Terceira Lista - Potencial Elétrico FGE211 - Fı́sica III Sumário • Uma força F~ é conservativa se a integral de linha da força através de um caminho fechado é nula: I F~ · d~r = 0 • A mudança em energia potencial associada a uma força conservativa F~ atuando em um objeto entre os pontos A e B é ∆U = UB − UA = − Z B F~ · d~r A • A diferença de potencial ∆V entre dois pontos A e B imersos em ~ é um campo elétrico E ∆V = VB − VA = ∆U =− q0 Z B ~ · d~r. E A Essa grandeza representa a quantidade de trabalho realizado por unidade de carga. • O potencial elétrico devido a uma carga pontual Q a uma distância r da carga é 1 Q V = . 4π0 r Para um conjunto de cargas, usando o princı́pio da superposição, V = 1 X Qi 4π0 i ri • A energia potencial associada a duas cargas q1 e q2 separadas por uma distância r12 é 1 q1 q2 U= 4π0 r12 1 • Partindo do potencial elétrico, obtemos o campo elétrico tirando o gradiente do potencial: ~ = −∇V ~ E Em coordenadas cartesianas ∂V ∂V , Ey = − , Ex = − ∂x ∂y Ez = − ∂V ∂z • O potencial elétrico devido a uma distribuição contı́nua de cargas é Z 1 dq V = 4π0 r • As propriedades gerais de superfı́cies equipotenciais são: 1. As linhas de campo elétrico são sempre perpendiculares as equipotenciais e apontam do potencial maior para o potencial menor. 2. Por simetria, as superfı́cies equipotenciais de uma carga pontual formam uma famı́lia de esferas concêntricas e as superfı́cies equipotenciais de um plano infinito uma famı́lia de planos infinitos paralelos ao plano. 3. A componente tangencial do campo elétrico ao longo de uma superfı́cie equipotencial é sempre nula. Caso contrário, trabalho teria de ser realizado para mover uma carga ao longo de uma superfı́cie. 4. Nenhuma trabalho é necessário para mover uma carga ao longo de uma superfı́cie equipotencial. Estratégia para resolução de problemas: cálculo do potencial elétrico O potencial elétrico pode ser calculado a partir de distribuições discretas ou contı́nuas de carga fazendo uso das expressões fornecidas na seção anterior. O procedimento para computar o potencial elétrico, apesar de análogo ao para computar o campo elétrico, é mais simples já que o potencial é uma grandeza escalar e não vetorial. Os passos abaixo podem ser úteis para calcular o potencial elétrico. 1. Comece com dV = k dq r . 2. Rescreva o elemento de carga dq como dq = λdl (comprimento) σdA (area) ρdV 2 (volume) 3. Substitua dq na expressão de dV . 4. Rescreva dV em termos das variáveis de integração. 5. Complete a integração obtendo V . Usando o potencial, é possı́vel calcular o campo elétrico tirando o gradiente do potencial. A precisão do resultado pode ser facilmente testada em casos onde a distribuição de carga é finita. Para isso, cheque se no infinito a distribuição se assemelha a de uma carga pontual e cai com 1/r2 . Questões conceituais • Qual a diferença entre energia potencial eletrostática e o potencial elétrico? • Um campo elétrico uniforme é paralelo ao eixo dos x. Em que direção uma carga pode ser “movida”nesta região de tal forma que nenhum trabalho seja realizado pelo campo elétrico? • É seguro ficar em um automóvel feito de metal durante uma tempestade? • Porque superfı́cies equipotenciais são sempre perpendicular ao campo elétrico? • O campo elétrico dentro de uma esfera oca carregada é zero. Isso implica que o potencial lá dentro também é? 1 1.1 Potencial de configurações discretas de carga Potencial de duas cargas Considere o sistema de duas cargas descrito na figura 1. Calcule o potencial elétrico em um ponto arbitrário do eixo x e grafique seu resultado. Figura 1: Duas cargas 3 1.2 Três cargas Considere o sistema descrito na figura 2 onde q = 3×10−18 C, q1 = 6×10−6 C e a = 60cm. Figura 2: Três cargas (a) Qual a força total exercida na carga q devido as outras duas cargas? (b) Qual o campo elétrico na origem devido as duas cargas q1 ? (c) Qual o potencial elétrico na origem devido as duas cargas q1 ? 2 Distribuições contı́nuas de carga: integração direta do potencial Nesta seção o objetivo é calcular o potencial a partir de distribuições contı́nuas de carga por integração direta. Estes problemas são iguais aos resolvidos na primeira lista. Note como calcular o potencial é significativamente mais simples que calcular o campo elétrico. 2.1 Anel carregado Considere um anel de raio R carregado com uma carga Q como mostra a figura 3. (a) Calcule o potencial elétrico em um ponto P sobre o seu eixo de simetria e e grafique o seu resultado. (b) Para testar a validade dos seus calculos, calcule Ez e compare com o resultado obtido na primeira lista. 