AGES FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO DENISE SOUZA DE OLIVEIRA UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DAS MARCAS NO PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA DO CONSUMIDOR SOB O PONTO DE VISTA TEÓRICO Paripiranga 2010 DENISE SOUZA DE OLIVEIRA UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DAS MARCAS NO PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA DO CONSUMIDOR SOB O PONTO DE VISTA TEÓRICO Monografia apresentada no Curso de Graduação da Faculdade AGES como um dos pré-requisitos para obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Esp. Thales Brandão Ferreira. Paripiranga 2010 DENISE SOUZA DE OLIVEIRA UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DAS MARCAS NO PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA DO CONSUMIDOR SOB O PONTO DE VISTA TEÓRICO Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração, à Comissão Julgadora designada pelo Colegiado do Curso de Administração da AGES - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Paripiranga, 3 de dezembro de 2010. BANCA EXAMINADORA Prof. Thales Brandão Ferreira Faculdade AGES Profª. Silvia Manoela de Jesus Machado Silva Faculdade AGES Prof. Augusto César Santiago Teixeira Faculdade AGES À minha mãe e amiga, Regiane Souza, que acompanha todos os passos da minha vida e pela fé que depositou em mim, guiando-me sempre. Ao meu pai, Edinaldo Oliveira, que sempre confiou em meu potencial e que não poupou esforços para minha formação. Ao meu noivo, Jerônimo Matias, pelo amor e pelo carinho que tem me dado, estando ao meu lado nos momentos de alegria e de desânimo. Ao meu tio e anjo da guarda, Aderivaldo (in memorian) e minha avó Railda (in memorian), que, com certeza, estão sempre ao meu lado, protegendo-me e conduzindo-me nessa jornada para o caminho da sabedoria e, acima de tudo, da honestidade. AGRADECIMENTOS A Deus, pelas bênçãos que depositou sobre mim ao longo de toda minha vida e por tornar possível a conquista dos meus ideais. Sem Ele não teria a determinação que tenho hoje para buscar os meus objetivos e sonhos. Obrigada Senhor! À minha família, pois sem ela eu não teria base para ser o que sou e chegar aonde cheguei. À Faculdade AGES, pela preocupação com o ensino e como geradora de oportunidades educacionais. Ao meu professor, Thales Brandão, pela excelente orientação que foi fundamental para a realização deste trabalho. Seus conhecimentos e a qualidade de suas análises foram vitais para o meu desenvolvimento profissional. Mesmo sendo sua aluna somente no último período de Administração, seus ensinamentos valeram muito além disso. Agradeço também a professora e orientadora Sílvia Manoela Machado, pelos anos de ensinamento e dedicação, exercendo o papel de mestre e companheira e pela excelente coordenação do colegiado de Administração. Não poderia deixar de agradecer também aos professores pelos ensinos passados e pelo companheirismo diante das dificuldades e das conquistas. Quero citar em especial aos professores: Augusto Teixeira, Renata Dantas, Edivaldo Rabelo, Silvia Manoela, Gilson Alves, Thiago Santos, Thales Brandão e José Marcelo. Todos fizeram parte de mina formação de forma singular e não deixaram nunca de compor minha história de vida. A todos os meus amigos e colegas, que elevaram meu alto-astral e que sempre fizeram dos meus dias uma festa. Obrigada por sempre me fazerem correr atrás dos meus objetivos profissionais e pessoais. Citar todos seria difícil, porém quero agradecer em especial a minha irmã Daniela, Bruna Kérsia, Aiane, Geisa, Eliziane, Itamiris, Jôicy, Jaqueline, Alex, Raony, Marquinhos, Danilo e Moisés. Esses laços de amizade serão eternos em minha vida. Quero também agradecer aos funcionários da Faculdade AGES, pela dedicação e excelente atendimento aos interesses dos alunos e professores. Em especial quero agradecer aos funcionários Alex, Jaqueline, Itamiris e Laisa, pelo auxílio e amizade durante esses quatro anos. Obrigada a todos por fazerem parte desta conquista! Quando alguém não conhece seu porto de destino, não há vento a favor. (Luccius Annaeus Seneca) RESUMO As orientações feitas pelo Marketing, ao longo dos tempos, estavam centradas principalmente no que se refere aos aspectos internos da organização, porém com a necessidade de estudar o comportamento do consumidor tornou-se imprescindível para os profissionais de marketing a análise dos motivos que levam os consumidores a escolherem as marcas e seu poder de influência no processo decisório de compra. Suas principais características estão centradas, primeiramente, na capacidade de diferenciar o produto no ponto de venda e, em segundo, tem a capacidade de mobilizar conotações diversas no âmbito emocional do consumidor. Assim, torna-se relevante o estudo do branding como sendo o conjunto de ações ligadas à administração das marcas. São ações que, tomadas com conhecimento e competência, levam as marcas além da sua natureza econômica, passando a fazer parte da cultura, e influenciar a vida das pessoas. As categorias estabelecidas pelo brand equity, sendo este o incremento patrimonial da empresa e de suas marcas, são: lealdade à marca; conhecimento do nome; qualidade percebida; associações à marca e; outros ativos do proprietário da marca. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo principal a compreensão do comprometimento com as marcas no processo de consumo e de que forma estas se diferenciam para atender às necessidades do seu público-alvo. A metodologia utilizada para atingir o objetivo proposto está centrada na pesquisa bibliográfica, em que serão elencadas as principais teorias de relevância para validar as idéias e nortear o leitor. Com base nesse cenário, os resultados encontrados demonstram que as marcas são fatores preponderantes para o consumidor no momento de suas escolhas de compra, sendo mais importante que o preço. Esse fator se deve ao conjunto de atributos e valores emocionais que as mesmas possuem traduzindo o estilo de vida das pessoas, além de transmitir segurança, confiabilidade, garantia e status social. PALAVRAS-CHAVE: Marcas - Comportamento do Consumidor - Processo de compra - Branding - Valor emocional. ABSTRACT Marketing Suggestions were focused, over time, mainly to internal aspects of the organization, but from the need to study consumer behavior it has become imperative for marketers to analyze the reasons that consumers choose the brand and its influence on purchase decision process. Its main features are focused initially on the capability to differentiate the product at point of sale and then it has the capacity to mobilize various connotations in the emotional sphere of the consumer. Thus it becomes relevant to study branding as the set of actions related to the trademarks administration. They are actions that are taken with knowledge and competence, leading brands in addition to their economic nature, becoming part of the culture and influence people's lives. The categories established by the brand equity, increasing company equity and its brands are: brand loyalty, name knowledge, perceived quality, brand associations and other assets of the trademark owner. Thus this present work is mainly aimed at understanding the commitment to the brands in the consumption process and how these are differentiated to achieve the needs of their target audience. The methodology used to achieve the proposed objective is focused on literature which are listed the main relevant theories to validate ideas and guide the reader. According to this scene, the results show that brands are important factors to consumers at the moment of their purchasing choices being more important than price. This factor happens because of set of emotional attributes and values that consumers have, translating the lifestyles of people in addition to providing security, reliability, security and social status. KEYWORDS: Brands - Consumer behavior - Purchasing process - Branding Emotional value. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Os 4Ps do mix de Marketing ....................................................................... 20 Figura 2: Modelo do comportamento do consumidor ................................................. 24 Figura 3: Hierarquia das necessidades de Maslow ................................................... 29 Figura 4: Brand Equity ................................................................................................ 45 Figura 5: Níveis de lealdade do comprador às marcas .............................................. 60 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 2 MARKETING .......................................................................................................... 16 2.1 Surgimento e evolução do Marketing ............................................................. 16 2.2 Conceito e principais características do Marketing ......................................... 18 3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ............................................................. 22 3.1 Fatores que influenciam o comportamento de compra .................................. 24 3.2 Necessidades e desejos dos consumidores ................................................... 26 3.3. Principais fatores psicológicos ...................................................................... 27 3.3.1 Teoria dos fatores motivacionais ............................................................ 28 3.3.1.1 Teoria de Freud ................................................................................ 28 3.3.1.2 Teoria de Maslow ............................................................................. 29 3.3.1.3 Teoria de Herzberg ........................................................................... 30 3.3.2 Percepção ................................................................................................ 31 3.3.3 Aprendizagem ......................................................................................... 32 3.3.4. Memória .................................................................................................. 34 4 AS MARCAS E O BRANDING ............................................................................... 36 4.1 As Marcas ...................................................................................................... 36 4.1.1 Surgimento e evolução das marcas ....................................................... 36 4.1.2 Conceito e características das marcas .................................................... 38 4.2 O Branding ...................................................................................................... 42 4.2.1 Conceito e a importância do Branding ..................................................... 42 4.2.2 Categorias do Brand Equity ..................................................................... 44 5 PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA ............................................................... 49 5.1 Estágios do processo decisório de compra ..................................................... 49 5.1.1 Reconhecimento do problema ................................................................ 50 5.1.2 Busca de informações ............................................................................ 51 5.1.3 Avaliação de alternativas ......................................................................... 52 5.1.4. Decisão de compra ................................................................................ 54 5.1.5. Comportamento pós-compra .................................................................. 55 5.2 Influência da marca na decisão de compra .................................................... 56 5.3 Fidelidade às marcas ..................................................................................... 58 6 ESTADO DA ARTE ............................................................................................... 62 6.1 Atividades marcárias na vida cotidiana dos consumidores: Descoberta de uma nova maneira de se pensar as marcas? ....................................................62 6.2 A influência do envolvimento com o produto e do comprometimento com a marca na lealdade à marca..........................................................................63 6.3 A importância da marca no processo de decisão de compra de calçados esportivos para a população de baixa renda ..........................................64 7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 66 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68 1 INTRODUÇÃO A partir da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, o Marketing é uma ferramenta de fundamental importância no âmbito empresarial, como “o processo de olhar para o mercado antes de pensar no produto”. Uma das orientações feitas pelo Marketing, ao longo de sua trajetória, foi somente aos aspectos internos da organização. Porém, diante da necessidade de estudar o comportamento do consumidor, essa orientação teve novas dimensões voltadas também para o cliente, proporcionando a identificação das suas principais necessidades e a formação de sua preferência no momento da aquisição de produtos. Assim, no decorrer dos séculos seguintes, surgiu uma nova maneira de gerir a comunicação entre empresas e consumidores. O meio termo entre o Marketing voltado para o produto e para o cliente é o branding. Seu surgimento antecede o Marketing. Porém, somente no início do século XXI, esse termo foi aplicado como disciplina. Seu conceito é voltado para criação de valor à marca, a fim de torná-la forte. Muito se tem estudado sobre Marketing e sua influência na esfera empresarial, bem como suas principais ferramentas para a conquista de novos horizontes. A grande mudança comportamental dos consumidores, ao longo dos anos, traz consigo a necessidade de revelar os aspectos que envolvem a definição da preferência das marcas no processo de compra. Para o profissional de Marketing conhecer e satisfazer as necessidades do consumidor é preciso entender seu perfil, além de correlacioná-lo com os aspectos de fidelização dos clientes às marcas. Em virtude da importância estabelecida pelo estudo das marcas como fatores influenciadores e determinantes na preferência dos consumidores, é de grande relevância a discussão teórica proposta pela pesquisa, uma vez que, em muitas empresas pouco se busca entender essa temática como uma alternativa de decifrar o modelo mental de seus clientes que dá origem as suas decisões de compra. O Marketing, no âmbito das marcas, proporciona o reconhecimento dos produtos no ponto-de-venda e fortalece sua imagem e características perante aos concorrentes. Seguindo essa perspectiva, a monografia tem como foco compreender os aspectos que envolvem o comportamento do consumidor, bem como mostrar a influência das marcas no processo decisório de compra. Os objetivos específicos estão centrados na tentativa de demonstrar, com base em autores da literatura científica, um referencial conceitual acerca dos construtos que compõem as marcas. Levantar a bibliografia que trata da relação entre necessidade e desejo dos consumidores, investigar, através das teorias