CONHECENDO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA : UTOPIA E REALIDADE Beatriz Micaloski Kowalski RESUMO: O presente trabalho abordará o tema da inclusão de sujeitos com necessidades educativas especiais, de maneira específica na escola. Parte-se da possibilidade que a melhor forma de se efetivar a educação inclusiva é estudar os mecanismos que corroboram com ela. A problemática da inclusão é permeada de contradições, isto é, de utopias e realidades que se constroem diariamente. O trabalho tem como base estudo bibliográfico em alguns autores brasileiros que discutem o assunto. Bem como uma analise da Constituição brasileira de 1988 e no seu contexto econômico, aliados a práxis educativa da autora com o intuito de uma educação de qualidade e emancipadora. Palavras-chave: Educação Inclusiva, alunos com necessidades educativas especiais. INTRODUÇÃO: No presente trabalho procurar-se-á discorrer sobre a importância de conhecer os mecanismos legais, para discutir a respeito da Educação Inclusiva e assim construir um discurso consistente a respeito alunos com necessidades educativas1 . A questão basilar é a da Educação Inclusiva, no contexto do capital monopolista e hegemônico. Serão abordadas reflexões a respeito da educação inclusiva na sociedade neoliberal, questões conflitantes e silenciosas permeadas por políticas públicas, plasmadas por ideologias e as verdadeiras possibilidades de uma educação inclusiva, 1 A expressão necessidades educacionais especiais, no Brasil, foi utilizada no art. 58 da LDB nº 9.9394/96, Capítulo V, em referência aos alunos da educação especial. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva foi elaborada pelo Grupo de Trabalho coordenado pela Secretaria de Educação Especial/MEC. Este GT foi nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, que contém em seu texto as Diretrizes da Política Educacional de Educação Especial. Considera os alunos com necessidades educacionais especiais todos os que apresentam deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. que se constroem no cotidiano da sala de aula e se efetivam na práxis, na desconstrução do silêncio e na celeuma da educação escolar. O tema Inclusão X Exclusão esta a cada dia mais presente nas discussões da sociedade do século XX. As relações entre sociedade civil e governo se efetivam com o nascimento de políticas públicas que tentam minimizar as desigualdades, sendo, na maioria das vezes, preponderante o fator econômico que influi no social e afeta a qualidade de vida. Assim negligencia-se princípios básicos de cidadania, como a vida, saúde, alimentação e liberdade, mesmo esse ultimo sendo um bem precioso de toda pessoa que se efetiva com a Educação. (Carvalho, 2004) A educação nasce historicamente em conjunto com a história do povo brasileiro. Com os grandes feitos e defeitos do seu país, pois nesse, utopicamente, poder-se-ia dizer que todos são iguais, com direitos e deveres e a viver com dignidade, como é assegurado na Declaração dos direitos humanos ou na Constituição Brasileira. O mais primoroso nesta relação governo e sociedade civil é a conscientização, a discussão da inclusão faz emergir um problema social que é negligenciado por ignorância ou por conveniência, que vem a ser o direito a educação para todos, assegurada com veemência na Constituição de 1988. Vale lembrar que tal preocupação não foi exclusiva dessa, mas construída historicamente. Busca-se, então, compreender o percurso legal traçado pela educação, trazer a baila as informações e compreender as relações de poder, para enfim r além do senso comum. METODOLOGIA: Para a execução desse trabalho foram pesquisados alguns autores brasileiros que discutem o tema Inclusão, são eles: Carvalho, Mantoan, Mazotta. Fora contemplado também o trilhar do processo histórico brasileiro e o elemento norteador da Educação inclusiva é a Constituições Brasileira de 1988. No entanto, para se chegar ao estudo desta constituição foi preciso estudar todas as outras, formadoras de um bloco histórico através do qual foi possível compreender o processo educativo no Brasil. Todavia, neste momento, o foco primordial será a Constituição de 1988, e a luta por uma Educação para todos, a qual transcende projetos leis, se efetiva na práxis escolar e se consolida no próprio viver. Assim sendo, temos a clareza de que a questão metodológica não está dissociada de uma abordagem ontológica e epistemológica, como bem aponta Gonçalves (2001): “Nesta perspectiva, a concepção de método incluiu a noção de historicidade, ou seja, entende-se que os pressupostos que embasam um método são produzidos historicamente, expressando questões concretas presentes No contexto dos escritos de Gramsci, a educação, portanto, apresenta um significado muito mais abrangente que aquele que se costuma atribuir cotidianamente, reduzindo a função de educar ao sistema escolar. Educar significa interagir com os outro, conhecer o conjunto de relações tanto em um dado momento histórico quanto em seu movimento de formação e transformação, conhecimento que nos torna