1 Introdução/Desenvolvimento

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INCLUSÃO e DIVERSIDAD: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA
PRÁXI ESCOLAR E SOCIAL.
Marlon Reinvino WENDT1
São Luiz Gonzaga, RS, Brasil, 2015
.
1 Introdução/Desenvolvimento
Grande é a ênfase colocada atualmente na importância da inclusão de
crianças com deficiência e, acredita-se que a escola é um dos melhores
lugares para desenvolver a inclusão sócio-educacional. Assim, o propósito do
presente artigo é analisar aspectos sobre a inclusão e a diversidade escolar
segundo a visão de alguns autores.
Para tanto, esse trabalho acadêmico é de ordem qualitativa e a
ferramenta metodológica utilizada é a pesquisa bibliográfica, com vistas para
um melhor entendimento do assunto em estudo.
Atualmente, a inclusão de crianças com deficiência no contexto
escolar, vem relevando-se mais uma possibilidade de reconhecimento na
diversidade humana e também no desenvolvimento sócio cultural desses
indivíduos.
Acredita-se que a inclusão escolar pode proporcionar a criança
oportunidades de convivência com outras da mesma faixa etária, constituindose num espaço de aprendizagem e de desenvolvimento pessoal e social.
Nesse sentido, Stainback; Stainback (1999), diz que as escolas necessitam se
adequar de modo a possibilitar á criança os meios de melhorar o seu
relacionamento social e educacional.
1
Graduação em Pedagogia, Especialização em Supervisão e Orientação Escolar pelo Centro
Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto,São Paulo, Brasil. E-mail do
autor:[email protected]
Nos últimos anos, crescente ênfase vem sendo dada a inclusão de
crianças com deficiência no contexto escolar. O movimento em prol da inclusão
de alunos com deficiência no sistema regular começou a ser debatido em nível
nacional e internacional a partir da década de 1970, com fóruns de debates de
grande importância e com repercussão mundial. Como exemplos pode-se
destacar a Conferência Mundial de Educação para Todos realizada, em março
de 1990, na cidade de Jomtien, na Tailândia, e a Conferência Mundial sobre
Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade realizada na
Espanha em parceria com a Unesco, em junho de 1994, da qual resultou a
Declaração de Salamanca. A Declaração Mundial de Educação para Todos
(Unesco, 1990) abordou a garantia e a acessibilidade à escolaridade a todos os
estudantes, requerendo das instituições de ensino (escolas) propostas
pedagógicas adequadas às singularidades dos estudantes. Já a Declaração
Mundial de Educação para Todos (UNESCO, 1999) trata da garantia do acesso
à escolaridade a todos os alunos, ao conhecimento cultural socialmente
construído e aos meios de cultura à divulgação desses saberes para a sua
cidadania. Segundo a Declaração:
A aprendizagem não ocorre em situação de isolamento. Portanto,
a sociedade deve garantir a todos os educandos assistência em
nutrição, cuidados médicos e o apoio físico e emocional essencial
para que participem ativamente de sua própria educação e dela se
beneficiem. Os conhecimentos e as habilidades necessários à
ampliação das condições de aprendizagem das crianças devem estar
integrados aos programas de educação comunitária para adultos. A
educação das crianças e a de seus pais ou responsáveis respaldamse mutuamente, e esta interação deve ser usada para criar, em
benefício de todos, um ambiente de aprendizagem onde haja calor
humano e vibração. (DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO
PARA TODOS, 1990).
Em 1994, a Declaração de Salamanca divulga que as escolas
regulares com orientação inclusiva instituem os meios mais dinâmicos de
suprimir modos discriminatórios e, que alunos com necessidades especiais
devem ter ingresso à escola regular, tendo como princípio orientador que “as
escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras”
(BRASIL, 2006, p.330).
No Brasil, uma ampla lista de legislações foi aprovada com o intuito de
assegurar o acesso e permanência de alunos com deficiências no ensino
regular. Tais como: a LDB (1996), as Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica (2001), o Decreto nº 6.094 (2007) e a Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008).
A LDB nº 9394, aprovada em 20 de dezembro de 1996, preconiza que
os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos:
Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específica para atender às suas necessidades; terminalidade
específica para aqueles que puderem atingir o nível exigido para a
conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências e
aceleração de estudos aos superdotados para a conclusão do
programa escolar pra os superdotados; professores com
especialização adequada em nível médio e superior para atendimento
especializado, bem como professores de ensino regular capacitados
para a integração desses educandos nas classes comuns.