existentes, as formas de fidelização dos clientes e compreender os principais motivos que levam as pessoas a se tornarem leais às marcas. Para atingir o objetivo principal deste trabalho, tornou-se necessária a utilização da metodologia voltada para a pesquisa bibliográfica, a fim de consolidar os diferentes olhares de grandes autores de renome acerca da temática. Macedo (1994) conceitua a pesquisa bibliográfica como: A busca de informações bibliográficas, seleção de documentos que se relacionam com o problema de pesquisa (livros, verbetes de enciclopédias, artigos de revistas, trabalhos de congressos, teses, etc.) e o respectivo fichamento das referências para que sejam posteriormente utilizadas (na identificação do material referenciado ou na bibliografia final), (MACEDO, p. 13). Assim, a leitura de obras de autores como Phillip Kotler, Kevin Lane Keller, David A. Aaker, Christiane Gade, José Roberto Martins, J.B. Pinho, Clotilde Perez, dentre outros, é de grande importância para a construção bibliográfica desta pesquisa. A análise das obras pertencentes ao tema proposto contribui para a compreensão dos principais fatores que tornam os consumidores leiais às marcas, bem como suas características e valores. Através dessa metodologia, é possível entender e classificar a influência que as marcas transmitem para o consumidor e a fidelização que as mesmas são capazes de proporcionar, no que tange ao comportamento do indivíduo, sob o ponto de vista teórico. A presente pesquisa tem em sua composição sete capítulos que evolvem as seguintes temáticas: No capítulo introdutório inicia-se o arcabouço teórico contendo a apresentação do tema, um breve histórico acerca dos principais aspectos abordados, a relevância do estudo desses aspectos, o objetivo geral e específico, bem como a metodologia utilizada para o desenvolvimento preciso do trabalho. O segundo capítulo é iniciado com a interpretação histórica do Marketing, aborda os fatores que levaram ao seu surgimento com destaque para a evolução do Marketing, ao longo dos séculos, até o surgimento do branding e da atividade marcária. Será feita, ainda neste capítulo, a conceituação do Marketing e suas principais características, segundo teóricos conhecedores da área. No terceiro capítulo, é feita uma abordagem em relação ao comportamento do consumidor, bem como sua definição, classificação e características enfatizando os fatores que possibilitam a satisfação das suas necessidades e desejos. Para esse último aspecto, serão consideradas as Teorias de Freud, Maslow e Herzberg para interpretar os pilares no objetivo de alcançar a satisfação total dos clientes. O quarto capítulo é dedicado às marcas, evidenciando seu surgimento e evolução. Tem-se em vista que as mesmas são o principal elemento a ser analisado na construção e interpretação deste trabalho. Além disso, é feita a conceituação das marcas enfatizando a aplicação do conceito de branding nas organizações como ferramenta de criação de valor da marca e as categorias do brand equity na formação do perfil e análise dos clientes. O quinto capítulo é destinado ao processo decisório de compra demonstrando o poder de representatividade, diferenciação e influência das marcas na vida dos consumidores, bem como a fidelização que uma marca forte pode causar na cultura e comportamento do consumidor. Além disso, é descrita a importância das marcas fidelizadas para as empresas como vantagem competitiva. No sexto e último capítulo, é relatada a conclusão da temática e aborda o encerramento das reflexões literárias feitas ao longo das páginas da monografia. Assim, este estudo se debruça sobre a relação entre o comportamento de compra com a influência trazida pelas marcas durante esse processo de escolha e definição de preferências. 2 MARKETING 2.1 Surgimento e evolução do Marketing A partir da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, o Marketing é uma ferramenta de fundamental importância no âmbito empresarial, sendo uma “expressão anglo-saxônica derivada do latim mercari, que significa comércio, ato de mercar, trocar, comercializar, ou, ainda, transacionar” (TAVARES, 2003, p. 36). Kotler apud Tavares (2003) afirma que, na história do Marketing, os pontos básicos tornaram-se consistentes a partir da década de 1950 com a visualização mais profunda acerca das atividades que possibilitaram a entrada de produtos no mercado. Embora houvesse, ainda, grande relação com propaganda, o Marketing tem sido, ao longo dos anos, relacionado com a integração de todas as áreas da empresa. Do mesmo modo, em termos de evolução do Marketing, Madia apud Tavares (2003) relata o espaço temporal entre as décadas de 1950 e 1980: Nos anos de 1950 e 1960, ele ressalta o surgimento do termo Marketing e uma visão distorcida e confusa, que ora confundia-o com propaganda, ora com vendas. Na segunda geração – durante a década de 1970 -, o marketing sofre a sua modificação mais marcante: o fato de finalmente passar a merecer um espaço reservado nos organogramas, dando origem às figuras dos gerentes/diretores de marketing. Já nas terceira e quarta gerações – a partir da década de 1980 – detectamos como principal característica a descoberta da importância do marketing, na empresa como um todo, através de todas as suas áreas (MADIA apud TAVARES, 2003, p. 38). Quando se fala em Marketing voltado para o lado interno e externo à empresa, pode-se elencar o pensamento de Nascimento e Lauterborn (2007) quanto a sua evolução: Há quem diga que o conceito de Marketing já foi bastante geocêntrico: demasiadamente focado no produto, que é algo interno da empresa. Mas agora estaria evoluindo para o heliocentrismo, na medida em que coloca o foco no lado oposto, no lado de fora, ou no cliente. E há também quem diga que o melhor caminho é o branding, meio do caminho entre esses dois extremos (NASCIMENTO; LAUTERBORN, 2007, p. 9). Nesse contexto, Kotler e Keller (2006) completam ao trazer o surgimento e a evolução da orientação do Marketing, voltados para o cliente como fator de grande relevância para as empresas: A orientação do Marketing surgiu em meados da década de 1950. Aqui, em vez de uma filosofia de ‘fazer-e-vender’, voltada para o produto, passamos para uma filosofia de ‘sentir-e-responder’, centrada no cliente. (...) O que se precisa não é mais encontrar os clientes certos para seu produto, mas sim os produtos certos para seus clientes. A orientação de marketing afirma que a chave para atingir os objetivos organizacionais consiste em a empresa ser mais eficaz que os concorrentes na criação, na entrega e na comunicação de um valor superior (na opinião dos clientes) a seus mercados-alvo escolhidos (KOTLER; KELLER, 2006, p. 14). Na visão de Gade (1998), uma das orientações feitas pelo Marketing, ao longo de sua evolução, foi a tentativa de estabelecer padrões focados no lado de fora da organização, procurando descobrir o que o cliente carecia e quais seus principais desejos, a fim de satisfazê-los e consequentemente obter maiores lucros. Em outras palavras, os profissionais de Marketing, notaram a necessidade de observar o comportamento do consumidor e entender sua preferência. Nesse sentido, esse aspecto tornou-se uma estratégia para as empresas na valorização, captação e fidelização de clientes. O foco do Marketing passou a atrelar-se, além dos ativos internos, ao consumidor como sendo o agente externo à organização. Peter Drucker apud Nascimento e Lauterborn (2007, p.51) afirmam que “o sucesso de uma empresa é determinado pelo lado de fora dela, dentro dela só há custos. O cliente, que está do lado de fora da empresa, é quem de fato define qual é o negócio de uma empresa e não as suas decisões internas”. Segundo Kotler e Keller (2007) a administração de Marketing vem sofrendo algumas importantes modificações e desenvolvendo novas tendências. No âmbito da propaganda para a construção de marcas por meio do desempenho e das comunicações integradas, o autor alega: Os profissionais de marketing estão deixando de apoiar-se demais em uma única ferramenta de comunicação, como a propaganda ou a força de venda, e passando a mesclar várias ferramentas para entregar uma imagem de marca consistente aos clientes em cada contato (KOTLER; KELLER, 2007, p. 25). Para Francischelli (2009, p.18) “o maior desafio do Marketing no século XXI é compreender os fatores que interferem no comportamento do consumidor, isto é, avaliar as necessidades humanas individuais.” Assim, a história e evolução do Marketing tiveram como principal consequência a ação voltada para a satisfação e busca constante pela fidelização dos consumidores. 2.2 Conceito e principais características do Marketing O principal objetivo do Marketing, segundo Peter Drucker apud Kotler e Keller (2006) é: Conhecer e entender o cliente tão bem que o produto ou o serviço seja adequado a ele e se venda sozinho. Idealmente, o marketing deveria resultar em um cliente disposto a comprar. A única coisa necessária então seria tornar o produto ou serviço disponível (Peter Drucker apud Kotler; Keller, 2006, p. 4). Partindo para a conceituação, a American Marketing Association apud Kotler e Keller (2006) define o Marketing como “o processo de planejar e executar a concepção, a determinação do preço, a promoção e distribuição de ideias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais.” Dessa forma, é notável que o processo de análise do consumidor seja tido como uma das principais características da administração de Marketing, além da preocupação com o desenvolvimento e reconhecimento da empresa e de suas marcas. Para Gade (1998, p.2) “Marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação e troca de produtos e valor com outras pessoas.” A relevância do Marketing, em suas dimensões, propõe à empresa o conhecimento de seus processos internos até o consumidor final em suas tomadas de decisões de compra. Assim, a ideia trazida por Kotler apud Tavares (2003, p. 40) ressalta o conceito de Marketing como “(...) a chave para atingir os objetivos da organização e consiste em determinar as necessidades e os desejos dos mercados-alvo e satisfazê-los mais eficaz e eficientemente do que os concorrentes”. O Marketing torna-se o processo pelo qual se focaliza o cliente para consequentemente favorecer a empresa. Porém, de acordo com Gade (1998) isso não acontece na prática, as empresas têm como foco mais relevante as outras áreas internas a ela, como produção, vendas, tecnologia e a área financeira. Assim, o autor afirma que “ao praticar o Marketing para o cliente, a empresa faz um análise da sua capacidade produtiva e econômica. E deverá analisar o comportamento do mercado quanto aos fatores que influenciam a decisão de compra e consumo.” (GADE, 1998, p. 5) Outro ensinamento trazido por Kotler e Keller (2006, p. 22) está relacionado à discussão existente sobre a função do Marketing no processo de venda de um produto, ou seja, existe a crítica de que “o Marketing cria necessidades” e “(...) faz as pessoas comprarem coisas que não querem”. De acordo com o autor “o Marketing não cria necessidades (...). O Marketing, juntamente com outros fatores sociais, influencia os desejos.” Portanto, ao saber das necessidades e principais desejos dos consumidores, as empresas conseguem definir produtos, criar marcas e evidenciar propagandas que atendam com a demanda que previamente foi visualizada. Os aspectos sobre necessidades e desejos dos consumidores serão abordados no item 3.3. Ao contrário de Kotler e Keller, Cobra (2009) explana que o Marketing não influencia na demanda e não convence o indivíduo a adquirir um bem ou serviço. Segundo ele, as necessidades e desejos são fatores que desencadeiam da própria administração do indivíduo perante seus problemas e vontades. Muito se fala acerca da força e dos poderes do marketing em influenciar e convencer as pessoas a quererem comprar um determinado produto ou serviço, mas, na realidade, não há evidências de que a demanda seja estimulada por forças externas. A demanda, na verdade, é decorrente de necessidades e desejos individuais auto-administradas. Portanto, por melhor que seja o marketing de uma organização, dificilmente o consumidor será induzido a comprar e consumir algo ofertado que não seja de seu agrado e não esteja em consonância com seus desejos e necessidades específicos (COBRA, 2009, p. 4). Entretanto, percebe-se que a prática do Marketing, dentro de uma organização, torna-se essencial para que o consumidor adquira um bem ou serviço, ou seja, diferentemente do pensamento de Cobra (2009), Kotler e Keller (2006) afirmam que o Marketing estimula desejos e para que esses sejam atendidos de maneira satisfatória, é de fundamental importância se utilizar de ferramentas do Marketing para a garantia de satisfação e atendimento às necessidades provindas do próprio consumidor e de desejos, que podem ou não ser geradas pelos meios pertencentes ao Marketing como propagandas, embalagens, marcas, localização etc. Dessa forma, Al Ries (1998) apud Tavares (2003, p.44) utiliza-se da argumentação de que “a função do Marketing é desenvolver uma estratégia diferenciada de posicionamento capaz de penetrar e ocupar a lembrança do públicoalvo como a marca número um na sua mente, de forma exclusiva e singular.” As principais características do Marketing estão voltadas para as atividades que a empresa deve usar para alcançar seus objetivos. Essas estão descritas de acordo com o composto de Marketing. Os autores Kotler e Keller (2007) classificam o composto ou mix de Marketing em quatro grupos: produto, preço, praça (ponto-de-venda) e promoção (Figura 1). Produto Mix de Marketing Preço Mercado-alvo Praça Promoção Figura 1: Os 4Ps do mix de Marketing. Fonte: Adaptado da obra de Kotler e Keller (2006, p. 17) Pode-se perceber que os autores enfatizam os 4Ps (produto, preço, praça e promoção) como processos que representam a visão que a empresa vendedora adquire das ferramentas de Marketing influenciadora dos compradores. Nesse contexto, Peter Drucker apud Tavares (2003, p. 40) afirmam que “Marketing é tão básico que não pode ser considerado como uma função isolada. É o negócio inteiro, cujo resultado final depende do ponto de vista do cliente”. Para Cobra (2009), o composto de Marketing contribui para satisfazer as necessidades dos consumidores, evidenciando que, para isso, é primordial: Os produtos ou serviços a serem ofertados tenham uma boa qualidade, características que atendam aos gostos dos consumidores, com boas opções de modelos e estilos, atraentes e criativos, as ferramentas promocionais, como a propaganda, a força de venda, a promoção de vendas, as relações públicas e o merchandising sejam eficazes (COBRA, 2009, p. 12). O Marketing proporciona aos produtos a sua diferenciação dentre as marcas dos concorrentes e possibilita, dependendo dos atributos que ela possui, a fidelização e reconhecimento por parte do cliente e o direcionamento de suas estratégias de criação e valores patrimoniais. Assim, é evidente que as atividades desenvolvidas pelo marketing são consideradas importantes, uma vez que para conquistar a confiança do cliente é necessário utilizar uma gama de mecanismos que proporcionem satisfação do mesmo. O