Boas Práticas de Fabricação para o Serviço de Alimentação Good

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Boas Práticas de Fabricação para o Serviço de Alimentação
Good Manufacturing Practices in Food Service
1
Mauro Iberê Martinho Pereira
José Gomes da Silva
2
3
Natália de Carvalho Teixeira
Resumo:Este trabalho foi elaborado para alertar todos os profissionais na área alimentícia, que
devem se aplicar as boas práticas de fabricação de alimentos e higienização adequada para gerar
segurança alimentar. Os manuais e leis, dos órgãos governamentais, como a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), estão disponíveis gratuitamente pela internet visando orientar e
preparar todos os manipuladores de alimentos. O que se vê em alguns tipos de contaminação
alimentar, é devido à falta do cumprimento das normas e higiene adequadas por parte dos
profissionais e consumidores no setor alimentício.
Palavras-chave: Manipulador de Alimentos, Doenças Transmitidas por Alimentos,Higiene.
Abstract:This work was done to alert all professionals in the food industry, which should apply the
good food manufacturing practices and proper hygiene to generate food security. Manuals and laws,
government agencies such as the National Health Surveillance Agency (ANVISA), are freely available
on the internet technology to guide and prepare all food handlers. What you see in some types of food
contamination is due to lack of compliance with the appropriate standards and hygiene on the part of
professionals and consumers in the food industry.
Keywords:Food handler, Foodborne Diseases, Hygiene.
1 – Introdução
A qualidade de vida é um dos grandes objetivos almejado pela maioria da
humanidade e ter uma boa saúde é um dos fatores fundamentais para alcança-la. A
alimentação desempenha um importante papel nesse processo, assim como
diversos fatores relacionados à saúde da população o quepode transmitir ou até
mesmo causar doenças. A preparação de alimentos deve ser segura, para isso, o
manipulador de alimentos tem que fazer uso de utensílios, equipamentos e
acessórios de forma adequada garantindo alimentos de qualidade (SALES et al.,
2014).
1
Graduando em Gastronomia Faculdades Promove, Endereço eletrônico: [email protected]
Especialista em Panificação, Professor do Curso Superior de Panificação das Faculdades Promove, Endereço
eletrônico: [email protected]
3
Nutricionista, Mestre e Doutora em Ciência da Alimentação, Professora do Curso Superior em Gastronomia das
Faculdades Promove, Orientadora da disciplina de TCC, Endereço eletrônico:
[email protected]
2
Revista Pensar Gastronomia, v.1, n.2, jul. 2015
É preciso tomar os devidos cuidados, tendo atenção e cumprindo os
regulamentos da legislação nos serviços de alimentação, fatores esses importantes,
pois quaisquer descumprimentos citados podem comprometer a saúde do
consumidor. Para garantiras mínimas condições higiênico-sanitário, ea adequada
manipulação de alimentos em serviços de alimentação, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), publicou em 15 de setembro de 2004 a Resolução da
Diretoria Colegiada (RDC) nº 216, padronizando o Regulamento Técnico de Boas
Práticas para o Serviço de Alimentação. O que se espera, é que, as empresas de
alimentos criem sistemas eficazes de controle higiênico-sanitário garantindo
qualidade e segurança dos alimentos manipulados através de Manuais de Boas
práticas e o Procedimento Operacional Padronizado (POP) (BRASIL, 2004).
As
Doenças
Transmitidas
por
Alimentos
(DTA)
vem
crescendo
expressivamente em todo mundo. Vários são os fatores que contribuem para o
aumento delas, dos quais se destacam: má manipulação dos alimentos; aumento da
população desordenada; alguns indivíduos vulneráveis ou expostos a condições
mínimas de saúde, higiene e alimentação; a urbanização descontrolada e a
produção de alimentos em grande escala. Se não bastassem esses eventos que
vêm acontecendo, os órgãos públicos e privados não oferecem qualidade no
controle da comercialização e produção dos alimentos às populações (ZANDONADI
