigmund Freud, fundador da teoria psicanalítica, a motivação inconsciente e os impulsos instintivos de um indivíduo são o que determina seu comportamento. Tais instintos foram classificados por Freud, destaca Karsaklian (2000, p.24), em instinto de vida (autoconservação) e instinto de morte (comportamento destrutivo, agressão). Tal teoria, embasada no funcionamento dos sistemas id, ego e superego que formam o chamado “princípio da realidade”, traz a motivação como algo proveniente do inconsciente. Kotler (2000, p.194) ainda salienta que “Sigmund Freud conclui que as forças psicológicas que formam o comportamento das pessoas são basicamente inconscientes e que uma pessoa não pode entender completamente suas motivações”. A teoria das necessidades desenvolvida por Maslow busca compreender por que, em determinadas épocas, “as pessoas são motivadas por necessidades específicas” e empregam “tempo e energia consideráveis em segurança pessoal e outra em conseguir opinião favorável dos outros?”, explica Kotler (2000, p.194). A conclusão de Maslow é que as necessidades das pessoas têm uma hierarquia, dispostas em uma pirâmide de baixo para cima, conforme a urgência de tais necessidades, representando maior importância da base para o topo. 27 A hierarquia das necessidades de Maslow, em ordem de importância, segundo Kotler (2000, p.194), são: necessidades fisiológicas (comida, água, abrigo), necessidade de segurança (segurança, proteção), necessidades sociais (sensação de pertencer, amor), necessidade de estima (auto-estima, reconhecimento, status), necessidade de auto-realização (desenvolvimento e realizações pessoais). A teoria de Frederick Herzberg, conhecida por teoria de dois fatores, refere-se aos fatores “insatisfatores” e os “satisfatores”, sendo que os satisfatores devem estar presentes não bastando a ausência dos insatisfatores. Esta teoria possui duas implicações, destaca Kotler (2000, p.195): “primeiro, os vendedores fariam o que fosse possível para evitar os insatisfatores (...) segundo, o fabricante deve identificar os satisfatores ou motivadores principais de compra no mercado e agrega-los a seu produto”. Além da motivação, há ainda análises da percepção do consumidor. A percepção é o processo pelo qual o indivíduo seleciona, através das informações que têm sobre algo, organiza e interpreta tais informações transformando em uma imagem com representatividade. Kotler (2000, p. 195) explica que há três processos que permitem diferentes percepções: a atenção seletiva, quando a pessoa seleciona dentre as várias informações que recebe diariamente as que são mais interessantes através de um filtro; a distorção seletiva, tendência que as pessoas têm de transformar as informações recebidas em algo de significado para si, podendo não ter esta transformação relação com o que, de fato, o emissor da mensagem quis transmitir; retenção seletiva, que faz com que o indivíduo guarde informações de acordo com suas crenças e atitudes. Deve-se ainda considerar que o consumidor aprende sempre que entra em ação. Kotler (2000, p.196) destaca: a “aprendizagem envolve mudanças no comportamento de uma pessoa surgidas da experiência”. 2.2 MÉTODOS DE QUANTIFICAÇÃO DE MERCADO Os métodos de quantificação de mercado auxiliam na mensuração do potencial total do mercado, de uma determinada área, para um produto. Através destes métodos, pode-se estimar as possíveis vendas máximas que se pode alcançar através de um esforço de marketing. 28 2.2.1 Potencial de demanda O potencial de demanda é a capacidade total que um produto pode ser consumido em determinada área; refere-se à demanda em total para um produto, ou seja, não determina o potencial deste produto para uma única empresa. O que se busca com estes métodos é mensurar a demanda corrente. Segundo Dias (2006, p.28), “ele é um número que trata das vendas realizadas por um ramo de negócios, e não apenas de uma ou outra das empresas que nele se inserem”. Para que se possa mensurar o potencial de demanda de um mercado, uma das formas mais comuns de fazê-lo, salienta Kotler (2000, p.144), é “estimar o número de compradores potenciais, multiplicá-lo pela quantidade média adquirida por um comprador e multiplicar esse resultado pelo preço médio”. Desta forma, pode-se calcular, por exemplo, quantos livros podem ser vendidos por ano em uma região. Para tanto, é necessário saber quantos compradores de livros existem na região, quantos livros em média cada indivíduo compra, e ainda, o preço médio dos livros. Pode-se, então, dizer que, para calcular o potencial de demanda: D=CxQxP Onde D é a demanda, C é o número de compradores potenciais, Q é a quantidade média adquirida por um comprador e P é o preço médio do produto. A dificuldade na utilização deste método é quantificar o número de compradores. Se a região em estudo for um município, pode-se iniciar esta quantificação com o número total da população, em seguida, deve-se eliminar os grupos que não se enquadram, no caso da compra de livros pode-se eliminar criança a partir de certa idade e analfabetos. Pode-se ainda eliminar desta população os indivíduos de baixa renda e, conforme cada produto analisado, chegar a um número cada vez mais próximo da quantidade real de compradores potenciais para calcular o potencial total do mercado. O método de proporção em cadeia, uma variação do método anterior, multiplica um número base por vários percentuais de ajuste, sendo que os dados necessários para aplicação de tal método são de difícil alcance. Exemplificando o método, Kotler (2000) supõe que uma cervejaria queira lançar uma nova cerveja 29 light: Demanda pela nova cerveja = População x renda pessoal discricionária per capta x percentual médio de renda discricionária gasta em alimentação x percentual médio do montante gasto com alimentação que é gasto com bebidas x percentual médio gasto em bebidas