A IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS DIDÁTICOS ADAPTADOS NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Fátima Inês Wolf de Oliveira1 Resumo: O papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e das sociedades amplia-se, ainda mais, no despertar do novo milênio, e aponta para a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos. Vivemos numa era marcada pela competição e pela qualidade, em que progressos científicos e avanços tecnológicos definem exigências novas para os jovens que ingressarão no mercado de trabalho. Tal demanda impõe uma revisão dos currículos da formação profissional que orientam o trabalho realizado no dia-a-dia pelos educadores e especialistas em educação do nosso país. Palavras-chave: educação, recursos didáticos, formação de cidadãos. 1. INTRODUÇÃO A perspectiva de uma educação para todos constitui um grande desafio, quando a realidade aponta para uma numerosa parcela de excluídos do sistema educacional sem possibilidade de acesso à escolarização, apesar dos esforços empreendidos para a universalização do ensino. Essas condições exigem a atenção da comunidade escolar para viabilizar a todos os alunos, indiscriminadamente, o acesso à aprendizagem, ao conhecimento e ao conjunto de experiências curriculares disponibilizadas ao ambiente educacional, a despeito de necessidades diferenciadas que possam apresentar, conforme idéias presentes em vários documentos oficiais (BRASIL, 1996; BRASIL, 1997). Enfrentar esse desafio é condição essencial para atender à expectativa de democratização da educação em nosso país e às aspirações de quantos almejam o seu desenvolvimento e progresso. Com base no reconhecimento da diversidade existente na população escolar e na necessidade de respeitar e atender a essa diversidade, existe a necessidade de focalizar a formação docente como ferramenta básica da emancipação e da cidadania; busca dimensionar o sentido e o alcance que se pretende dar às questões curriculares como estratégias e critérios de atuação docente; e admite decisões que oportunizam adequar a ação educativa escolar às maneiras peculiares de os alunos aprenderem, considerando que o processo de ensino-aprendizagem pressupõe atender à diversificação de necessidades dos alunos na escola. 21 Nossa intenção, neste trabalho, é de intensificar o foco na atuação dos educandos em geral, inclusive dos que possuem necessidades educacionais especiais; dos alunos que as apresentam, e oferecer aos educadores referências para uma formação e atuação adequadas. Foram desenvolvidas ações referentes ao projeto de nossa coordenação intitulado: “Atuação Interdisciplinar junto a alunos com necessidades educacionais especiais de classes especiais, salas de recursos em processo de inclusão”, do Núcleo de Ensino da UNESP de Marília, que representaram melhoria significativa na prática didático-pedagógica desse contingente escolar. Considerando o que se percebe de maneira mais expressiva, ao se pensar na viabilidade do modelo de escola inclusiva para todo o país no momento, é a situação dos recursos humanos, dos professores das classes regulares e dos professores de educação especial, que precisam ser adequadamente formados para transformar sua prática educativa. A formação e a capacitação docente impõem-se como meta principal a ser alcançada na concretização do sistema educacional que inclua a todos, verdadeiramente. Partindo desses princípios, as iniciativas desenvolvidas durante a execução deste projeto permitiram incrementar a formação docente de seis bolsistas, sendo quatro contempladas com a bolsa, e duas voluntárias que participaram diretamente das atividades com professores especializados das classes especiais de deficientes mentais; classes especiais de deficientes físicos e salas de recursos de deficientes visuais pertencentes às três Escolas Estaduais e de ensino municipalizado de Marília, parceiras do projeto. Face às considerações acima, consideramos que tratar de educação para todos implica em aprimorar, mas também, “aproximar” os ideais da formação dos educadores sem dicotomias entre professores regulares e especializados. Rever as estratégias nos encontros e congressos de formação de educadores, sem distanciamentos e sim de aproximações e trocas de conhecimentos visando a construção de uma educação