et al., 2007).
Levando em consideração o que propõemas boas práticas de fabricação
para o serviço de alimentação e o quanto é importante à aplicação e utilização da
Resolução RDC nº 216 justifica-se a escolha do tema do presente trabalho.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é alertar sobre a necessidade de
implementar as boas práticas no serviço de alimentação e com apresentação das
normas e cuidados necessários para sua execução, atingindo todos os profissionais
que atuam nosetor alimentício.
2 – Metodologia
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Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em livros e arquivos científicos
sobre os principais cuidados a serem tomados na manipulação, vigilância e
segurança alimentar e medidas para evitar as doenças transmitidas por alimentos.
3 – Desenvolvimento
3.1 - Surgimento e Necessidade da Vigilância Sanitária
As grandes civilizações, no decorrer da história, sempre presaram por
uma boa alimentação, boa vestimenta e ornamentos, obtendo com isso, prazer,
saúde e bem estar na vida. Na Índia no ano 300 a.C., os alimentos faziam parte da
preocupação daquele povo, criando naquela época, uma lei que proibia a
adulteração de alimentos, medicamentos e perfumes. O tempo foi passando e surgiu
com ele a necessidade de controle mais rigoroso dos alimentos.No ano 1202, na
Inglaterra, proclamou-se a primeira legislação sobre alimentos, proibindo a alteração
de pães, feijões, grãos da terra e outros como venda de alimentos estragados e
animais doentes. Em 1248, a Inglaterra decretou a inspeção sanitária prévia em
animais destinados ao abate para o consumo humano (MACHRAY, 1980
apudBADARÓet al., 2007).
Na Europa, no ano de 1348, Veneza, uma cidade de grande importância
receptora de mercadorias vindas do oriente, aplicou em seus portos uma vigilância
rígida nas embarcações, tendo como objetivo impedir a entrada de epidemias nas
cidades. Com essa ação preveniu-se peste e infecções suspeitas em alimentos e
passageiros das embarcações. Tripulantes dos navios que apresentavam alguma
anormalidade imunológica eram colocados sob regime de quarentena em um local
ao ar livre e expostoà luz solar (ROZEN, 1994 apudBADARÓ et al., 2007).
No Brasil, por volta de 1808, com o êxodo da família real portuguesa para
o território brasileiro, aumentou significativamente a população na costa brasileira de
passageiros, embarcações e mercadorias circulando desordenadamente.Com isso
houve a necessidade de controle sanitário para evitar doenças, epidemias e criando,
com isso, melhores condições aos produtos brasileiros para a exportação ao
mercado internacional (COSTA, 1986 apudBADARÓ et al., 2007).
A implantação das condições higiênico sanitário no Brasil apareceu
inicialmente, nos regulamentos dos anos de 1923 que editaram o Decreto nº 16.300,
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vigorando por muito tempo como Regulamento Sanitário Federal; em 1931, no
seguimento alimentício, surgiu o Decreto n° 19.604/31, penalizando como crime,
sujeito às penalidades prevista no Código Penal dar, vender e expor ao consumo
público gêneros alimentícios fraudados (MARINS et al., 2014).
Em 1846 o médico húngaro InazSemmelweis, relatou que, a prática de
higienização das mãos reduziu significativamente mortes por infecção puerperal em
um hospital em Viena (BRASIL, 2007).
Germano (2011)relata a importância do surgimento de um órgão
fiscalizador no setor da indústria alimentícia e farmacêutica, a saber:
O termo vigilância sanitária tem sua origem na denominação “política
sanitária”, que a partir do século XVIII era responsável, entre outras
atividades, pelo controle do exercício profissional e do saneamento,
com o objetivo principal de evitar a propagação de doenças. Na
realidade, naquela época, a preocupação maior dizia respeito ao
crescimento acelerado e desordenado de grandes grupos
populacionais, aglomerados em cidades cuja expansão provocou o
surgimento de novos problemas de saúde. Assim, de simples
