Atualidades no Circovírus Suíno Tipo 2 (PCV2)

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Atualidades no Circovírus
Suíno Tipo 2 (PCV2)
Atualidades no Circovírus
Suíno Tipo 2 (PCV2)
Introdução
Histórico do PCV2 e da circovirose
suína (PCVD)
Em 1974 Tisher e colaboradores descobriram um vírus que
contaminava uma linhagem de células renais de suínos PK-15 (ATTCCCL33), morfologicamente similar
ao picornavírus(182). Mais tarde demonstrou-se que o agente contaminante era um vírus do tipo filamento
circular de DNA simples (ssDNA), o
qual passou a ser denominado circovírus suíno (PCV)(183). Embora pesquisas sorológicas tenham revelado
a presença de anticorpos anti-PCV na
população de suínos, nenhuma infecção pode ser atribuída ao vírus(184, 41, 2),
o qual, consequentemente, foi considerado não patogênico.
Em 1991 uma nova doença
emergente, denominada síndrome
do emagrecimento progressivo pósdesmame (sigla em inglês, PMWS),
foi relatada no oeste canadense(20, 97).
Essa nova síndrome caracterizavase, clinicamente, por perda de peso
progressiva, dificuldade respiratória
e palidez da pele. Do ponto de vista
da patologia, os suínos doentes apresentavam um acometimento multissistêmico, caracterizado por linfoadenopatia generalizada, pneumonia
intersticial, hepatite, esplenomegalia e úlceras gástricas(20, 97). Um ano
mais tarde um agente semelhante ao
Suínos & Cia
26
PCV foi isolado de tecidos de suínos
afetados pela PMWS, nos EUA e na
Europa(03, 43). A comparação entre o
PCV original não patogênico e o recém descoberto circovírus, associado
aos surtos de PMWS, revelou serem
esses agentes virais genética e antigenicamente distintos(03, 120). Por isso, o
PCV foi, subsequentemente, dividido
em dois tipos: o vírus não patogênico
derivado da célula PK-15 foi denominado PCV do tipo 1 (PCV1), e o circovírus isolado de suínos acometidos
pela PMWS passou a ser denominado
PCV do tipo 2 (PCV2)(65, 120).
Além da PMWS, o PCV2 tem
sido associado a outras doenças, como
a síndrome de dermatite e nefropatia
suína (sigla em inglês, PDNS), falhas
reprodutivas e o complexo da doença respiratória suína (sigla em inglês,
PRDC). Em 2002, Allan e colaboradores propuseram o termo circovirose
suína (sigla em inglês, PCVD) para
agrupar todas as doenças e síndromes
associadas ao PCV2. De modo similar, em março de 2006, a Associação
Norte-americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV) propôs
uma nomenclatura semelhante: doenças associadas ao circovírus suíno (sigla em inglês, PCVAD).
Atualmente ainda não há um
consenso relativo a essa nomenclatura
e ambos os termos, PCVD e PCVAD,
são usados na Europa e nos EUA, respectivamente. Até os dias de hoje, dados experimentais têm demonstrado
Dra. Maria Fort
M. Veterinária e Doutora
[email protected]
uma ligação efetiva entre o PCV2 e
o desenvolvimento de doenças apenas
com relação à PMWS(05, 16) e a falhas
reprodutivas(159, 115). A associação entre o PCV2 e as demais condições tem
sido baseada em estudos retrospectivos e/ou casos clínicos, não havendo
evidências experimentais dessas conexões, até o momento(165).
Taxonomia
O PCV2 é membro de uma
família de vírus ssDNA não envelopados, pequenos e icosaédricos
(família Circoviridae), que afeta os
vertebrados(104). Em função da descrição contínua de novos agentes semelhantes ao circovírus nos últimos anos,
a classificação da família Circoviridae tem sido e deverá ser submetida
a uma reorganização(35). No momento,
de acordo com o Comitê Internacional
de Taxonomia Viral (sigla em inglês,
ICTV) (www.ictvonline.org), essa família está dividida – com base no tamanho de seus vírus e de sua dimensão gênica – nos gêneros Circovírus e
Gyrovirus (Figura 1.1). Além do PCV,
sete vírus aviários têm sido descritos
com sendo do gênero Circovírus: o
vírus da doença do bico e penas(150), o
circovírus dos pombos(201), o circovírus dos canários(143), o circovírus dos
gansos(187), o circovírus dos patos(69), o
circovírus dos tentilhões(171) e o circovírus das gaivotas(173). Embora ainda
não incluídos na lista de taxonomia do
Ano VI - nº 35/2010
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exposição viral a altas temperaturas.
Deste modo, após pasteurização a
60º C por 10 minutos, seu poder de
infecção decresce 1,6 log; após tratamento por calor seco (80º C por duas
horas) decresce 0,75 log e 1,25 log
após tratamento por calor extremo
(120º C por 30 minutos) (Welch et.
al., 2006). A titulação viral pode ser
reduzida também por desinfetantes
comerciais à base de álcalis (ex.: hidróxido de sódio), agentes oxidantes
(ex.: hipoclorito de sódio) ou amônia
quaternária(157, 114).
Figura 1.1. Classificação taxonômica do PCV2
ICTV, casos recentes de circovirose
acometendo corvos(177), estorninhos(74)
e cisnes(64) têm sido relatados. O vírus
da anemia dos frangos é a única espécie incluída no gênero Gyrovirus(186).
Morfologia e organização
molecular
O PCV2 é um dos menores vírus conhecidos, com uma partícula viral icosaédrica não envelopada de 17
± 1,3 nm de diâmetro(183). A molécula
do genoma é do tipo ssDNA circular
covalentemente fechada, com aproximadamente 1,76 a 1,77 kilobases(120).
Após a infecção da célula pelo PCV2
o ssDNA converte-se em um DNA
de filamento duplo intermediário
(dsDNA), também conhecido como
forma replicativa (sigla em inglês,
RF). A RF é considerada um genoma
codificado por dupla polaridade (positivo para o DNA viral e negativo para
o complementar). Os genes do PCV2
estão organizados em 11 supostos
quadros de leitura abertos (sigla em
inglês, ORFs)(65). Entretanto, a expressão protéica é descrita por apenas
três deles. ORF1, também conhecido
por gene Rep, localiza-se no filamento positivo, orientado no sentido horário; ele codifica as proteínas replicaAno VI - nº 35/2010
Variação genética e antigênica
ses não estruturais Rep e Rep’, de 314
e 178 aminoácidos (aa) de comprimento, respectivamente(111, 24). ORF2
ou gene Cap, localizado no filamento
complementar e orientado no sentido
anti-horário, codifica a única proteína
estrutural (233-234 aa), o capsídeo
(Cap)(112, 124). ORF3 está completamente sobreposto ao gene ORF1 e localiza-se no filamento complementar,
orientado no sentido anti-horário; ele
codifica uma proteína não estrutural
de 105 aa de comprimento. In vitro, a
proteína ORF3 parece estar implicada
na apoptose das células PK15, induzida por vírus(99). Muito recentemente
foi demonstrado que leitões inoculados com um PCV2 mutante ORF3
deficiente manifestavam viremia decrescente e menos lesões patológicas
associadas ao PCV2, em comparação
a suínos inoculados com o PCV2 do
tipo selvagem. Por essa razão foi sugerido que a proteína ORF3 pode ter
um papel essencial na replicação e na
patogenicidade viral(79).