mix de marketing consegue abarcar todos esses mecanismos de satisfação do cliente, uma vez que são trabalhados desde a construção e criação de marcas e produtos até a relação pós-compra com o consumidor. A marca de um produto, quando bem elaborado, é o elemento que mais se comunica com o consumidor, uma vez que suas características físicas são os primeiros aspectos que despertam a atenção do consumidor. Assim, o produto sendo um dos elementos do mix do marketing influencia o comportamento do consumidor quando seus atributos de qualidade e de percepção são alcançados pelos clientes. O Preço, outro elemento do mix de marketing, é um fator que influencia o comportamento do consumidor, porém mais adiante serão elencados que antes dele existe a influência proporcionada pelas marcas na decisão de compra. A colocação (canais de distribuição) se refere a como e onde o produto está disponível, assim as marcas podem ser encontradas com mais facilidade e comodidade pelo consumidor. A Promoção ou propaganda é a estratégia de comunicação que pode influenciar o processo de compra em qualquer estágio. Essa comunicação facilita a interpretação das qualidades e atributos de uma marca em um produto, sendo capaz de tornar um consumidor fiel. 3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Entender como o consumidor se comporta, no momento da compra, é fundamental para compreender os motivos que levam as pessoas a se tornarem fieis às marcas e refletir na capacidade de execução de estratégias para a empresa, por parte do profissional e Marketing. Nesse sentido, é dada grande importância, neste item, para a compreensão do pensamento do consumidor com enfoque para o processo de compra, na intenção de entender como uma marca torna-se evidente em meio a milhares de outras dentro de um mercado de competição acirrada. O comportamento do consumidor é bastante variado e necessita de uma análise profunda dos seus principais aspectos para se chegar ao entendimento dos motivos que levam os indivíduos a tornarem leais e, até que ponto, um produto pode satisfazê-los. Nesse sentido, Gade (1998, p. 1) conceitua o comportamento do consumidor como “as atividades físicas, mentais e emocionais realizadas na seleção, compra e uso de produtos e serviços para satisfação de necessidades e desejos”. Dentro dessa concepção, o autor completa ao afirmar: “o comportamento do consumo tem sido definido como atos individuais que envolvem diretamente a obtenção e uso econômico de bens e serviços, incluindo os processos decisórios que precedem e determinam estes atos”. Para Bennett (1995) apud Honorato (2004, p. 125), o comportamento do consumidor “consiste em estudar os pensamentos, sentimentos e as ações dos consumidores e as influências sobre eles que determinam mudanças de atitude”. Segundo Kotler e Keller (2006) o Marketing, em sua evolução, passou a atender e satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores, assim, torna-se fundamental conhecer o seu comportamento de compra. Engel et al (2000) apud Francischelli (2009, p. 19) definem o comportamento do consumidor como “as atividades diretamente envolvidas em obter consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo as etapas pré-compra que influenciam a escolha”. De acordo com o autor, é fundamental para todo negócio acompanhar as mudanças, além de observar o mercado evidenciando a descoberta das necessidades e desejos dos consumidores e seu comportamento pré-compra e pós-compra, na perspectiva de monitorar o seu grau de satisfação. Somando a essa ideia, Pinheiro et al (2006) alega que: Mais do que nunca, o estudo do comportamento do consumidor é de fundamental importância para os profissionais de marketing, por permitir que se compreenda a geração de valor para o consumidor, dado o seu propósito central de satisfação das necessidades e desejos dos clientes. Além do mais, compreender essas necessidades e desejos ajuda o profissional de marketing a pensar o mercado com os corações e as mentes dos consumidores, evitando, assim, um viés comumente descrito na literatura de marketing denominado ‘miopia de marketing’ (PINHEIRO et al, 2006, p. 14). O estilo de vida, bem como a forma de agir e pensar de cada consumidor são bastante distintos. Por isso, muitos profissionais de Marketing acreditam que é mais viável trabalhar em prol da fidelização contínua dos clientes assíduos do que propor somente a captação de novos clientes que podem não atender as expectativas e todo o investimento feito pela empresa. Nesse contexto, Aaker (1998) reflete: Talvez o engano mais comum entre as empresas seja tentar crescer principalmente pela conquista de novos consumidores. Frequentemente, elas estão envolvidas em programas agressivos de marketing. O problema é que novos clientes são quase sempre difíceis de conquistar. Simplesmente podem ter pouca motivação para mudar de outra marca. (...) Novos consumidores, mesmo sem muito esforço para atraí-los, aparecerão, alguns influenciados por clientes existentes. Uma base de consumidores é como um balde furado: aumentar a entrada pode implicar em maior desperdício do que remendar os vazamentos (AAKER, 1998, p. 55). Assim, o que se pretende evidenciar no processo de captação de novos clientes é que, além dessa prática, deve-se visualizar e propor melhores condições de compra para os clientes fiéis da empresa, fazendo com que estes não deixem de adquirir um produto ou serviço da empresa e que não encontre mais vantagens na concorrência. Psicologia do consumidor Motivação Percepção Aprendizagem Memória Estímulos de Processo de Marketing decisão de Decisões de compra compra Produtos e serviços Escolha do produto Reconhecimento do Fatores de Preço influência do Distribuição revendedor informações de compra Montante da compra Avaliação de Produtos e serviços Preço alternativas Freqüência de compra Decisões de compra Forma de pagamento Comportamento Distribuição Comunicação Escolha do Busca de comportamento Comunicação Escolha da marca problema pós-compra Figura 2. Modelo do comportamento do consumidor Fonte: Administração de Marketing, Kotler e Keller (2006, p. 183) 3.1 Fatores que influenciam o comportamento de compra Como descrito no capítulo anterior, o Marketing modificou seu foco de atuação, antes centrado no produto, hoje, está voltado também para a análise do cliente e do seu comportamento como atividade fundamental para o desenvolvimento de produtos que atendam as suas necessidades e desejos de forma estratégica. Assim, Gade (1998, p. 5) cita que “ao praticar o Marketing para o cliente, a empresa faz uma análise da sua capacidade produtiva e quanto aos fatores que influenciam a decisão de compra e consumo. Esses fatores são culturais, sociais, pessoais e psicológicos”. De acordo com Honorato (2004): O estudo do comportamento do consumidor identifica o quanto as variáveis mercadológicas influenciam na decisão de compra do consumidor. Por essa razão, é de grande importância sabermos usufruir da contribuição das ciências sociais, como sociologias e psicologia, para entendimento das influências de fatores interpessoais como grupos sociais e culturais e de fatores intrapessoais como hábitos, atitudes e motivações, traçar o perfil do consumidor por meio desses critérios, desenvolver ideias para criar os produtos e desenvolver estratégias para as demais variáveis mercadológicas (HONORATO, 2004, p. 125). Do ponto de vista de Kotler e Keller (2006, p. 173) os fatores culturais são divididos em cultura, subcultura e classe social. Para o autor, a cultura é o principal determinante do comportamento e dos desejos de uma pessoa. “À medida que cresce, a criança absorve certos valores, percepções, preferências e comportamentos de sua família e de outras instituições.” Seguindo essa linha de pensamento, Gade (1998) completa que os fatores culturais são aqueles que fazem parte da relação entre hábitos, costumes, pensamentos e ideologias, além de estar presentes no processo de mudança cultural e relacionar-se com a moda. Posteriormente aos aspectos culturais, têm-se os aspectos sociais que são definidos por Gade (1998) e Kotler e Keller (2006) como aqueles que demonstram influência entre grupos de referência, família, papeis sociais e status. Na sequência, os autores enfatizam também os fatores pessoais determinando a relação destes com a idade e estágio no ciclo de vida, ocupação, circunstâncias econômicas, personalidade, auto-imagem, estilo de vida e valores. Os fatores psicológicos são aqueles que, mediantes os esforços do Marketing, conseguem chegar ao consciente do consumidor fazendo com que esses estímulos reflitam no comportamento em suas decisões de compra. Esse aspecto será evidenciado mais detalhadamente no item 3.4. Além desses, Churchill e Peter (2000) apud Francischelli (2009) afirmam que o Marketing influencia de forma direta o consumidor. Os fatores pertencentes a esse grupo podem ser divididos em: Produto – aspectos como novidades dos produtos, complexidade e qualidade percebida influenciarão o comportamento de compra do consumidor; Preço – influencia o comportamento de compra quando consumidor está avaliando alternativas e chegando a uma decisão. Ele pode dar preferência a um produto que esteja em liquidação ou para o qual tenha um cupom; Colocação (canais de distribuição) – como e onde um produto está disponível influencia se o consumidor irá ou não encontrá-lo. Os canais pelos quais um produto é oferecido também influenciam a percepção do consumidor sobre a imagem do produto; Promoção (comunicação de marketing) – a estratégia de promoção pode influenciar o processo de compra em qualquer estágio. As mensagens enviadas pelo profissional de marketing lembram os consumidores de que eles têm problemas e que há solução para esses problemas. Tais mensagens podem reforçar a decisão de compra. (CHURCHILL; PETER, 2000 apud FRANCISCHELLI, 2009, p. 30). O modo como um produto é desenvolvido, as formas de pagamento e descontos, a maneira como tal está disposto nas gôndolas e como consumidor passa a identificá-lo visualizando ou não a satisfação de uma necessidade ou de um desejo são fatores determinantes para a tomada de decisão no momento da compra. Por isso, a empresa que consegue atingir esses pontos, de forma eficiente e eficaz, consegue também uma maior fatia de mercado. 3.2 Necessidades e desejos dos consumidores Um dos principais aspectos para se conquistar cada vez mais clientes, e que estes confiram lealdade ao produto e à marca, é estabelecer estratégias que moldem o seu estilo de vida e que possibilite a identificação do consumidor com o produto ou serviço. Assim, Kotler e Keller (2006, p. 22) conceituam as necessidades como sendo “os requisitos humanos básicos. (...) Essas necessidades tornam-se desejos quando direcionadas a objetivos específicos que possam satisfazê-las.” Existe uma gama de críticas acerca da função do Marketing no processo de intermediação entre a satisfação das necessidades e os desejos dos consumidores. No dizer de Kotler e Keller (2006) Essas diferenciações lançam uma nova luz sobre a crítica frequente de que ‘o marketing cria necessidades’ ou ‘ o marketing faz as pessoas comprarem coisas que não querem’. O marketing não cria necessidades: as necessidades existem antes deles. O marketing, juntamente com outros fatores sociais, influencia os desejos (KOTLER; KELLER, 2006, p. 22) A análise feita por Pinheiro et al (2006) destaca, ainda nesse contexto: As necessidades são entendidas como motivos biológicos básicos, e os desejos são as formas moldadas pela sociedade para atender tais necessidades. Dessa forma, contrariamente ao que pensam os críticos, o marketing cria desejos, mas não necessidades, já que essas últimas são o fundamento no qual são construídos os primeiros (PINHEIRO et al, 2006, p. 25). Dentro desse pressuposto, Cobra (2009) afirma que as necessidades são as exigências básicas de cada ser humano e que estão presentes dentro do cotidiano de cada um. Porém, os desejos são anseios maiores e que podem ou não ser satisfeitos, enquanto que as necessidades devem ser atendidas em prol da qualidade de vida e da própria vivência. Segundo o autor: Um desejo pode ser composto de duas partes: desejo explícito – que está no nível do consciente das pessoas e que elas conseguem expressar verbalmente; e desejo oculto – que está no inconsciente e que, portanto, elas não conseguem verbalizar ou expressar sem penetrar na sua mente (COBRA, 2009, p. 5). O indivíduo sente anseios desde o seu nascimento e cria desejos ao longo de seu crescimento, assim, como descrito por Kotler e Keller (2006), Cada um de nós possui muitas necessidades o tempo todo. Algumas necessidades são fisiológicas; elas surgem de estados de tensão fisiológicos, como fome, sede e desconforto. Outras necessidades são psicológicas, decorrentes de estados de tensão psicológicos, como necessidade de reconhecimento, estima ou integração. Uma necessidade passa a ser um motivo quando alcança determinado nível de intensidade. Um motivo é uma necessidade que é suficientemente importante para levar a pessoa a agir (Kotler; Keller, 2006, p. 183). Dessa forma, Gade (1998) alega que as necessidades podem ser primárias e secundárias. A primeira representa impulsos que se manifestam de forma fisiológica, e grande parte dos impulsos de motivação se remete ao sistema biológico e desencadeia um comportamento motivado para garantir a sobrevivência e o conforto físico. A segunda são as necessidades de fundo social ou psicológico. 3.3 Principais fatores psicológicos Os principais estímulos enviados em direção ao consumidor são estudados pelo profissional de marketing, a fim de compreender o consciente do comprador, no momento da decisão de compra. “Quatro fatores psicológicos - motivação, percepção, aprendizagem e memória – influenciam a reação do consumidor aos vários estímulos de marketing” (KOTLER E KELLER, 2006, p. 182). 3.3.1 Teoria dos fatores motivacionais A análise do consumidor e as estratégias de marketing são explanadas de forma diferente entre as teorias de Sigmund Freud, Abraham Maslow e Frederick Kerzberg. Na sequência, serão estabelecidas as principais características dessas teorias. 3.3.1.1 Teoria de Freud A teoria de motivação humana descrita por Kotler e Keller (2006) faz referência à Teoria de Freud, ao qual conclui: As forças psicológicas que forma o comportamento dos indivíduos são basicamente inconscientes e que ninguém chega a entender por completo as próprias motivações. Quando uma pessoa avalia marcas, ela reage não apenas às possibilidades declaradas dessas marcas, mas também a outros sinais menos conscientes. A forma, o tamanho, o peso, o material, a cor e o nome podem estimular certas associações e emoções (KOTLER; KELLER, 2006, p.183). Em outras palavras, para Freud as sensações e percepções do consumidor em relação a um produto estão basicamente centradas no seu inconsciente e, por isso, não existe um nível de satisfação total que possa atender a todas as motivações. Assim, o profissional de marketing pode decidir em que nível desenvolver a mensagem e o apelo. 