moradores de vilarejos os homens passaram à condição de cidadãos
de grandes cidades, vivendo todas as consequências resultantes do
chamado progresso.
No início, a fiscalização limitava-se aos cemitérios, às embarcações,
ao comércio de alimentos e ao combate ao charlatanismo ignorando
e, entre outros aspectos de suma importância, a fiscalização das
indústrias de medicamento e de produtos alimentícios (GERMANO,
2011, p. 1).
3.2 - Princípio do Conceito Higiênico e Segurança Alimentar
Com base nos seus regulamentos, a vigilância sanitária vem através dos
anos desempenhando grande importância no tratamento relacionado ao alimento.
As condições higiênicas são fundamentais para permitir o funcionamento de locais
de preparo, consumo e conservação dos alimentos; uma vez descumprida as
normas higiênico sanitário, o estabelecimento deverá ser autuado como infrator, não
podendo atuar, parcial ou totalmente na área alimentícia até normalizar as
exigências sanitárias de forma definitiva (TANCREDI, 2004 apudMARINS et al.
2014).
Tomando como princípio a higiene e a fiscalização dos alimentosessa
ação, promove fundamentalmente a saúde pública aplicada à nutrição no processo
de conservação dos alimentos evitando, assim, as alterações, adulterações e
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falsificações que os alimentos poderão sofrer quando in natura e depois de
preparados, sendo eles, condicionados às normas práticas de apreciação e
vigilância. Nesse contexto, a higiene alimentar associa-se a um conjunto de medidas
pertinentes para assegurar as características dos alimentos, dando segurança
adequada da qualidade, conservação, plantio, produção e fabricação até o consumo
(FERREIRA, 1982apudMARINS et al., 2014).
Segundo Germano (2011), o governo federal decidiu implantar um órgão
fiscalizador na área de alimentos e saneamentos juntamente com o Ministério da
Saúde a fim de melhorar a qualidade dos serviços.
A justificativa do governo federal para criar a Anvisa apoiou-se em
exigências sociais e políticas. Este fato provocou a diluição do papel
da administração pública como fornecedor exclusivo ou principal de
serviços públicos, com o objetivo de incentivar o processo regulador
das atividades produtivas de interesse público mediante o estímulo à
competição e à inovação, atuando o Estado, preferencialmente, no
gerenciamento de recursos e na função de controle.
A Anvisa foi criada no início de 1999, vinculada ao Ministério da
Saúde (MS), como agência reguladora, caracterizada pela
independência administrativa, estabilidade de seus dirigentes
enquanto perdurarem seus mandatos e autonomia financeira.
Provocou verdadeira convulsão nos órgãos estaduais e municipais
da saúde, pela necessidade de promover a reestruturação dos
serviços de vigilância sanitária, adequando-os à nova política federal.
De fato, isso está sendo possível nos estados e municípios que já
contavam com serviços organizados, anteriores à Agência, incipiente
o número de municípios capazes de implantar e manter serviços de
envergadura no cenário nacional (GERMANO, 2011, p. 4-5).
3.3 - Boas Práticas
A ANVISAestabelece que Boas Práticas de Fabricação (BPF) são normas
de procedimentos de padronização e de qualidade de um produto ou serviço na área
de alimentação, incluindo vários produtos diretos e indiretos da alimentação como;
aditivos, embalagens, utensílios e quaisquer materiais que entrem em contato com
os alimentos (BRASIL, 2004).
Em um ambiente comercial as BPF, segundo a ANVISA, (BRASIL,
2004),iniciam-se no registro de uma empresa seja ela de serviço ou produção
(fábrica) de alimentos com inscrição estadual, razão social, endereço, alvará de
funcionamento, técnico responsável pelas atividades, horário de funcionamento e
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uma lista relacionando os tipos de produção que serão manipulados ou serviços
prestados.
Além de toda parte burocrática, a Resolução da Diretoria Colegiada(RDC)
nº 216,demonstra que o comerciante ou profissional da área que pretende abrir ou