Compreender que todos os alunos apresentam diferenças, limitações
e potencialidades individuais de certo modo, é fácil. Porém, atuar de forma
educativa frente e, a partir delas, fazendo com que essas diferenças se
transformem em aprendizagens significativas revela-se um significativo desafio
ao educador contemporâneo. Para garantir a inclusão de alunos com
deficiência no contexto escolar é importante que o sistema de ensino se
organize no que tange à estruturação física das escolas, investimentos de
materiais didáticos e pedagógicos de qualidade e na formação profissional.
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (MEC/2008) tem como proposta o ingresso, a participação e a
aprendizagem
de
crianças
com
deficiência,
transtornos
globais
do
desenvolvimento e altas habilidades, encaminhando assim, os sistemas de
ensino para promover respostas às necessidades educacionais desses alunos.
Dessa maneira, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva, que foi institucionalizada em 07 de janeiro de 2008,
retoma o conceito de educação especial assegurado pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), nº 9.394/96 contextualiza que a área da
educação especial é:
Uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e
modalidades, realiza o atendimento educacional especializado,
disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e
orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas
turmas comuns do ensino regular (BRASIL, 2008, p.16).
O conceito de pessoa com necessidades educacionais especiais, que
passa a ser largamente difundido a partir das Diretrizes Nacionais de Educação
Básica, enfatiza a interação das características individuais dos alunos com o
ambiente educacional e social. Mesmo com uma perspectiva conceitual que
assinale para o preparo de sistemas educacionais inclusivos, garantindo a
entrada de todos os alunos no contexto escolar, principalmente, aquelas
voltadas às políticas públicas.
Assim, a inclusão de alunos com deficiência não prevê um currículo
diferenciado, para tanto, se indicam adaptações nos currículos das escolas ou
instituições de ensino quando for necessário, para que o aluno possa se
apropriar de saberes ao nível e etapa que ele freqüenta.
Como descrito anteriormente, a inclusão escolar é um assunto muito
importante e necessário, tornando-se assunto de debate e reflexão das
políticas públicas brasileiras e mundiais. Entendo que, incluir é aceitar o
“diferente” como integrante de um todo. Saber conviver com a diversidade é
imprescindível nos dias atuais, uma vez que perante a lei, somos todos iguais e
temos os mesmos direitos e deveres.
Muito se tem contextualizado e discutido sobre inclusão escolar. Porém,
o que ocorre, inúmeras vezes, nas escolas, é a integração escolar e não a tão
esperada inclusão. O ato de incluir, não deve significar simplesmente matricular
as crianças com deficiência no ensino regular, mas assegurar ao professor e à
escola o suporte necessário as ações pedagógicas que se fazem necessárias,
haja vistas, a formação plena de seus alunos.
Cabe, portanto, à sociedade eliminar todas as barreiras físicas,
programáticas e atitudinais para que as pessoas com necessidades
especiais possam ter acesso aos serviços, lugares, informações e
bens necessários ao seu desenvolvimento pessoal, social,
educacional e profissional (SASSAKI, 2003, p. 47).
Nesse sentido, para que a inclusão seja efetivada realmente, torna-se
importante uma nova prática escolar que deverá propor, no projeto pedagógico,
no currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos
educadores, ações que verdadeiramente favoreçam a inclusão social e o
desenvolvimento de aprendizagens à diversidade evidenciada.
A inclusão desafia, pois, as mudanças, estimula a flexibilidade das
relações, a redistribuição dos recursos para um mais correto
aproveitamento, o trabalho em equipe, a colaboração e a cooperação,
o envolvimento de toda a escola, dos pais, da comunidade diferentes
serviços e dos seus profissionais do sistema educativo (FREITAS,
2006, p. 38.).
Nessa perspectiva, é fundamental que sociedade e a escola consigam
distinguir as diferentes necessidades individuais de seus membros. E, a escola,
precisa acolher as diferenças evidenciadas pelos alunos, adequar-se aos
diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e garantir um ensino de qualidade
adotando um programa de estudo adequado, uma organização escolar de
excelência, com a utilização de recursos pedagógicos cabíveis e o
estabelecimento de vínculos com a comunidade escolar.
A educação já adquiriu diversos papéis no transcorrer de toda a história.
Nos últimos tempos, a educação tem aparecido nos discursos políticos como o
elemento de mobilização no contexto das mudanças sociais, tornando
necessárias algumas mudanças ou transformações no contexto escolar.
Nesse sentido, os debates sinalizam para a relevância de entender a
educação na dinâmica de alterações do movimento político, econômico, cultural
e social acontecidas de forma globalizada.
