INTRODUÇÃO

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI
MESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA
Daniela Barboza Sabóia Cruz
Woneska Rodrigues Pinheiro
O OLHAR DO FAMILIAR DE PACIENTES INTERNADOS SOBRE A UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA
JOÃO PESSOA – PB
2013
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Daniela Barboza Sabóia Cruz
Woneska Rodrigues Pinheiro
O OLHAR DO FAMILIAR DE PACIENTES INTERNADOS SOBRE A UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, apresentado à
Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva - SOBRATI,
como requisito parcial para obtenção do título de mestre.
Orientador: Elson Gama
JOÃO PESSOA – PB
2013
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2
RESUMO
A Unidade de Terapia Intensiva é definida como um lugar onde o paciente requer um cuidado
mais intensivo e constante para sua completa recuperação. Apesar de tratar-se de um setor
onde há uma equipe multiprofissional qualificada e recursos materiais de alta tecnologia e
sofisticação para favorecer o diagnóstico e tratamento, a visão que se tem da mesma é de um
lugar em que o paciente está perto da morte. Assim passa a ser um ambiente hostil tanto para
o paciente quanto para seus familiares. Partindo dessa perspectiva, o presente estudo, teve o
seguinte objetivo: Investigar a percepção de familiares de pacientes internados na Unidade de
Terapia Intensiva. Trata-se de um estudo exploratório de caráter quantiqualitativo
desenvolvido em uma Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital público, na cidade de
Juazeiro do Norte – CE, cuja amostra foi composta por 10 familiares selecionados de forma
aleatória simples, segundo critérios de acessibilidade. O instrumento utilizado para coleta de
dados foi um roteiro estruturado com perguntas subjetivas e os dados foram obtidos a partir
da técnica de entrevista no período de maio a julho de 2012. Os dados foram analisados
quantiqualitativamente. O aspecto quantitativo compreendeu a análise do fragmento absoluto
e percentual dos dados, enquanto o enfoque qualitativo foi através da análise do discurso do
sujeito coletivo. Os resultados mostraram que os familiares dos pacientes apresentam
sentimentos de medo, angústia, medo da morte em relação à internação de seu parente. A
visão que eles tinham acerca da UTI antes de ter um familiar interno neste setor é de que era
de ser um lugar que a pessoa espera a morte, ou um lugar entre a vida e a morte. Porém essa
visão foi modificada após a internação de seu parente, passando os familiares a verem a UTI
como um lugar de recuperação de pacientes graves, com atuação de uma equipe qualificada.
Neste sentido faz-se necessário a atuação da enfermagem neste setor para minimizar idéias
pré-formadas acerca da UTI, e também para aplicação de medidas humanizadoras junto aos
familiares dos pacientes voltadas para diminuição do quadro estressante diante desse
momento difícil de suas vidas.
Palavras-chave: Percepção; humanização da assistência; Unidade de Terapia Intensiva.
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ABSTRACT
The Intensive Care Unit is defined as a place where the patient requires a more intensive and
constant care for his complete recovery. Despite that this is a sector where there is a
multidisciplinary team qualified resources and high-tech materials and sophistication to
facilitate diagnosis and treatment, the vision that you have of it is a place where the patient is
near death. Just happens to be a hostile environment for both the patient and their family.
From this perspective, this study had the following: Investigate the perception of relatives of
patients hospitalized in the Intensive Care Unit. This is an exploratory study of character
developed in a quanti Intensive Care Unit of a public hospital in the city of Juazeiro - EC,
whose sample consisted of 10 family members selected by simple random sampling,
according accessibility criteria. The instrument used for data collection was a structured
questionnaire with questions and subjective data were obtained from the interview technique
in the period May to July 2012. Data were analyzed quanti. The quantitative aspect included
analysis of the fragment absolute and percentage data, while the qualitative approach was
through analysis of the collective subject discourse. The results showed that relatives of
patients have feelings of fear, anguish, fear of death in relation to the admission of their
relative. The vision they had about the ICU loved having a family built this industry is that it
is a place that one expects death, or a place between life and death. But this view was
modified after the hospitalization of a relative, going to see the family as a place to ICU
recovery of critically ill patients, with involvement of a qualified team. In this sense it is
necessary nursing activities in this sector to minimize preformed ideas about the ICU, and
also to implement measures humanizing from relatives of patients facing decreased stressful
framework before this difficult time of their lives.
Word-key: Perception; Humanization of Assistance; Unit of Intensive Therapy
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LISTA DE FIGURAS
Tabela 1 – Distribuição dos sujeitos do estudo segundo as variáveis: idade, sexo e
religião, Juazeiro do Norte - CE, 2012...........................................................................
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Gráfico 1 – Distribuição dos familiares participantes da amostra segundo escolaridade,
Juazeiro do Norte - CE, 2012.......................................................................................... 18
Gráfico 2 – Distribuição dos familiares participantes da amostra segundo o grau de
parentesco com o paciente internado na UTI, Juazeiro do Norte - CE, 2012.................. 19
Gráfico 3 – Distribuição segundo o tempo de internação dos pacientes dos familiares
na UTI, Juazeiro do Norte - CE, 2012............................................................................. 20
Quadro 1 – Categoria a percepção dos familiares diante do impacto da internação de
seu parente na UTI, Juazeiro do Norte - CE, 2012.......................................................... 21
Quadro 2 – Categoria a percepção dos familiares acerca do ambiente da UTI, João
Juazeiro do Norte - CE, 2012............................................................................................ 24
Quadro 3 – Categoria as expectativas dos familiares em relação à internação de seu
parente na UTI, Juazeiro do Norte - CE, 2012................................................................. 26
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SUMÁRIO
1 INTRODUZINDO A TEMÁTICA..........................................................
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Breve Histórico sobre a Unidade de Terapia Intensiva.......................................
2.2 O Significado da Internação em Unidade de Terapia Intensiva para o Paciente
e sua Família.
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3. CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
3.1 Tipo de Estudo.....................................................................................................
3.2 Local do Estudo...................................................................................................
3.3 População e Amostra...........................................................................................
3.4 Posicionamento Ético do Pesquisador.................................................................
3.5 Instrumento para Coleta de Dados.......................................................................
3.6 Coleta de Dados...................................................................................................
3.7 Análise dos Dados...............................................................................................
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS
4.1 Caracterização dos Sujeitos do Estudo................................................................
4.2 A Percepção dos Familiares de Pacientes Internados na Unidade de Terapia
Intensiva.....................................................................................................................
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................
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6 REFERÊNCIAS.............................................................................................
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APÊNDICES
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...............................
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APÊNDICE B – Roteiro Para Entrevista..................................................................
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1 INTRODUZINDO A TEMÁTICA
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é definida como um lugar onde o paciente
requer um cuidado mais intensivo e constante para sua completa recuperação, devido a um
fator que desencadeou tal processo, seja ele agudo ou crônico (GOMES, 2004). A sua origem
remota a década de 1870, através da figura da Enfermeira Florence Nightingale, onde na
Guerra da Criméia providenciou um método de observação contínua e diferenciada a
pacientes de acordo com seu grau de comprometimento, cita o autor supra citado.
Concomitante ao desenvolvimento tecnológico presenciado nas décadas seguintes
surgem então as UTIs com equipamentos sofisticados capazes de monitorar os pacientes
continuamente, sendo atualmente o setor hospitalar onde se dispõe de tecnologia avançada e
pessoal qualificado para atender os pacientes graves e de risco (FERRARI, 2005). Esses
pacientes segundo Gomes (2004), podem ser de três tipos: aqueles que especificamente
necessitam de cuidados de enfermagem rigorosos, aqueles que requerem contínua e freqüente
observação ou investigação e aqueles que dependem de tratamentos complexos e de
equipamentos de apoio (suporte ventilatório, monitores, etc.).