3.3.1.2 Teoria de Maslow Falar em comportamento do consumidor é comprovar, através da Teoria de Maslow, qual a forma adequada para o cliente suprir suas necessidades. Dentro desse aspecto, Gade (1998, p.89) e Kotler e Keller (2006, p. 183) explicam a teoria do psicólogo Abraham Maslow acerca da motivação humana, enfatizando a discussão do processo em que os produtos tornam-se tão evidentes na vida de um consumidor, conseguindo fazer parte de um objetivo e de um estilo de vida em que suas necessidades são saciadas através do processo de compra. Os autores elucidam a ideia de Maslow, procurando primeiramente entender o comportamento humano, evidenciando que cada nível da pirâmide representa uma necessidade e que o indivíduo busca satisfazê-la até chegar ao topo onde se encontra o ponto de satisfação maior: a auto-realização. Algumas críticas surgem no âmbito da compreensão dessa cadeia, uma vez que, na Teoria de Maslow para que se chegue à satisfação maior (auto-realização) é necessário que a anterior esteja completamente cumprida e atendida e, assim, sucessivamente. Kotler e Keller (2006, p. 183) demonstram através do ensinamento de Maslow: As necessidades humanas são dispostas em uma hierarquia, da mais urgente para a menos urgente. Em ordem de importância, elas são necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidade sociais, necessidades de estima e necessidades de auto-realização (KOTLER; KELLER, 2006, p. 183). Dessa forma, é possível observar na figura 2 a hierarquização do processo que envolve as necessidades de cada indivíduo de acordo com o grau de relevância para sua satisfação e realização. Necessidade de auto-realização (desenvolvimento pessoal, conquista) Necessidade de Estima (auto-estima, reconhecimento, status) Necessidades Sociais (relacionamento, amor, fazer parte de um grupo) Necessidade de segurança (defesa, proteção, emprego, abrigo) Necessidades Fisiológicas (fome, sede, sexo, sono,etc.) Figura 3: Hierarquia das necessidades de Maslow. Fonte: Adaptado da obra de Kotler e Keller (2006, p. 184) Seguindo essa abordagem, Pinheiro et al (2006) afirma que: Para Maslow, o ser humano sempre busca o crescimento psicológico, e conforme os níveis inferiores da hierarquia vão sendo razoavelmente atendidos, a tendência é a de que as necessidades localizadas nos patamares mais levados sejam disparadas. Caso haja um não-atendimento de necessidades inferiores, automaticamente os esforços motivacionais de um indivíduo se concentram na redução da tensão localizada no patamar inferior (PINHEIRO et al, 2006, p. 25). Portanto, essa teoria motivacional criada por Maslow contribui para a caracterização das necessidades dos consumidores, bem como contribui para a criação de produtos que atendam a essas necessidades de forma estratégica que possa medir a satisfação dos clientes e o grau de comprometimento com a marca. 3.3.1.3 Teoria de Herzberg Contrária à teoria de Maslow, surgiu a teoria de Herzberg que desenvolveu a de dois fatores: os insatisfatores que são os fatores que causam insatisfação e os satisfatores que são os fatores que causam satisfação. Como descrito por Kotler e Keller (2006) acerca dos efeitos dessa teoria: A teoria de Herzberg possui duas implicações. Primeiro, os vendedores devem fazer o possível para evitar os insatisfatores (por exemplo, um manual de instruções de má qualidade ou uma política de atendimento precária). Embora esses elementos não vendam um produto, podem perfeitamente evitar que ele seja vendido. Segundo, o fabricante deve identificar os satisfatores ou motivadores principais de compra no mercado e agregá-los a seu produto. Os satisfatores fazem a diferença no que diz respeito às marcas que o consumidor comprará (KOTLER; KELLER, 2006, p. 184). Dessa forma, pode-se perceber que a busca pela satisfação contribui de forma significativa para a conquista de novos clientes bem como para o desenvolvimento de produtos que garantam aquilo que o consumidor tem em vista. Esse processo deve está centrado em satisfazer as necessidades do consumidor sejam elas urgentes ou não. 3.3.2 Percepção O processo de motivação se dá através da percepção que o consumidor tem sobre determinada situação. Nesse sentido, Gade (1998) conceitua o termo “percepção” da seguinte forma: Percepção tem sido definida como sensações acrescidas de significados. Por meio dos processos perceptivos as experiências sensoriais são integradas ao que já existe armazenado de experiências anteriores para se obter significado. Implica interpretar estímulos e, para tanto, relacionar componentes sensoriais externos com componentes significativos internos (GADE, 1998, p. 29). Completando a afirmação de Gade é possível relacionar ao pensamento de Kotler e Keller (2006, p. 184) que afirmam “a percepção depende não apenas de estímulos físicos, mas também da relação desses estímulos com o ambiente e das condições internas da pessoa.” O ponto-chave sobre as percepções, elencado pelo autor, é a variação que a mesma pode sofrer dentre um conjunto de indivíduos expostos a mesma realidade, porém com pensamentos e sensações diversas. Seguindo, ainda, a ideia de Kotler e Keller (2006, p. 185) destacam três processos que fazem parte da percepção do indivíduo influenciando seu comportamento: atenção seletiva, distorção seletiva e retenção seletiva. No primeiro, como não é possível prestar atenção em todos os estímulos, a maioria deles é filtrada – um processo chamado atenção seletiva. Isso significa que os profissionais de marketing devem se esforçar ao máximo para atrair a atenção dos consumidores. No segundo aspecto, distorção seletiva, é a tendência que o indivíduo tem de converter a informação em significados subjetivos e interpretá-los de modo que se adéque aos próprios prejulgamentos. Nesse sentido, Kotter e Keller (2006) exemplificam a distorção seletiva, em uma demonstração concreta das crenças, que o consumidor cultiva sobre as marcas é observado no teste de amostra de produtos. Em um teste ‘cego’ de preferência, um grupo de consumidores experimenta o produto sem saber qual é a marca, enquanto outro experimenta o produto conhecendo-a. Invariavelmente, surgem as diferenças de opinião entre esses grupos a despeito de ambos estarem consumido exatamente o mesmo produto! (KOTTER E KELLER, 2006, p. 185). A percepção que o consumidor tem acerca de uma marca surge a partir da crença que ele adotou perante aquele produto, seja por estímulos de marketing ou experiências passadas. “Exemplos de diferenças de preferência influenciadas pela marca existem em praticamente todos os tipos de produto.” (KOTLER e KELLER, 2006, 185). A distorção seletiva beneficia as empresas com marcas fortes, pois ao passo que os consumidores distorcem as informações sobre a marca, ela pode se tornar mais positiva. O último aspecto da percepção elencada pelos autores é a percepção subliminar que se define como a estratégia que as empresas utilizam para embutir mensagens subliminares dissimuladas em embalagens ou na própria publicidade. Mesmo se os consumidores não terem a visão dessas mensagens, elas afetam seu comportamento. Sobre a percepção subliminar, Gade (1998) afirma que: Por percepção subliminar se entende a influência exercida sobre a atitude ou o comportamento por uma mensagem ou informação que não é percebida conscientemente. (...) a pesquisa sobre percepção subliminar demonstrou que as pessoas respondem de várias maneiras a estímulos que não são percebidos e formados na consciência (GADE, 1998, p.42). A ideia trazida pelo autor é que a percepção deriva de processos de exposição, atenção e interpretação seletivos, que servem como processamento de informações geradas a partir de estímulos que proporcionam ao consumidor o reconhecimento do produto, seja por frequencia, intensidade desses estímulos, frases nos anúncios, tamanho desses anúncios, cor da marca, dentre outros aspectos que envolvem o produto, desde sua criação até sua locação no mercado. 3.3.3 Aprendizagem É através das experiências vividas que o indivíduo consegue aprender e essa aprendizagem, no campo do marketing, funciona como fator relevante na conquista e fidelização de clientes. Para Gade (1998) e Kotter e Keller (2006, p. 185) “a aprendizagem consiste em mudanças no comportamento de uma pessoa decorrentes da experiência. A maior parte do comportamento humano é aprendida”. Os fatores de relevância para o surgimento da aprendizagem estão relacionados à interação de impulsos, estímulos, sinais, respostas e reforços. “Um impulso é um forte estímulo interno que impele à ação. Os sinais são estímulos menores que determinam quando, onde e como a pessoa age.” (KOTLER E KELLER, 2006, p. 185) A resposta dada pelo consumidor ao aprendizado que adquiriu ao fazer uso de um produto ou serviço é chamada discriminação, isto é, é o processo pelo qual o indivíduo aprende a emitir uma resposta a um estímulo entre vários parecidos. “O consumidor reforçado para comprar determinada marca terá uma tendência cada vez maior para adquiri-la. A própria cor da embalagem, por exemplo, já o atrairia” (GADE, 1998, p. 70). Uma tendência oposta à discriminação é a generalização. Para Kotler e Keller (2006, p.186) a generalização é a uma mesma resposta ou um mesmo comportamento a estímulos diferentes, isto é, o consumidor acredita, muitas vezes, que adquirindo um produto específico de determinada marca poderá levar essa confiança também para outros produtos. No contexto de Gade (1998): A promessa de reforço positivo ou a ameaça do negativo são elementos centrais na estratégia publicitária, assim como é de extrema importância, neste contexto, fazer com que o consumidor possa discriminar qual o produto e marca que lhe fará os benefícios esperados. O conceito de discriminação se opõe ao de generalização, que acontece quando os estímulos se apresentam de forma semelhante e causam confusão perceptual (GADE, 1998, p. 71). Dessa forma, a aprendizagem surge através de uma associação de estímulos que possibilitam o indivíduo a decidir de forma automática as suas escolhas de compra, visualizando o que previamente foi vivido pelas experiências passadas. Um consumidor pode optar por um produto por ter tido experiências positivas com relação ao mesmo, ou pode não adquirir um produto pelas experiências negativas que ocorreram durante seu uso. 3.3.4. Memória “A memória faz parte do processamento de informações, pois codifica, armazena e resgata informações. (...) A memória identifica, relaciona, organiza e associa elementos de informação” (GADE, 1998, p. 75). Para o autor, a memória tem dois estados, a memória permanente e a memória de trabalho, e duas formas: a memória a curto prazo e a memória a longo prazo. A memória de curto prazo é um repositório temporário de informações, já a memória de longo prazo é um repositório onde as informações são armazenadas de forma mais permanente. Essa última baseia-se em um modelo do tipo associativo, ou seja, a memória de longo prazo consiste em uma série de nós e ligações. “Nós são informações armazenadas e conectadas, ou associadas, por meio de ligações que variam em intensidade” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 186). Os autores acima citados enfatizam que se pode fazer um paralelo acerca da rede de associações e o conhecimento da marca: O conhecimento da marca na memória pode ser definido como a ligação entre um nó de marca e uma rede de associações. A intensidade e a organização dessas associações são determinantes significativas de quais informações podem ser recuperadas sobre a marca. Associações de marca consistem em todos os pensamentos, sentimentos, percepções, imagens, experiências, crenças, atitudes, e assim por diante, ligados ao nó de marca (KOTLER; KELLER, 2006, p. 186). Dessa forma, é notório que a memória do consumidor correlaciona o produto e sua respectiva marca de acordo com as percepções e experiências que o mesmo teve ao adquirir e consumir um produto. Gade (1998, p. 80) afirma que “o posicionamento de produto ou marca é resultado de um bem-sucedido aprendizado fazendo com que haja discriminação, diferenciando estes produtos ou marcas dos outros.” Em outras palavras, a forma como os produtos ou marcas são posicionados na mente do consumidor contribui para a sua posição com relação a outros. A imagem de um produto ou marca é resultante da quantidade e da qualidade dos símbolos percebidos e atribuídos pelos consumidores no momento da escolha. “A identidade da marca consiste da visão da empresa a respeito da mesma e se manifesta nos seus aspectos físicos, sua ‘personalidade’. A imagem da marca se remete à percepção do consumidor da mesma” (GADE, 1998, p. 81). 4 AS MARCAS E O BRANDING 4.1. As marcas 4.1.1 Surgimento e evolução das marcas É evidente que o ato de marcar surgiu, há muitos anos, com as primeiras formas de identificação de produtos trocados entre os indivíduos. Assim, para que não houvesse desordem quanto à origem da mercadoria e seu respectivo fabricante, a mesma era marcada para facilitar o relacionamento comercial. “Entre os anos 900 e 1200, devido a questões de comércio entre cidades, surgiram as primeiras marcas. Eram as marcas de pureza e foram as primeiras marcas de qualidade das quais se tem registros históricos” (NASCIMENTO; LAUTERBORN, 2007, pág. 13) A origem das marcas, segundo Nascimento e Lauterborn (2007): (...) remota ao surgimento do homem na Terra, com sua necessidade de representar para si e para os demais; com sua necessidade de agradecer aos deuses; com sua necessidade de marcar algo como sua propriedade; com sua necessidade de identificar a origem de algo; enfim, com a necessidade humana de simbolizar, representar e significar (NASCIMENTO; LAUTERBORN, 2007, p. 12). Como expresso acima, a prática de marcar produtos para diferenciá-los dos demais fabricantes existe desde a idade antiga. Pinho (1996) relata sobre esse aspecto histórico de modo relevante para o estudo e a compreensão das marcas. Na Grécia antiga (...) para as populações largamente analfabetas da época, o uso de pinturas revelou-se a melhor forma para identificar os comerciantes e as mercadorias que vendiam. (...) Na Idade Média, as corporações de ofício e de mercadores adotaram o uso de marcas como procedimentos para o controle de quantidade e da qualidade da produção (PINHO, 1996, p. 11-12). Somente na Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, as marcas foram utilizadas no campo do Marketing com o processo de criação de embalagens para produtos industrializados e como forma de expandir técnicas de promoções de vendas, determinando a importância estabelecida pelas mais conhecidas. Essa estratégia de promoção foi empregada para que elas se tornassem ícones diante de um mercado cada vez mais competitivo (PEREZ, 2004). Nascimento e Lauterborn (2007) relatam sobre a representatividade das marcas da seguinte forma: Temos histórias em todos os continentes repletas de símbolos e marcas. Todos representando algo. Todos tendo significados próprios e especiais para aqueles que acreditam no que tal símbolo representa. Um verdadeiro jogo de algo que é valioso para alguém e, então, convenciona-se que um símbolo representa aquilo (NASCIMENTO; LAUTERBORN, 2007, p. 12). Foi em 1883 que as marcas passaram a ser registradas com base legal, a fim de coibir a concorrência desleal. Por volta de 1890, a maioria dos países industrializados possuía legislação específica sobre propriedade e proteção de marcas1. De acordo com Perez (2004) a importância das marcas foi consolidada no período pós-Primeira Guerra Mundial, em que a propaganda tornou-se cada vez mais predominante e a busca pela construção de marcas fortes tornaram-se evidentes principalmente para as empresas privadas que passaram a identificá-las como ferramentas de sustentabilidade e de sucesso empresarial. Assim, Pinho (1996) completa essa ideia afirmando que a falta de valorização das marcas, principalmente durante a crise de 1929, gerou uma disputa entre empresas relacionadas meramente ao preço do produto, uma vez que, a falta de publicidade fez muitas marcas ficarem esquecidas pelos consumidores que sofriam com a crise: No começo do século XX, o sucesso das marcas lançadas pelas indústrias e divulgadas intensamente pela publicidade comercial motivou cooperativas, organismos oficiais e grupos econômicos a criarem suas marcas e divulgálas. (...) A crise econômica de 1929 trouxe como um dos seus resultados a profunda recessão que perdurou durante os anos 30, deslocando a publicidade de produtos e marcas para uma forte concorrência de preços. A guerra de preços e a perda de qualidade dos produtos, esta como estratégia para a redução de custos, ensinou a primeira lição: em época de crise, a publicidade comercial não deve ser reduzida, sob pena de produto e marca sucumbirem no mercado (PINHO, 1996, p. 14). 