que é gasto em bebidas alcoólicas x percentual médio do montante gasto em bebidas alcoólicas que é gasto em cerveja x percentual esperado do montante gasto em cerveja que será gasto em cerveja light (KOTLER, 2000, p.144). Outros métodos, ainda mais precisos, podem ser utilizados por empresas para que se posicionem adequadamente no mercado e direcionem seus orçamentos de marketing. Para tanto, Kotler (2000) apresenta o método de desenvolvimento de mercado e o método de indexação multifatorial. O método de desenvolvimento de mercado consiste em identificar “todos os compradores potenciais em cada mercado e uma boa estimativa de suas compras” (KOTLER, 2000, p.145). Tais dados exigidos pelo método para que se obtenha um resultado preciso são, geralmente, segundo o autor, dificilmente obtidos. Nos Estados Unidos, as empresas utilizam o Standard Industrial Classification (SIC) System (sistema-padrão de classificação industrial), um censo que classifica os produtos industriais em grupos setoriais, registro de estabelecimentos por localidade, número de funcionários, volume anual de vendas e patrimônio líquido. Este sistema possibilita uma empresa a determinar quantos compradores potenciais pode alcançar para o produto em determinada área. Após esta etapa, o segundo passo é estimar o índice de propriedade do produto relativo às vendas do setor do cliente, isto usando como base as vendas setoriais do cliente que, nos Estados Unidos, também estão disponíveis no SIC. O cálculo do potencial de mercado, através deste método, é feito da seguinte forma: para cada código (SIC), multiplica-se o valor das vendas em fração préestabelecida do setor, pelo número de estabelecimentos da região, multiplicado pelo número potencial de vendas do produto para cada fração de vendas. O mercado de produtos de consumo pode utilizar-se do método de indexação multifatorial indicado por Kotler (2000, p.146), que consiste em cálculo de proporção acrescido de pesos para cada fator, uma vez que, segundo o autor, um único fator dificilmente poderia indicar com precisão um potencial de mercado. Para explicar o método, o autor dá o seguinte exemplo: 30 Suponha, por exemplo, que a Virgínia possua 2 por cento da renda pessoal disponível nos Estados Unidos, 1,96 por cento das vendas no varejo dos Estados Unidos e 2,28 por cento da população dos Estados Unidos, e que os respectivos pesos sejam 0,5, 0,3, e 0,2. O índice de poder de compra da Virgínia seria: 0,5(2,00) + 0,3(1,96) + 0,2(2,28) = 2,04 (KOTLER, 2000, p.146). Quanto aos pesos utilizados, estes devem ser analisados pela empresa, que deve atribuí-los conforme suas necessidades, seus concorrentes, custos, fatores sazonais e outros. 2.2.2 Previsão de vendas A previsão de vendas, também denominada demanda futura, é uma tarefa necessária a todas as organizações e de difícil desenvolvimento. Kotler (2000, p.148) destaca que “a previsão é mais fácil para os produtos cujo nível absoluto ou tendência de demanda é razoavelmente constante e para os quais a concorrência é inexistente ou (serviços públicos) estável (oligopólios puros)”. A avaliação feita para se ter uma previsão de vendas futuras é baseada em dados atuais, ou seja, busca mensurar a projeção destes dados para um futuro próximo. Conforme Cobra (1994, p.97), “trata-se de uma avaliação do que poderá ocorrer à luz de vários fatores hoje conhecidos”. As previsões de vendas devem estar entrelaçadas com o orçamento de vendas e devem seguir alguns passos que, segundo Gobe et al. (2000, p.86), são: • determinar os objetivos para os quais serão usadas as previsões; • dividir os produtos a serem estudados em grupos homogêneos; • determinar, com maior exatidão possível, quais os fatores que influenciam as vendas de cada produto, ou grupo de produtos, e procurar estabelecer a importância relativa de cada um deles; • escolher um método de previsão de vendas mais adequado para cada caso; • reunir todas as informações disponíveis; • analisar as informações; 31 • verificar os resultados da análise e compará-los entre si ou com outros fatores disponíveis; • estabelecer premissas sobre os efeitos dos fatores que não podem ser calculados numericamente; • converter as deduções e as premissas em previsões específicas para o mercado em geral e para regiões particulares; • analisar o desempenho das vendas e rever periodicamente as previsões. Kotler (2000, p.148) ainda enfatiza que os procedimentos, normalmente seguidos pelas empresas para preparar uma estimativa de demanda futura são formados por três etapas: a primeira é uma projeção macroeconômica que requer projeção de inflação, desemprego, taxas de juros e outras variáveis; a segunda é uma projeção setorial seguida de uma previsão de vendas. As previsões de fundamentadas, segundo o autor (2000, p.148), “em uma das três bases de informação: o que as pessoas dizem, o que as pessoas fazem e o que as pessoas fizeram”. Dados secundários, tais como os fornecidos pelo IBGE, são de grande auxílio na previsão de vendas, especialmente quando os mesmos oferecem uma série histórica, com eles, aplicando-se ferramentas e métodos adequados pode-se fazer boas previsões. Conforme Dias (2006, p.29), “o tratamento estatístico da curva histórica de vendas não exclui o expediente, sempre saudável, de ouvir a equipe de vendas a respeito de qual é a sua previsão”. A experiência de alguns gerentes pode fornecer boas informações para a realização de uma previsão de vendas. Os métodos utilizados para a previsão de vendas são muitos e estão classificados, de acordo com Gobe (2000, p.88), em métodos científicos e métodos não científicos. Os métodos classificados como científicos utilizam processos científicos apurados, sendo utilizados por organizações que buscam uma segurança mais elevada nos resultados e que dispõem de recursos, pois estes métodos são mais técnicos e podem ter um