Apesar de tratar-se de um setor onde há uma equipe multiprofissional qualificada
(médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros) e recursos materiais de alta
tecnologia e sofisticação para favorecer o diagnóstico e tratamento, a visão que se tem da
mesma é de um lugar em que o paciente está perto da morte, ou seja, a UTI é vista como
forma de prever a morte do paciente. Assim passa a ser um ambiente hostil tanto para o
paciente quanto para seus familiares. Neste sentido Lemos e Rossi (2012) afirmam que, talvez
seja o local que mais gera estresse no cliente e em seus familiares. Entre os fatores que
corroboram para o estresse eles citam: movimentação das pessoas e o barulho monótono dos
aparelhos, que compromete tanto profissionais que atuam na unidade, quanto o próprio cliente
e sua família.
A família é o primeiro grupo social ao qual somos inseridos, e como unidade
nuclear do indivíduo deve nos acolher, permitindo o desenvolvimento de nossas habilidades,
experiências e relações humanas. È o ambiente onde todos recebem o apoio afetivo,
psicológico, valores humanos e éticos, além de ferramentas necessárias para o nosso pleno
desenvolvimento físico e mental. Assim sendo, para o alcance do equilíbrio familiar,
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necessita-se reforçar o desenvolvimento saudável de cada um de seus membros (PINTO;
KANTORSKI, 2003).
O indivíduo ao adoecer, dependendo do seu quadro clínico, pode requerer um
cuidado intensivo e ser removido para a UTI, sua família torna-se vulnerável. Para a mesma a
internação de seu familiar na UTI significa um momento de sensações de desproteção e de
intensa desestruturação familiar, desencadeando fortes sentimentos frente à angústia iminente
de morte e da impotência diante da situação vivenciada e gerando uma explosão de
sentimentos que variam entre o desespero, revolta, depressão, negação da realidade, culpa,
dentre outros (CAMOM, 1996, p.108).
A entrada do paciente em uma situação de doença com vida-morte ameaçada
altera por vários fatores e razões, a homeostasia familiar. Temores realistas sobre perda de
vida, desligamento do ambiente familiar, perda das contribuições do familiar doente e
acréscimo de novas responsabilidades para os outros, alteram o conforto e o cotidiano dos
familiares envolvidos (HUDAK; GALLO, 1997).
Segundo Smeltzer e Bare (2012), a família pode passar por vários estágios de
sentimentos e culpas (ansiedade, negação, remorso, raiva, tristeza, reconciliação, aceitação,
etc). Mediante essa situação, a família passa também a ser foco da assistência da equipe de
saúde a qual deve compreender que o equilíbrio da mesma, favorecerá a sua contribuição na
recuperação do paciente.
Segundo Lemos e Rossi (2010) a família tem a necessidade de informações
relacionadas à internação, ao ambiente, ao risco de vida do seu ente querido, enfim,
necessidades que geram estresse e que devem ser consideradas pelos profissionais durante
toda a internação. Dessa forma, a falta de informações por parte da equipe de saúde aos
familiares constituí um problema a ser tratado.
Por outro lado, os pacientes são unânimes quando exteriorizam o sentimento de
saudade, vontade de estar perto, de retornar ao convívio familiar, pois eles são de grande
importância e não são esquecidos durante o tempo de permanência na UTI. Diante disso, não
podemos impedir o contado dos mesmos com seus familiares, sendo uma forma de aliviar a
dor, a saudade devido ao distanciamento familiar (NASCIMENTO; CAETANO, 2012).
Entretanto deve-se informar que a finalidade da UTI é a preservação da vida do
paciente de forma contínua e a sua internação neste setor não pode ser baseada somente na
gravidade do quadro clínico, como pensa a maioria das pessoas. O quadro apresentado pode
ou não ser revertido e isto depende de um acompanhamento mais intenso em um ambiente
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próprio, não significando, assim, que a UTI seja uma forma mais intensa e específica de
salvar ou resgatar a saúde do paciente (VITALINO, 2005).
O autor supracitado, acrescenta, ainda, que a UTI é um local cujo foco principal é
o tratamento biológico, com o objetivo principal de preservar a vida, não esquecendo que esta
vida e a de seus familiares têm emoções, afetos e medos. Portanto o paciente e sua família
necessitam de apoio e suporte da equipe. A família deve atuar junto com a equipe tornando-se
um meio de humanização na UTI, possibilitando uma diminuição ou amenizando as
intercorrências que possam comprometer a recuperação do paciente.
Diante dessa problemática, vivenciada, surgiu à motivação para desenvolver este
estudo. Nesta oportunidade observou-se que os familiares dos pacientes mostravam-se
apreensivos diante da situação de vê-los em tal ambiente além de demonstrarem desconhecêlo e o porquê de tantos aparelhos. Por outro lado percebeu-se também que a equipe de saúde
da UTI não oferecia apoio suficiente aos familiares dos pacientes internados, permanecendo
estes em constante estresse emocional.
Portanto a referida pesquisa possuí uma temática de relevância, pois as
informações aqui detidas servirão de subsídio aos enfermeiros que trabalham nas UTI’s, na
atenção as famílias dos pacientes; entretanto, os conflitos que estes passam, naquele
momento, são os mais variados necessitando de atenção por parte dos profissionais, bem
como aos pesquisadores com interesse na temática. Nessa perspectiva consideramos um
grande desafio, no sentido de compreender melhor o processo de internação do paciente em
uma UTI, para ajudar seus familiares a compreenderem tal fato. Em face ao exposto a referida
pesquisa tem por objetivo investigar a percepção de familiares de pacientes internados na
Unidade de Terapia Intensiva.
Mediante o surgimento dessa questão, foram traçados os seguintes objetivos
específicos:
- Verificar o perfil sócio-cultural dos familiares participantes do estudo.
- Verificar a experiência dos familiares diante do impacto da internação de seu parente na
UTI.
- Observar as expectativas dos familiares em relação à internação de seu parente.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Breve Histórico Sobre a Unidade de Terapia Intensiva
Os propósitos e a filosofia das UTIs foi iniciado através da enfermeira Florence
Nightingale na década de 1870, sendo considerada a primeira Enfermeira intensivista e
fundadora da enfermagem moderna. Com a Revolução Industrial e seu desenvolvimento,
houve um avanço nas áreas médica, o que resultou na criação da primeira UTI em 1926 em
Boston, EUA, através do neurocirurgião Walter Dandy, criando a primeira UTI de três leitos
pós-cirúrgia neurológica. No ano seguinte é formada em Chicago a primeira UTI pediátrica
para recém-nascidos. Posteriormente a Primeira Guerra mundial inicia-se um surto global de
poliomielite caracterizada por lesão motora sequelar, que marcou a criação, pelo Dr. Philip
Drinker de um tipo de ventilação não invasiva com emprego da pressão negativa, invento
conhecido como “pulmão de aço.”, que proporcionou o desenvolvimento de inúmeras UTIs,
mudando a história dos pacientes graves (FERRARI, 2005).