Propriedades biológicas e físicoquímicas
O PCV2 é muito estável em
condições ambientais; entretanto, sua
infectividade pode ser reduzida pela
A homologia genética entre
os isolados de PCV2 é relativamente
alta(112, 121, 91), embora exista diversidade entre as populações do mesmo.
A análise filogenética mais recente
mostrou que isolados de PCV2, de
diferentes origens geográficas, variavam em sua sequência genômica(65,
49, 112, 121)
. Mais tarde, com base na
sequência de aa/genômica do PCV2
ou no polimorfismo de restrição
ao comprimento dos fragmentos,
foram identificados dois genogrupos
diferenciados do PCV2(36,180, 18, 56, 129,
61)
. Dependendo do autor e da técnica laboratorial empregada, diferentes
nomenclaturas foram usadas, inicialmente, para se referir aos genogrupos
do PCV2 (Tabela 1.1).
Os dois grupos filogenéticos
foram comumente referidos como
genótipos 1 e 2 na Europa e PCV2a
e PCV2b na América do Norte. Atualmente a nomenclatura norte-americana tem sido adotada, consequentemente, os genótipos europeus 1 e 2
foram finalmente designados como
PCV2a e PCV2b, respectivamente(167).
Recentemente, um novo genótipo foi
identificado em amostras dinamarquesas arquivadas(42) e identificado,
após acordo, como PCV2c(167). Na Dinamarca conclui-se que o PCV2c cirSuínos & Cia
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Tabela 1.1. Nomenclaturas publicadas referentes aos dois principais genogrupos do PCV2
Autor
Grupo
de Boisseson et
al., 2004
Timmusk et al.,
2005
Olvera et al., 2007
Grau-Roma et
al., 2008
Gagnon et al.,
2007
I
SG3
Modelo tipo 321 Grupo biológico 1
Genótipo 1
PCV2b
II
SG1/SG2
Modelo tipo 422 Grupo biológico 2
Genótipo 2
PCV2a
culou predominantemente nos anos
80, o PCV2a durante os anos 90 e o
PCV2b entre 2001/2002 em diante,
sugerindo uma mudança potencial
no genótipo dos isolados do PCV2
ao longo do tempo(42). Nesse mesmo
estudo, a análise das sequências de
PCV2 disponíveis no Centro Nacional de Informação Biotecnológica
(sigla em inglês, NCBI), banco de
dados de fevereiro/2007, evidenciou
que o PCV2b tornou-se predominante
ao longo do tempo em vários países,
apontando para uma mudança no genótipo global, de PCV2a para PCV2b.
Essa distribuição temporal dos genótipos do PCV2 e a atual predominância do PCV2b a campo são amparadas
por vários estudos epidemiológicos,
realizados em nível global(10, 26, 56, 178,
181, 29)
. A detecção de cepas distintas
de PCV2 no mesmo suíno, seja pertencendo ao mesmo genótipo ou a
genótipo diferente, tem sido também
relatada(36,26, 56, 61,71).
Estudos recentes trouxeram
evidências do potencial homólogo de
recombinação entre cepas do PCV2
que estejam coinfectando o mesmo
animal(42) ou, simultaneamente, se
replicando em cultivo celular(96). Os
autores desses estudos sugerem que
o surgimento de novos isolados e a
mudança potencial de PCV2a para
PCV2b pode ser o resultado da recombinação entre cepas coexistentes
no mesmo animal. Com base na capacidade de reação similar entre anticorpos monoclonais e policlonais
às diferentes cepas de PCV2(06, 119),
pensou-se inicialmente que não haveria diferenças antigênicas entre as
mesmas. Entretanto, estudos recentes nos levaram a concluir o oposto.
Suínos & Cia
Carman et al.,
2006
Lefebvre et. al. (2008) descobriram
que quatro entre 16 anticorpos monoclonais (em inglês, mAbs) produzidos contra a proteína Cap da cepa
PCV2a não reagiram com cepas do
PCV2b, nem demonstraram uma afinidade reduzida em comparação a
cepas do PCV2a, quando submetidos
a provas realizadas com uma imunoperoxidase monocamada (em inglês,
IPMA) ou com neutralização viral.
Adicionalmente, nenhum dos mAbs
testados foi capaz de neutralizar todos as sete cepas incluídas no estudo.
Caracterização adicional relativa à diversidade antigênica dos isolados de
PCV2 foi fornecida por Shang et. al.
(2009). Nesse estudo, mAbs específicos contra a proteina Cap do PCV1 e
do PCV2 foram usados para mapear
epítopos comuns e tipo-específicos
entre PCV1 e PCV2, além de identificar diferenças antigênicas entre cepas
de PCV2 de genótipos distintos. Dois
epítopos de célula linear B, específicos para a proteína Cap do PCV2 e
dois epítopos compartilhados pelas
proteínas Cap do PCV1 e PCV2 foram identificados. A análise da diversidade antigênica destes epítopos
revelou três fenótipos antigênicos do
PCV2 com diferentes comprimentos
de genoma, denominados PCV21766,
PCV21767 e PCV21768. Apesar da existência de diferenças antigênicas, a
imunidade induzida após a infecção
de suínos com um genótipo conferiu
proteção contra o desafio subsequente
com outro genótipo(136).
A infecção pelo PCV2 e a
síndrome do emagrecimento
progressivo pós-desmame
A infecção pelo PCV2 não é
igual à PMWS. No campo, a grande
maioria das infecções por PCV2 são
subclínicas e apenas uma pequena
proporção de suínos infectados pelo
PCV2 desenvolve a forma clínica da
doença. Atualmente a expressão plena da PMWS é tida como dependente
de um co-fator (ou co-fatores) “ainda não claramente identificado(s)”, o
qual desencadearia a progressão do
PCV2 no sentido da doença(165).
Características clínicas e
epidemiológicas
Embora a PMWS não tenha
sida relatada anteriormente a 1991(19),
estudos retrospectivos realizados com
amostras arquivadas evidenciaram a
infecção pelo PCV2 na Alemanha, em
1962(73), na Bélgica, em 1969(158), no
Reino Unido, em 1970(63), na Irlanda,
em 1973(195), e no Canadá e na Espanha em 1985(108, 153). Nos dias de hoje
a infecção por PCV2 está tão espalhada na população de suínos domesticados que quase nenhuma criação soronegativa poderia ser encontrada, no
caso de um estudo epidemiológico(92,
103, 62)
. Em contraste, a prevalência da
PMWS é geralmente baixa, variando
entre 4% e 30%, embora uma morbidade de mais de 60% tenha sido relatada em algumas granjas(162). Desde
a sua primeira descrição, no Canadá,
até os dias de hoje, a PMWS tem sido
diagnosticada em países de todos os
cinco continentes, sendo considerada,
atualmente, uma doença endêmica e
de alto impacto econômico, na maioria
dos países produtores de carne suína.