montar um negócio no setor alimentício deve empenhar na estrutura geral de seu
empreendimento.
É preciso ficar atento com asedificações, instalações, utensílios e móveis
que serão usados para garantir qualidade na fabricação de alimentos, bom
armazenamento dos produtos e área de produção adequada.Cumpre ressaltar que
uma área adequada poderia reduzir riscos de acidente, devendo, portanto, contar
com os devidos equipamentos de segurança e ainda, dispor de espaços reservados
para o recebimento, a manipulação, a higienização, a sanitização e a preparação
dos alimentos e das mercadorias, como forma de se evitar a contaminação direta e
indireta dos produtos conhecidos como contaminação cruzada(SOUZA, 2012).
De forma conceitual, Tando e Bartz (2011) apud Souza (2012) descrevem
que“as BPF são as condições mínimas para a produção de alimentos seguros. Esse
conceito está a vigor há mais de 40 anos e mesmo assim muitas empresas de
alimentos ainda relutam na implementação das BPF.”
Segundo a ANVISA (BRASIL, 2004), tratando-se de área de trabalho
(produção), deve-se usar pisos não escorregadios e resistentes, paredes com
azulejos, tetos com revestimentos lisos, mantendo todos livres de rachaduras, de
vazamentos, bolores, infiltrações, entre outros, evitando contaminação dos
alimentos.As portas e janelas devem estar sempre bem ajustadas aos batentes e
janelas de modelos basculantes devem ter telas, exautores e coifas adequadas.
Com essas ações, evita-se a entrada de vetores e pragas urbanas. As telas são
removíveis para facilitar a limpeza periódica(SOUZA, 2012).
Para a manipulação de alimentos deve-se usar água corrente e tratada,
caixa d’água lavada periodicamente (no máximo a cada seis meses) com registro
arquivado e documentado, rede de esgoto totalmente canalizada, ralos sifonados
permitindo fechamento das grelas, caixas de gordura e esgoto com dimensões
compatíveis ao fluxo de trabalho e estarem sempre em bom estado de conservação
(BRASIL, 2004).
Equipamentos em desuso não devem permanecer no estabelecimento de
trabalho. A iluminação deve ser adequada e protegida contra acidentes e
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contaminação física.Já as instalações elétricas devem estar embutidas ou em
tubulações presas na parede de fácil acesso, manutenção e limpeza (BRASIL,
2004).
Em relação à qualidade do ar, a ventilação deve manter uma renovação
de ar constantemente do ambiente, livrando-o de fumaça, gases, fungos,
condensação de vapor, partículas em suspensão, dentre outros, evitando assim a
contaminação dos alimentos. A corrente de ar não deve ser aplicadadiretamente
sobre os alimentos (BRASIL, 2004).
Nas áreas que necessitam de ar condicionado, deve-se manter sua
temperatura adequada aos produtos que serão produzidos. Os sanitários e os
vestiários não devem ter acesso direto com a área de produção de alimentos ou
refeitórios devendo estar sempre limpos, organizados, com lavatórioscontendo
produtos de higiene pessoal, e as lixeiras tampadas e acionadas sem o uso das
mãos(BRASIL, 2004).
Ainda de acordo com o Regulamento da RDC nº 216, equipamentos,
móveis e utensílios que são usados diretamente com os alimentos, devem ser de
metal inoxidável ou polietileno (material plástico) não transmitindo substâncias
tóxicas, odores e nem sabores.A manutenção dos equipamentos e utensílios deve
ser feitas periodicamente, calibrando os equipamentos de medição e mantendo
registros
documentais
de
todas
essas
operações.
As
superfícies
destes
equipamentos, móveis e utensílios usados diretos na preparação, produção,
embalagens, armazenamentos, distribuição e exposição à venda dos alimentos
devem ser lisas, impermeáveis, totalmente laváveis e isentas de rugosidades,
frestas, rachaduras e outras imperfeições(BRASIL, 2004).
3.4
-
Doenças
Transmitidas
por
Alimentos
Através
da
Conduta
de
Manipuladores
São muitas as causas de doenças transmitidas por manipulação indevida
dos alimentos. Dentre elas, destaca-se, a falta de interesse e compromisso com as