Ainda segundo o autor supracitado na década de 1950, Peter Safar, médico
anestesista inicia o conceito do suporte básico e avançado de vida, preconizando a técnica de
ventilação boca a boca. A esses conceitos, ele associou os conhecimentos anestésicos
cirúrgicos, transfirindo-os para a manutenção dos pacientes graves, transformando o
atendimento com suporte ventilatório, medicamentoso e monitorização constante. Inicia-se,
portanto, a fase da monitorização e o emprego dos métodos extraordinários de vida. Em 1970,
Peter Safar e Max Harry Weil, fundaram a Society Critical Care Medicine (SCCM), em Los
Angeles.
No Brasil os profissionais médicos organizaram-se com a formação da Associação
de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) em 1980. Somente em 1996 é formada a Sociedade
Brasileira de Enfermeiros em Terapia Intensiva (SOBETI). Em dezembro de 2003,
reconhecendo a importância multiprofissional e a necessidade de integrar e aglutinar todos os
profissionais que atendem ao paciente crítico é criada a Sociedade Brasileira de Terapia
Intensiva (SOBRATI), que congrega enfermeiros, médicos, médicos
veterinários,
nutricionistas, sicólogos e fisioterapeutas. Estima-se que exista hoje no Brasil por volta de
1500 Unidades de Terapia Intensiva, onde estariam totalizados 21000 leitos. Os custos
crescentes, as taxas de infecções, o processo de humanização e dilemas éticos impostos com a
manutenção de métodos extraordinários em situações irreversíveis, são desafios para a UTI do
futuro (FERRARI, 2005).
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Para a Enfermagem brasileira, esta modalidade de assistência surgiu no fim da
década e 60, e inserida na legislação recente por meio da lei do exercício profissional (N°
7.498, de julho de 1986), e regulamentada pelo decreto N° 94.406, de julho de 1987. A partir
desse decreto a profissão foi definitivamente disciplinada, havendo uma delimitação de
atividades profissionais e o estabelecimento de atividades privativas do enfermeiro: dirigir,
liderar, planejar, organizar, avaliar, coordenar e executar cuidados diretos de enfermagem a
pacientes graves, com risco de vida, e os de maior complexidade técnica e que exigem
conhecimento científico adequados e capacidade de tomar decisões imediatas (CINTRA, et al,
2003).
Atualmente a Unidade de terapia Intensiva é vista como um local onde se presta
uma assistência qualificada e especializada, independente de os mecanismos tecnológicos
serem cada vez mais avançados, capazes de tornar mais eficiente o cuidado prestado ao
paciente em estado crítico (NASCIMENTO; CAETANO, 2012).
Os estágios de saúde dos pacientes internados na UTI podem ser classificados em:
Regular: quando o paciente apresenta melhora do quadro e permanece dentro da estabilidade
esperada; Grave: quando o paciente apresenta-se estável no quadro, embora ainda permaneça
gravemente enfermo; Muito Grave: quando o paciente apresenta instabilidade no quadro,
significando que corre risco de vida (UNIMED VALE DO CAÍ, 2012).
Independente do quadro clínico apresentado pelo paciente a equipe de
enfermagem deve manter cuidados e vigilância contínua garantindo as condições adequadas
para sua recuperação. Neste contexto, o enfermeiro deve assumir um papel fundamental no
planejamento visando a uma assistência com qualidade a qual deve envolver também, os
familiares dos pacientes internados que, por um lado participam do cuidado ao doente e, por
outro, dependem de ações que contribuíram para uma diminuição das reações emocionais e de
sofrimento psíquico, sentimentos que, segundo Pinto e Kantorski (2012) são experimentados
neste momento de crise, tanto pelos familiares quanto pelo paciente.
2.2 O Significado da Internação em Unidade de Terapia Intensiva para o Paciente e sua
Família.
A família é a instituição que funciona como base do convívio social das pessoas.
Nela é que o ser humano prepara-se para enfrentar o mundo exterior e inserir-se
definitivamente em uma comunidade, na qual interagirá e formará novas famílias. Grande
parte da nossa assistência como profissionais de enfermagem aos pacientes e a sua família é
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feita com a prestação de apoio psicológico, onde é possível entender o contexto psicossocial
desses indivíduos e as relações que desenvolvem com o meio que o cerca (PINTO;
KANTORSKI, 2012).
Essa rede complexa de relações e interações entre atores em um cenário
específico, é definida como um sistema, no qual cada ator, dentro de seus papeis, representa
um subsistema e interage com outros subsistemas, construindo um sistema maior. Nesse
sentido, a família pode ser considerada um sistema, representando certa totalidade das
relações e interações de membros familiares (subsistemas), em um próprio simbiótico de
evolução entre si e o mundo (GALERA, apud PINTO; KANTORSKI, 2012).
A família desempenha um papel central na vida do paciente, proporcionando
recursos físicos e emocionais para manter a saúde de um sistema de apoio nos momentos de
crise. Quando um membro da família fica doente, todos os outros são afetados, dependendo
do grau e da natureza da doença a família necessita fazer várias adaptações em seus estilos de
vida existentes, ou mesmo reestruturá-los. Cinco funções da família podem sofrer alterações
com a internação de seu membro, que incluem as funções de gerenciamento, estabelecimento
de limites, comunicação, educação e apoio, e socialização que são afetadas e necessitam de
apoio por parte dos profissionais que convivem com esta família (SMELTZER e BARE,
2002).
O processo de hospitalização, seja ele na UTI, ou em qualquer outra unidade,
evidencia na família uma série de sinais e sintomas de desestabilização emocional em função
da separação entre seus membros e o familiar-paciente. Sendo assim, cada família reage de
formas diferentes em relação à internação de seu parente na UTI. Cada membro da família
tem sua identidade centrada em valores próprios e coletivos, portanto eles não devem ser
excluídos do processo terapêutico de seu familiar. O paciente ao ser interno em uma UTI
requer cuidados específicos. Essa situação pode provocar, na família, sentimentos de
impotência, fraqueza e desespero. (PINTO; KANTORSKI, 2012).
Quando a família recebe a notícia de que seu familiar vai ser interno em uma UTI,
surge uma sensação de estranheza e impotência, o desequilíbrio emocional e a
desestabilização dos familiares são evidenciados. Assim, ela não tem condição de enfrentar
seus conflitos internos sozinha, necessitando que participe do processo, já que seu potencial
terapêutico pode amenizar o sofrimento psíquico causado por essas transformações (PINTO;
KANTORSKI, 2012).
Sendo uma extensão do paciente a família, sofre muitas das mesmas crises que o
paciente na UTI. Mostra-se ansiosa, temerosa e sente-se muito desamparada em suas
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atividades de intervir e ajudar o paciente. Como o paciente ela entrega, em parte, o controle
para a equipe de saúde da UTI. Considera-se separada de seus entes queridos e torna-se vitima
de rotinas de visitação, de um ambiente estranho e amedrontador, e do desconhecido
(HUDAK; GALLO, 1997).
O paciente de uma UTI está basicamente em crise biológica, enquanto que sua
família está apresentando uma crise emocional. Inicialmente os mecanismos de defesa podem
funcionar, e o sistema familiar parecer ajustado. Porém com o estresse crescente o sistema
familiar tende a desintegrar-se se não houver intervenções baseadas na realidade (HUDAK;
GALLO, 1997).
A família constituí uma extensão do paciente e também necessita de cuidados e de
esclarecimentos necessários, através de uma comunicação aberta e efetiva, que busque
dizimar as suas dúvidas e minimizar a sua ansiedade. Para os familiares a UTI pode ser ou
não um ambiente novo, com seus equipamentos e sons que podem passar falsas idéias. A
enfermagem como arte e ciência deve prestar-lhes todo apoio, seu papel vai além de
identificação de sintomas, perfazendo o indivíduo e sua família como um todo, prestando uma
assistência plena e global para garantir a eficácia do seu trabalho.