A infecção por PCV2 pode
ocorrer durante toda a vida produtiva
Ano VI - nº 35/2010
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mento do mesmo, ainda que na presença de sinais clínicos compatíveis
com a PMWS. Deste modo, a presença de infecções subclínicas é comum,
e os sinais clínicos e macroscópicos
encontrados não são específicos, sendo compatíveis com muitas outras
doenças dos suínos, infecciosas ou
não. Atualmente, três critérios devem
ser observados para o estabelecimento de um diagnóstico individual da
PMWS(165):
A. Sinais clínicos compatíveis
com a PMWS (retardo no crescimento e refugagem);
Figura 1.2.: suíno acometido pela PMWS (A) e outro animal da mesma idade, clinicamente são (B).
Notar o retardo no crescimento e a coluna vertebral marcada, no animal doente.
do suíno, mas a PMWS geralmente
afeta animais entre oito e 16 semanas
de idade(172, 62). A síndrome caracteriza-se, clinicamente, por retardo no
crescimento, perda de peso e morte.
Outros sintomas clínicos como dificuldade respiratória, diarréia e palidez da pele também são descritos
com frequência nos suínos acometidos. Setenta a 80% dos animais doentes morrem(162). A figura 1.2 mostra
a condição de emagrecimento de um
suíno acometido pela PMWS, em
comparação com um companheiro de
baia clinicamente sadio.
Patologia associada ao PCV2
Os achados patológicos mais
evidentes associados à PMWS, embora nem sempre presentes, são os linfonodos intumescidos e os pulmões não
colapsados. Em menor extensão, a
atrofia do timo, a presença de pontos
esbranquiçados nos rins e a ulceração da porção esofágica do estomago
também podem ocorrer(155).
Ao contrário dos achados
macroscópicos, os quais são inespecíficos e variáveis, as lesões microscópicas associadas ao PCV2 são
únicas. São encontradas, tipicamente,
lesões no tecido linfóide consistenSuínos & Cia
30
tes com depleção linfocitária, combinadas com infiltração de células
gigantes histiocíticas e/ou multinucleadas. Corpos de inclusão basófilos intra-citoplasmáticos podem ser
encontrados em células de linhagem
monocíticas(155). A gravidade das lesões está diretamente relacionada ao
status da doença(164, 134). Além disso,
suínos acometidos pela PMWS podem ser diferenciados daqueles em
condição subclínica, pela intensidade
das lesões associadas ao PCV2.
Diagnóstico
A complexidade do diagnóstico da PMWS recai no fato de somente
a detecção sérica ou tecidual do PCV2
não ser conclusiva para o estabeleci-
B. Lesões histopatológicas, de
moderadas a severas, caracterizadas
por depleção linfocitária, juntamente
com inflamação granulomatosa (Figura 1.3-A);
C. Quantidade moderada a alta
de genoma de PCV2 ou antígeno antiPCV2 entre as lesões (Figura 1.3-B).
Um diagnóstico de infecção
subclínica por PCV2 é estabelecido
quando, embora detectado no soro ou
nos tecidos, a quantidade viral é pequena e associada a um número mínimo ou à ausência de lesões(134).
O desempenho das técnicas de
diagnóstico sorológico e virológico
tem sido comparado com a intenção
de se fazer uma diferenciação entre
as infecções subclínicas e os casos de
PMWS em suínos vivos. Pela análise
quantitativa de PCV2 no soro, Olvera et. al. (2004) sugeriu 107 cópias de
Figura 1.3.: (A) Depleção de linfócitos moderada a severa e infiltração granulomatosa em tecido
linfóide, corado pelo método da hematoxilina/eosina. (B) DNA de PCV2 (quantidade de alta a
moderada) detectado em tecidos linfóide por hibridização in situ (em inglês, ISH), corado pelo
método fast green.
Ano VI - nº 35/2010
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DNA/mL como o limiar potencial para
se distinguir entre PMWS e infecção
subclínica em suínos acometidos. O
uso da mesma técnica, em combinação com testes sorológicos (IPMA ou
soro neutralização) permite a confirmação ou a exclusão do diagnóstico
da PMWS(54, 62). Todavia, estes estudos
concluíram que estas técnicas podem
ser úteis para aprimorar o diagnóstico
da PMWS, mas não servem como alternativa à histopatologia e à detecção
do PCV2 nos tecidos.
Uma vez que casos individuais de PMWS podem ser diagnosticados em um plantel sem que haja
aumento nos índices de mortalidade
e sem perdas econômicas associadas
à doença(125), surgiu a necessidade do
estabelecimento formal da definição
de casos no plantel. Por essa razão o
Consórcio da União Europeia para o
PCVD (www.pcvd.org, 2005) lançou
uma proposta na qual dois critérios
para o diagnóstico da PMWS no nível
da granja foram definidos:
1.Aumento significativo na
mortalidade pós-desmame. Essa situação é considerada quando a mortalidade usual (em um período de um a dois
meses) for igual ou maior que a média
histórica da mortalidade (em um
período de, pelo menos, três meses)
mais 1,66 vezes o desvio padrão. De
modo alternativo, o aumento poderá
ser determinado estatisticamente por
meio do teste do qui-quadrado. Se
os dados históricos não estiverem
disponíveis, o aumento na mortalidade poderá ser determinado quando a
mortalidade pós-desmame do plantel
exceder o nível regional ou nacional
em 50% ou mais;
2.Cumprimento da definição
de casos individuais de PMWS nos
animais da propriedade (é necessário
haver um relato de, pelo menos, um a
cada cinco suínos necropsiados).
Patogenia
A Figura 1.4 apresenta uma visão geral dos eventos que se sucedem
no decurso da infecção pelo PCV2,
além das diferenças – já discutidas
– entre os suínos que desenvolvem
PMWS e aqueles que permanecem
infectados de modo subclínico. Pouco se sabe a respeito dos eventos
que ocorrem nos estágios iniciais da
infecção, e as células-alvo para a replicação precoce do PCV2 ainda não
foram identificadas. Nos suínos infectados pelo PCV2, a quantidade mais
alta de vírus encontra-se no citoplasma das células de linhagem monócitos/macrófagos(155, 160) e estudos in
vitro demonstram que o PCV2 é hábil
para infectar esses tipos de células,
permanecendo de modo persistente
por longos períodos de tempo sem
nenhuma replicação ativa aparente(58,
192)
. Já foi sugerido inclusive que, apesar dos monócitos não serem o alvo
primário da replicação do PCV2, eles
poderiam representar um mecanismo
de disseminação para o vírus por meio
do hospedeiro(192). Adicionalmente,
o PCV2 é capaz de induzir uma diminuição na capacidade funcional de
células dendríticas (sigla em inglês,
DC) cultivadas in vitro(193). Esse fato
mais recente pode ser crítico, devido
à função central desse tipo de célula
na mediação das respostas imune inata e vírus-específicas. Como a imunidade inata desenvolvida pelos suínos
na pós-infecção pelo PCV2 ainda não
foi muito estudada, a possibilidade
do dano causado pelo PCV2 na funcionalidade das DC in vitro ocorrer
também in vivo permanece desconhecida. A confirmação ou não dessa teoria traria informação no sentido de esclarecer quais eventos imunológicos
estariam ocorrendo no estágio inicial
da infecção pelo PCV2.