custo mais elevado que os métodos classificados como não científicos. Nesses, segundo o autor (2000, p.88), “os profissionais valemse de métodos que não possuem uma análise científica mais apurada, como a listagem de fatores, construção de fatores e extrapolação”. Os métodos classificados como não científicos, destaca Cobra (1994, p.104), 32 estão baseados em extrapolação de dados. Segundo este autor (1994), há três tipos de métodos mais utilizados: • listagem de fatores – faz uma análise dos fatores que afetam direta ou indiretamente uma previsão, permitindo que se estimem de formas simples as vendas futuras; • extrapolação – projeta-se a previsão de vendas a partir de dados passados de vendas, da análise da sazonalidade e dos ciclos de vendas; • construção de cenários – o método de construção de cenários assemelhase a um modelo de simulação, porém é um modelo distinto que trás a vantagem de incorporar as incertezas futuras. Quanto ao método de extrapolação ou análise de vendas passadas, consiste em decompor as séries cronológicas, explica Kotler (2000, p.150), em quatro componentes - tendência, ciclo, sazonalidade e sinuosidade – e projetá-los para o futuro. Tendência exponencial consiste em prever as vedas do próximo período combinando uma média de vendas passadas com as vendas mais recentes, atribuindo maior peso às últimas vendas. A análise estatística de demanda consiste em mensurar o nível de impacto de todos os elementos de um conjunto de fatores causais (...) sobre o nível de vendas (...) a análise econométrica consiste em elaborar conjuntos de equações que descrevem um sistema e passar a ajustar os parâmetros estatisticamente (KOTLER, 2000, p.150). O método de construção de cenários, esclarece Cobra (1994, p.104), envolve os seguintes passos: • levantamento de dados históricos; • análise e seleção dos objetivos; • identificação das variáveis internas à empresa que interferem no fenômeno a ser estudado; • identificação das variáveis do meio ambiente; • construção e seleção de cenários; • calcular as probabilidades de cada cenário selecionado; • análise dos cenários selecionados; 33 • cálculo da previsão de vendas, com base na seleção de cenários. Os métodos científicos possuem como vantagem fornecer uma base mais sólida à previsão de vendas. Pode-se classificar os métodos científicos de previsão de vendas conforme disposto no quadro 3: Classificação Método matemático Métodos Médias móveis Médias ponderadas Regressão linear Simulação Método de opinião da força de vendas Percepção da equipe comercial Perspectivas de mercado Análise da equipe de vendas Métodos de levantamentos Intenção de compra dos clientes Análise do rendimento da ação comercial Avaliação da concorrência Método de julgamento dos executivos Baseado na experiência utilização do feeling de mercado Métodos de zona piloto Agrupamento de variáveis de características semelhantes Zonas de vendas Estimativas de mudanças econômicas Métodos de vendas passadas Históricos de vendas Médias de índices de vendas Variações sazonais Método de intenção de compra Pesquisa prévia ao mercado Expectativa do mercado Frustrações em compras passadas Quadro 3 - Principais classificações e os tipos de métodos científicos de previsão de vendas que as compõem. Fonte: Gobe et al. (2000, p.90) Na classificação “método matemático”, o método das médias móveis consiste na soma das vendas de um determinado período dividida pela quantidade de períodos. À medida que se alcança um novo período, elimina-se o último e acrescenta-se o novo ao fim. Já no método da média ponderada, atribui-se pesos para cada período conforme sua representatividade. Um determinado produto pode ter vendas mais representativas em um certo período e menos em outro, desta forma, os pesos dos períodos de maior venda devem ser maiores. O cálculo da média ponderada é feito multiplicando-se a venda de cada período estipulado por seus respectivos pesos e, posteriormente, somando-se seus totais e dividindo-se pela soma dos pesos. O método de regressão, segundo Cobra (1994, p.114), pode ser linear ou não 34 linear, podendo ser calculada através de um único fator ou de vários. Para tanto, atualmente, explicam Gobe et al. (2000, p.91), existem ferramentas e softwares desenvolvidos que facilitam a utilização deste método. O método de simulação tem como base uma série histórica, utiliza-se de dados públicos como indicadores econômicos que apresentam resultados fixos que são extrapolados para o futuro. Na classificação “método de opinião da força de vendas”, segundo Kotler (2000, p.149), a organização solicita à sua equipe de vendas que estimem as vendas futuras ou ainda, na classificação “método de julgamento dos executivos”, os executivos podem fazê-lo utilizando seu feeling. Quanto à classificação de zona piloto, que engloba os métodos de agrupamento de variáveis de características semelhantes, zonas de vendas e estimativas de mudanças econômicas, pode-se dizer que a previsão de vendas, através dos métodos de tal classificação, “utiliza uma área determinada para estimar e projetar através dela as vendas globais da empresa” (COBRA, 1994, p.124); neste caso, a zona-piloto é conhecida como área teste de mercado. Os métodos de históricos de vendas, médias de índices de vendas e variações sazonais, enquadrados na classificação “métodos de vendas passadas”, são uma projeção das vendas baseadas nas vendas médias já ocorridas. É possível, através destes métodos, estimar a influência de fatores sazonais ou cíclicos passados que podem afetar as previsões de vendas (COBRA, 1994). Pesquisa prévia ao mercado, expectativa do mercado e frustrações em compras passadas são métodos enquadrados na classificação de “métodos de intenção de compra”, que tem como base o conhecimento do comportamento do consumidor. Kotler (2000, p.149) destaca que “várias informações são combinadas em uma mensuração do sentimento do consumidor (...) ou em uma mensuração da confiança do consumidor”. Daí pode-se concluir que quando uma organização conhece seus clientes e sabe dos motivos de insatisfação dos mesmos quanto ao produto, já possui uma ferramenta fundamental para reverter este quadro. 