A UTI é um ambiente onde prevalece o uso de tecnologias cada vez mais
sofisticadas, que fazem à diferença em favor da vida. No entanto, é preciso fazer o uso da
mesma para harmonização das pessoas, visando seu entendimento na totalidade, de forma
criativa e humana. A presença da família pode constituir uma fonte de apoio importante para a
recuperação do paciente. Mas é preciso haver uma interação com o objetivo de minimizar a
ansiedade dos mesmos. Temos que pensar numa estratégia para cuidar da família, pois
existem momentos em que a família se torna, queiramos ou não, gostemos ou não, também
nossa cliente (OLIVEIRA, et al, 2011).
O paciente internado na UTI não está de quarentena. Tão pouco deve ser
despertada na família a idéia de que há algo para se esconder. Deve-se levar em conta as
necessidades individuais do paciente e outras situações, como o excesso de questionamentos
ou ansiedade dos familiares. A presença dos familiares deve ser requisitada pela equipe da
UTI a qualquer momento, sendo necessário compreender suas angústias, sobretudo se estão
seguros quanto ao diagnóstico e tratamento, do seu familiar (ORLANDO, 2002).
Quando bem preparados, os membros da família, têm condições de ficar mais
tempo junto ao seu familiar e serem envolvidos no processo de recuperação, que além de
beneficia-los, diminuí o sentimento de desamparo. Devemos começar a desmistificar que o
ambiente da UTI é frio, traumatizante, hostil e impróprio para a permanência de familiares.
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Precisamos abrir as portas das UTIs para que os familiares possam participar, a seu modo e
dentro de seus limites, no tratamento do paciente em estado crítico e em processo de
recuperação, e que também possam receber cuidados e orientação de acordo com suas
necessidades (GOTARDO ; SILVA, 2005).
Segundo Cintra, et al (2003) para que a família cumpra seu papel de dar suporte à
situação vivenciada pelo paciente, ela também precisa de suporte nas suas necessidades
pessoais. Quando o clima é de confiança as informações passadas e recebidas podem nos
fornecer um entendimento maior sobre o paciente e sua família.
De acordo com Lemos e Rossi (2010), o processo de separação do paciente e de
seus familiares, por si só já é um evento estressante, assume concepções diferenciadas de
acordo com o tratamento que a equipe de enfermagem dispensa ao cliente e aos seus membros
familiares, podendo assumir conotações que vão desde a agressividade ao tranqüilo.
A família deve ser orientada e preparada para sua experiência com a UTI. A
condição, o estado de alerta e os aspectos do paciente devem ser descritos em termos
adequados para o nível de compreensão da mesma (HUDAK; GALLO, 1997).
A qualidade da assistência prestada ao paciente e a sua família envolve a
cooperação de uma equipe multidisciplinar, sendo indispensável à participação de médicos,
enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, etc. O paciente e
sua família necessitam mais do que intervenções, esperam respeito, compreensão,
sensibilidade, solidariedade. Ao mudar nosso olhar veremos outras possibilidades que não
víamos antes e alcançaremos um maior entendimento do processo de cuidar (MORAES, ET
AL, 2004).
O papel do enfermeiro em uma UTI, quando ele faz o “cuidar” acontecer, não se
prendendo a tecnologia e sim aprendendo a usá-la, fica mais claro em vários aspectos. A
técnica passa a ser uma aliada na tentativa de preservar a vida do paciente e de lhe
proporcionar conforto. Dessa forma, os benefícios dos pacientes e de sua família não são
medidos apenas em dados biológicos, mas também através de dados subjetivos, com a
reflexão sobre vários parâmetros (CINTRA, et al, 2003).
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3 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
3.1 Tipo de estudo
A
presente
pesquisa
trata-se
de
um
estudo
exploratório
de
caráter
quantiqualitativo. Segundo Gil (2002) a pesquisa exploratória “tem como objetivo
proporcionar maior familiaridade com problema, com vistas a torná-lo mais explicito ou a
constituir hipóteses e têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta
de intuições”.
Segundo Triviñus (1994), o estudo quantitativo envolve toda investigação baseada
na estatística que pretende obter resultados objetivos, estabelecendo relação estatisticamente
significativa ou não entre os fenômenos e proporcionam maior experiência em relação a
determinado problema, para obtenção dos resultados desejados, quando em contato com uma
determinada população.
O estudo qualitativo segundo Martinelli (1999) “apresenta seu caráter inovador,
como pesquisa que se insere na busca de significados atribuídos pelos sujeitos às suas
experiências sociais; [...]”. Minayo (1999) afirma que a pesquisa qualitativa trabalha “com o
universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a
um espaço mais profundo das relações dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis”. Já a pesquisa qualitativa baseia-se na distribuição dos
resultados em tabelas gráficos, quadros.
3.2 Local do estudo
O estudo foi realizado em uma Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital
Público, localizado no município de Juazeiro do Norte.
3.3 População e amostra
A população foi constituída de todos os familiares dos pacientes internos na
Unidade de Terapia Intensiva da referida instituição durante a coleta de dados. A amostra foi
composta por 10 familiares selecionados de forma aleatória simples, segundo critérios de
acessibilidade.
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3.4 Posicionamento ético do pesquisador
Durante todo o processo da pesquisa, foram considerados os aspectos éticos da
pesquisa envolvendo seres humanos, estabelecidos na Resolução C.N.S. N° 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde, em vigor no país. Desse modo, foi solicitado o consentimento
livre e esclarecido dos participantes da pesquisa (envolvendo seres humanos), segundo artigo
IV da referida resolução, diz que “[...] deverá sempre tratá-los em sua dignidade, respeitá-los
em sua autonomia e defendê-los em sua vulnerabilidade” (BRASIL, 2002). Também foi
considerada a Resolução COFEN-240, que disciplina o Código de ética dos Profissionais de
Enfermagem e dá outras providências ( RIBEIRO, 2003).
Conforme Santos (2004) “[...] a bioética visa estabelecer seus princípios básicos
(não maleficência, beneficência, autonomia e justiça), identificando, equacionando e
hierarquizando os princípios em conflito no sentido de preservar a dignidade do ser humano”.
Todos os participantes ao assinarem o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido ( Apêndice A), foi respeitado na sua liberdade de escolha em colaborar ou não, ou
desistir em qualquer fase do estudo. Assim como teveram direito aos esclarecimentos quanto
à finalidade da investigação, garantia do anonimato, procedimento para a coleta das
informações, explicação sobre a entrevista, bem como a disposição para a retirada de dúvidas
a respeito de qualquer pergunta.
3.5 Instrumento
O instrumento utilizado para coleta de dados constituiu-se de um roteiro para
entrevista estruturado com perguntas subjetivas atendendo ao objetivo a que se propôs o
estudo (APÊNDICE B). O referido instrumento foi composto de duas partes; a primeira
contemplando dados para a caracterização pessoal dos participantes da pesquisa e a segunda
objetivando a coleta dos depoimentos dos mesmos, sobre sua percepção dos sujeitos da
pesquisa sobre a UTI.
3.6 Coleta de dados
Os dados foram coletados a partir do depoimento dos participantes no período de
maio a julho de 2012.
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A técnica para coleta de dados foi à entrevista que segundo Haguette (2000), pode
ser definida como um processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o
entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado.
As informações são obtidas através de um roteiro de entrevista constando de uma lista de
pontos ou tópicos previamente estabelecidos de acordo com uma problemática central e que
deve ser seguida.