dias 14 e 21 PI(156, 148, 136). Nesse período
o PCV2 pode estar presente em vários
órgãos, embora a carga viral mais alta
seja detectada, tipicamente, no tecido
linfóide. Além das células de linhagem monocíticas, o PCV2 tem sido
detectado em células epiteliais dos
rins e do trato respiratório, em células endoteliais, linfócitos, enterócitos,
hepatócitos, células da musculatura
lisa e células pancreáticas (ácinais e
dos dutos)(118, 155, 170, 160). Uma vez que
o PCV2 não codifica o seu próprio
DNA, polimerases e células na fase S
são necessárias para que o vírus complete o seu ciclo de infecção(185), o que
nos faz considerar que as células com
as mais altas taxas de mitose sejam as
mais eficazes no seu processo de replicação. Embora estudos anteriores
sugiram que os linfócitos não sejam
alvos para a replicação do PCV2(58,
192)
, estudos recentes sugerem o oposto. Desse modo, por meio da medida
do Cap mRNA, a replicação do PCV2
foi revelada na população de linfócitos das células mononucleares do
sangue periférico (sigla em inglês,
PBMC) e dos linfonodos brônquicos
de suínos experimentalmente inoculados com PCV2(202). Adicionalmente,
estudos in vitro demonstraram que
PBMC estimuladas pela Concanavalina A (ConA)* são suscetíveis à
replicação do PCV2(202, 95, 98). A caracterização adicional de subpopulações
de leucócitos infectadas pelo PCV2
indicou que, principalmente, células
T circulantes (CD4+ e CD8+) e, em
menor extensão, linfócitos B (IgM+),
podem apoiar a replicação do PCV2,
enquanto monócitos derivados das
PBMC aparentemente não(203, 95, 98).
Entre a segunda e a terceira semanas
PI desenvolveram-se respostas imunes específicas ao PCV2(144, 148, 122). A
A viremia causada pelo PCV2
é detectada, inicialmente, sete dias
pós inoculação (PI) e os títulos virais
aumentam, atingindo um pico entre os
Habilidade do suíno em montar uma resposta imune adaptativa
adequada tem sido sugerida como
determinante para evitar o progresso
* lecitina com efeito hemaglutinante, extraída de uma espécie de feijão.
Ano VI - nº 35/2010
Suínos & Cia
31
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Figura 1.4. Revisão dos eventos associados no decurso da infecção pelo PCV2, em um modelo experimental. Fatores potenciais envolvidos nessa
progressão, tanto em PMWS como em infecções subclínicas, estão indicados nas linhas destacadas. MDA = imunidade passiva; DC = células dendríticas;
MO = macrófagos.
da infecção pelo PCV2, no sentido
da PMWS. Deste modo, o início do
desenvolvimento dos anticorpos antiPCV2 é tipicamente seguido pelo decréscimo nos títulos virais, os quais
usualmente levam à resolução do processo de viremia(148, 122, 54, 136). Naqueles
suínos acometidos subclinicamente a
quantidade de PCV2 detectada nos tecidos é baixa, resultando em menores
ou em nenhuma alteração no sistema
imunológico, normalmente levando
à recuperação. É importante notar,
entretanto, que a viremia de longa
duração causada pelo PCV2 e/ou a
detecção viral nos tecidos têm sido
relatadas em suínos infectados experimentalmente de modo subclínico,
a despeito da presença de altos títulos de anticorpos anti-PCV2(05, 144, 148).
Em termos de conversão, respostas
humorais pobres(16) e, em particular,
a ausência de anticorpos neutralizanSuínos & Cia
32
tes (em inglês, NA) específicos antiPCV2(123) estão relacionadas com um
aumento na replicação viral, o que resulta em severas lesões no tecido linfóide e em mudanças significativas no
sistema imunológico. Esses eventos
levam os suínos ao estado de depressão característico da PMWS. Como já
visto em condições experimentais, estudos a campo realizados em granjas
infectadas ou não pela PMWS também revelam diferenças importantes
entre os eventos que ocorrem durante
episódios de infecções clínicas e subclínicas devidas ao PCV2.
Da fase de lactação ao período
de engorda/terminação, a proporção
de suínos positivos para o PCV2 e a
carga viral aumentam gradualmente
e coincidentemente com o desmame,
fase de anticorpos antiPCV2 de origem materna (em inglês, MDA). A
mais alta pressão de infecção ocorre
no momento em que surge a doença(17,
62)
. Suínos doentes mostram alta carga
viral no soro e em locais de excreção
em potencial, juntamente com uma
resposta de anticorpos mais fraca,
comparada a animais com infecção
subclínica(54, 62, 128). Naqueles suínos
subclinicamente infectados, a duração da viremia é variável, entre cinco
e 21 semanas. Uma alta proporção de
suínos pode se apresentar virêmica e,
ao mesmo tempo, ter altos níveis de
anticorpos antiPCV2(172).
Fatores que influenciam a
progressão da infecção por PCV2
para PMWS
Até os dias de hoje, os mecanismos pelos quais os suínos desenvolvem a PMWS ou permanecem
subclinicamente infectados com o
Ano VI - nº 35/2010
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PCV2 continuam desconhecidos. Inúmeros fatores têm sido identificados
como influenciadores no progresso
da infecção pelo PCV2 em direção à
PMWS (Figura 1.4.) e, consequentemente, a patogenia da doença ainda
não é totalmente compreendida. Sua
complexidade é adicionalmente influenciada pela falta de um modelo
experimental universal para a doença
que possa ser reproduzido. Tentativas
de reproduzir a PMWS somente com
o PCV2 renderam resultados bemsucedidos em um número limitado
de estudos(05, 83, 16, 67). Na maioria das
ocasiões a simples inoculação com
o PCV2 resulta em infecções subclínicas(13, 45, 107, 144, 01). As chances de
se chegar à doença clínica aumentam quando o PCV2 é inoculado em
combinação com outro patógeno que
acometa o suíno, como o parvovírus
suíno (PPV)(05, 45, 68), o vírus da síndrome respiratória e reprodutiva dos suínos (PRRSv)(07, 156) ou o Mycoplasma
hyopneumoniae(131). Crescimento da
replicação do PCV2 e desenvolvimento da PMWS têm sido induzidos
também após a estimulação do sistema imunológico, tanto pela injeção
de produtos imunoestimulantes(87, 89,
60, 197)
, ou pela vacinação(130). Baseado
em todos esses dados, tem sido postulado que o estímulo ao tecido linfóide – seja por infecções concomitantes
ou por qualquer outro fator imunoestimulante – promova um ótimo ambiente para a replicação do PCV2.
De modo interessante, a indução de um estado de imunossupressão
nos suínos, por meio da injeção de
ciclosporina ou dexametasona, também resultou em regulação posterior
da replicação do PCV2 nos tecidos
dos animais infectados(88, 80, 122). Nesse
contexto, o aumento na carga viral foi
atribuído ao enfraquecimento induzido à resposta imune dos suínos tratados. Para aumentar o esclarecimento
sobre a patogenia da doença, vários
Ano VI - nº 35/2010
experimentos e estudos a campo têm
sido realizados no sentido de identificar os fatores que influenciam o efeito
da PMWS. Desse modo, fatores inerentes ao individuo, ao vírus e fatores
influenciadores da interação vírus/
hospedeiro têm sido relatados.