2.2 Disco carregado Considere um disco de raio R carregado com uma densidade superficial de carga σ como mostra a figura 4. Calcule o potencial em um ponto sobre o seu eixo de simetria e grafique o resultado. 4 Figura 3: Anel de raio R. Figura 4: Disco de raio R. 2.3 Potencial de um anel maciço carregado Considere um anel de raio interno a e raio externo b carregado com uma carga total Q como mostra a figura 5. (a) Calcule o potencial elétrico em um ponto sobre o seu eixo de simetria. (b) Estudo o limite a → 0 e compare com o problema 2.2 2.4 Potencial elétrico de um fio finito Considere o fio mostrado na figura 6 que está carregado com uma densidade de carga constante λ. Calcule o potencial elétrico no ponto A. 5 Figura 5: Anel carregado com raio interno a e externo b. Figura 6: Fio carregado com densidade não constante 3 3.1 ~ a partir de V Cálculo de E Utilizando o gradiente (a) Suponha que em uma região do espaço há um potencial elétrico V (x, y, z) = V0 − E0 z + E0 a3 z , (x2 + y 2 + z 2 )3/2 onde a é uma constante com dimensões de comprimento. Ache Ex , Ey e Ez . (b) Suponha agora que V (x, y, z) = V0 e−k|z| cos(kx). Calcule o campo elétrico em todo o espaço. Faça um esboço das linhas de campo no plano x-z. 6 3.2 Graficamente Suponha que para um certo sistema o potencial elétrico varia em função de x na forma mostrada na figura 7. O potencial não varia nas direções y e z. Dos intervalos mostrados (ignorando o comportamento nas extremidades dos intervalos), determine em quais intervalos Ex tem: (a) maior valor absoluto; (b) menor valor absoluto. (c) Faça um gráfico de Ex como função de x. Figura 7: Potencial elétrico de um sistema em função de x. 4 Distribuições contı́nuas de carga: lei de Gauss Estes problemas correspondem a situações de alta simetria e portanto o campo elétrico pode ser obtido a partir da lei de Gauss. Obtenha o potencial a partir do campo. É um bom exercı́cio refazer os cálculos do campo elétrico ao invés de copia-los da lista anterior. Ao terminar os exercı́cios reflita, comparando com os problemas da seção 2, sobre em quais problemas é mais simples calcular o potencial a partir do campo e em quais é mais simples calcular o potencial por integração direta. Além disso, quando terminar todos os problemas, verifique os seus resultados e observe como é a dependência de V com a carga do sistema Q. 4.1 Dois planos infinitos Considere dois planos infinitos separados por uma distância d e carregados com densidades superficiais de carga σ e −σ. Suponha que eles se encontram paralelos ao plano xy nas posições z = d/2 e z = −d/2 respectivamente. 7 (a) Qual a diferença de potencial entre as placas? (b) Qual placa tem maior potencial? (c) Esboce as linhas de campo e as superfı́cies equipotenciais deste sistema. 4.2 Esfera carregada Considere uma esfera de raio R carregada com carga Q. (a) Se a esfera for condutora, o campo dentro dela será nulo. Calcule o potencial elétrico em todo o espaço e grafique o seu resultado. Desenhe as linhas de campo e as superfı́cies equipotenciais deste sistema. (b) Considere agora o caso em que a esfera é isolante e a carga está distribuı́da uniformemente ao longo dela. Calcule novamente o potencial em todo o espaço e grafique o resultado. Esboce as linhas de campo e as superfı́cies equipotenciais, dentro e fora da esfera. 4.3 Cilindro infinito Considere um cilindro infinito que é maciço e isolante, tem raio R e está carregado com uma densidade volumétrica de carga ρ constante. Calcule o potencial elétrico em todo o espaço e esboce as linhas de campo junto com as superfı́cies equipotenciais. 5 O dipolo elétrico 5.1 Potencial elétrico de um dipolo Considere um dipolo elétrico como o da figura 8 onde duas cargas de mesma magnitude e polaridades opostas estão colocadas sobre o eixo dos y separadas por uma distância 2a. (a) Ache o potencial em um ponto P = (x, y, 0) do espaço. (b) Mostre que no limite r a o potencial se reduz a V = p cos θ p · r̂ = , 2 4π0 r 4π0 r2 onde p = 2aq ĵ é o momento de dipolo. (c) Usando que, em coordenadas esféricas, o gradiente pode ser escrito como ∂ ~ = ∂ eˆr + 1 ∂ êθ + 1 ∇ êφ , ∂r r ∂θ r sin θ ∂φ 8 mostre que Er = p cos θ , 2π0 r3 Eθ = p cos θ , 4π0 r3 Eφ = 0 Figura 8: Dipolo elétrico 5.2 Torque sobre um dipolo Considere o sistema da figura 9 onde um dipolo elétrico de momento p = 2aq é imerso em uma região de campo elétrico constante E = E î. (a) Qual é a força resultante sofrida pelo dipolo? (b) Qual o torque sofrido pelo dipolo? (c) Escreva o vetor momento de dipolo em ternos do ângulo θ e mostre que ~τ = p × E (d) Qual o efeito desse torque sobre o dipolo? Figura 9: Dipolo elétrico imerso em uma região de campo elétrico constante. 9