1 No Brasil, o órgão responsável pelo registro da marca é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que está ligado ao Governo Federal (PEREZ, 2004). Seguindo essa linha do tempo, encontra-se, já na pós-Segunda Guerra Mundial, a nova era do Marketing, em que as marcas passaram a constituir uma importante manifestação da economia com o seu papel e efeitos sendo intensificados pelo uso dos instrumentos da comunicação mercadológica. Na visão de Perez (2004) a importância das marcas, ao longo dos anos, se tornou presente quando os comerciantes descobriram a formação de instrumentos perceptíveis para os consumidores e que estes contribuíssem para a venda frequente de seus produtos. Quanto maior a variedade fabricada, maior se tornava a demanda, gerando uma reação em cadeia. Isso levou fabricantes, atacadistas e varejistas a escolherem marcas que fossem eficazes em vários sentidos: fáceis de lembrar; de fácil pronúncia; originais e que descrevessem, se possível (...), o produto de forma criativa (PEREZ, 2004, p. 9). Dessa forma, é notório o espaço que as marcas estão ganhando no Marketing, como aspectos que influenciam de forma direta o comportamento do consumidor. Sua evolução vem garantindo vantagem para as empresas que se preocupam com a geração de valores de suas marcas. Quanto maior for sua evidência no mercado, maior será seu reconhecimento no momento da compra. 4.1.2 Conceitos e características das marcas O conceito de marca tem sua origem em meados do século XIII, como característica de representar algo (NASCIMENTO; LAUTERBORN, 2007). Tavares (2003) alega que: O conceito de marca é um termo utilizado para abarcar um certo número de elementos básicos diferenciados que coletivamente definem a marca. Ele se divide em componentes de produto – atributos e benefícios do produto -, componentes linguísticos e componentes perceptuais/ benefícios emocionais – conceito, alma, identidade, imagem, espírito, personalidade, posicionamento -, que geram valor patrimonial de marca, funcionalidade e simbolismo, estatura e vitalidade à marca e acabam por parasitar a mente, (...), replicando e infectando as cabeças dos clientes e consumidores, graças a uma tática fundamental: a comunicação de marketing (TAVARES, 2003, p. 46). A definição dada às marcas pelo autor Aaker (1998) demonstra a capacidade de diferenciação que as mesmas proporcionam aos bens e serviços, de maneira que estes possam servir como instrumentos de publicidade e divulgação de suas possíveis qualidades e atributos. O autor conceitua a marca da seguinte maneira: Uma marca é um nome diferenciado e/ou símbolo (tal como um logotipo, marca registrada, ou desenho de embalagem) destinado a identificar os bens ou serviços de um vendedor ou de um grupo de vendedores e a diferenciar esses bens e serviços daqueles dos concorrentes. Assim, uma marca sinaliza ao consumidor a origem que oferecem produtos que pareçam idênticos (AAKER, 1998, p. 7). Nesse sentido, Carvalho (2001, p. 37) enfatiza: “a primeira função da marca é particularizar o produto; segunda é mobilizar conotações efetivas. Numa economia de concorrência, poucos produtos conservam uma superioridade técnica”. A American Marketing Association conceitua, em 1960, a marca, nome de marca e marca registrada, da seguinte forma: Marca é um nome, termo, sinal, símbolo ou desenho, ou uma combinação dos mesmos, que pretende identificar os bens e serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e diferenciá-los daqueles dos concorrentes. Nome da marca é aquela parte da marca que pode ser pronunciada, ou pronunciável. Marca registrada é uma marca ou parte de uma marca a qual é dada proteção legal, porque é capaz de apropriação exclusiva. Outra definição para as marcas é a trazida pelo autor Martins (2005): Uma marca é um produto ou serviço ao qual foram dados uma identidade, um nome e valor adicional de uma imagem de marca. A imagem é desenvolvida pela propaganda ou em todas as outras comunicações associadas ao produto, incluindo a sua embalagem (MARTINS, 2005, p. 13). Atualmente, a marca é muito mais do que um sinal de diferenciação entre os produtos, ela envolve, além disso, uma gama de variáveis tanto racionais quanto emocionais, que fazem parte do contexto de atuação do consumidor no mercado e que moldam o seu pensamento e suas escolhas. Nas palavras de Ogilvy (1997) apud Francischelli (2009), há a caracterização e definição mais extensa das marcas como um elemento intangível: Uma marca é um símbolo complexo. Ela é a soma intangível dos atributos do produto, de seu nome, seu preço, sua embalagem, sua história, sua fama e a forma como é feita sua publicidade. Uma marca é também definida pelas impressões dos consumidores sobre as pessoas que a usam, tanto quanto pela sua própria experiência. (FRANCISCHELLI, 2009, p. 40). Para o autor, a marca deve refletir emoção e sentimento, além de todos os seus outros atributos, capaz de fazer conexão com o consumidor e influenciando na identificação dos seus desejos mais ocultos. Dessa forma, Terra (2009) apud Francischelli (2009) traz o exemplo da Nike para concretizar a ideia do posicionamento emocional da marca perante os consumidores. Segundo ele, a Nike transmite atitude, dinamismo, radicalismo e espírito aventureiro, acarretando um universo que é transportado para quem utilizálo. Damante (2002) apud Francischelli (2009) traz, também, o exemplo da Coca-Cola, como marca forte e de grande participação no cotidiano dos indivíduos. O autor comenta que a marca transmite alto astral, alegria e confraternização que possibilitam uma integração do produto no meio de vivência do consumidor, fazendo parte de suas escolhas no momento da compra. As principais características das marcas segundo Kapferer (1994) apud Caputo (2008) é a capacidade que a marca tem de agregar seis níveis de significado: atributos (qualidade, desempenho, prestígio, status, dentre outros); benefícios (podem ser benefícios sobre sua função ou benefícios emocionais); valores (tradução dos principais valores da organização); cultura; personalidade e usuário (tipo de consumidor que adquire um produto ou serviço). O estudo das marcas foi, durante muito tempo, de competência do Marketing, entretanto existe, hoje, um modelo bastante particular de construção de valores das marcas: é o branding (que será definido mais detalhadamente no item 4.2). Na visão do autor Martins (2006), existe um conflito entre os interesses primordiais do Marketing e do branding, no que tange à administração das marcas: Administrar marcas é uma função muito complexa e, em geral, restrita ao departamento de marketing das empresas, o que é um costume que tem prejudicado bastante o desenvolvimento do branding inovador. Em muitos casos, inclusive, algumas práticas de marketing entram em conflito com os interesses do branding (MARTINS, 2006, p. 143). Para o autor, o Marketing define e trabalha somente alguns aspectos acerca do comportamento do consumidor perante as marcas. Por outro lado, o branding torna o valor das marcas muito além da sua natureza econômica, passando a fazer parte da cultura e influencia o estilo de vida dos consumidores. Ainda nesse contexto, Perez (2004, p. 3) completa: “as marcas assumem destaque nas relações de vendas e compra indo além da ideia de meras facilitadoras das transações comerciais para transformar-se em poderosos e complexos signos de posicionamento social e de ser no mundo.” A ideia trazida por Hernandez (2002) apud Francischelli (2009) destaca que “criar e manter uma marca não pode ser papel da agência de propaganda, como fazem muitas empresas. A propaganda é importante na divulgação da marca, mas a base para sua subsistência está na inovação”. O autor completa descrevendo que “os produtos sustentam uma marca, mas uma marca é muito mais que seus produtos”. Um elemento de essencial destaque nas marcas é o logotipo. É através da sua construção que a marca consegue se posicionar de forma consistente na mente das pessoas. O termo logotipo2, segundo Pinho (1996, p. 14) aplicava-se ao seu sentido original: “um recurso pelo qual se pretendia substituir os caracteres móveis individuais utilizados na composição tipográfica por grupos de letras reunidos em uma peça única.” Assim, Rabaça e Barbosa (1978) apud Pinho (1996, p. 15) enfatizam: Seu principal objetivo é provocar a identificação imediata de uma determinada instituição ou produto, e para isso ele deve ser facilmente fixado na memória do público, destacando-se entre milhares de outros estímulos visuais que diariamente são recebidos pelas pessoas. Essa memorização instantânea é reforçada pelo uso constante do logotipo, no contexto das mensagens e de todos os meios que a empresa utiliza (anúncios, impressos, veículos de transporte, letreiros, embalagens etc.). (RABAÇA; BARBOSA, 1978, apud PINHO 1996, p. 15). De acordo com Martins (1999) apud Tavares (2003, p. 46), “a marca é uma mina de ouro do negócio, pois, quando bem construída, oferece diferenciação e valor; é uma entidade com personalidade independente, e está além do produto.” 22 Palavra formada pela junção dos elementos gregos lógos (palavra) e typos (impressão, marca). A American Marketing Association (1960) define logotipo como “a parte da marca que é reconhecível, mas não é pronunciável, como um símbolo, desenho ou cores e formatos de letras distintas.” (Pinho, 1996) Nesse sentido, Keller (1993) apud Caputo (2008) argumenta que: A marca pode corresponder a três tipos de benefícios: funcionais (vantagens intrínsecas ao produto); simbólicos (vantagens extrínsecas, tais como autoconfiança, sentimento de pertinência a determinado grupo, etc.); e experienciais (relacionados à satisfação pessoal no uso do produto). Para Martins (2005), quem possibilita a sustentação da marca no mercado são os consumidores. Dessa forma, o autor enfatiza que uma imagem associada, de forma correta, a uma marca possibilita que o consumidor se atente não somente ao preço, como também aos atributos, sejam eles emocionais ou operacionais do produto. “Ele reconhece que o menor preço encontrado no mercado pode não representar a melhor decisão para suas necessidades.” (MARTINS, 2005, p. 27). 4.2 O Branding 4.2.1 A importância do Branding Uma marca bem alocada em um produto, e este devidamente posto no mercado, reflete no comportamento favorável do consumidor. Embora a comunicação do Marketing agregue valor ao produto e leve-o até o interessado, as marcas conseguem firmar-se na mente deste mediante suas próprias características perceptíveis que denotam uma realidade constante das necessidades e desejos dos clientes. Para Holt (2005) os “profissionais de Marketing gostam de ver, nas marcas, um fenômeno psicológico proveniente das percepções dos consumidores individuais”. Porém, a natureza coletiva dessas percepções torna uma marca ainda mais forte. O conjunto das reações dos consumidores perante as marcas traduz qual o seu potencial dentro da sociedade. De acordo com Martins (2005) o estágio mais avançado da concretização da marca no mercado é o branding, em que é submetida a procedimentos mais apurados que identificam os riscos, ameaças e oportunidades para as organizações em virtude da necessidade de se estabelecer padrões de qualidade na correta administração de marcas. É sabido que o branding remete aos esforços de Marketing utilizado para criar uma imagem sólida de uma marca, enquanto que o brand equity (ver item 4.2.2) é o valor adicional que é conferido a algum produto ou serviço. Nesse sentido, Martins (2006) contempla a definição de branding da seguinte forma: Branding é o conjunto de ações ligadas à administração das marcas. São ações que, tomadas com conhecimento e competência, levam as marcas além da sua natureza econômica, passando a fazer parte da cultura, e influenciar a vida das pessoas. Ações com a capacidade de simplificar e enriquecer nossas vidas num mundo cada vez mais confuso e complexo (MARTINS, 2006, p. 8). Para Kotler e Keller (2006), o branding corresponde à prática de dotar produtos e serviços mediante a utilização de uma marca forte e consistente. Para o autor, essa ferramenta está pautada na criação de diferença para a marca e enfatiza, ainda, que: Para colocar uma marca em um produto, é necessário ensinar aos consumidores ‘quem’ é o produto (...), bem como a ‘que’ ele se presta e ‘por que’ o consumidor deve se interessar por ele. O branding diz respeito a criar estruturas mentais e ajudar o consumidor a organizar seu conhecimento sobre produtos e serviços, de forma que torne sua tomada de decisão mais esclarecida e, nesse processo, gere valor à empresa (KOTLER; KELLER, 2006, p. 269). A gestão das marcas é considerada um desafio para os profissionais de Marketing, uma vez que os mesmos têm a responsabilidade de encontrar as melhores formas de administrar os valores e atributos das marcas, na tentativa de construir uma imagem “coerente, apropriada e atrativa ao consumidor e que contribua para o estabelecimento da brand equity, como valor financeiro da empresa e como valor agregado à marca” (PINHO, 1996, p. 43). Em termos de estratégias, Kotler e Keller (2006, p. 291) elencam que “a primeira decisão estratégica de branding é se um nome de marca será ou não criado para o produto. Hoje, o branding tem um poder tão grande que dificilmente algo fica sem marca.” Kotler (2008) destaca que a marca forte deve entender como o consumidor se comporta diante de tudo que a empresa dispõe e pratica, assim, o branding precisa de consistência e transparência para que venha a ser algo expressivo em suas atividades. 