Com relação a fatores hospedeiro-dependentes, tem-se afirmado que a susceptibilidade à PMWS
poderia ser determinada geneticamente, uma vez que alguns dados
de campo ou experimentais indicam
certos cruzamentos ou linhagens genéticas como mais frequentemente
acometidos(102, 132, 133). Adicionalmente, o fato dos suínos com antecedentes
genéticos idênticos poderem expressar diferentes sintomas clínicos após
a inoculação experimental do PCV2,
também sugeriu a existência de variabilidade genética interindividual.
Muito recentemente foi relatado que o
cromossomo suíno 13 poderia conter
genes que confeririam suscetibilidade
à PMWS, e um gene candidato em
potencial chegou a ser identificado(78).
Esse gene codifica para a proteína
MyRIP, a qual está envolvida no tráfico citoplasmático de vesículas e na
exocitose. Os autores especularam
que a persistência do PCV2 nas vesículas celulares do sistema imune
inato poderia estar relacionada com
a falta de tráfico citosólico, mediado por meio da MyRIP. Entretanto,
a suscetibilidade à PMWS poderia
não estar relacionada a nenhum polimorfismo na codificação de parte da
proteína MyRIP, tampouco com a expressão diferencial desse gene entre
suínos sãos e doentes.
A respeito dos fatores vírusdependentes, demonstrou-se que suínos inoculados experimentalmente
com um PCV2 submetido a um alto
número de passagens em cultivo celular apresentaram tanto viremia,
como lesões associadas ao PCV2 reduzidas, em comparação com suínos
inoculados com a cepa selvagem do
PCV2(52). Estas diferenças foram atribuídas a duas mutações aa na proteína
Cap, sugerindo que mudanças mínimas no genoma do PCV2 poderiam
contar como causadoras de diferenças
na virulência e na patologia associadas ao mesmo.
Tem sido afirmado também
que o genoma do PCV2 poderia influenciar o progresso da infecção pelo
vírus. Vários estudos epidemiológicos
demonstraram que isolados do PCV2
estavam associados à ocorrência de
PMWS numa frequência maior, comparados com isolados pertencentes
ao genótipo PCV2a, o que sugere a
existência de diferenças na virulência
entre os genótipos do PCV2(18, 26, 56, 61,
199)
. Essa associação, entretanto, não
pode ser reproduzida em um estudo
controlado, delineado com esse propósito, usando isolados de PCV2 de
cada genótipo(136).
A presença de anticorpos antiPCV2 passivos (adquiridos) no momento da exposição ao vírus é também um importante fator a considerar. Muitos estudos conduzidos com
suínos, natural e experimentalmente
infectados com o PCV2, revelaram
que a replicação viral e a expressão
da PMWS são altamente influenciadas pela presença de anticorpos
anti-PCV2. Sob condições de campo,
tem sido demonstrado que os suínos
geralmente não desenvolvem PMWS
antes de quatro semanas de idade(152,
62)
nem se infectam enquanto os anticorpos anti-PCV2 de origem materna
(MDA) estão presentes(62). Os autores
desses estudos sugerem que a imunidade materna deveria conferir proteção contra a infecção por PCV2 e a
doença. Sob condições experimentais,
o efeito protetor dos MDA tem sido
provado e demonstrado como dependente do título de anticorpos obtido
por meio da ingestão do colostro(117,
139)
.
Suínos & Cia
33
Sanidade
otimização das condições de higiene,
por meio de procedimentos de limpeza e desinfecção e 4) boa nutrição.
A implementação do referido plano
reduziu significativamente as perdas
associadas à PMWS, sendo o mesmo
ainda considerado – nos dias de hoje
– um modelo de estratégias de intervenção para o controle da referida
doença.
A implementação do plano de Madec reduz significativamente as perdas associadas à PMWS.
Além dos fatores dependentes do hospedeiro e do vírus, outros
fatores principalmente relacionados
às rotinas de manejo implementadas
no plantel, têm sido relatados como
responsáveis pelo aumento do risco
da aquisição da PMWS(154, 103). Não
há dados científicos disponíveis, relativos ao fato do manejo influenciar
no surgimento da doença. Entretanto,
sabe-se que certas rotinas, como a
mistura de suínos com idades diferentes ou baias muito extensas, podem
aumentar o nível de estresse entre
os animais. Baixas no sistema imune relacionadas a fatores estressantes
podem explicar a alta ocorrência de
PMWS, seguida de certas medidas de
manejo.
Apesar de toda a pesquisa realizada, o exato mecanismo pelo qual
todos os fatores anteriormente mencionados desencadearia o desenvolvimento da PMWS não é conhecido. No
entanto, quando todos os dados acumulados são considerados, torna-se
evidente que suínos acometidos pela
PMWS diferem daqueles com infecção subclínica, tanto na carga viral do
PCV2 quanto na extensão dos danos
Suínos & Cia
34
causados ao sistema imune (Figura
1.4.). Ambos os fatos apontam para o
equilíbrio entre a capacidade do suíno em produzir uma resposta imune
eficaz contra o PCV2 e a habilidade
viral em evadir-se/ deprimir o controle imunológico, como pontos chave
na patogenia da PMWS.
Medidas de controle
Antes da disponibilidade de
vacinas contra o PCV2, as medidas
de prevenção contra a PMWS focalizavam-se no controle dos fatores
de risco envolvidos no progresso da
doença. Um plano de recomendações
contendo 20 pontos importantes foi
proposto, no sentido de ajudar os produtores a identificar e ajustar práticas
de manejo que favoreciam o aparecimento da mesma(105). Eram recomendações focalizadas principalmente
na redução da pressão de infecção
do PCV2 e de outros agentes infecciosos e na minimização do estresse
nos suínos. Os pontos principais do
plano de Madec incluem: 1) limitação
do contato entre suínos de leitegadas
distintas; 2) redução do estresse; 3)
Atualmente, além de controlar
os fatores desencadeantes da PMWS,
a prevenção de surtos da doença pode
ser obtida de modo efetivo pelo controle do PCV2 por meio da vacinação.
A informação sobre vacinas comerciais disponíveis contra o PCV2 está
revista na seção 3.2.2.1.
O PCV2 e o sistema imune
Imunopatogenia da infecção pelo
PCV2
• Atividade imunomoduladora do
PCV2
A noção de que suínos acometidos pela PMWS padecem de
uma imunodeficiência adquirida(33)
levou à especulação de que a infecção
pelo PCV2 poderia modular a defesa
imune do hospedeiro. Recentemente,
muitos estudos in vitro têm apoiado
essa hipótese e esclarecido alguns
aspectos do complexo de interação
entre o PCV2 e as células do sistema
imune.
A infecção pelo PCV2 induz a
uma diminuição na atividade funcional
das células dendríticas (DC), dependendo da subpopulação envolvida(193).