3.7 Análise dos dados
Os dados foram analisados em uma abordagem quantiqualitativa. O aspecto
quantitativo compreendeu a análise matemática dos dados dispostos em gráficos e tabelas.
Com relação ao enfoque quantitativo, para análise dos depoimentos dos participantes do
estudo, foi utilizada a técnica do discurso do sujeito coletivo (DSC) proposta por Lefévre
(2000). Segundo este autor, trata-se de uma estratégia metodológica de analise utilizada em
pesquisa qualitativa composta de um conjunto de procedimentos de tabulação de dados
provenientes do estudo, como depoimentos dos participantes do estudo como se o discurso
de todos fosse o discurso de um só. Para a construção do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)
é preciso seguir os seguintes princípios:

Coerência – O DSC é uma união ou soma não matemática de pedaços isolados de
depoimentos de modo a formar um todo discursivo coerente em que cada uma das partes
se reconheça enquanto constituinte deste todo e este todo como constituído por estas
partes.

Posicionamento próprio – O discurso deve expressar sempre um posicionamento próprio,
distinto, original frente ao tema que está sendo pesquisado.

Distinção entre os tipos DSCs – podem ser dois os critérios de distinção: diferença,
quando se trata de discursos diferentes, a apresentação deles em separado é obrigatória;
complementaridade, quando se trata de discursos complementares, a apresentação em
separado dos discursos depende do pesquisador querer resultados mais detalhados ou mais
genéricos.

Produção de uma “artificialidade natural” – é preciso aproveitar todas as idéias presentes
nos depoimentos para que a figura não fique incompleta; com idéias repetidas ou muito
semelhantes. Devem-se encadear os discursos narrativamente de modo que apresentem
uma estrutura seqüencial, clara e coerente.
16
17
4. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
4.1 Caracterização dos sujeitos do estudo
Tabela 1 – Distribuição dos sujeitos do estudo segundo as variáveis: idade, sexo e religião,
Juazeiro do Norte - CE, 2012.
Sujeitos
Estudo
Familiares dos Pacientes internados na UTI
do (n=10)
N
%
Masculino
02
20%
Feminino
08
80%
TOTAL
Faixa Etária
10
100%
24 34
05
50%
34 44
03
30%
44 54
01
10%
54 64
01
10%
TOTAL
10
100%
Católica
05
50%
Evangélica
04
40%
Mormom
01
10%
TOTAL
10
100%
Variáveis
Sexo
Religião
Segundo a tabela 1, a maioria dos participantes do estudo, 80% são do sexo
feminino e apenas 20% do sexo masculino. Estes números revelam a variação da amostra na
proporção entre os dois sexos, no qual o número de mulheres supera o número de homens.
17
18
Em relação à faixa etária, observa-se que 50% da amostra encontra-se entre 24 e
34 anos; 30% entre 34 e 44 anos;10% entre 44 e 54 anos e 10% entre 54 e 64 anos. Percebe-se
então, que a maior parte da amostra estudada é formada por adultos conforme explica
Vesentini (2003), a estrutura etária de uma população é dividida em três faixas: os jovens –
idade compreendida desde o nascimento até dezenove anos; os adultos – entre vinte e
cinqüenta e nove anos; e idosos (ou terceira idade) – acima dos sessenta anos. Esses
resultados refletem as normas e rotinas impostas para os visitantes da UTI, pelo fato de que a
entrada de crianças nestes setores não são aconselháveis, sendo permitida só a permanência,
durante o horário de visitas, de jovens, adultos e idosos.
Quanto à religião observou-se que a católica foi predominante, visto que 50%,
enquanto que os evangélicos representam 40% e Mormom 10% do total da amostra.
Ensino Fundamental
Incompleto
10%
20%
40%
Ensino Médio Incompleto
Ensino Médio Completo
30%
Ensino Superior incompleto
Gráfico 1 – Distribuição dos familiares participantes da amostra segundo escolaridade,
Juazeiro do Norte - CE, 2012.
Investigando o nível de escolaridade dos participantes do estudo, observa-se
conforme o gráfico 1 que dos 10 familiares de pacientes que formaram a amostra, 40% tinham
o ensino fundamental incompleto; 30%, tinha o ensino médio incompleto; 20% médio
completo, 10%, tinha o ensino superior incompleto. Para Moreira e Sene (2004), o Brasil, ao
longo da década de 1990, apresentou avanços na área da educação. Segundo o IBGE (2012),
entre 2000 e 2010, a taxa de alfabetização da população com dez anos ou mais, aumentou,
tendo em vista que o percentual de pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto
caiu de 65,1% para 50,2%, já o de pessoas com ao menos o curso superior completo
aumentou e 4,4% para 7,9%.
18
19
De acordo com os resultados encontrados percebe-se que a enfermagem necessita
estabelecer uma comunicação de acordo com o nível de entendimento de cada pessoa,
levando em consideração o nível de escolaridade da mesma, para que as informações
recebidas possam ser entendidas, auxiliando-lhe no processo de hospitalização do seu parente
doente.
20%
10%
20%
40%
10%
Irmãos
Filhos
Tia
Primos
Cunhada
Gráfico 2 – Distribuição dos familiares participantes da amostra segundo o grau de
parentesco com o paciente internado na UTI, Juazeiro do Norte - CE, 2012.
O gráfico 2 mostra que dos dez participantes, 20% são irmãos de pacientes; 20%
são filhos;10% são Tias; 40% são primos e 10% são cunhadas dos pacientes. Estes resultados
revelam que a pesquisa seguiu o objetivo proposto relacionado às entrevistas com familiares
de pacientes internados em UTI. No momento das entrevistas, foi possível perceber a angústia
e a ansiedade dos familiares em relação ao estado de saúde dos seus parentes internados.
20%
0%
20%
1 a 10 dias
11 a 20 dias
60%
21 a 30 dias
Acima de 30 dias
Gráfico 3 – Distribuição dos familiares segundo o tempo de internação de seus parentes na
UTI, Juazeiro do Norte - CE, 2012.
19
20
Ao analisarmos o gráfico 3 observamos que 20% dos pacientes internos na UTI
estava lá por um período compreendido entre 1 a 10 dias; 60% entre 11 a 20 dias; 20% entre
21 a 30 dias e nenhum dos pacientes dos familiares entrevistados estavam internos na UTI há
mais de 30 dias. A UTI caracteriza-se por ser um setor de pequena rotatividade de pacientes,
visto que os cuidados prestados neste setor são específicos e costumam ser especializados,
necessitando-se de um tempo de internação em média grande em relação aos outros setores
hospitalares. Destaca-se ainda o alto custo por paciente, visto que os procedimentos realizados
em UTI são de uma especificidade maior necessitando de tecnologias modernas com
equipamentos e materiais de alto custo e de recursos humanos capacitados com treinamentos
especializados para atuar nesta área.
De acordo com Cintra et al (2003), o tempo de permanência de pacientes em UTI
pode variar de horas para meses, isto vai depender de vários fatores tais como: quadro clínico,
patologia do paciente, traumas neurológicos. Os cuidados prestados neste setor representam
uma parcela significativa de gastos hospitalares por necessitarem de recursos humanos e
tecnológicos atualizados.
4.2 A percepção dos familiares acerca da Unidade de Terapia Intensiva.
A partir da análise qualitativa dos depoimentos dos familiares dos pacientes
internos na Unidade de Terapia Intensiva, foi possível identificar três categorias distintas, que
representam o discurso do sujeito coletivo: 1 - A experiência dos familiares diante do impacto
da internação de seu parente na UTI; 2 - A percepção dos familiares acerca do ambiente da
UTI e 3 - As expectativas dos familiares em relação à internação de seu parente.