4.2.2 Categorias do Brand Equity É notório que o brand equity participa da administração da empresa como uma ferramenta adicional na construção e criação de valor da marca. Nesse âmbito, Pinho (1996) relata: Uma marca passa a significar não apenas um produto ou serviço, mas incorpora um conjunto de valores e atributos tangíveis e intangíveis relevantes para o consumidor e que contribuem para diferenciá-la daquelas que lhe são similares. Assim, ao adquirir um produto, o consumidor não compra apenas o bem, mas todo o conjunto de valores e atributos da marca (PINHO, 1996, p. 43). Nesse sentido, é possível descrever que além do valor real e tangível da marca, ela possui valores adicionais que elevam sua importância dentro do mercado. Dessa forma, Aaker (1998) conceitua o brand equity como: Um conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca, seu nome e seu símbolo, que se somam ou se subtraem do valor proporcionado por um produto ou serviço para uma empresa e/ou para os consumidores dela. Para que certos ativos e passivos determinem o brand equity, eles devem estar ligados ao nome e/ou símbolo da marca. Se o nome da marca ou seu símbolo for mudado, alguns ou todos os ativos ou passivos poderão ser afetados, e mesmo perdidos, embora parte deles possam ser desviados para um novo nome e símbolo (AAKER, 1998, p. 16). Relacionando a esse aspecto das marcas, Kotler e Keller (2006) trazem o seguinte conceito: O brand equity é o valor agregado atribuído a produtos e serviços. Esse valor pode se refletir no modo como os consumidores pensam, sentem e agem em relação à marca, bem como nos preços, na participação de mercado e na lucratividade que a marca proporciona à empresa. O brand equity é um importante ativo intangível que representa valor psicológico e financeiro para a empresa. (KOTLER; KELLER, 2006, p. 270). Para Aaker (1998) essa ferramenta de apoio a geração de valor às marcas geralmente acrescentam ou subtraem valor também para os consumidores. Em outras palavras, pode auxiliar a interpretação e o processamento das informações sobre os produtos e as marcas, e pode afetar na confiança do consumidor na decisão de compra. “Potencialmente mais importante é o fato de que tanto a qualidade percebida como as associações da marca podem aumentar a satisfação do consumidor com a experiência de utilização.” (AAKER, 1998, p. 17) Para Pinto e Troiano (1993) apud Pinho (1996), “o brand equity é o incremento patrimonial que vai se juntar ao patrimônio líquido, perfazendo o valor de venda da empresa e de suas marcas.” Para o entendimento mais preciso acerca do brand equity, Aaker (1998) traz as cinco categorias de ativos que se encontram subjacentes ao brand equity e que são consideradas a base para a geração de valor às marcas: Lealdade à marca; conhecimento do nome; qualidade percebida; associações à marca em acréscimo à qualidade percebida; outros ativos do proprietário da marca (patentes, trademarks, canais de distribuição, etc.). Além dessas categorias que definem o brand equity, o autor ainda enfatiza a relevância para os clientes e para a empresa. (Figura 4) Figura 4. Brand Equity Fonte: Retirado da obra de Aaker (1998, p. 18) Na primeira categoria, lealdade à marca, Aaker (1998, p. 19) afirma que a mesma diminui o impacto da concorrência. “Os concorrentes podem ver-se desencorajados a investir recursos para atrair consumidores satisfeitos. Uma alta lealdade implica, ainda, melhores negócios com o comércio, uma vez que os consumidores leais esperam que a marca esteja sempre disponível.” Pinho (1996) completa o pensamento de Aaker ao afirmar: Ganhar a fidelidade do consumidor é o objetivo maior de qualquer produto. Enquanto o custo para conquistar novos clientes é elevado, ele é relativamente pequeno para manter os consumidores já existentes, principalmente se eles estão satisfeitos com a marca e demonstram fidelidade (PINHO, 1996, p. 47). Para Kotler (2008, p. 175) a lealdade à marca consiste no “grau de comprometimento que a marca alcança entre a base de consumidores, e mais além. Consiste da proximidade, da intimidade e da fidelidade à marca.” (A fidelidade às marcas será detalhada no item 5.2). A segunda categoria é o conhecimento do nome da marca e de seus símbolos que, segundo Pinho (1996) e Aaker (1998), as pessoas dão preferência a uma marca conhecida, pois sabem dos seus atributos que as torna familiar, e consequentemente, vista como uma marca confiável e de boa qualidade. Assim, diante do mercado competitivo, as mais conhecidas terão destaque na criação de valor e de preferência do consumidor. Para os autores, uma marca desconhecida tem pouca chance de se colocar no mercado e ter um ciclo de vida longo, comparado às marcas conhecidas. Do ponto de vista de Martins (2006), A primeira missão dos executivos de marketing ou marcas é criar e melhorar o reconhecimento de marca, formando uma base sólida de elementos que acompanham associações positivas à marca. Entendemos que nesse aspecto ocorre a convergência entre posicionamento e comunicação de marcas, os quais irão formar o BE (Brand Equity). A marca apenas irá formar níveis ótimos de reconhecimento se possuir um posicionamento diferenciado, legítimo, graficamente bem estabelecido e comunicado. Certamente, essas condições exigem produtos e serviços em linha com as necessidades e exigências conhecidas e desconhecidas pelos consumidores (MARTINS, 2006, p. 197). Na terceira categoria, tem-se a qualidade percebida que, segundo Pinho (1996, p. 48) e Aaker (1998), caracteriza-se através da percepção global de qualidade associada a uma marca que influencia decisivamente nas decisões de compra e na fidelidade à marca. Em outras palavras, a qualidade percebida ajuda diretamente as escolhas de compra e a lealdade à marca, especialmente quando um comprador não está motivado ou capacitado a fazer uma análise detalhada. Na concepção de Gade (1998): A qualidade é percebida quando o consumidor interpreta como sinais de qualidade de um produto a marca, o preço, a aparência física e a reputação do ponto de venda no qual é oferecido. O consumidor, em outras palavras, se utiliza de pistas extrínsecas como embalagem, marca e preço, e de pistas intrínsecas, como os ingredientes ou componentes do produto para inferir qualidade (GADE, 1998, p. 46) Martins (2006, p. 237) completa ao afirmar que “a qualidade percebida é a percepção pelo consumidor de superioridade de um produto ou serviço com relação às alternativas disponíveis”. Em sequência encontra-se a quarta categoria do brand equity, o conjunto de associações da marca, em que, segundo Aaker (1998), é o valor subjacente do nome de uma marca que se baseia em associações específicas ligadas a ela. Se uma marca estiver posicionada de forma correta sobre um atributo-chave, os concorrentes terão dificuldade de atacar. Nesse contexto, Pinho (1996, p. 48) elucida: O valor de um nome de marca pode estar basicamente nas associações estabelecidas para a marca por meio de figuras de propaganda, do testemunho de personalidades ou mesmo de características tangíveis, como a superioridade tecnológica do fabricante e intangíveis, como exemplo de segurança e prestígio, entre outros (PINHO, 1996, p. 48). O processo que leva a uma associação da marca na mente do consumidor deve está centrado nas perspectivas de fidelização do cliente, uma vez que este associa as informações passadas pela propaganda ao produto e as interpreta de maneira diferenciada, sendo associações tangíveis ou intangíveis. Martins (2005, p. 157) explana a ideia de que: Antes de se ocuparem das mudanças no sistema econômico e financeiro interno, incluindo as campanas de comunicação, as empresas devem entender até que ponto as suas decisões internas podem comprometer as associações da marca na mente dos consumidores, deixando espaço para marcas concorrentes novas ou reposicionadas (MARTINS, 2005, p. 157). Uma associação da marca, mencionada por Aaker (1998), é encarada pelos profissionais de Marketing como qualquer coisa que pode ser relacionada com uma marca. A posição desta baseia-se nas suas associações e como diferem da concorrência. Essa associação pode entrar em contato com alguma informação do consumidor e gerar um comportamento de compra, além de servir como base para possíveis extensões. Para Pinho (1996) as associações evocadas pela imagem de marca podem ser tangíveis (hard) ou intangíveis (soft). As primeiras dizem respeito aos atributos funcionais, tais como performance do produto, preço, garantia, serviços e tecnologia. As intangíveis ou emocionais são atributos como masculinidade, entusiasmo, confiança, diversão, eficiência. Os atributos soft garantem um maior reconhecimento das diferenças entre as marcas mais importantes de uma categoria e, portanto, causam maior impacto no comportamento do consumidor (PINHO, 1996, p. 50). E, por fim, a última categoria do brand equity baseia-se nos ativos do proprietário da marca, ou seja, são as patentes, marcas registradas e relações com os canais de distribuição. Aaker (1998) alega: Esses ativos de marca serão muito valiosos se inibirem ou impedirem as ações dos concorrentes de erodir a base e a lealdade dos consumidores. (...) A patente, se for forte e relevante na escolha do consumidor, pode impedir a concorrência direta. Um canal de distribuição pode ser controlado por uma marca em função do histórico de sua performance (AAKER, 1998, p. 22). Diante das ideias elencadas, fica evidente que a marca necessita de mecanismos que possibilitem o crescimento do seu valor tangível e intangível. Em outras palavras, o conceito de brand equity, que está relacionada com a criação de um valor agregado nas marcas da empresa, é obtido pela administração de Marketing e de comunicação, envolvendo atributos, valores, sentimentos e percepções conectados à marca. 5 PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA Quando a tomada de decisão de compra é evidenciada pela busca daquilo que não está mais latente na cadeia de necessidades do indivíduo, em que seus desejos são mais evidentes em sua compra, o processo de tomada de decisão de consumo é considerado mais emocional do que racionalmente. Por outro lado, existem exigências que, para serem satisfeitas, precisam de uma análise dos recursos disponíveis bem como as opções de compra. Dessa forma, torna-se relevante a divisão do processo de compra em cinco etapas que podem ou não estarem totalmente presentes no ciclo de compra, uma vez que, quando uma marca, produto ou qualidade já se tornam conhecidos pelo consumidor, este tende a pular alguns estágios de compra. 5.1 Estágios do processo decisório de compra Vários estudiosos de Marketing desenvolveram etapas que elucidam o processo de compra do consumidor, desde a identificação da urgente até o resultado da compra em que é observado o seu comportamento após adquirir e experimentar o produto ou serviço. Partindo do pressuposto de que a marca instiga a decisão de compra do consumidor de forma direta. Pode-se dividir esse processo de decisão em cinco estágios que, segundo Gade (1998, p. 241) e Kotler e Keller (2006, p.188), são: reconhecimento do problema, busca de informações, avaliação das alternativas, decisão de compra e comportamento pós-compra. Limeira (2007) apud Francischelli (2009, p. 34) defendem que um dos veículos influenciadores fortemente da decisão de compra é a propaganda, sendo uma das ferramentas mais utilizadas pelo Marketing. O autor cita que “seu papel é fundamental nas etapas de decisão de compra e consumo. Também no reconhecimento da necessidade, busca e avaliação de alternativas, reforçando e estimulando o consumidor em relação ao produto”. 5.1.1 Reconhecimento do problema Esse estágio refere-se ao processo que o consumidor realiza ao reconhecer suas necessidades. Em outras palavras, esse estágio é entendido como o momento em que o consumidor identifica um problema e faz uma análise desse para, posteriormente, viabilizar a satisfação da necessidade ou desejo que devem ser traduzidos pelo Marketing para que este possa propor alternativas que se encaixem com essa necessidade e desejo, seja, propondo novos produtos, novas marcas, melhor posicionamento do produto no mercado, etc. Cabe, ao profissional de Marketing, “identificar as circunstâncias que desencadeiam determinada essência coletando informações entre vários consumidores. Assim, podem desenvolver estratégias de Marketing que provocam o interesse do consumidor” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 189). Nesse sentido, Gade (1998, p. 241) completa afirmando que o processo de reconhecimento do problema é “definida como uma diferença percebida entre a situação presente e a situação desejada, diferença suficientemente grande para induzir ativação do processo decisório”. O que significa dizer que quando o consumidor sente uma incongruência entre seu estado atual e desejado, procura reconhecer essa situação-problema e tende a sentir que precisa adquirir algum bem ou serviço. Cobra (2009) exemplifica o processo de reconhecimento de uma necessidade de duas formas: através dos estímulos internos – que é a situação percebida de desconforto, de natureza física ou psicológica (fome, sede, sexo) -, e estímulo externo – como o aroma de café, o cheiro de churrasco, o cheiro de pão fresquinho; são sensações externas que atuam sobre o indivíduo estimulando-o ao consumo. Os determinantes do reconhecimento do problema, segundo Gade (1998) são: Insatisfação com a situação presente; modificações da família, em que a quantidade de itens comprados depende da quantidade e aspectos da família; mudança na situação financeira e uma modificação em relação aos grupos-referência que já não são os mesmos, fazendo com que o indivíduo perceba um problema no sentido de ser diferente do grupo e querer se igualar (GADE, 1998, p. 241). Diante disso, o reconhecimento de uma necessidade é considerado a primeira etapa do processo de compra e funciona como um comando em que o consumidor procura saciar necessidades humanas através da aquisição de bens e serviços. Em seguida, se dá a busca de informações, avaliação, compra e comportamento pós-compra. 