Nas DC mielóides (mDC) a infecção
pelo PCV2 não altera a habilidade das
mesmas em processar e apresentar o
antígeno aos linfócitos T, não interferindo também em sua maturação(192,
193)
. Reciprocamente, a interação do
PCV2 com as DC plasmocitóides
(pDC) – também conhecidas por céAno VI - nº 35/2010
Sanidade
lulas produtoras naturais de interferon
ou NIPC (sigla em inglês) – induziu
a sinais inadequados de resposta ao
perigo. Deste modo, a inibição induzida pelo PCV2 ao interferon alpha
(em inglês, IFN-α) e o fator de necrose tumoral alpha (em inglês, TNF-α),
normalmente produzidos pelo NIPC
a partir da interação com oligodeoxinucleotídeos (em inglês, ODNs) com
motivos centrais CpG (em inglês,
CpG-ODN), consequentemente interferem com a maturação das NIPC,
do mesmo modo que com a maturação parácrina das mDC(193). Devido à
importância das DC na mediação das
defesas inatas, a habilidade do PCV2
em interferir com o seu funcionamento poderia representar uma grande
barreira ao desenvolvimento de uma
resposta imune adequada, seja contra
o próprio PCV2 como a qualquer outro patógeno(194).
Quando o PCV2 é adicionado, in vitro, a uma cultura de macrófagos alveolares (em inglês, AM),
observa-se uma produção alterada
de certas citocinas e/ou quimiocinas.
Desse modo, a infecção pelo PCV2
diminui a produção de O2, radicais livres e H2O2 e aumenta a produção de
TNF-α, interleucina 8 (IL-8), fatores
quimiotáticos derivados de macrófagos alveolares-II (em inglês, AMCFII), fatores estimuladores de colônias
de granulócitos (G-CSF) e proteínas
quimiotáticas de monócitos I (em
inglês, MCP-I)(21). Especula-se que
essa alteração na funcionalidade dos
AM infectados pelo PCV2 possa favorecer a sua disseminação, tornando
também os suínos mais suscetíveis a
infecções pulmonares oportunistas e
secundárias.
A adição do PCV2 a células
mononucleares do sangue periférico (PBMC), obtidas tanto de suínos
doentes quanto saudáveis, suprimiu
a resposta da IL-4 e da IL-2 frente à
fitohemaglutinina (em inglês, PHA) e
promoveu a secreção das IL-10, ILAno VI - nº 35/2010
1β e IL-8(31). De modo interessante, ao
contrário do que foi observado para as
pDC, o PCV2 induziu a produção de
IFN-α nas PBMC(200). Adicionalmente, o PCV2 parece modular a resposta
imune específica desenvolvida pelos
suínos frente a outros patógenos(82).
Desse modo, IL-12, IFN-α, IFN-γ e
IL-2 revertem os efeitos das PBMC,
após o estímulo do vírus da pseudoraiva ser dessensibilizado pelo PCV2.
O efeito inibitório nas reações frente
a IL-12, IFN-α e IFN-γ foi mediado
pela liberação do IL-10 induzido pelo
PCV2. O aumento do nível sérico
dessa citocina , in vivo, em suínos infectados pelo PCV2 foi associado ao
desenvolvimento da PMWS(176).
nas desde que o vírus total seja usado
no estímulo às células. Nem VLPs,
tampouco nenhum dos CpG-ODNs
estudados foram identificados como
indutores da IL-10(81).
A implicação de diferentes
componentes do PCV2 na modulação
da resposta imune tem sido também
investigada. Vincent et. al. (2007)
concluiu que a diminuição da capacidade funcional das DC induzida pelo
PCV2 não requer a replicação viral,
sendo mediada pelo DNA do vírus.
Os mesmos autores demonstraram
que uma concentração mínima de
dsDNA (forma replicativa) foi necessária para mediar a referida inibição.
No caso de PBMC, a supressão da
IL-2 e do IFN-γ induzida pelo PCV2,
liberada mediante o retorno do antígeno, está associada ao vírus total e
a certos CpG-ODNs derivados de seu
genoma. Em contrapartida, partículas
virais PCV2 like (em inglês, VLP)
não demonstram nenhum efeito supressor e não modulam, tampouco, as
respostas ao IFN-α(81). De fato, a modulação da produção de IFN-α pela
PBMC poderia ser atribuída à presença do CpG-ODN no genoma do
PCV2. Sequências com ambas as atividades, IFN-α indutoras e inibidoras
foram detectadas, mas os indutores do
IFN-α predominaram(200, 81). A maioria dos CpG-ODN inibitórios foram
encontrados dentro do gene Rep(81).
Com relação à habilidade do PCV2
em induzir a IL-10, ela é mantida ape-
Imunossupressão em suínos
acometidos pelo PCV2
Todos esses dados juntos
sugerem que o PCV2 tem o potencial
de evadir-se do controle imunológico
e de mediar a imunossupressão, por
meio do enfraquecimento dos mecanismos de defesa do hospedeiro. Nos
dias de hoje ainda não se sabe por que
apenas uma pequena proporção de
suínos acometidos pelo PCV2 tem o
seu sistema imunológico comprometido e incapaz de antagonizar o efeito
imunomodulador do PCV2.
A evidência mais contundente da imunossupressão corresponde
à extensa lesão observada no tecido
linfóide de suínos acometidos pela
PMWS. Ela inclui a depleção dos
linfócitos B e T combinada com um
aumento no número de macrófagos e
a perda ou a redistribuição das células dendríticas interfoliculares(28). No
tecido linfóide a depleção dos linfócitos T envolve, principalmente, células
CD4+ e, em menor extensão, células
CD8+(161). Outra característica da imunossupressão em suínos acometidos
pela PMWS é a alteração dos subconjuntos das PBMC. Em um estudo
transversal, no qual casos naturais
de PMWS foram comparados com
suínos sadios, foi relatado – no caso
da doença – um decréscimo nas subpopulações de IgM+, CD8+ e CD4+/
CD8+(30). A cinética dessa linfopenia,
assim como o fenótipo das células
envolvidas, foi adicionalmente caracterizada por Nielsen et. al. (2003),
sob condições experimentais e usando suínos livres de doenças específicas (em inglês, SPF). Deste modo, a
depleção dos linfócitos B (CD21+) e
T (CD3+) foi observada somente em
Suínos & Cia
35
Sanidade
suínos inoculados com o PCV2 que,
mais tarde, desenvolveram PMWS
a qual se iniciou no sétimo dia pósinfecção, tornando-se severa no momento da ocorrência dos sinais clínicos. Mudanças nos subconjuntos de
células T envolveram, principalmente, CD3+CD4+CD8+ células de memória T. De modo oposto, naqueles
suínos inoculados com o PCV2 que
não manifestaram sinais clínicos,
o número de linfócitos T citotóxicos (CD3+CD4-CD8+) e linfócitos T
γδ (CD3+CD4-CD8-) aumentou, em
comparação com o grupo controle de
suínos, sugerindo, em consequência,
uma resposta ativa à infecção pelo
PCV2.
Depleção linfóide e leucopenia são características consistentes
de suínos acometidos pela PMWS.
Entretanto, ainda não se sabe se a
perda de linfócitos é um efeito direto da infecção pelo PCV2 ou uma
consequência indireta das respostas
à mesma. Alguns autores afirmaram
ser a depleção linfóide um resultado
da apoptose induzida pelo vírus(170,
84
). No entanto, resultados contraditórios foram encontrados por outros
autores(110, 149). Em um estudo recente
observou-se que PBMC infectada por
PCV2 apresentou mudanças morfológicas típicas de degeneração celular.