Com a expansão e melhoria da educação no Brasil também se precisou
repensar na inclusão dos alunos com deficiência, pensando no seu amplo
desenvolvimento. Esta questão é norteada segundo os princípios de educação
para todos, garantida pela Constituição de 1988.
Para Aranha (2000, p.38), a inclusão é compreendida como um princípio
mediante o qual se “reconhece e aceita a diversidade, na vida em sociedade”,
percebendo-se que as diferenças são originárias da essência humana. Dessa
maneira, é indispensável desenvolver ações que promovam uma escola de
qualidade para todos, dentro dos princípios da diversidade, lutando contra a
exclusão escolar, garantindo a sistemática de ações que viabilizem a edificação
de sua cidadania.
Penso que os elementos para uma prática pedagógica docente ser de
qualidade é importante que o professor tenha consciência do que faz, por que
faz e como faz; que estabeleça o confronto de como era a situação, como está
sendo desenvolvida e como reconstruir para fazer coisas diferentes das que
sempre faz. Por tanto, trata-se de um processo coletivo, pois, isoladamente, as
mudanças sociais e culturais não acontecem.
A dinâmica da aula caracteriza-se pela ação do professor e dos alunos,
sendo mediada pelo conhecimento. Ensinar e aprender são processos
direcionados para o mesmo objeto: o conhecimento, ambos envolvem a
cognição e a relação entre sujeitos. É nesse processo dinâmico, contraditório e
conflituoso que os saberes da prática profissional são construídos e
reconstruídos.
Nesse pressuposto, penso os saberes que são importantes para pratica
docente ser de qualidade são: conhecimento pedagógico geral, conhecimento
curricular e as concepções de ensino, conhecimento dos alunos e suas
características.
Ainda o conhecimento dos contextos educativos, conhecimento dos fins
educativos, propósitos, valores e seus significados históricos, culturais e
filosóficos. Além de saber utilizar e assumir o ensino como mediação:
aprendizagem ativa do aluno com a ajuda do professor, conhecer e dispor de
táticas de ensinar a pensar, ou como diz Paulo Freire “ensinar a aprender a
aprender”, observar o contexto da sala de aula, dos alunos quanto a sua
diversidade cultural, respeitando-os em suas diferenças, investir na sua própria
atualização cientifica, pedagógica e cultural, atentar-se às possibilidades de
novas tecnologias, da comunicação e entre outras coisas.
Contudo, para se efetivar a inclusão educacional são necessárias muitas
transformações relacionadas com a reestruturação das escolas em vários níveis
como curriculares, estruturais, ideológicos, de formação e de capacitação
profissional, além de questões econômicas e políticas envolvidas (STAINBACK ;
STAINBACK,1999 ).
Nesse contexto, é possível perceber que o movimento atual da inclusão
propõe a mobilização da escola para a inclusão de pessoas com deficiência,
pretendendo a equiparação de oportunidades para todos como uma
responsabilidade que deve ser assumida por toda a sociedade. Portanto, a
inclusão escolar de pessoas com deficiência, além de passar pela questão do
acesso à educação, permeia também a formulação de políticas públicas que
garantam os direitos dessas pessoas à educação e ao trabalho. Assim, a
inclusão:
(...) questiona não somente as políticas e a organização da educação
especial e regular, mas também o conceito de mainstreaming. A noção
de inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, completa e
sistemática. O vocábulo integração é abandonado, uma vez que o
objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram
anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão é a de não
deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo. As
escolas inclusivas propõem um modo de se constituir o sistema
educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que
é estruturado em virtude dessas necessidades. A inclusão causa uma
mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar
somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia
a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que
obtenham sucesso na corrente educativa geral (MANTOAN; SASSAKI,
2003, p. 114).
Acolher a todos os alunos de maneira semelhante, especialmente aos que
apresentam com deficiência, não é um favor que a escola presta a sociedade,
pelo contrário, é sua obrigação, ou seja, é seu papel e deve ser efetivado com
sabedoria e relevância, proporcionando educação de qualidade a todos.
Conforme Mendes (2002, p.2), “a ideia da inclusão se fundamenta numa filosofia
que reconhece e aceita a diversidade na vida em sociedade”. Isto significa,
garantia de acesso, permanência e oportunidades, segundo as características
de cada indivíduo ou grupo social.