A experiência dos familiares diante do impacto da internação de seu parente na UTI
Quadro 1 – Experiência dos familiares diante do impacto da internação de seu parente na
UTI, Juazeiro do Norte - CE, 2012.
Idéia central 1: Sentimentos revelados pelos sujeitos do estudo ao saber da internação
de seu familiar na UTI.
20
21
[...] Eu fiquei muito triste, muito preocupada
por que a UTI assim para mim significa
quando a pessoa ta perto de morrer, ta muito
ruim,
Fala dos familiares
[...] Fiquei muito triste... por que
assim agente já pensa que ta perto de morrer
ai eu fiquei com medo, [...]O sentimento que
eu senti foi de tristeza e dor vendo minha
mãe sofrendo desse jeito e eu to sofrendo
mais do que ela.
Idéia central 2: Sentimentos revelados ao entrar pela primeira vez na UTI
[...] Uma tristeza muito grande, assim uma
angústia, com medo, [...] Eu senti muito
tristeza por que quando eu cheguei lá que vi
meu primo naquela situação todo cheio e
Fala dos familiares
ligado em aparelhos, num fazia mais nada,
só ficava deitado, eu fiquei com uma tristeza
muito grande, [...] Desespero, assim num é
por causa da UTI é pelo estado da minha
mãe... mais sei que aqui ela ta sendo bem
tratada.
Idéia central 3: Sentimentos revelados pelos familiares por ter um parente interno na
UTI.
[...] Sempre num é bom ter ninguém de
minha família doente e na UTI to muito com
medo por que todo mundo pensa que UTI é
só quando a pessoa piorou e ta perto de
morrer, [...] Assim eu fico preocupada por
Fala dos familiares
que eu fico com medo dele morrer. Fico
meio triste também por que ele é uma pessoa
muito boa, alegre ta fazendo muita falta, [...]
A ta sendo ruim sinto muita falta dele, era
uma pessoa presente dentro de casa,
companheiro, amigo e agora agente senti
21
22
falta, senti saudades dele.
A experiência dos familiares diante do impacto da internação de seu parente na
UTI, foi possível identificar três idéias centrais: 1 - Sentimentos revelados pelos sujeitos do
estudo ao saber da internação de seu familiar na UTI; 2 - Sentimentos revelados ao entrar pela
primeira vez na UTI; e 3 - Sentimentos revelados pelos familiares por ter um parente interno
na UTI.
Analisando as idéias centrais, referidas através da comparação dos discursos dos
sujeitos é possível compreender o significado e o impacto da hospitalização sobre os
familiares de pacientes internados na UTI.
Ao saberem da internação de seu parente na UTI os familiares revelam
sentimentos de tristeza, dor, preocupação, apreensão e medo por considerarem que a
internação na UTI representa a possibilidade da morte de seu parente.
Esses sentimentos são reafirmados quando os familiares relatam a experiência do
seu primeiro contato com a UTI, por ocasião da visita a seus parentes, através do qual se
deparam com a visão de um paciente arreativo, dependente de equipamentos. Por outro lado,
quando se referem aos sentimentos diante da experiência de ter um familiar internado na UTI,
fazem alusões a “falta”, a “saudades”, “ ao distanciamento do companheiro ou do amigo”.
Especialistas são unânimes em afirmar que vários fatores são geradores de
estresses que existem na UTI, que provocam nos familiares dos pacientes, reações
psicológicas, como medo, angústia, ansiedade, insegurança, depressão e sentimentos de morte
(NASCIMENTO; CAETANO, 2012)
Geralmente quando um membro da família adoece e é hospitalizado, todo o
equilíbrio familiar é afetado. As pessoas se desequilibram emocionalmente com o fato de
acharem que a UTI é um local frio, hostil, traumatizante e acima de tudo impróprio para
presença de acompanhantes. Os familiares sentem-se intimidados com o medo da perda de
seu ente querido. Para eles a UTI está associada com o fim da vida e não com a recuperação
da saúde, colocando-os próximo a sentimentos de perda e possibilidade de morte frente a uma
possível ruptura definitiva da unidade familiar (GOTARDO; SILVA, 2005).
A falta de informações em relação ao ambiente da UTI, tais como sua finalidade e
tipo de clientes atendidos, pode gerar insegurança e medo, marcando esse lugar como
próximo da morte. Isso pode ser demonstrado diante das falas dos familiares, que consideram
a UTI como um lugar de morte, de aparelhos estranhos, assustador e desconhecido.
22
23
Diante da internação na UTI, tanto o paciente quanto os seus familiares podem
criar fantasias ameaçadoras em torno das diferentes situações que envolvem o não
acompanhamento da assistência prestada. As intensificações dessas fantasias levam a
exacerbação emocional dos familiares, a ponto de torná-los excessivamente ansiosos,
angustiados e assustados com um novo ambiente, com máquinas, sons, odores e cuidados
específicos antes desconhecidos (GOTARDO; SILVA, 2005).
O estigma cultural que as pessoas levam em relação à UTI é um fato marcante e
decisivo para determinar uma percepção distorcida da realidade. Por mais que os pacientes
estejam graves nesse setor a principal finalidade é prestar uma assistência mais intensiva de
forma que o cliente possa recuperar suas funções orgânicas normais.
O medo da morte na UTI está diretamente ligado com o afastamento do cliente de
seus hábitos familiares cotidianos, gerando insegurança, medo e estresse nos familiares
podendo estabelecer um afastamento e isolamento social como forma de estabelecer seu
conforto. Essa questão está intimamente ligada ao fato da família não poder intervir
diretamente com o paciente durante a sua internação, perspectiva cultural essa normalmente
aceita em outros setores do hospital onde a família pode acompanhar a evolução de seu
parente pessoalmente (LEMOS; ROSSI, 2010).
Todo esse quadro gera, por lado dos familiares e pacientes, um turbilhão de
sentimentos em relação a UTI, que a equipe de enfermagem deve está preparada para lidar,
sem ferir ou constranger os familiares. Por se tratar muitas vezes de um ambiente novo as
dúvidas devem ser bem esclarecidas para que não se tornem problemas.
Para aqueles que desconhecem o meio hospitalar, a UTI é considerada como um
local crítico aonde “as pessoas vão lá para morrer”; “quando estão nas últimas” ou “quando
estão muito graves”. Esteriótipos como esses, poderiam ser desfeitos também por meio de
uma comunicação eficiente entre a equipe de interdisciplinar e a família do cliente (SILVA,
20012).
A percepção dos familiares acerca do ambiente da UTI
Quadro 2 – Percepção dos familiares acerca do ambiente da UTI, Juazeiro do Norte - CE,
2012.
Idéia central 1: A visão dos pesquisados sobre a UTI antes de ter um familiar interno
neste setor.
23
24
[...] Ah! eu via a UTI como um lugar de
morte que a pessoa ia pra lá e já tava prestes
a morrer que era um lugar de espera, [...] Eu
Fala dos familiares
achava que era um lugar entre a vida e a
morte ta entendendo? E que era um lugar
assim que os médicos o que pudesse fazer ia
fazer... eu tava pensando não era tanto na
UTI era no estado da minha mãe que eu
achava que ela não ia escapar, [...] Um lugar
pras pessoas que só estão sendo cuidados pra
adiar a morte por que só ouvia todo mundo
dizer que quando a pessoa está na UTI só um
milagre pra sair.