35 3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO A presente pesquisa foi elaborada através de dados secundários coletados do IBGE, tendo como base o censo 2000, de onde considerou-se a população total do município de Biguaçu, assim como a quantidade de homens e mulheres, crianças, faixas de renda de cada variável da população e número de domicílios. Os produtos analisados foram elencados pela acadêmica e ordenados conforme classificação de bens de consumo, dada por Richers (2000, p.203), que destaca três categorias: • Bens de conveniência; • Bens de comparação; • Bens de especialidade. Observando-se que o município não possui empresas que comercializem bens de especialidade, esta categoria foi suprimida deste trabalha, uma vez que a inexistência de produtos no mercado em foco torna inviável a pesquisa de campo dos mesmos. Os dados primários, segundo Malhotra (2006, p.65), referem-se aos “dados coletados ou produzidos pelo pesquisador especialmente para resolver o problema de pesquisa”. Estes foram coletados da seguinte maneira: para os preços médios utilizados no cálculo da demanda total de mercado dos produtos comercializados em supermercados, foram realizadas pesquisas de preço em dois supermercados de Biguaçu, um de pequeno porte, Mini-mercado Petry, outro de médio porte, Supermercados Gêmeos. Para o cálculo dos preços médios, coletou-se em cada estabelecimento o maior e o menor preço de cada produto, fazendo-se, por fim, uma média dos quatro valores encontrados. Os preços médios de eletrodomésticos foram compostos através de pesquisa de preços nas lojas Magazine Luiza e Lojas Colombo, ambas em Biguaçu, seguindose os passos: 1 – definição da marca de maior preço e da marca de menor preço de determinado produto na primeira loja, e registro dos preços; 2 – registro dos preços, na segunda loja, dos mesmos produtos e marcas 36 definidos na primeira. 3 – cálculo do preço médio, através de média aritmética simples. P1+ P2 + P3+ P4 n Onde: P1 = menor preço da primeira loja P2 = maior preço da primeira loja P3 = menor preço da segunda loja P4 = maior preço da segunda loja n = número de valores observados A média aritmética, ou simplesmente média, segundo Barbetta (2003, p.101), pode ser definida “como a soma dos valores dividida pelo número de valores observados”. Para todos os preços médios utilizou-se esta definição. Os preços médios de roupas infantis, vestuário feminino, vestuário masculino e sapatos foram pesquisados nas lojas Robson, Lojas Margan e Tito calçados, todos localizados em Biguaçu, no centro e em suas proximidades. Nestes tópicos, contouse especialmente com a experiência do vendedor para definir quais produtos seriam avaliados, pois a quantidade de marcas e modelos é extensa. Quanto aos carros comuns, com até 15 anos de uso, pesquisou-se junto à loja Políbio, com filial recentemente inaugurada no centro de Biguaçu mas com colaboradores com experiência no ramo junto a organização. As Motocicletas tiveram seus preços coletados junto às lojas Casa da Moto e AC motos, ambas situadas no município. As informações referentes ao ciclo de consumo e as quantidades consumidas foram obtidas a partir de pesquisas realizadas junto aos estabelecimentos, onde foram coletados os preços, neste caso, a acadêmica solicitou ao colaborador de maior experiência no ramo, em alguns casos como o Mini Mercado Petry e a AC motos o proprietário, que respondesse às seguintes perguntas: 1- Seus clientes costumam comprar o produto X de quanto em quanto tempo? 37 2- Quantas unidades do produto X seu cliente costuma comprar neste período? As perguntas foram lançadas para cada produto disposto na presente pesquisa, sendo que a segunda pergunta foi suprimida, em alguns casos, quando a resposta era evidente, como no caso de compra de veículos, motos, geladeiras, etc., onde o consumidor compra em cada período apenas uma unidade do produto. Quanto ao método, cabe destacar: para se estimar a demanda no município de Biguaçu para os produtos listados, adotou-se o método indicado por Kotler (2000, p.144): “estimar o número de compradores potenciais, multiplicá-lo pela quantidade média adquirida por um comprador e multiplicar esse resultado pelo preço médio”, o que resulta no potencial total do mercado. Desta forma, pode-se expressar o método da seguinte maneira: D=CxQxP Onde: D = demanda C = número de compradores potenciais Q = quantidade média adquirida por um comprador P = preço médio As análises dos resultados da utilização deste método foram baseadas no referencial teórico desta pesquisa. 38 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Na classificação de produtos de consumo de conveniência, fez-se análise, primeiramente, dos produtos constantes na “tabela de provisões mínimas estipuladas pelo Decreto Lei Nº 399” (DIEESE), os chamados “produtos da cesta básica”. A tabela de provisões mínimas estipula a quantidade de alimentos que devem ser consumidos por pessoa, mensalmente, para que a mesma tenha uma vida saudável. Desta forma, usou-se como variável tal quantidade média e a variável de compradores potenciais com renda até um salário mínimo, isto, para se analisar separadamente os compradores que, supostamente, consomem somente os itens desta tabela devido a seu baixo poder aquisitivo. Tabela 1 - Produtos de conveniência / cesta básica Compradores Quantidade Média Potenciais Produto Renda até 1 Mensal Preço Médio salário mín. R$ Carne 3998 6,600 kg 8,24 Leite 3998 7,5 lt 1,75 Feijão 3998 4,500 kg 1,54 Arroz 3998 3,000 kg 1,47 Farinha/ trigo / mandioca 