5.1.2 Busca de informações O segundo estágio é a busca de informações que é a etapa em que o consumidor tende a procurar o conhecimento sobre o produto, suas vantagens e desvantagens, suas características e funcionalidades. Essa busca pode se concentrar em fontes pessoais (família, amigos, vizinhos), fontes comerciais (propaganda vendedores, embalagens), fontes públicas (meios de comunicação de massa) e fontes experimentais (manuseio, exame, uso do produto), (KOTLER; KELLER, 2006). Quando a marca da empresa está fidelizada perante o cliente, essa etapa, muitas vezes, não acontece, uma vez que o produto já é definido previamente pelo consumidor ao identificar sua necessidade. Nesse sentido, Gade (1998, p. 243) elucida que “após ter percebido a situação-problema, o consumidor inicialmente busca na memória a solução do problema. Caso o conhecimento não seja suficiente e a resposta não seja satisfatória, parte para a busca externa.” Dentro de um ambiente de compra, é comum o consumidor se sentir interessado por vários produtos de marcas diferentes, porém o que acontece, na maioria das vezes, é aquela informação a mais que acaba fazendo toda a diferença no momento da escolha do consumidor. Dentro desse pressuposto, Cobra (2009) relata que a pesquisa de informações começa pela identificação das alternativas que proponham melhores soluções para as necessidades. Pode-se perceber que o nível de informações que um produto oferece contribui de maneira significativa para a decisão de compra do consumidor além de facilitar o processo de escolha, ou seja, as marcas ou produtos que têm em sua composição maiores informações sejam compostas por imagens, símbolos ou instruções torna-se alvo da preferência do consumidor. Kotler e Keller (2006) expõem: O consumidor interessado tende a buscar mais informações. Podemos distinguir entre dois níveis de interesse. O estado de busca mais moderado é denominado atenção elevada. Nesse nível, a pessoa é mais receptiva a informações sobre um produto. No outro nível, a pessoa embarca em uma busca ativa de informações: procura literatura a respeito, telefona para amigos, vasculha a Internet e visita lojas para saber mais sobre o produto (KOTLER; KELLER, 2006, p. 189). Diante disso, é possível afirmar que, por meio da coleta das informações, o consumidor toma conhecimento de marcas concorrentes e seus atributos. Cabe às empresas identificar as marcas no conjunto de escolha do consumidor para que possa planejar apelos concorrenciais. Além disso, deve identificar as origens das informações obtidas pelo consumidor e avaliar sua relevância. “Pode-se perguntar como eles ouviram falar da marca pela primeira vez, que informações adquiriram mais tarde e a importância dessas diferentes fontes de informação” (KOTLER E KELLER, 2006, p. 190). Isso servirá para as empresas se anteciparem às novas tendências e na comunicação para atingir ao público-alvo. 5.1.3 Avaliação de alternativas No terceiro estágio, encontra-se a avaliação de alternativas em que o consumidor irá comparar qual a melhor escolha e qual o produto que trará mais benefícios. Avaliação das alternativas permite diferenciar o produto do concorrente a partir de uma análise dos motivos que levam a escolha de uma marca ou produto que atenda aos objetivos pessoais do consumidor. Nesse contexto, Cobra (2009) destaca que: De posse de diversas informações, o consumidor se depara frente a frente com a necessidade de escolher a melhor alternativa em termos de conveniências e custos. Mas a influência da marca é significativa. Entre várias marcas de um mesmo produto, prevalece aquela mais reconhecida e lembrada no mercado. Quando o fator tempo é preponderante, a decisão de compra pesa para a alternativa de solução mais rápida. Quando, no entanto, o fator preço for importante, o produto de melhor alternativa de custo e qualidade ganha a preferência (COBRA, 2009, p. 95). O que significa que a marca, a agilidade da satisfação de uma necessidade e o preço do produto são elementos que são observados pelo consumidor no momento de sua decisão de compra. No âmbito das marcas, como influenciadoras do comportamento de compra, é notório que a empresa deve alavancar o valor da marca para torná-la conhecida perante as demais. O consumidor procura qualidade, segurança, destaque e, acima de tudo, um produto que atenda às suas exigências. Diante disso, os profissionais de Marketing tentam propor, em uma só marca, todos esses atributos que possibilitam a sua identificação no ponto-de-venda e que desperte no consumidor o interesse pelo produto. A marca deve conter atributos que vão além do produto em si. Nesse sentido, Gade (1998) menciona sobre o estágio da avaliação das alternativas da seguinte forma: Na avaliação de alternativas, temos fatores básicos como o conhecimento armazenado no plano da Memória e o nível motivacional. Este último direciona as preferências para aquelas marcas, produtos e benefícios que são percebidos como indicadores de trazer maior satisfação. E o aprendizado, o conhecimento, por sua vez, direcionam avaliação por meio de padrões de comparação (GADE, 1998, 245). Esse fator exprime a importância que a marca representa em meio às decisões de compra e escolhas podendo ser critério de avaliação à qual será dada grande importância em situações nas quais o consumidor tem dificuldade de avaliação da qualidade do produto ou serviço, o que causa aumento do risco de uma compra impensada pelo indivíduo. Esse fator de confiabilidade à marca eleva o seu valor. Portanto, Kotler e Keller (2006) ressaltam que não existe um processo único de avaliação, ou seja, primeiro o consumidor tenta satisfazer uma necessidade. Segundo, busca benefícios específicos na escolha do produto. Terceiro, o consumidor enxerga cada produto de forma diferente e que atende as suas necessidades de forma distinta. 5.1.4. Decisão de compra A decisão de compra é o estágio em que o consumidor decide sua preferência, escolhe a marca que, mediante as informações obtidas, atenda suas exigências. A partir disso, Kotler e Keller (2006, p. 194) mencionam esse estágio afirmando que “o consumidor cria preferências entre as marcas do conjunto de escolha e também forma uma intenção de comprar as marcas preferidas.” Gade (1998, p. 248) completa destacando que o ato da compra é dividido em início da compra, interação comprador-vendedor e avaliação pós-compra. No primeiro aspecto, o autor elucida que o início do processo de compra se dá no reconhecimento de um problema que, a partir disso, ocorre o segundo aspecto que é a interação entre comprador e vendedor. Gade (1998) relata que as características da loja, os locais de disposição de produtos, a estrutura física, o ar condicionado e a música ambiente, todos contribuem para que o consumidor se sinta tentado a comprar. O terceiro aspecto é o comportamento pós-compra que será elucidado no item seguinte. Segundo Blackewell et al (2005) apud Francischelli (2005): A decisão de compra pode levar a uma compra totalmente planejada (produtos e marca escolhidos antecipadamente), uma compra parcialmente planejada (existe intenção de comprar o produto, mas a escolha da marca é adiada até o momento da compra) ou uma compra não planejada (produto e marca escolhidos no ponto-de-venda), (BLACKEWELL et al, 2005, apud FRANCISCHELLI, 2005). O que significa que a decisão de compra, muitas vezes, acontece somente no momento da compra em que o consumidor interage com o produto e se vê atraído ou não pelas suas qualidades e atributos. Nesse sentido, Cobra (2010) elucida que os elementos de receio observados pelo consumidor durante a compra são: custo elevado, demora na entrega, o produto concorrente é mais bonito e a validação da compra pela família e amigos. Portanto, esse estágio se caracteriza como um dos mais importantes, pois é nele que o consumidor deposita suas expectativas em relação ao produto ou serviço, constituindo uma etapa fundamental para o entendimento, por parte dos profissionais de Marketing, sobre o comportamento de consumo e a relação com as marcas preferenciais. 5.1.5. Comportamento pós-compra Esse último estágio refere-se ao feedback do consumidor mediante a experiência com o produto. É nessa fase que a empresa saberá se o cliente ficou satisfeito ou se o produto não atendeu às suas expectativas. Segundo Cobra (2009): O processo de decisão do comprador não termina com a compra. Antes disso, a experiência de compra e uso de produtos fornece elementos que serão utilizados em futuras compras. (...) A confirmação da satisfação é o melhor caminho para validar uma marca no mercado (COBRA, 2009, p. 96). Para Gade (1998) esse aspecto pode levar o consumidor, se a experiência de uso for satisfatória, a comprar novamente ou poderá levar a uma não satisfação do consumidor com relação à marca ou produto. Uma marca que não atende às exigências do público-alvo certamente será trocada por outra que conseguiu suprir as expectativas do consumidor. Em outras palavras, o comportamento pós-compra mostra as empresas qual o poder de sua marca e sua referência dentro do mercado competitivo. Se uma marca não for forte o suficiente ela poderá perder a fidelização dos clientes e até mesmo dificultar a conquista de novos. Kotler e Keller (2006, p. 196) completam seus pensamentos acerca do processo decisório de compra afirmando que “o trabalho do profissional de Marketing não termina quando o produto é comprado. Ele deve monitorar a satisfação, as ações e a utilização em relação ao produto depois de efetuada a compra.” 5.2 Influência da marca na decisão de compra Vários experimentos já foram realizados na intenção de demonstrar que a marca estimula o comportamento de compra do consumidor. Testes “cegos”, por exemplo, demonstram que os consumidores são incapazes de detectar suas marcas preferidas somente com a utilização do produto. É de elevada importância que o consumidor tenha ciência de qual marca está sendo vendida para, então, decidir sua compra. Em outras palavras, usar um produto sem saber qual a marca de origem leva o consumidor a dúvida sobre suas escolhas. Muitos consumidores, segundo Hoyer et al (1990) apud Francischelli (2009) escolhem os produtos mesmo sem antes tê-los testado. Em muitos casos, isso se deve ao baixo preço, porém depois de realizados vários testes, se observou que a maioria dos consumidores escolhe os produtos mediante a marca, sendo esta reconhecida e transmitindo sinais de qualidade, status, segurança, etc. Martins (2006, p. 19) elenca: Os consumidores brasileiros valorizam as marcas nas suas decisões de compra. Mesmo o apelo do preço baixo não é forte o suficiente para nos afastar do desejo de consumirmos produtos e serviços endossados por marcas conhecidas e de confiança (MARTINS, 2006, p. 19). Em outras palavras, o processo de escolha de um produto não está restrito somente ao preço baixo, as pessoas valorizam as marcas conhecidas como sinônimo de status e de referência na maneira de agir e se comportar perante a sociedade. Esse fato é observado comumente entre as pessoas que preferem utilizar marcas conhecidas a serem vistas com marcas que não trazem tanto prestígio. Francischelli (2009) intercala os pensamentos de dois autores, que defendem opiniões diferentes sobre o principal fator que instiga o comportamento de compra do consumidor: Assael (1998) e Aaker (1990). O primeiro, Assael (1998) apud Francischelli (2009, p. 33) argumenta que “em produtos de baixo envolvimento, a marca não se caracteriza como um diferencial, onde o preço é, muitas vezes, a base para a decisão”. Já Aaker (1990) apud Francischelli (2009) defende que a marca estimula, de forma direta, o comportamento do consumidor de tal forma que estes evidenciam nas marcas suas aspirações, emoções e experiências. Assim, “a competição por preço é prejudicial para a marca e para os resultados da empresa a longo prazo” (AAKER, 1990, apud FRANCISCHELLI, 2009, p. 33). Para que a lealdade exista, o consumidor precisa acreditar que a marca preferida é superior às concorrentes, “esta crença deve coincidir com uma preferência afetiva pela marca e ainda o consumidor deve ter a intenção de comprar a marca foco, em oposição a marcas alternativas, quando surge uma decisão de compra” (FREIRE, 2005, p. 22). As associações que o consumidor faz entre suas exigências e as marcas contribuem, segundo Pinho (1996), para: Adicionar valor à marca, tornando-a diferente dos seus concorrentes e estimulando emoções e sentimentos. Muitas vezes, as associações podem fundamentar as decisões de compra, já que envolvem atributos do produto ou benefícios ao consumidor que proporcionam uma razão especifica para a compra ou o uso do produto (PINHO, 1996, p. 99). O que significa dizer que os atributos de uma marca forte provocam, nos consumidores, o lado emocional e a ponto de despertar suas realizações pessoais com o uso do produto. Pinho (1996) traz a importância da comunicação com o consumidor para manter uma marca presente na mente do consumidor. A comunicação regular entre os clientes é de grande importância para mantê-los atualizados com novas informações sobre produtos e serviços. Mas, para se realizar uma verdadeira interação entre a marca e o cliente, é obrigatório que, além da comunicação regular, aconteça também o envolvimento do consumidor, que deve ter a oportunidade de criticar os produtos e serviços, assistir uma apresentação patrocinada pela marca ou comparecer a uma inauguração, com a intenção, se possível, de estabelecer um relacionamento pessoal. Sem dúvida, a manutenção da lealdade dos clientes com base em relação desenvolvidas individualmente influencia positivamente a imagem de marca, já que um dos elementos preponderantes na sua formação são as relações estabelecidas entre consumidores e marcas, ao longo do tempo (PINHO, 1996, p. 133). Nesse sentido, Martins (2005) cita a importância da comunicação das marcas ao afirmar: Consumidores são atraídos e retidos a determinadas marcas por uma série imensa de motivos, por exemplo, a percepção de qualidade, garantia, assistência técnica, atendimento, etc. Quando uma marca comunica com eficiência que entrega um determinado conjunto de benefícios, ela é comprada pelo consumidor. O nível de esforço que algumas empresas devem fazer, maior ou menos que outras, está diretamente associado ao volume existente de consumidores que já conhecem, confiam e repetem o movimento de consumo daquelas marcas (MARTINS, 2005, p.134). Diante disso, é evidente que o comportamento do consumidor é influenciado pelas marcas. Em outras palavras, muito clientes tendem a pagar um preço mais elevando por um produto em virtude do seu comprometimento com a marca e com os atributos que ela possui, sejam atributos que proporcionem a identificação de qualidade do produto, status social, atendimento ao cliente, pósvenda e certificado de garantia. Caputo (2008) afirma que uma marca forte permite a prática de preços superiores devido ao seu reconhecimento, permitindo maior rentabilidade para a empresa. Algumas marcas desenvolvem um elo tão forte com seus consumidores que influenciam sua decisão de compra e, muitas vezes, segundo a autora, transformam-se em sinônimos de categoria, resultando em uma performance e resultados financeiros superiores para esta empresa. 