para todos. Essas idéias mobilizaram e incentivaram tanto alunos bolsistas quanto professores envolvidos a participar da divulgação do conhecimento científico produzido em eventos locais e regionais, visando, assim, a consecução das propostas elaboradas na proposta inicial deste projeto. O processo de inclusão das crianças com necessidades especiais na escola e na sociedade requer conhecimentos específicos dos profissionais envolvidos. Quais seriam as adaptações necessárias para um bom desempenho acadêmico do aluno com limitação visual, física ou mental na rede regular de ensino? Quais atitudes e conhecimentos necessários deveriam ser dominados pelos professores regulares? Tais questionamentos foram motivação para o estudo dos recursos e dos procedimentos de ensino adequados aos alunos com necessidades especiais, favorecendo seu processo de inclusão no ambiente escolar. Hoje, tendo em vista a perspectiva de uma escola inclusiva, acredita-se que o conhecimento sobre 1 Professora do Departamento de Educação Especial (Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP – Campus de Marília). 22 adaptações curriculares e recursos didático-pedagógicos adaptados, por parte dos professores da rede regular de ensino que recebem, entre outros, alunos portadores de limitações sensoriais, físicas e mentais, pode tornar-se elemento facilitador para essa inclusão. O projeto do Núcleo de Ensino, objeto central de nossas idéias nesse artigo, teórica e prática nos pressupostos da educação inclusiva buscou sustentação descritos na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), por se acreditar que alunos com limitações sensoriais, físicas, mentais, múltiplas ou ainda com altas habilidades, possam freqüentar salas regulares e, na mesma escola, receber apoio específico e, assim como eles, as professoras no tocante às orientações sobre as adequações necessárias. Segundo Cerqueira e Ferreira (2000), “talvez em nenhuma outra forma de educação os recursos didáticos assumam tanta importância como na educação especial de pessoas deficientes” (p.24). A manipulação de diferentes materiais ajuda no desenvolvimento da percepção tátil, facilitando a discriminação de detalhes e propiciando a movimentação dos dedos. Njoroge (1994) salienta que é preciso auxiliar os estudantes com visão subnormal a alcançarem a utilização máxima de sua visão com a maior quantidade de adaptações. Também é preciso ajudá-los a manter um equilíbrio real entre o que é possível e o que é prático. Assim, para o professor que tem em sua sala um aluno com necessidades educacionais especiais, não deve haver limite para a criatividade e para a utilização de recursos pedagógicos, mobiliário adaptado e estratégias adequadas que motivam sua vontade de aprender. Segundo De Carlos (1992), no momento em que se fizerem necessárias as adaptações curriculares às necessidades do aluno com visão subnormal não se trataria de modificar os conteúdos de ensino, mas, sim, como e quando ensiná-los. Para que a utilização do recurso adaptado ao aluno com necessidades especiais alcançasse a melhor eficiência possível, foram levados em conta os critérios acima, em sua seleção, adaptação e na elaboração, visando maior eficácia do trabalho das alunas bolsistas com esses alunos especiais. Buscando subsidiar os futuros professores e os que já atuam nas escolas regulares em sua tarefa de favorecer seus alunos na ampliação do exercício da cidadania, iniciativas como essa do Núcleo de Ensino, em ação conjunta de professores colaboradores e orientadores, procuram orientar alunos a produzirem material didático-pedagógico adaptado para auxiliar alunos com deficiências físicas, visuais e mentais em busca de inclusão escolar e exercício de cidadania plena (Mantoan, 2001). Este trabalho pretendeu contribuir com esclarecimentos importantes aos professores regulares sobre a necessidade de se utilizar recursos adaptados para facilitar a aquisição de conhecimentos por parte de alunos com necessidades especiais. Enfatizou-se , porém, que 23 para a construção de uma escola, de uma família, enfim, de uma sociedade que se quer inclusiva, há que se pesquisar, estudar e intervir de forma decisiva para o êxito desse processo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. 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