Idéia central 2: A visão dos sujeitos da pesquisa após a internação de um familiar na
UTI.
[...] Ah! foi por que agente vê como ele é
bem cuidado como o povo que trabalha lá
cuida
bem
dele,
procura
ajudar
na
recuperação
dele.
Mudou
mesmo
to
gostando da assistência que tão dando pra
ele, [...] Achei mudança. Eu acho que ele
está sendo mais assitido... tô vendo que
Fala dos familiares
existe
um
interesse
maior,
[...]
Foi
modificado. Ta sendo excelente. O que tem
aqui mesmo são coisas boas, é o que to
vendo, sabe muita eficiência, muita gente
eficiente, [...] Não por que é muito
constrangedor... mais é o mesmo sentimento
de que quando o paciente chega na UTI...por
que agente sabe que quando ta ali é um caso
grave.
24
25
No que diz respeito à percepção dos familiares em relação ao ambiente da UTI
podemos notar que a maioria dos familiares está passando pela primeira vez por essa situação,
portanto, tudo é novidade para eles e precisam se adaptar e enfrentar essa situação
desconhecida com a qual não esperavam.
Nesse contexto, a visão dos sujeitos pesquisados, antes da internação de um
parente na UTI reforça, mais uma vez a relação da UTI com o risco de morte de seu parente.
Eles imaginam que o paciente que entra na UTI, já não tem mais esperanças, a morte é algo
real no entendimento dos mesmos. Essa percepção sobre a UTI é vista frequentemente no
discurso das pessoas que desconhecem o objetivo desse setor e já torna-se algo
estigmatizante, que contribuí para aumentar o nível de ansiedade dos familiares. Segundo
Gotardo e Silva (2005), este estigma ainda está mais presente por causa dos aparelhos, do
barulho da UTI, e pela aparência em que se encontram os pacientes, dando a idéia de que não
há mais espaço para a vida.
Por se tratar de um setor fechado a UTI provoca um sentimento de angústia, medo
e isolamento nos familiares, gerando sensações de um ambiente agressivo, sem apoio familiar
significando um antecedente da morte, principalmente pela presença dos equipamentos e pela
perda da privacidade. É importante ressaltar que a presença de uma bagagem de
conhecimentos do senso comum, permeia essa unidade como sendo um lugar de poucas
esperanças de sobrevida para o paciente, ficando a família mergulhada em sensações de
desconforto (OLIVEIRA, et al, 2012). Diante disso, o papel da enfermagem vai além das
técnicas, uma vez que identificar as necessidades de saúde de uma pessoa é assistí-la em sua
plenitude, garantindo que a assistência prestada seja eficaz.
Neste sentido podemos observar nos depoimentos dos familiares que após a
internação dos seus parentes na UTI houve uma mudança na forma de ver o ambiente da
mesma. Destaca-se a percepção de uma equipe comprometida, preocupada com a recuperação
e bem estar do paciente, como também em prestar assistência a seus familiares de forma
humanizada, atendendo adequado e com eficiência.
Comparando esses discursos com as observações dos familiares em relação a UTI
antes da internação, notamos que esse olhar foi modificado, como podemos observar em suas
falas que na UTI os pacientes recebem cuidados e uma assistência qualificada, que serão
realizados por uma equipe de saúde também qualificada, em uma área física dotada de
equipamentos e materiais especiais de modo a proporcionar um atendimento de forma integral
para a recuperação do cliente.
25
26
As UTIs congregam não apenas os pacientes graves e equipamentos sofisticados,
mas também uma equipe de saúde com conhecimentos e experiências que possibilitam o
tratamento desses pacientes com qualidade e humanização, aspectos estes que devem se
estender até os familiares dos mesmos, diminuindo assim suas angústias e sofrimentos
mediante a internação de seu parente na UTI (OLIVEIRA, et al, 2011).
Portanto, a questão da informação e do conhecimento antecipado por parte dos
familiares, deve ser tido pela equipe de saúde da UTI, como uma forma decisiva na
humanização dos mesmos. Dessa forma, o estigma de morte eminente, vinculado à internação
na UTI, somente poderá ser desmistificado quando esses aspectos forem trabalhados com os
familiares dos pacientes durante o processo de hospitalização no setor (LEMOS; ROSSI,
2010).
As expectativas dos familiares em relação à internação de seu
Quadro 3 – Expectativas dos familiares em relação à internação de seu parente na UTI,
Juazeiro do Norte - CE, 2012
Idéia central 1: Qual a expectativa dos familiares em relação á internação de seu
parente.
[...] Que ele fique bom por que aqui ele está
sendo bem assistido não só ele como todos,
tendo a assistência de enfermeiros, médicos
Fala dos familiares
e de todo o quadro, [...] Que ele fique bom
logo ele já ta se recuperando... eu tenho essa
expectativa dele se recuperar logo e bem,
[...] Que ele fique bom, confiando em Deus
ele vai sair desse quadro que ele ta.
As expectativas dos familiares em relação a internação de seu parente na UTI
expressas nas falas dos pesquisados, destacam o desejo que seu parente se recupere logo e
saia da UTI, e ressaltam o reconhecimento da assistência prestada pela equipe de saúde
desse setor. Observa-se, ainda, a presença da crença religiosa por parte dos familiares
expressa em forma de invocação ao nome de Deus.
Submetida à circunstância da hospitalização de um familiar é natural que a
família enfrente dificuldades. Desta maneira a religiosidade é utilizada pela família como
26
27
forma de sentir-se mais segura em um ambiente desconhecido, trazendo para si a crença e a
proteção por eles pedida àquele em quem confiam. Além do apoio psicológico, a ajuda
espiritual deve ser proporcionada pela equipe de saúde da unidade ao paciente e a sua
família, de acordo com o modo de atender as suas necessidades, sendo que a enfermagem
deve aceitar e apoiar a família e o paciente em suas necessidades espirituais
(NASCIMENTO; CAETANO, 2012).
As falas dos sujeitos refletem o desejo de que seu familiar recupere-se e de tê-lo
de volta ao convívio familiar. Gotardo e Silva (2005), destacam que esse desejo por parte
dos familiares é expresso pelo fato de que os familiares se deparam com o seu parente
usando vários aparatos tecnológicos com os quais não estão familiarizados, tudo para eles é
novo e assustador. Com isso ficam chocados e surpresos ao ver a pessoa que amam em tal
estado, que lhes parece extremamente grave, manifestando assim o desejo de vê-lo livre dos
aparelhos e com saúde fora do ambiente da UTI.
Os depoimentos revelam ainda que os familiares continuam com a esperança e o
pensamento positivo que seu familiar internado na UTI se recupere e saia logo deste
ambiente. Quando eles começam a conhecer melhor a rotina de funcionamento da UTI, suas
crenças e expectativas antes tidas com angústia e medo se modificam, passando a ver a UTI
não apenas como um lugar para morrer, mas sim para recuperação de pessoas que ainda têm
possibilidade de reverter certos quadros patológicos graves.
Diante disto, faz-se necessário que o enfermeiro, por se tratar do membro da
equipe de saúde da UTI que presta assistência contínua ao paciente durante todo o tempo
em que o mesmo permanece internado, passe a ver novas formas de cuidar, que além do
atendimento às necessidades do cliente, inclua uma assistência aos familiares no decorrer da
permanência de seu parente na UTI, tornando o cuidado mais humanizado.