3998 1,500 kg 2,20 Batata 3998 6,000 kg 0,79 Legumes / tomate 3998 9,000 kg 1,29 Pão francês 3998 6,000 kg 3,38 Café em pó 3998 0,600 kg 13,80 Frutas / banana 3998 9,000 kg 1,15 Açúcar 3998 3,000 kg 1,38 Banha / óleo 3998 0,900 kg 2,19 Manteiga / margarina 3998 0,750 kg 4,94 Total Fonte: Dados coletados pelo pesquisador (2007) Total 217.427,23 52.473,75 27.706,14 17.631,18 13.193,40 18.950,52 46.416,78 81.079,44 33.103,44 41.379,30 16.551,72 7.880,06 14.812,59 588.605,55 Os resultados obtidos na Tabela 1 indicam que para os produtos da cesta básica o município de Biguaçu tem um potencial total de demanda de R$ 588.605,55 mensal, considerando-se como compradores potenciais apenas os trabalhadores maiores de dez anos com renda até um salário mínimo. Uma vez que os produtos da cesta básica são considerados produtos capazes de satisfazer as necessidades normais de uma pessoa adulta (DIEESE. 39 D.L. Nº 399), e segundo Clemente (2002, p.75), “no caso extremo de um produto de absoluta primeira necessidade, as informações sobre renda per capita e sobre a distribuição de renda perderiam qualquer importância”, pode-se aplicar esta demanda para toda a população adulta, uma vez que tais quantidades são necessárias à sobrevivência. Desta forma, observando-se que o resultado total da tabela 1 representa R$ 147,22 por pessoa (R$588.605,55 / 3998 = R$ 147,22) temse: total de habitantes adultos (acima de 10 anos), segundo IBGE (2000), 38327 multiplicado por R$ 147,22 é igual a um potencial total de demanda de R$ 5.642.692,57 mensais. Outros produtos, também inclusos na classificação de bens de consumo de conveniência pela acadêmica, são analisados na tabela 2. Tabela 2 - Bens de consumo de conveniência – higiene e limpeza Produto Comprador Quantidade média Preço médio Potencial mensal Xampu Total de domicílios 4un. 4,47 = 13179 Sabonete Total de domicílios 12un. 1,10 = 13179 Sabão em barra Total de domicílios 1 um. c/ 5 3,07 = 13179 Sabão em pó Total de domicílios 3 kg 4,42 = 13179 Detergente Total de domicílios 4 un. 0,87 = 13179 Desinfetante Total de domicílios 1 lt 3,48 = 13179 Papel toalha Total de domicílios 1 c/2 2,39 = 13179 Papel higiênico Total de domicílios 10 c/4 2,47 = 13179 Absorvente Mulheres maiores 2 c/10 2,05 higiênico feminino de 10 anos = 19255 Creme dental Total de domicílios 3un. 2,50 = 13179 Total................................................. Fonte: Dados coletados pelo pesquisador (2007) Total 235.640,52 173.962,80 40.459,53 174.753,54 45.862,92 45.862,92 31.497,81 325.521,30 78.945,50 98.842,50 1.251.349,34 Nos produtos analisados na tabela 2 – bens de consumo de conveniência, procurou-se listar apenas os considerados indispensáveis ao dia-a-dia, buscando realizar uma complementação da chamada “cesta básica” acrescentando somente produtos de higiene pessoal e limpeza. A variável “comprador potencial”, onde em apenas um item utilizou-se a população de mulheres maiores de dez anos e no 40 restante o total de domicílios, originou-se da pesquisa onde os profissionais do ramo afirmaram que tais produtos são consumidos mensalmente por domicílio, ou seja, tais produtos normalmente são comprados por um representante de cada domicílio. No caso do absorvente higiênico, utilizou-se apenas o número de mulheres por ser um produto consumido apenas pelo grupo feminino. A variável “quantidade” também é resultado da pesquisa realizada junto às organizações que comercializam os produtos que afirmaram que cada representante de domicílio compra em média as quantidade descritas na tabela 2. Considerando o resultado da tabela 1 obtido com a população total adulta, R$ 5.642.692,57, somado com o resultado encontrado na tabela 2, R$ 1.251.349,34, tem-se um total de demanda para os produtos de conveniência de R$ 6.894.041,91, mensalmente. Para os produtos classificados como de “compra comparada”, em que o consumidor faz uma comparação de atributos e benefícios com outros produtos e que não os compra com freqüência, foram analisados os produtos onde a compra é realizada a cada 3 meses, anualmente, a cada 3 anos, a cada 5 anos e a cada 10 anos ou mais, conforme tabelas 3, 4, 5, 6 e 7. Os referidos períodos estão de acordo com o resultado da pesquisa realizada junto às organizações que comercializam tais produtos, ou seja, de acordo com os profissionais do ramo alguns produtos são substituídos em determinado período, uns a cada três meses, outros anualmente, a cada três anos, cinco anos e, finalmente, dez anos ou mais. Os produtos definidos para análise de demanda os quais o consumidor efetua compras a cada três meses, estão expostos na tabela 3. Tabela 3 – Produtos de compra comparada 41 Produto Comprador Quantidade média potencial trimestral Roupa infantil População menor 3 de 10 anos = 9750 Sapato infantil População menor 1 de 10 anos = 9750 Peças íntimas Mulheres maiores 4 femininas de 10 anos = 19255 Peças íntimas Homens maiores 2 masculinas de 10 anos = 19072 Roupa social Mulheres com 2 feminina rendimento = 9185 Roupa social Homens com 1 masculina rendimento = 13960 Sapato feminino Mulheres com 2 rendimento = 9185 Total Fonte: Dados coletados pelo pesquisador (2007) Preço Médio Total 45,00 1.316.250,00 41,00 399.750,00 12,90 993.558,00 8,00 305.152,00 60,00 1.102.200,00 65,00 907.400,00 85,00 1.561.450,00 6.585.760,00 Para definir o “comprador potencial” dos produtos listados na tabela 3, considerou-se o número de usuários dos produtos. As roupas infantis, por exemplo, podem ser compradas por diversos tipos de consumidores, porém, será utilizada pelo grupo infantil do município, além disto, procurou-se levantar junto as empresas que vendem os produtos a quantidade consumida por pessoa, levando em conta a necessidade da compra e ignorando-se as situações de compra para presente e por promoção. Com a utilização do método definido, para os produtos da tabela 3 tem-se