regras estabelecidas pela RDC n° 216. Negligência destas regras, muitas vezes por
parte dos proprietários ou técnicos designados para a função, que praticam
condutas inadequadas, abrem precedentes para o caos nos setores de alimentos
em geral. A essa conduta praticada pelos proprietários e supervisores técnicos, não
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é dada a devida relevância no que concerne a gravidade e o perigo em se
contaminar os alimentos (SALES et al., 2010).
Segundo Sales et al. (2010), as atividades diárias do manipulador estão
ligadas à higiene pessoal. Muitos têm desatenção corporal e comportamental não
atendendo aos requisitos estabelecidos pelo manual de boas práticas. Um grande
destaque pode ser dado às mãos dos manipuladores.
3.5 - Doenças Transmitidas por Alimentos Através da Conduta do Consumidor
Dados apurados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 2013, apontam
um custo com internação por infecção gastrointestinal de R$ 355,71 (trezentos e
cinquenta e cinco reais e setenta e um centavos) por paciente na média nacional,
gerando assim despesas públicas de R$ 121milhões (cento e vinte e um milhões de
reais) no ano, só para tratar de pessoas infectadas, nos hospitais brasileiros. Essas
despesas podem ter sido bem maiores do que está sendo apurado pelos hospitais e
pacientes,
devido
ao
intenso
tratamento
pós-hospitalar como
compra
de
medicamentos, retorno ao médico entre outras despesas ligadas indiretamente ao
tratamento (FREITASet al., 2014).
De acordo com Zandonadietal. (2007), asDTA, não são causadas apenas
por manipuladores de alimentos em geral, sendo que o consumidor tem um papel
importante na proliferação ou na prevenção delas. Consumidores com maus hábitos
higiênicos podem contaminar e muito os alimentos, estes autores realizaram um
estudo exploratório, com técnicas de observação não participante em algumas
Unidades Produtoras de Refeições (UPR) no Distrito Federal no ano de 2004, com
cardápio médio e formal.O resultado foi surpreendente, pois, foram diagnosticadas
inúmeras atividades por parte do consumidor que podem provocar contaminação
dos alimentos no ato do autosserviço como não lavar as mãos antes de se servir;
mexer nos cabelos pertos dos alimentos expostos; falar em cima dos alimentos no
momento em que está se servindo; deixar a gravata, manga de camisa, bolsas,
blusas, vestidos encostar-se as preparações; espirar e tossir sobre as preparações;
deixar utensílio cair dentro da cuba; retornar alimento do prato para dentro da cuba
com as mãos, dentre outros. Isso atingiu uma média de 95% dos clientes
consumidores.
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As mãos são partes fundamentais para manusear qualquer tipo de
alimento desde, a plantação até a preparação para o consumo. Quando não
higienizadas corretamente são um grande problema para o setor de alimentos,
sendo foco principal de microrganismos. Dependendo da conduta, postura e hábitos
dos manipuladores, suas mãos podem conter milhões de microrganismos
provenientes do intestino, da boca, do nariz, da pele, dos pelos, dos cabelos, de
secreções e até de ferimentos. Os manipuladores de alimentos devem se
conscientizar da importância dos procedimentos adequados de higienização das
mãos (SALES et al., 2014).
No procedimento de higienização das mãos,as seguintes etapas deveriam
ser seguidas: molhar as mãos em água corrente; ensaboar com sabonete neutro;
esfregar as mãos palmas, dorso, entre os dedos, unhas, polegar, punho e
antebraço; depois, enxaguar com água corrente; usar papel toalha para secagem
das mãos e em seguida higienizar com solução antisséptica disponibilizada por
fabricante especializado (ANVISA, 2007)
De acordo com Sales et al. (2010), para tais cuidados é imprescindível
saber a hora certa de lavar as mãos obtendo segurança na preparação dos
alimentos. Portanto, aplica-se ao manipulador e aos gestores a responsabilidade de
tais procedimentos a serem tomados para assegurar alimentos higienizados e
seguros para o consumo nos seguintes momentos:

Quando chegar para o trabalho;

Após utilização dos sanitários;

Após espirrar, tossir ou assuar o nariz;

Após efetuar faxina com material de limpeza, panos ou esfregões;

Após fumar;

Após carregar embalagens, sacos, caixas, garrafas e alimentos
não higienizados ou crus;

Após manusear dinheiro ou tocar nos sapatos ou botas;

Após qualquer paralização do serviço, especialmente no manuseio
entre alimentos cruz ou cozidos;

Após tocar no lixo ou na lixeira;

Após aplicar inseticidas ou similares;
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
Antes de qualquer manipulação de alimentos;

Na iniciação de um novo serviço;

Antes de tocar em utensílios higienizados;

Antes de tocar em alimentos já preparados para o consumo;

Em toda mudança de atividade;

Sempre que houver necessidade;

Lavar as mãos antes e depois do uso de luvas.
Conforme Sales et al. (2010), o uso de luvas ainda é uma questão
polêmica, especialmente a forma em que os manipuladores vêm aplicando sua
utilização. Muitas são às vezes em que se encontram manipuladores utilizando as
mesmas luvas no processo de manipulação de alimentos e na realização de
atividades de higienização dos ambientes. Essa vem sendo uma prática comum e ao
mesmo tempo absurda de contaminação dos alimentos, devidoà má informação do
manipulador e pela inobservância do responsável técnico quanto ao manuseio das
mesmas. É importantíssimo que o manipulador de alimentos tenha consciência de
que mãos bem higienizadas são muito mais eficazes que a utilização das luvas.
Sendo necessária a utilização das luvas, o manipulador e o responsável técnico
devem assegurar de maneira correta e adequada sua aplicação de acordo com a
necessidade da natureza do serviço prestado.
3.6 –A Importância da Educação em Boas Práticas
A educação é essencial para propagar conhecimentos e práticas
aplicáveis a diversas modalidades de assuntos e ciências (PRIBERAM, 2015). Para
que a humanidade tenha a possibilidade de desenvolver-se continuamente, a
educação surge como um instrumento indispensável (UNESCO, 2010).
O conhecimento é imprescindível para todo profissional do setor
alimentício, seja por meio de cursos profissionalizantes, cartilhas, manuais ou
treinamento realizado por gestores das organizações do trato alimentar. A RDC 216
exige esta documentação, que, após implantada, pode ser usada em treinamentos
internos(BRASIL, 2004).
Revista Pensar Gastronomia, v.1, n.2, jul. 2015
O Manual de Boas Práticas compreende a descrição da forma correta de
como o trabalho deve ser executado, abrangendo todo o processo dentro do
estabelecimento. Quanto ao Procedimento Operacional Padronizado(POP), trata-se
de um documento que descreve as várias etapas de um processo, responsáveis
pela execução, pelos materiais e pela frequência. Ambos são documentos criados
pelo próprio estabelecimento, de acordo com as necessidades, que devem estar
disponíveis a todos os envolvidos nas operações e suas regras devem ser seguidas
(BRASIL, 2004).
Buscando a redução do risco de contaminação, bem como a prevenção e
transmissão de doenças, o conhecimento adquirido nos cursos de gastronomia, faz
com que, os alunos conscientizem-se, cada vez mais, em adotar as boas práticas de
manipulação de alimentos, sendo fundamental para garantir a qualidade, segurança,
saúde e sustentabilidade. Pois, sua aplicação teórica de forma correta proporciona
maior eficácia ao resultado esperado (PROMOVE, 2014).
4 – Conclusão
Foram muitos os ajustes no trato alimentar, sendo importante determinar
vários fatores relacionados ao grande personagem “o alimento”. Desde o plantio à
evolução nas lavouras, a colheita, o transporte, o armazenamento, as entregas, os
recebimentos, a manipulação, o preparo e o consumo, tudo respeitando os
alimentos e principalmente oferecendo uma qualidade de vida nutricional a
humanidade.
O caminho para solucionar o problema de contaminações diversas com
alimentos é, cada vez mais, adotar as Boas Práticas de Manipulação, Fabricação e
Conservação dos alimentos, respeitando o mais valioso elemento do globo terrestre,
“a semente” que gera o alimento e a vida.
Os órgãos de fiscalização deveriam criar formas mais eficazes para
orientar todo profissional do setor de alimentos, com programas de incentivo,
mostrando a real importância de sua prática no trato alimentar. Esse incentivo
deveria vir, por exemplo, através das diversas mídias de comunicação com o intuito
de atingir um maior número de pessoas.
As normas da RDC n°216 são excelentes, mas, não bastam estar no
texto da Lei, todo estabelecimento do setor alimentício deveria adquirir uma espécie
Revista Pensar Gastronomia, v.1, n.2, jul. 2015
de alvará de BPF. Com isso, uma obrigatoriedade em seguir as normasalcançaria
maior conscientização dos proprietários e dos manipuladores de forma geral;caso
contrário, estariam sujeito a punição.
Referências
Revista Pensar Gastronomia, v.1, n.2, jul. 2015
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Bloco B., Edifício Ômega Cep: 70770-502, Brasília/DF – Brasil 2004
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Revista Pensar Gastronomia, v.1, n.2, jul. 2015
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