Estas mudanças foram correlatas com
um aumento no título viral, sugerindo
que a infecção da PBMC pelo PCV2
poderia levar à morte celular(95). Foi
demonstrado, in vivo, que os linfócitos B e T dão suporte à replicação do
PCV2(141, 202). Ainda que este último
fato esteja implícito, a depleção severa observada em suínos acometidos
pela PMWS necessita ser elucidada.
Imunidade protetiva desenvolvida
frente à infecção pelo PCV2
• Respostas humorais
A maioria dos inquéritos soSuínos & Cia
36
rológicos publicados, relativos ao
PCV2, baseiam-se na detecção do
total de anticorpos anti-PCV2 (em
inglês, TA), sem que haja determinação de sua atividade neutralizante.
No campo, a soro conversão para o
TA ocorre em ambos os casos: suínos acometidos pela PMWS e casos
de infecção sub-clínica(152, 92, 172, 62).
Enquanto alguns estudos não encontraram diferenças entre suínos acometidos ou não pela PMWS, relativas
a títulos de TA(92), outros trabalhos
relataram respostas fracas em suínos
doentes(122, 62). Sob condições experimentais, respostas lentas ou baixos
títulos de TA têm sido relatados, com
relação à expressão da PMWS(16, 90,
156, 127, 123)
. Muitos estudos, a campo e
experimentais, têm demonstrado que
o PCV2 poderia persistir no sangue e
nos tecidos, na presença de altos títulos de TA(152, 92, 172, 116, 86, 107); entretanto,
estes estudos não descriminam anticorpos neutralizados ou não.
Tem sido demonstrado que suínos infectados pelo PCV2 desenvolvem anticorpos neutralizantes (NAs)
específicos, frente ao mesmo(144, 123,54).
Sob condições experimentais, NAs
se desenvolveram entre dez e 28 dias
pós-infecção(144, 123, 54) e baixos títulos
têm sido relatados para um aumento
da replicação do PCV2 e desenvolvimento da PMWS(123). Amostras de
soro longitudinais de dois estudos a
campo distintos, um deles concluído
na Bélgica e o outro na Dinamarca,
foram analisadas para a presença de
NA.
Demonstrou-se que NA de
origem maternal foi transferido, de
modo passivo, a todos os leitões. Os
títulos de NA de origem maternal
desapareceram gradativamente, até
aproximadamente dez semanas de
idade nos suínos da Bélgica e três semanas pós-combinação dos lotes nos
suínos dinamarqueses. Em ambos os
casos, nenhum dos suínos que desenvolveu PMWS soroconverteu para
NA. Adicionalmente, outro estudo
demonstrou que os níveis de NA foram correlatos com o estado clínicopatológico dos suínos naturalmente
infectados(54). Desse modo, suínos positivos para o PCV2, com títulos NA
iguais ou acima de 1:512 foram mais
considerados como infectados subclínicamente e aqueles com títulos ≤
1:16 tiveram grande probabilidade de
adquirir a PMWS.É importante notar
que nem todos os suínos com baixos
títulos de NA apresentaram baixos níveis de TA(123, 54). Este último fato sugere que alguns animais desenvolvem
resposta humoral com baixos NAs
ou que NA desenvolve-se mais tarde
que a ausência de NA. Um atraso na
resposta do NA tem sido relatado em
suínos infectados subclínicamente
pelo PCV2(144, 54). Adicionalmente, há
um estudo relatando a coexistência
de altos títulos de NA e de uma alta
carga viral sérica e tecidual(54). Considerados em conjunto, esses dados
sugerem que a simples presença de
anticorpos anti-PCV2 não garante totalmente a eliminação viral, quando a
infecção já se instalou e aponta para
um sistema composto por outros mecanismos imunológicos distintos das
respostas humorais.
Respostas mediadas por células
Os preceitos das respostas
adaptativas mediadas por células
no controle da infecção e da doença
causadas pelo PCV2 ainda carecem
de um estudo mais profundo. Entretanto, o fato dos suínos acometidos
pelo PCV2 apresentarem uma diminuição em suas respostas relativas
às células T(30, 126), é sugestivo da sua
contribuição no processo de proteção
imunitária contra a infecção causada
pelo vírus. Adicionalmente, tem sido
demonstrado que a imunossupressão
artificialmente induzida pode potencializar a replicação viral(88, 80, 122). Em
suínos gnotobióticos, o tratamento
Ano VI - nº 35/2010
Sanidade
Tabela 1.2. Vacinas comerciais contra o PCV2
Vacinas contra o PCV2
Ingelvac CircoFLEX®
Suvaxyn PCV2 One
Dose®
Porcilis PCV® Circumvent®
CIRCOVAC®
Empresa
Boehringer Ingelheim
Fort Dodge
Intervet-Schreing
Plough
Merial
Antígeno
Cap proteína do PCV2
Quimera inativada dos
PCV1 e 2
Cap proteína do PCV2
PCV2 inativado
Leitões (quatro semanas e mais velho)
Leitões
Porcilis PCV®: três dias e
Fêmeas suínas em idade
mais velho
de reprodução
Circumvent®: três semanas e mais velho
Regulamentada para
uso em
Dose e Posologia
Leitões (duas semanas
e mais velho)
1 mL via IM* dose
única
2 mL via IM* dose
única
2 mL via IM*
Porcilis PCV®: duas
doses (três dias e três
semanas de idade) /
dose única (três semanas de idade)
Circumvent®:
duas doses (três e seis
semanas de idade)
2 mL via IM*
Primeira vacinação:
duas doses (três a
quatro semanas entre
elas), pelo menos duas
semanas pré-cobertura
(marrãs) ou parto (porcas)
Revacinação: uma dose
a cada gestação, pelo
menos de duas a quatro
semanas pré-cobertura
* IM = intramuscular
com ciclosporina A (CyA), antes da
inoculação do PCV2, resultou em
aumento da replicação viral. Sugeriuse que esse efeito tenha sido parcialmente mediado por uma diminuição
na capacidade de resposta celular,
causada pela CyA(88, 122). Ademais,
os níveis de expressão do mRNA do
IFN-γ, em PBMC de suínos inoculados experimentalmente com o PCV2,
foram considerados correlatos com a
replicação viral e o estado imunossupressor induzido pela CyA. Desse
modo, uma expressão mais acentuada
do mRNA do IFN-γ aparentemente
tornou os suínos menos suscetíveis à
replicação do PCV2(22). Outro estudo,
no qual os suínos foram imunodeprimidos com dexametasona, mostrou
resultados semelhantes. Deste modo,
a inoculação do PCV2 em suínos tratados com dexametasona induziu a
replicação viral e as lesões virais associadas ao processo, visto que nem
o genoma do PCV2, tampouco as
lesões associadas ao mesmo, foram
Suínos & Cia
38
detectadas em suínos inoculados somente com o PCV2(80).