um total de demanda de R$ 6.585.760,00 trimestralmente, podendo-se dizer que mensalmente a demanda para tais produtos é de (R$ 6.585.760,00 / 3) R$ 2.195.253,33. Os produtos de “compra comparada”, os quais o consumidor efetua compras uma vez ao ano, conforme análise realizada junto aos estabelecimentos que comercializam tais produtos, tem sua demanda demonstrada na tabela 4. Tabela 4 - Produtos de compra comparada Produto Comprador potencial Mini system 100 RMS População com Quantidade anual Preço médio Total 10.127.250,00 42 Produto Comprador potencial Quantidade anual rendimento superior a 2 1 salários = 13503 Ventilador de mesa População com 1 40cm rendimentos 19148 Aparelho celular de População com 1 ponta rendimento superior a 3 salários = 8972 Livros didáticos População menor que 7 10 anos = 9750 Total Fonte: Dados coletados pelo pesquisador (2007) Preço médio 750,00 Total 123,50 2.364.778,00 1355,50 12.161.546,00 46,00 3.139.500,00 27.793.074,00 Nesta tabela, levou-se em consideração, especialmente, o poder de compra dos consumidores, uma vez que os produtos listados não estão ligados a uma necessidade e sim ao desejo, exceto os livros didáticos, neste caso, fez-se junto à empresa escolhida para a pesquisa uma média da quantidade e dos preços dos livros didáticos infantis comprados anualmente. Com a utilização do método definido, para os produtos da tabela 4 tem-se um total de demanda de R$ 27.793.074,00 anualmente podendo-se dizer que mensalmente a demanda para tais produtos é de (R$ 27.793.074,00 / 12) R$ 2.316.089,50. Para os produtos de “compra comparada”, os quais o consumidor efetua compras uma vez a cada três anos, conforme análise realizada junto aos estabelecimentos que os comercializam, faz-se análise de demanda na tabela 5. Observa-se que a partir desta tabela, a variável “quantidade” será sempre igual a um, por serem bens os quais normalmente não se compra em quantidade. Tabela 5 – Produtos de compra comparada 43 Produto Comprador Quantidade a cada potencial três anos TV 29' tela plana Total de domicílios = 13179 1 DVD Total de domicílios = 13179 1 Mini system – População com 500RMS rendimento 1 superior a 5 salários = 4270 Chuveiro elétrico Total de domicílios de luxo 5400W = 13179 1 Batedeira Total de domicílios = 13179 1 Liquidificador Total de domicílios = 13179 1 Motocicleta até População com 150c - usada rendimento 1 superior a 3 salários = 8972 Motocicleta 500c População com usada rendimento 1 superior a 10 salários = 1229 Carro 1000 zero População com Km rendimento 1 superior a 10 salários = 1229 Máquina População com fotográfica digital – rendimento 1 6 megapixels superior a 3 salários = 8972 Vídeo game População com rendimento 1 superior a 3 salários = 8972 Total Fonte: Dados coletados pelo pesquisador (2007) Preço médio Total 933,50 12.302.596,50 190,00 2.504.010,00 2.100,00 8.967.000,00 117,50 1.548.532,50 86,00 1.133.394,00 89,00 1.172.931,00 6.300,00 56.523.600,00 16.000,00 19.664.000,00 24.900,00 30.602.100,00 745,66 6.690.061,52 569,25 5.107.311,00 146.215.536,52 Os produtos relacionados nesta tabela, que totalizam uma demanda a cada três anos de R$ 146.215.536,52, tiverem a análise da variável “comprador potencial” observando-se o preço de custo do bem e relacionando-o com o poder aquisitivo necessário para possuí-lo. No caso dos bens de utilidade doméstica, batedeira e liquidificador e DVD, considerou-se o total de domicílios, visto que tais produtos podem ser adquiridos por pessoas com rendimento até mesmo de um salário mínimo, como o número de pessoas com rendimento até um salário mínimo é superior ao número de domicílios, optou-se pelo número de domicílios já que os produtos são de uso comum nas residências. Já no caso da TV 29’ tela plana, assim 44 como no caso do chuveiro elétrico, optou-se por número de domicílios por serem os mesmos, comumente, adquiridos para uso da família. No caso dos produtos de uso individual, como motocicleta e máquina fotográfica digital, levou-se em consideração a possibilidade de parcelamento na aquisição dos mesmos para definir os compradores potenciais, assim como foi feito com o restante dos produtos da tabela, carros, mini system e vídeo game. Com a utilização do método definido, para os produtos da tabela 5 tem-se um total de demanda de R$ 146.215.536,52,00 a cada três anos, totalizando mensalmente uma demanda para tais produtos de (R$ 146.215.536,52 / 36) R$ 4.061.542,68. Na tabela a seguir, constam os produtos listados os quais o consumidor efetua compra a cada cinco anos, conforme informado pelas empresas que os comercializam. Pode-se dizer que todos os produtos listados na tabela 6 necessitam de um esforça maior de marketing para serem consumidos, pois são produtos com grau de comparação mais avançado, ou seja, o consumidor provavelmente fará mais pesquisas antes de adquiri-los uma vez que tem uma durabilidade mais longa ou custo maior que os produtos já listados nas tabelas anteriores. 45 Tabela 6 – Produtos de compra comparada Produto Comprador Quantidade a cada potencial 5 anos TV 20' tela plana População com rendimento 1 superior a 2 salários = 13503 TV 26' LCD População com rendimento 1 superior a 5 salários = 4270 Home theater – População com 500RMS c/ DVD rendimento 1 superior a 5 salários = 4270 PC População com rendimento 1 superior a 3 salários = 8972 Notebook População com rendimento 1 superior a 5 salários = 4270 Fogão elétrico 4 População com bocas rendimento 1 superior a 5 salários = 4270 Aquecedor elétrico Total de domicílios 1500watts = 13179 1 Multiprocessador Total de domicílios = 13179 1 Grelhador elétrico Total de domicílios = 13179 1 Bicicleta aro 26 – População total 18 marchas adulta = 38327 1 Motocicleta de População com baixo consumo- até rendimento 1 150c – zero KM superior a 3 salários = 8972 Motocicleta zero População com KM – 500c rendimento 1 