ativos e capazes de organizar movimentos para mudanças efetivas. A educação não se restringe ao espaço da escola, mas faz parte da vida e da luta das massas trabalhadoras por sua identidade e autonomia... (SCHLESENER, 2009, p. 79). DISCUSSÃO E RESULTADOS: A questão da inclusão de alunos considerados como portadores necessidades educativas especiais em todo o sistema escolar brasileiro, deve envolver diversas questões, como: diferentes concepções de deficiência; qual o melhor sistema de ensino para a educação dessas crianças; cabe ao professor a efetivação da educação inclusiva? E a quem cabe a busca pela educação com qualidade para todos. As indagações podem ser diversas ou mesmo infindáveis, mas a essência da indagação consiste em desvelar o processo da educação inclusiva, uma vez que a educação é um direito de todos e esta garantida, por leis, decretos e declarações. Entretanto, o educar não esta dissociado do modelo econômico, assim como as contradições inerentes às políticas educacionais empreendidas pelo mesmo, podendo ser melhor entendidas se vistas no contexto global do capitalismo, e da influência das organizações internacionais. Na construção de políticas educacionais, aliadas ao mundo globalizado, muito bem explicitadas por IANI. Está em curso o novo surto de universalização do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório. O desenvolvimento do modo capitalista de produção, em forma extensiva e intensiva, adquire outro impulso, com base em novas tecnologias, criação de novos produtos, recriação da divisão internacional do trabalho e mundialização dos mercados. As forças produtivas básicas, compreendendo o capital, a tecnologia, a força de trabalho e a divisão transnacional do trabalho, ultrapassam fronteiras geográficas, históricas e culturais, multiplicando-se assim as suas formas de articulação e contradição (IANNI, 1999, p.13). A fala da inclusão está tanto na mídia impressa como na mídia televisiva, porém fundamenta-se na estratégica global de educação e nas políticas públicas que emergem. A temática da Inclusão é cada vez mais discutida tanto no Brasil como em outros países. Esta discussão atingiu sua amplitude com o Movimento “Educação para Todos” no ano de 1990, onde havia a abrangência de um conjunto de políticas internacionais que contaram com o apoio da UNESCO e estava relacionada com o acesso da escolarização para todos, uma vez que esta já era um direito garantido pela Declaração dos Direitos Humanos. O interesse pelo tema surgiu da minha profissão como professora alfabetizadora da rede Municipal de Curitiba, com especialização em Educação infantil e séries iniciais e professora Especialista em Educação Especial. Minhas principais questões sempre giraram em torno da aprendizagem da criança tanto na escola, como na família ou em outros lugares. No entanto a primordial questão da aprendizagem do conhecimento científico é adquirida na escola e é neste espaço que se efetiva esse trabalho. Porque é no cotidiano escolar que se pode verificar se as políticas públicas efetivam-se ou não, se o que a mídia expressa é ou não realidade. Com essas indagações algumas vezes tem-se a impressão que as políticas públicas são elaboradas distante da realidade, apenas para se fazer cumprir protocolos. CONCLUSÃO: Não se pretende com esse estudo propor técnicas quanto à forma de se trabalhar com essas crianças, mas sim clarear as expectativas dos professores no processo de inclusão de alunos com necessidades educativas especiais. Sabe-se que toda política traz transformações no cotidiano escolar, sendo assim, deseja-se saber como os educadores se apropriaram das políticas voltadas às necessidades educativas especiais? A discussão acerca da educação inclusiva, longe de ser algo resolvido, apresenta-se como um desafio a ser enfrentado e é de grande importância sua discussão o contexto no qual está inserida a questão. Buscando compreender o processo de inclusão sob a perspectiva crítica que implica na construção de uma análise aprofundada do fenômeno educacional, como síntese de múltiplas determinações e que se situa em um contexto histórico concreto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: _________. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: dezembro de 2009. CARVALHO, Rosita Edler. Removendo barreiras para a aprendizagem. Rio de Janeiro: WVA, 2000. CARVALHO, Rosita Edler. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: editora Mediação, 2004. IANNI, Octavio. A era do globalismo. Rio de Janeiro, Civilização brasileira, 1996 MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Caminhos pedagógicos da educação inclusiva. Disponível em: GAIO, Roberta, MENEGHETTI, Rosa (orgs.). Caminhos pedagógicos da Educação Especial. 4 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. MAZZOTTA, Marcos J. S. Educação Especial no Brasil: história e políticas públicas. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2005. SCHLESENER, Anita Helena. A Escola de Leonardo: Política e Educação nos escritos de Gramsci. Brasília: Líber Livro, 2009.