A escola para a infância deve ser pensada, não como um lugar em que a
criança fica enquanto não cresce, ou que os adultos esperam que ela passe
pela condição de ser criança e para que ela cresça para finalmente ocupar o
seu lugar social. Em vez de tratar a criança como alguém que ainda não é
alguém que ainda não sabe ou não pode fazer algo porque está vivendo a
infância, precisamos pensá-la como individuo que possui características
próprias, diferentes das dos adultos; e, mesmo pequenas, são sujeitos ativos e
competentes e sua voz e seu pensamento devem merecer atenção mais do
que “ar preocupação com o adulto que a criança será um dia”.
Se tomarmos a escola como um local privilegiado para a formação,
significa partir do conhecimento do mais sistemático e desenvolvido para
entender o menos sistemático e desenvolvido, fazer o movimento inverso pode
revelar características e peculiaridades de outros contextos educativos em
processo de constituição.
Esta proposição advém da convicção de que a Educação é, sobretudo e,
antes de qualquer coisa, um processo de constituição do ser e de
desenvolvimento humano, de afirmação de identidades étnica, religiosa, de
gênero; afirmação de sua cultura de origem em relação à cultura social e
escolar. Por isso, a real necessidade de que cada uma destas instituições
(escola, creche e pré-escola) detenham especificidades próprias relacionadas à
sua historia, organização e finalidade, etc.
Do mesmo modo, Tezzari e Baptista (2002), tem apontado que a real
possibilidade de incluir crianças com deficiência no contexto escolar avançou
significativamente ao longo dos anos, contudo, ainda tem muito trabalho a ser
feito em todo o processo que deseja ser inclusivo. Já em relação às crianças
com prejuízos ou déficits cognitivos, tais como as crianças autistas, ainda sofrem
lastimavelmente com a falta de uma inclusão efetiva e qualitativa no meio
escolar.
Ao se discutir a inclusão de crianças autistas nas escolas, é relevante
que consideremos alguns aspectos. De acordo com Bosa (2006), o
planejamento do atendimento a elas precisa ser sistematizado conforme o
desenvolvimento pessoal.
Segundo Kupfer (2004), é indispensável que se
promova transformações na representação social sobre esse sujeito, e assim,
cabe a escola e em especial ao professor considerar os diferentes aspectos que
se configuram a esse tipo de transtorno e as consequências para o
desenvolvimento desses sujeitos.
Segundo, Colli et al. (1997, p. 40)
apontam quanto a importância do
professor reconhecer que a:
[...] escolarização destas crianças precisa estar lastreada no desejo
do professor, pois este, ao apontar seu desejo para o aprendizado da
criança, supõe nela um sujeito também desejante e, portanto, capaz
de aprender. Desta disposição da subjetividade é que poderão surgir
as curiosidades que abrirão acesso ao sujeito em aprendizagem.
A inclusão de alunos com deficiência no ensino regular não prevê um
currículo diferenciado, mas sim um currículo comum a todos. São indicadas
adaptações curriculares quando se fizer necessário, para que o aluno se
aproprie dos conhecimentos.
Portanto, para que a criança tenha sucesso no ambiente escolar é
imprescindível que se invista nele, oferecendo-lhes um processo de ensino e
aprendizagem de qualidade, com temas de acordo com os interesses deles.
Podem ser desenvolvidas atividades envolvendo música, massa de modelar,
explorar jogos e brincadeiras (lúdico), expressão corporal, escrita, desenho,
pintura, etc.
Em resumo, professor que tiver essa disposição e sabedoria,
pode fazer ou ser o diferencial no processo de aprendizagem de crianças em
seu meio familiar, escolar e social.
Penso
ser
necessário
fazer
uma
pequena
reflexão
sobre
a
contextualização sócio e histórica para que possamos entender o movimento
internacional em prol de uma escola para todos, uma vez que reflete decisões de
movimentos sociais mais amplos, que defendem, sem discriminação, a garantia
dos direitos humanos, o respeito ás diversidades ou diferenças e o acesso de
todos a bens e serviços disponíveis na sociedade.
A sociedade, de forma geral, percorreu diversas fases em relação ao
atendimento das pessoas com deficiência, começando pela exclusão total, ou
seja, em tempos remotos (anterior a Filosofia do Cristianismo) por causa da falta
de conhecimento científico sobre a deficiência, e também porque se acreditava
na época que se tratava de castigo divino (Deus) as pessoas “diferentes” ao
“modelo padrão normal” eram mortas ao nascer (RIBEIRO, 2003).