5.3 Fidelidade às marcas Uma das consequências do uso frequente de um produto é a fidelidade à marca, em que o consumidor ao identificar as qualidades da mesma, se torna satisfeito com seu uso. Esse vínculo emocional é um forte componente no momento da decisão de compra. Assim, a lealdade a uma marca junto ao cliente é construída ao longo do tempo e quanto mais ela satisfazer as expectativas do consumidor mais terá lugar garantido na sua preferência. Cobra (2009, p. 160) afirma: “para posicionar um produto é preciso construir uma imagem de marca na mente do consumidor. A mente do consumidor é como uma enorme caixa postal que arquiva marcas, associando-as à realização de desejos explícitos e desejos ocultos”. Os desejos dos consumidores são influenciados pelas marcas, ao passo que conseguem interpretar as aspirações do indivíduo e sendo capaz de despertar nele a atitude de compra repetida. Aaker (1998) relata sobre a importância do brand equity para o posicionamento da marca. A lealdade à marca da base dos consumidores é frequentemente o cerne do brand equity. Se os consumidores lhe são indiferentes e compram segundo as características, preço e conveniência, pouco considerando o nome da marca, provavelmente há pouco brand equity. Se por outro lado, continuam a comprar a marca mesmo existindo concorrentes com características superiores, preço e conveniência, existe valor na própria marca e talvez no seu símbolo e slogans (AAKER, 1998, p. 40). A ideia trazida por Pinho (1996) faz menção a fidelização das marcas da seguinte forma: A fidelidade à marca pode ser criada por diversos fatores, mas a experiência de uso é a principal delas e representa um pressuposto obrigatório para a sua formação. Outras dimensões da marca que influenciam a fidelidade do consumidor são: o conhecimento (awareness), as associações promovidas e a qualidade percebida na marca (PINHO, 1996, p. 130). Aaker (1998) enfatiza em suas pesquisas os níveis de lealdade do comprador às marcas (figura 5). Esses níveis foram distribuídos em forma de pirâmide que contém: comprador sem lealdade à marca (completamente indiferente à marca. Para ele, cada marca é percebida como sendo adequada, e, o nome dessa, tem papel de pouca importância na decisão de compra); comprador satisfeito com a marca (não tem razão para mudar, são compradores habituais, podendo ser vulneráveis a concorrência); consumidor satisfeito (analisam custos e riscos de mudanças e podem ser considerados compradores leais, mas suscetíveis a mudanças); apreciador da marca (pode ser denominado amigo da marca, porque existe uma ligação emocional de amizade) e; comprador comprometido (Eles têm orgulho de serem descobridores ou usuários da marca, sendo esta muito importante funcionalmente, ou como uma expressão do que eles são. A sua confiança é tal que recomendarão a marca para outra pessoa). Comprador comprometido Apreciador da marca (considerada como uma amiga) Comprador satisfeito (percebe os riscos e custos de uma mudança) Comprador habitual e satisfeito (não tem razão para mudar) Comprador sem lealdade à marca Figura 5: Níveis de lealdade do comprador às marcas. Fonte: Adaptado da obra de Pinho (1996, p. 131). Segundo Atkin (2007), as marcas são comparadas a um culto, da mesma forma como as pessoas aderem a um culto, são atraídas por uma marca de tal forma que se tornam verdadeiras seguidoras. A capacidade que essas marcas cultuadas têm de se tornar parte integrante da vivência do indivíduo, a torna forte o suficiente para garantir sua escolha no processo de compra. Assim o autor enfatiza que: A devoção a uma marca cultuada também implica um custo significativo. Obviamente, o grau de sacrifício não é o mesmo daquele do seguidor de um culto, mas, no contexto do consumismo, adotar uma marca pode ser caro – e não apenas em termos financeiros (ATKIN, 2007, p. 21). Nesse sentido, Kotler e Armstrong (2008) apud Francischelli (2009) refletem o pensamento de que “uma marca pode ser posicionada por atributos, benefícios crenças e valores. O posicionamento por atributo comunica características do produto ou serviço ao seu público-alvo”. Dessa forma, as pessoas e as organizações devem estar cientes de que a marca que utiliza ou que são proprietárias (no caso das organizações) representa “a solução de problemas ou necessidades tangíveis ou intangíveis, ideia que pode ser parcialmente influenciada pelas empresas através de um posicionamento inteligente da marca” (MARTINS, 2005, p. 134). Em síntese, Aaker (1998) completa ressaltando os três pilares do valor proporcionado pelas marcas: Primeiro, pode dar destaque a programas para atrair novos consumidores ou reconquistar antigos. (...) Segundo, as quatro últimas dimensões do brand equity podem ressaltar a lealdade à marca. A qualidade percebida, as associações e o nome bem conhecido proporcionam razões de compra e afetam a satisfação de uso. Mesmo quando não sejam centrais na escolha da marca, podem dar segurança, reduzindo o incentivo à experimentação de outras. Reforçar a lealdade à marca é especialmente importante na ocasião da compra, como resposta aos concorrentes que tentam inovar e obter vantagens para seus produtos. Terceiro, o brand equity usualmente proporciona maiores margens, por permitir tanto um Premium price como a menor utilização de promoções. Em muitos contextos, os elementos do brand equity servem como suporte ao Premium price (AAKER, 1998, p.17). Dessa forma, é notório que os elementos de uma marca, quando bem posicionados e comunicados, contribuem para a satisfação do consumidor e para as empresas como vantagem competitiva em relação aos concorrentes. A inovação é um elemento essencial na criação, posicionamento e comunicação de uma marca, uma vez que, mesmo quando o consumidor se encontra satisfeito com o produto, este deve ser inovado a cada momento, mostrando assim que a sua marca pode atender a toda e qualquer exigência e expectativa do seu cliente. 6 ESTADO DA ARTE As discussões feitas em torno da influência das marcas no processo de compra do consumidor são consideradas recentes, uma vez que o Marketing tratava das ferramentas de reconhecimento do produto e não detinham tanto o seu foco nas marcas e nas atividades ligadas a elas. Ao perceber a relevância de elevar o tema e torná-lo ainda mais discutido e apresentado, é relevante a exposição de artigos e dissertações que contribuem para um entendimento mais preciso dos fatores que envolvem as marcas e o comportamento do consumidor perante as mesmas. Diante disso, foram escolhidos três trabalhos que serviram de apoio para elucidar e complementar os aspectos referentes ao tema desta monografia e validar os conhecimentos que serão passados durante a leitura da mesma. 6.1 Atividades marcárias na vida cotidiana dos consumidores: descoberta de uma nova forma de se pensar as marcas? A contribuição dada neste artigo de Leão e Mello (2009) pressupõe a importância das marcas na vida dos consumidores e faz-se refletir sobre como eles se relacionam com as marcas de tal forma que se pode estabelecer aspectos destas, denominados de atividades marcárias. Esses aspectos são preponderantes na identificação do que os consumidores dizem sobre as marcas e como interagem entre si. Os autores enfatizam que as marcas, dentro de um processo de escolha, minimizam riscos inerentes à tomada de decisão de compra. Assim, quando os autores explanam sobre as atividades marcárias é o mesmo que dizer quais são as ações dos consumidores em relação às marcas por meio de suas falas e interações. Para validar suas ideias, Leão e Mello (2009) caracterizam essas ações com os ensinamentos de Max Weber, que relata as interações sociais sendo divididas em ação tradicional, ação afetiva, ação racional com relação a valores e ação racional com relação a fins. Além de elucidar esses aspectos, os autores traçam exemplos que facilitam o entendimento de cada atividade relacionada à marca e proporciona ao leitor a relação entre a literatura e a realidade dos consumidores. Depois de feita a distinção de cada atividade marcária, os autores fazem um reflexão acerca de uma nova forma de pensar as marcas. Nessa etapa, defendem que as pessoas entendem e definem as marcas numa base coletiva do individual e que o entendimento e definição das marcas pelos consumidores estão centrados na razão, valores, tradição e afeto. Dessa forma, os autores afirmam que as organizações poderiam ater-se mais a forma como as pessoas vivem, a fim de compreender como decidem suas compras e as marcas. Uma vez que conhecida essa percepção do consumidor, as organizações podem definir estratégias para a criação de uma identidade forte e obter vantagem sobre a concorrência. 6.2 A influência do envolvimento com o produto e do comprometimento com a marca na lealdade à marca A presente dissertação de autoria de Karine de Mello Freire (2005) traz os conceitos, pensamentos e principais aspectos que envolvem o produto e o comprometimento com a marca. Além disso, a autora oferece um entendimento preciso acerca da lealdade do consumidor às marcas e contribui para a compreensão da formação psicológica dos fatos ligados ao consumidor no processo de compra. Para a validação dos seus pensamentos, a autora faz uma pesquisa em que pessoas responderam a um questionário on-line sobre os mais diversos produtos e serviços. Diante disso, pôde-se constatar, de maneira positiva, os aspectos referentes ao envolvimento e do comprometimento na lealdade de clientes. A presente dissertação enfoca a diferença entre lealdade à marca e repetição de compra, elencando os principais aspectos que envolvem esses dois tipos de processos de compra. São colocadas também em foco as fases da lealdade, que podem ser divididas em lealdade cognitiva; lealdade afetiva; lealdade conativa e lealdade de ação. Além disso, busca-se elucidar os construtos que formam os resultados da pesquisa, demonstrando a relação que é estabelecida por cada entrevistado com os produtos mais consumidos, suas percepções, ações e evidências encontradas na aquisição e utilização do mesmo. Sendo assim, torna-se relevante a contribuição dada pela autora no que tange aos aspectos relacionados ao comportamento do consumidor e o seu envolvimento com a marca, uma vez que, o Marketing concentra-se, hoje, na busca por essa compreensão, a fim de tornar uma marca forte capaz de satisfazer os desejos e necessidades do consumidor. 6.3 A importância da marca no processo de decisão de compra de calçados esportivos para a população de baixa renda Na presente dissertação o autor Paulo Francischelli (2009) objetiva compreender a importância da marca no processo de decisão de compra dos produtos da categoria de calçados esportivos para os consumidores da classe C e D. Nessa perspectiva, o autor tenta elucidar, através da pesquisa de campo e de fontes bibliográficas, os aspectos inerentes ao comportamento do consumidor e os atributos considerados no processo de compra, em especial a importância da marca. Na pesquisa de campo, foram feitas entrevistas com dez consumidores pertencentes a este público com o intuito de conhecer seus hábitos de consumo e uso de tênis, e a participação da marca no seu processo de decisão de compra. O resultado alcançado revela que a marca é o principal atributo para a compra de calçados esportivos, sendo mais importante que o preço ou local de compra. Os atributos evidenciados pelo autor com relação a esse resultado é a garantia de qualidade que as marcas mais famosas proporcionam além de ser usada também como um fator de distinção social de classes, recebendo uma forte influência da mídia e de celebridades, que são vistas como referência dentro de um ambiente de consumo. Assim, a dissertação proporciona um entendimento mais claro acerca dos construtos evidenciados pelas marcas no processo de compra e na vivência, utilização e experiência com o produto. 7 CONCLUSÃO Diante dos pressupostos apresentados neste trabalho, pode-se concluir que o Marketing sofre profundas mudanças ao longo dos tempos, em virtude da necessidade de estudar e compreender os motivos que levam os indivíduos a consumirem bens e serviços. Os profissionais de Marketing notaram que precisavam estudar o comportamento do consumidor e entender sua preferência. Nesse sentido, esse aspecto tornou-se uma estratégia para as empresas na valorização, captação e fidelização de clientes. O foco do Marketing passou a atrelar, além dos ativos internos, ao consumidor como sendo o agente externo à organização. Assim, os fatores que influenciam a decisão de compra e consumo estão centrados nos aspectos culturais, sociais, pessoais, psicológicos e ainda os 4Ps do Marketing. No âmbito dos fatores psicológicos, foram abordadas as Teorias motivacionais de Sigmund Freud, Abraham Maslow e Frederick Kerzberg, bem como a percepção, aprendizagem e memória, sendo estes fatores que tornam diferente a capacidade de diferenciação dos produtos, fazendo com que as marcas mais fixadas na mente do consumidor estejam presentes em sua preferência no momento da compra. As marcas, além de servirem como instrumentos de diferenciação dos produtos, são capazes de transmitir valores e atributos emocionais para os clientes. Na compra de uma marca forte, o consumidor adquire, além do produto, todos os atributos inerentes a ela, ou seja, adquire também a satisfação, qualidade, emoção, aventura, status, beleza, comodidade, conforto, dentre uma série de outros atributos intangíveis da marca. Esse valor emocional que as marcas proporcionam é considerado um dos ativos mais importantes das empresas, pois é através do reconhecimento da marca pelo consumidor que as organizações conseguem obter vantagem competitiva perante a concorrência. O brand equity é uma das principais ferramentas de geração de valor das marcas. Em outras palavras, pode auxiliar a interpretação e o processamento das informações sobre os produtos e as marcas e pode afetar na confiança do consumidor na decisão de compra. Os dados encontrados na literatura demonstram que as marcas são fatores preponderantes para o consumidor no momento de suas escolhas de compra, sendo mais importante que o preço. Esse fator se deve ao conjunto de atributos e valores emocionais que as mesmas possuem traduzindo o estilo de vida das pessoas, além de transmitir segurança, confiabilidade, garantia e status social. O consumidor busca algo que consiga suprir suas necessidades mais latentes e seus desejos mais ocultos, porém muitos produtos não conseguem atingir esse objetivo por não possuírem atributos que se encaixem com os propósitos do cliente. Em outras palavras, o processo de escolha de um produto não está restrito somente ao preço baixo, as pessoas valorizam as marcas conhecidas como sinônimo de status e de referência na maneira de agir e se comportar perante a sociedade. Esse fato é observado comumente entre as pessoas que preferem utilizar marcas conhecidas a serem vistas com marcas que não trazem tanto prestígio. Com base nas teorias estudadas, pode-se concluir que uma marca forte permite a prática de preços superiores devido ao seu reconhecimento, permitindo maior rentabilidade para a empresa. Algumas marcas desenvolvem um elo tão forte com seus consumidores que influenciam sua decisão de compra e, muitas vezes, transformam-se em sinônimos de categoria. Portanto, pode-se afirmar que o consumidor no processo de compra dá preferência às marcas que conseguem traduzir seu estilo de vida e que proporcione satisfação de suas necessidades e desejos. Para isso, uma marca deve ser criada e posicionada no mercado de maneira que sua imagem consiga ser fixada na mente das pessoas mediante a percepção de sua qualidade e confiabilidade. REFERÊNCIAS AAKER, David A. Marcas: Brandy Equity, gerenciando o valor da marca. São Paulo: Elsevier, 1998. ATKIN, Douglas. O culto às marcas: quando os clientes se tornam verdadeiros adeptos. Tradução Sandra L. Couto. São Paulo: Cultrix, 2007. CAPUTO, Érica Saião; MACEDO, Marcelo Alvaro da Silva e NOGUEIRA, Heloísa Guimarães Peixoto. Avaliação de marcas: uma aplicação ao caso Bombril. RAE electron. [online]. 2008, vol.7, n.2, pp. 0-0. ISSN 1676-5648 CARVALHO, Nelly de. Publicidade: a linguagem da sedução. São Paulo: ática, 2001. COBRA, Marcos. Administração de marketing no Brasil. 3. ed. 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