superior a 10 salários = 1229 Carro de 6 a 15 População com anos de uso rendimento 1 superior a 5 salários = 4270 Carro popular de 3 População com a 5 anos de uso rendimento 1 superior a 5 salários = 4270 Total Fonte: Dados coletados pelo pesquisador (2007) Preço médio Total 566,50 7.649.449,50 2.200,00 9.394.000,00 1.900,00 8.113.000,00 1.250,00 11.215.000,00 2.600,00 11.102.000,00 1699,00 7.254.730,00 590,00 7.775.610,00 222,00 2.925.738,00 134,00 1.765.986,00 250,00 9.581.750,00 7.900,00 70.878.800,00 30.000,00 36.870.000,00 12.000,00 51.240.000,00 14.500,00 61.915.000,00 297.681.063,50 Para os produtos relacionados na tabela 6 acima, a variável “comprador 46 potencial” foi definida a partir dos rendimentos da população, levando-se em conta as informações obtidas nas pesquisas junto às empresas que comercializam os produtos. Uma das informações importantes para esta definição foi o fato de as pessoas com baixo poder aquisitivo procurarem por televisores de 20’ tela plana, enquanto os com rendimento mais elevado almejam os televisores LCD, sendo mais adquirido o de 26’ por ter o menor custo dentre os outros com esta característica. Desta forma, no caso dos dois televisores, delimitou-se o comprador potencial através do rendimento, assim como no caso do home theater 500RMS c/ DVD, o notebook e fogão elétrico. Já para se definir o “comprador potencial” do aquecedor elétrico, multiprocessador, grelhador elétrico, por serem produtos de baixo custo e de uso comum nas residências, optou-se pelo total de domicílios. Para a bicicleta aro 26, por não ser adequada para crianças menores de dez anos, e ainda, por ser um produto de baixo custo, utilizou-se o total da população adulta. Quanto aos carros e motocicletas listados nesta tabela, por serem produtos já de valores mais elevados, adotou-se o critério da renda levando-se em conta a possibilidade de parcelamento em cinco anos, uma vez que, segundo os informantes da pesquisa, ao fim deste período os consumidores costumam adquirir um novo produto. Com a utilização do método definido, para os produtos da tabela 6 tem-se um total de demanda de R$ 297.681.063,50 a cada três anos, totalizando mensalmente uma demanda para tais produtos de (R$ 297.681.063,50 / 60) R$ 4.961.351,06. Finalizando a lista de produtos definidos para esta pesquisa, tem-se na tabela 7 produtos de compra comparada os quais o consumidor efetua compra a cada dez anos. Observa-se nesta tabela que os produtos são de valores inferiores a alguns dos produtos já analisados mas tem um período de recompra, ou troca, maior que os anteriormente apresentados. 47 Tabela 7 – Produtos de compra comparada Produto Comprador Quantidade a cada potencial 10 anos ou mais Microondas 18 Lt Total de domicílios = 13179 1 Fogão de piso-a Total de domicílios gás-4 bocas = 13179 1 Geladeira simples Total de domicílios 241 Lt = 13179 1 Geladeira duplex População com 417 Lt rendimento 1 superior a 5 salários = 4270 Ar condicionado População com 19000 BTUs rendimento 1 superior a 5 salários = 4270 Banheira com População com hidromassagem rendimento 1 170 x 080 superior a 5 salários = 4270 Total Fonte: Dados coletados pelo pesquisador (2007) Preço médio Total 312,00 4.111.848,00 494,00 6.510.426,00 849,00 11.188.971,00 1.402,48 5.988.589,60 1.864,00 7.959.280,00 4.387.425,00 1.027,50 40.146.539,60 Na tabela 7 utilizou-se para definir o comprador potencial duas variáveis, total de domicílios para os produtos microondas, fogão de piso e geladeira simples. Nestes produtos na utilização desta variável foi considerado a possibilidade de todos os domicílios os adquirirem, dado a necessidade dos produtos e seus preços não muito elevados, podendo ser consumido por compradores assalariados. Já os produtos geladeira duplex, ar condicionado e banheira, tiveram sua variável alterada para população com rendimento superior a cinco salários devido ao fato de serem consumidos por classes com rendimentos mais elevados pois demandam custos de manutenção e instalação além de estarem agregados a outros materiais, como no caso da banheira que precisaria de aparelho complementar para seu pleno funcionamento. Com a utilização do método definido, para os produtos da tabela 7 tem-se um total de demanda de R$ 40.146.539,60 a cada três anos, totalizando mensalmente uma demanda para tais produtos de (R$ 40.146.539,60/ 120) R$ 334.554,49. Para os produtos de compra comparada tem-se um total de demanda no município de R$ 518.421.973,62 sendo que este valor é um somatório simplificado não podendo ser utilizado uma vez que refere-se a valores de períodos diferentes, desta forma, pode-se dizer que o município de Biguaçu tem uma demanda total 48 mensal para os produtos analisados de R$ 13.868.791,06. O resultado mensal é considerado mais adequado uma vez que os ciclos utilizados em cada tabela referem-se a uma possível recompra dos produtos e, ainda, os produtos são comercializados diariamente. 49 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho de conclusão de estágio procurou determinar a demanda de alguns bens de consumo para o município de Biguaçu. Tal investidura deu-se pela observação de que dados estatísticos indicam um crescimento populacional no município e constantes publicações reafirmam tal expansão. Abordou-se primeiramente o problema da pesquisa como: qual é o potencial de demanda de mercado para determinados bens de consumo no município de Biguaçu? Após estudos das teorias que abrangem esse tipo de pesquisa e de, através destes estudos, identificar os métodos que poderiam determinar a demanda do município, adotou-se o método que estima o número de compradores potenciais, os multiplica pela quantidade média adquirida e multiplica esse resultado pelo preço médio. O método adotado exige informações que foram obtidas através de dados secundários e, ainda, informações de dados primários