Com a ascensão da era Cristã as pessoas com deficiência, “passaram a
receber o direito á vida”, fundamentadas pelos milagres realizados por Jesus
Cristo em pessoas cegas e paraliticas. Contudo, as pessoas deficientes
continuavam sendo excluídas; suas vidas eram poupadas, mas, suas famílias as
rejeitavam fortemente, abandonando-as á própria sorte, uma vez que as
questões sobre deficiência eram ligadas ao misticismo e ao ocultismo,
acreditando- se que a família em que, por ventura, nascesse uma criança
deficiente estaria sendo castigada por Deus, isto é, aquela família estaria
pagando algum tipo de pecado praticado por alguém, gerando vergonha e
marcando-a negativamente na comunidade (RIBEIRO, 2003).
Os primeiros registros de que se têm noticias sobre o atendimento
prestado às pessoas com deficiências datam do final do século XVIII e começo
do século XIX, quando a sociedade finalmente tomou consciência da
necessidade de prestar apoio ás pessoas com deficiências. Um exemplo é a
França, que, no final do século XVIII, organizou instituições para atender as
pessoas com deficiências visuais e auditivas. Porém, esse apoio era meramente
assistencial, pois o discurso era respaldado na necessidade de protegê-las da
sociedade (SASSAKI,1997).
O acesso, a permanência e o prosseguimento nos níveis de ensino às
pessoas com deficiência se respaldam em uma proposta pedagógica que tem
como eixo estruturador o respeito á diversidade. O planejamento do trabalho a
ser desenvolvido e da organização sequencial dos conteúdos, adequando–os
aos diversos estilos e ritmos de aprendizagem dos alunos.
A escolha dos procedimentos metodológicos deve ser de acordo com a
faixa etária e o interesse dos alunos, onde a escola pode elaborar
procedimentos de avaliação numa perspectiva processual, considerando o
avanço apresentado pelo aluno e as possibilidades futuras.
O desenvolvimento do trabalho é de competência de todos os
profissionais que atuam naquele contexto educativo, em diferentes níveis de
responsabilidades e de execução na proposta inclusiva pautada na e para a
diversidade seja implementada com sucesso.
O século XX foi marcado pela expansão da escolarização básica e
surgiram, então, nas escolas alunos que apresentavam algumas dificuldades
para acompanhar o ritmo de aprendizagem dos demais colegas de sua sala.
Segundo Rodrigues (2003):
Foi o movimento de escolarização universal, conhecido como ‘escola
de massa’, que pôs em evidencia o caráter elitista e classista da escola
tradicional como instrumento a serviço da divulgação e da inculcação
dos interesses e valores da classe dominante (RODRIGUES 2003,
p.14).
Portanto, refletir sobre algumas possíveis metodologias de ensino
utilizadas com crianças é altamente significativo e necessário, não só no
contexto escolar, mas também no ambiente familiar esocial onde a criança se
encontra inserida (GARGIULO, 2006).
Para Mitler (2003), o grande desafio da inclusão escolar está alienada no
sentido a oferecer condições que todas as crianças envolvidas no processo de
ensino e aprendizagem façam parte de um grupo, de um contexto escolar que
proporcione oportunidades semelhantes, para que efetivamente todas as
crianças sejam inseridas e isentas de preconceitos e isolamentos.
Nesse pressuposto, Mantoan; Pietro (2006), afirmam: “... combinar
igualdades e diferenças no processo escolar é andar no fio da navalha” (p, 10).
Assim, é importante que haja reflexões e inteligências que as relações entre as
crianças e os outros (professores, alunos e pais) acontece num espaço micro,
mas é nele que são abertas as portas para a aprendizagem de todos no
processo.
A proposta de uma educação que se volta para a diversidade coloca
todos nós, educadores o amplo desafio de nos concentrarmos efetivamente
nas diversidades sociais, econômicas, políticas , raciais e étnicas existentes e,
assim, buscar pelo equilíbrio do saber critico reflexivo, sendo possível então, a
sua compreensão.
Trabalhar igualmente as diferenças não é uma tarefa fácil ou simples
para o professor, pois, para lidar com elas, é imprescindível que se
compreenda primeiramente como a diversidade se manifesta e em qual
situação ou contexto que ocorre. Portanto, pensar numa educação escolar
heterogênea que integra as mais variadas questões étnicas e raciais, significa
progredir no debate a respeito das diferenças sociais, enfim, no direito de ser
diferente, ampliando-se as propostas curriculares e os valores morais e éticos
do País, e assim,
buscando-se provavelmente uma educação mais
democrática e justa a todos seus envolvidos.
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