Imunidade protetiva conferida pela
vacinação contra o PCV2
• Vacinas comerciais disponíveis
Pelo menos quatro vacinas
comerciais, para uso nos suínos em
fase de crescimento e para animais
em idade de reprodução, estão disponíveis no momento nas maiores regiões produtoras de suínos ao redor do
mundo (Tabela 1.2.). A primeira vacina no mercado foi a CIRCOVAC®
(Merial), uma vacina inativada contra
o PCV2 e com adjuvante oleoso, para
uso em marrãs e porcas entre duas e
quatro semanas pré-cobertura. CIRCOVAC® foi a primeira a ser usada
na Europa, sob licença temporária
em 2004 e já disponível para a maioria dos países europeus e o Canadá,
a partir de 2006/2007. Os outros três
produtos comerciais são vacinas recombinantes, desenvolvidas para uso
nos suínos em crescimento, ao redor
da terceira/quarta semanas de idade. Suvaxyn PCV2 One Dose® (Fort
Dodge) é produzida com base em
um vírus quimérico da infecção, que
contém o gene imunogênico ORF2
Cap do PCV2, inserido na estrutura genômica central não patogênica
do PCV1(50). Ingelvac CircoFLEX®
(Boehringer Ingelheim) e as vacinas
da Intervet-Schreing Plough (Porcilis
PCV® e Circumvent®) são vacinas de
subunidade baseadas em um produto
do ORF2 expresso no baculovírus.
Todas as quatro vacinas são baseadas
em linhagens do PCV2a.
Dados de campo têm demonstrado que todas as vacinas citadas
demonstram eficácia notável. Uma
drástica redução nas perdas reprodutivas associadas ao PCV2 tem sido
observada nos suínos em crescimento, sejam vacinados ou originários de
Ano VI - nº 35/2010
Sanidade
plantéis vacinados. Desse modo, melhoras nos índices de ganho médio de
peso diário e na conversão alimentar,
decréscimo nos níveis de mortalidade
e redução nos custos com medicação
são alguns dos benefícios observados em lotes vacinados(85, 46). A vacinação das fêmeas tem demonstrado
efeito benéfico no desempenho dos
plantéis reprodutivos. Deste modo,
a vacinação de marrãs e porcas tem
revelado um aumento no número de
leitões nascidos vivos e no número
de terminados/porca/ano, além de reduzir o número de mumificados por
porca(179, 191). Recentemente, o efeito
potencial protetor da vacinação de reprodutoras na prevenção da infecção
fetal pelo PCV2 e das falhas reprodutivas, foi investigado sob condições
experimentais(160). Porcas-sentinela
para o PCV2 e prenhas, foram vacinadas ou receberam placebo no 28º
dia de gestação, tendo sido inoculadas
com um isolado de PCV2b ao redor
do 56º dia.
Falhas reprodutivas não puderam ser reproduzidas, mas a infecção
das porcas-sentinela prenhas pelo
PCV2 resultou em infecção fetal, da
qual a vacinação das porcas não foi
suficiente para proteger. A vacinação
de reprodutoras não preveniu a veiculação do PCV2 por meio do colostro,
sugerindo que a vacinação da porca
pode não prevenir a transmissão vertical.
Até os dias de hoje, poucos estudos têm lidado com o(s)
mecanismo(s) subjacente da proteção
induzida pela vacina. É comum assumir que o princípio básico da eficácia da vacinação se baseia no efeito
protetor dos anticorpos anti-PCV2,
seja por aquisição passiva (vacinação
das porcas) ou por indução ativa (vacinação dos leitões). Entretanto, baixa resposta de anticorpos ou falta de
desenvolvimento dos mesmos após a
vacinação nem sempre impede a proteção. Fenaux et. al. (2004a) afirmam
Ano VI - nº 35/2010
que após a imunização com um vírus
quimérico PCV1-2, mesmo nem todos
os suínos soroconvertendo contra o
PCV2, ainda assim estarão protegidos
de manifestar viremia pelo referido
agente e sinais clínicos após o desafio
com o PCV2. Os autores desse estudo
sugeriram haver um sistema de controle potencial da imunidade mediada
por células, na proteção induzida pela
vacinação. Recentemente, foi relatado que o colostro de porcas SPF vacinadas continha células secretoras interferon-gama (em inglês, IFN-γ-SC)
PCV2 específicas(59). A transferência
das mesmas à sua leitegada foi provada, mas o efeito protetor das mesmas
não pôde ser elucidado, uma vez que
IFN-γ-SC foram apenas detectadas
em leitões neonatos e durante um período de tempo muito curto.
Protótipos de vacinas experimentais
Além das vacinas comerciais,
outros protótipos de vacinas têm sido
delineados e testados em diversos
modelos in vivo. Estes incluem vacinas inativadas(45), vacinas produzidas a partir de DNA(14, 77, 11, 47, 169) e
vacinas de subunidade recombinantes
com expressão de proteínas virais do
PCV2(101, 14, 76,197 , 47, 196, 12). Dados de estudos realizados com as vacinas anteriormente mencionadas permitem a
compreensão de detalhes intrínsecos
relativos às respostas imune geradas
a partir de diferentes ORFs do PCV2
e suas correspondentes proteínas codificadas. Blanchard et. al. (2003)
descobriram que a proteína Cap
ORF2-codificada era um potente imunógeno, induzindo a proteção contra
o desafio subsequente com o PCV2,
ao passo que a proteína Rep, produto
de ORF1 era fracamente imunogênica. Proteção imunitária foi atribuída
à forte resposta precoce de anticorpos induzida pela Cap, mas não pela
Rep. No mesmo estudo, a proteção
induzida pelo DNA e por vacinas de
subunidade também foi comparada.
Interessante notar que enquanto a resposta imune obtida pela vacina de subunidade neutralizou a infecção pelo
PCV2, a vacinação com o DNA pareceu promover a replicação do agente
nos suínos(15). Em contraste, utilizando como modelo um trabalho realizado com roedores, Shen et. al. (2008)
concluiu que a imunização com uma
vacina produzida a partir de um plasmídeo de ORF2 (ORF2p) resultou em
maior eficácia diante do desafio com
o PCV2, comparativamente à proteína Cap.
Adicionalmente, ainda que
ambos os sistemas tenham eficácia
comparável na indução de respostas
linfo proliferativas e Cap específicas
para células T CD4+, a ORF2p foi
superior à proteína Cap no desencadeamento de células T CD8+ e restauração das respostas dos anticorpos à
neutralização viral. Foi sugerido, por
essa razão, que as células T CD8+ e
as respostas NA teriam papel crucial
na indução da proteção vacinal contra
o PCV2. Outros estudos, realizados
com vetores virais vivos, mostraram
que viroses recombinantes que expressam Cap podem induzir repostas
humorais específicas e/ou respostas de
proliferação de linfócitos ao PCV2(76,
197, 196, 175, 47, 140, 197)
. Entretanto, a imunogenicidade desses produtos foi testada
na maioria das vezes em ratos, sendo
a eficácia em suínos demonstrada uma
única vez e em apenas um deles(197).
Confira na próxima edição a segunda
parte do trabalho de atualização
sobre Circovírus Suino - PCV2.
Referências Bibliográficas estão
disponíveis no site:
www.suinosecia.com.br
Suínos & Cia
39
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