para os quais fez-se pesquisa de campo que envolveu levantamento de preços e de ciclos, esta última, realizada através de questionário contendo duas perguntas e acompanhado de diálogo livre entre a pesquisadora e o entrevistado. Após tentativas sem êxito junto aos órgãos públicos do município em busca de informações estatísticas precisas e confiáveis, os dados secundários ficaram limitados às informações do censo 2000, sendo este o principal resultado da coleta de dados que levou a definição do método. Os produtos analisados foram listados aleatoriamente unicamente para possibilitar o desenvolvimento da pesquisa, não tento qualquer relação com levantamento específico de qualquer organização ou ramo de atividade, observando-se que buscou-se listar produtos comuns. As variáveis utilizadas para a formação das tabelas em cada produto, quanto ao comprador potencial, são baseadas em uma visão pessoal, desta forma, podem ser alteradas. Quanto aos preços médios, também podem ser alterados uma vez que variam com o tempo, já a variável “quantidade” dificilmente poderá ser alterada a curto prazo, exceto no caso de uma queda nos preços médios que poderia levar a um consumo em ciclos mais curtos. Quanto aos resultados encontrados, os valores de cada tabela ou mesmo os 50 totais das somas de tabelas e a transformação destes para um período único, mês, não são passíveis de análise isoladamente,deles pode-se dizer que representam a demanda total no município, desta forma, pode-se dizer que a presente pesquisa alcançou seus objetivos. Os resultados encontrados representam informação relevante para as organizações que comercializam os produtos listados, estas podem, através de seus mapas de vendas, fazer análise de fatia de mercado ou planejar seus esforços de marketing, avaliar a concorrência e ofertar novos produtos. Observando-se que a prefeitura do município vem promovendo acordos que buscam trazer novas organizações para Biguaçu e que realizou no último trimestre do ano de 2006 um censo da região, ainda não publicado, que abrange contagem populacional, organizacional, e outros aspectos, esta pesquisa também pode auxiliar no planejamento deste desenvolvimento. Além das contribuições já descritas que o resultado desta pesquisa oferece, pode-se sugerir que, com os resultados do censo realizado pela prefeitura, se faça uma atualização destas tabelas utilizando-se dos números atuais de população, domicílios, renda e todas as variáveis de compradores potenciais, a fim de avaliar o crescimento desta demanda no período. Deve-se observar que, uma vez feita essa atualização, pode-se realizar uma projeção de demanda para um determinado período. Por último, sugere-se que a Univali, tão logo seja finalizada a análise dos dados do censo realizado pela prefeitura de Biguaçu, para possibilitar novos estudos na região, solicite ao órgão competente que forneça tais resultados e os disponibilize para os acadêmicos. 51 REFERÊNCIAS CASOTTI, L. O que é a pesquisa do consumidor? Reflexões geradas a partir de um problema prático. Anais... 23° ENANPAD, Foz do Iguaçu, 1999. CHURCHILL JR., Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: Criando valor para os clientes. 2. ed. 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Até os anos 70, segundo Sühnel (2001), Biguaçu tinha mais da metade da sua população morando no campo e as atividades comercial e industrial do município eram insignificantes. Depois, uma transformação na economia local transferiu parte significativa da mão-de-obra do setor primário para o comércio e o setor industrial, que começava a se desenvolver. A ocupação no campo caiu pela metade nos últimos 20 anos, enquanto que o emprego na área industrial aumentou quase cinco vezes e no comércio triplicou. A cidade de Biguaçu teve sua população urbana aumentada tanto pela transferência de habitantes que vieram da zona rural em busca de novas oportunidades, quanto pela migração de habitantes de município vizinhos e do interior do estado. Segundo Sühnel (2001), com a localização estratégica entre os portos de Itajaí e Imbituba, o parque industrial de Biguaçu fica entre os mais importantes da Grande Florianópolis, com empresas nas áreas de plástico, móveis, artefatos de cimento, torrefação e moagem de café. O comércio local, de acordo com o IBGE (2000) já abriga 900 empresas instaladas. Mas Biguaçu tem pouco destaque na agricultura e na pecuária. Na área agrícola, o município produz banana, limão, mandioca, tangerina e abacate. Já na pecuária, segundo esta mesma fonte, o município registra um pequeno aumento na criação de bovinos de corte e de leite, além de aves e ovos. Mas no setor primário o maior destaque fica por conta de um produto pouco comum de se plantar e se comercializar: a grama. Segundo Amorim (2000), o Município de Biguaçu tem as seguintes características: Data de emancipação: 17/05/1833 Superfície: 302km² Clima: Sub-tropical Colonização: Açoriana Altitude Média: 03 Metros Latitude: 27.4917 graus Longitude: 48.65556 graus População: 47.776 mil habitantes Distância da Capital: 17 km Via de Acesso: BR 101 Região: Grande Florianópolis Turismo: Reserva Indígena, Cultura Açoriana, Belezas naturais, Restaurantes e Praias Base econômica: Agricultura, turismo e comércio Gentílico: Biguaçuense. Como já mencionado anteriormente, a análise dos dados coletados pelo IBGE em 2002 ainda não foram finalizados, mas, estima-se atingir um total de 51.026 habitantes. É importante salientar que a estimativa populacional do IBGE para o ano de 2003 no município é de 52.394 habitantes. Considerando estas estimativas corretas, pode-se dizer que Biguaçu obteve um crescimento demográfico, no período de um ano, de 2,68%. As características do Município e seu desenvolvimento são merecedores de atenção e auxílio para que Biguaçu aproveite de forma organizada e bem estruturada este momento.