Portanto, nessa perspectiva, o profissional de enfermagem está contribuindo
para melhorar a imagem negativa da internação na UTI, onde pequenos gestos humanos
com os familiares, um sorriso, um toque, uma conversa são fundamentais no processo do
cuidar ao cliente e a sua família que vivenciam o processo de internação na UTI (LEMOS;
ROSSI, 2010).
A busca pelo entendimento de como o ambiente da UTI torna-se angustiante e
hostil por parte dos familiares pode levar a construção de novas soluções para definir
padrões mais confortáveis tanto para a família quanto para os pacientes, tornando o
ambiente desse setor mais acolhedor. Pois evidenciamos com este estudo que o impacto do
27
28
familiar com o ambiente da UTI permeia por caminhos de estresse emocional contínuo e
pela geração de sentimentos de medo, ansiedade e conflitos com relação à morte.
28
29
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O grande desafio para os profissionais de saúde que trabalham na UTI é
conciliar a utilização dos recursos tecnológicos à sua disposição com o papel de promover
uma assistência de qualidade ao paciente e a sua família de forma humanizada. Neste
contexto, vivenciar este estudo foi um grande desafio pelo fato de estar junto com os
familiares compartilhando com os mesmos, momentos de angústias e tristezas em relação ao
estado de seus parentes internados. Angústia, pela maioria das vezes, resultante não do
estado do paciente e sim pelo ambiente novo e agressivo aos olhos dos familiares, ainda
com suas idéias culturais relacionando a UTI a uma visão de morte.
Com este estudo foi possível constatar que os familiares dos pacientes sofrem os
mais diversos tipos de sentimentos quando se encontram na situação de ter um parente
interno na UTI. Sentimentos que variam da tristeza a angústia perpassando pelo medo da
morte, de perder uma pessoa querida. Evidência-se também que a percepção que os
familiares têm acerca da UTI antes de ter tido um familiar seu interno neste setor remete a
um lugar para se adiar ou se esperar a morte, ficando clara a visão do senso comum
formulada a partir de conclusões sem embasamento científico.
Com relação a esse fato, nota-se a importância da equipe de enfermagem em
prestar uma assistência qualificada e humanizada, buscando aproximar os familiares como
parte do cuidar e do tratamento, modificando e desmistificando preceitos culturais que
relacionam a UTI a um ambiente de morte.
Já em relação aos discursos dos familiares, a partir do momento em que se têm
contato com o ambiente da UTI observa-se a mudança de visão dos mesmos, que passam a
ver este setor como um lugar para recuperação dos pacientes, através da assistência prestada
por profissionais qualificados.
Percebemos que no cotidiano das atividades desenvolvidas na UTI as ações de
enfermagem estão voltadas para os membros dos familiares de pacientes internos sob ordens
prescritivas de limitar, fixar, determinar e fornecer orientações que normalmente se reduzem
as normas e rotinas do setor e a vagas informações sobre o estado de saúde do paciente,
contribuindo, mais ainda, para aumentar o nível de ansiedade, angústia dos familiares. Cabe,
a equipe de enfermagem, principalmente o enfermeiro, desenvolver estratégias eficazes que
permitam aos familiares entenderem o processo de internação na UTI, e integrá-los na
29
30
assistência ao paciente, pois, ir além do modelo habitual do cuidar, é fazer com que todos os
recursos humanos e tecnológicos, junto com a enfermagem caminhem para orientar com o
compromisso do cuidar de forma humanizada com familiares e pacientes eliminando suas
angústias, medos e falsas idéias a respeito da UTI.
Enfrentar este desafio foi de grande importância para nós e uma experiência
enriquecedora, não só como profissional de enfermagem, mas também como pessoa
humana, observando e sentindo também a angústia de ver outras pessoas sofrendo. A partir
daí, devemos compreender que a enfermagem deve formar um vínculo com os familiares,
dedicando-se mais ao cuidar de forma humana e acolhedora, pois quando amamos o que
fazemos nos dedicamos de corpo e alma em prol da satisfação e recuperação de nossos
clientes.
Este estudo não deve ter como simples propósito aprofundar a discussão sobre o
tema acerca da percepção que os familiares têm sobre a UTI, pelo contrário ele deve servir
de caminho a ser percorrido pela enfermagem e pelos profissionais da área de saúde em
busca da necessidade de uma humanização mais clara e aplicada no cuidar. Acreditamos
que a compreensão acerca dessa percepção aqui abordada signifique mais um caminho de
soluções para enfermeiros, demais profissionais de saúde e familiares para a melhoria da
qualidade da assistência prestada no âmbito hospitalar.
30
31
6. REFERÊNCIAS
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RIBEIRO, G. da S., et al. Aspectos éticos, legais e disciplinares do exercício da
enfermagem no Brasil. João Pessoa: Idéia, 2003.
SANTOS, H.H. Manual prático para elaboração: Projetos, Monografias, Dissertações e
Teses na Área da Saúde. 2. ed. João Pessoa: Universitária, 2004.
SMELTZER, S. C.; BARE, B.G. Tratado de Enfermagem Médico-Cirurgica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
SILVA, N.; TIZOLIN, Mª.; MATSUDA, L.M. Humanização da assistência de enfermagem:
estudo com clientes de uma UTI adulto. Congresso Brasileiro de Enfermagem, 53° Anais em
CD Room. Curitiba-PR, 2012.
UNIMED VALE DO CAÍ. Manual de orientação para visitas à CTI adulto. Disponível em:
<www.unimedvaledocai.com.br>. Acesso em 20 de Outubro de 2012.
TRIVIÑUS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: A pesquisa qualitativa em
educação. São Paulo: Atlas, 1994.
VENSENTINI, J. W. Brasil, Sociedade & Espaço – Geografia do Brasil. 31 ed. São Paulo:
Ática, 2003.
VITALINO, A. T. C. Unidade de Cuidados Intensivos: vivência dos familiares na
internação. 2005. 39f. Monografia (Graduação em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem
Santa Emília de Rodat, João Pessoa, 2005.
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APÊNDICES
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) participante:
Woneska Rodrigues Pinheiro e Daniel Barboza Sabóia Cruz, alunas concludentes do
mestrado em Terapia Intensiva, veem por meio deste informar que pretendemos realizar um
estudo para Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) intitulado “UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA: A PERCEPÇÃO DOS FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS”,
sob a orientação da Professor Elson Gama, como objetivo: Investigar a percepção dos
familiares de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva. Sua participação é muito
importante, em vista a relevância do tema para a profissão de Enfermagem, já que o mesmo
constitui um dos elementos essenciais para o planejamento da assistência. Dessa forma
solicitamos o seu consentimento para participar da pesquisa e para que os dados obtidos
através da mesma possam ser apresentados em eventos e publicados em revistas científicas da
categoria.
É importante lembrar que seu nome será mantido em sigilo, assim como a sua
autonomia em decidir de participar ou não desse estudo, tendo ainda a liberdade de desistir a
qualquer momento. Para isso, basta informar ao pesquisador.
Agradeço antecipadamente.
Tendo sido esclarecido (a) sobre os objetivos
do estudo, do sigilo do meu nome bem como
da minha liberdade em participar ou não do
mesmo, aceito participar desta pesquisa.
Juazeiro do Norte - CE, ___/___/___.
________________________________
Assinatura do participante do estudo.
Impressão
Datiloscópica
_____________________________
Woneska Rodrigues Pinheiro
Endereço: R. Santa Inês, 39
Franciscanos
Juazeiro do Norte – CE
[email protected]
Fone: (88) 96701645
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APÊNDICE B
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
Data da entrevista _____/_____/_____
1-
Dados referentes à caracterização pessoal dos participantes da pesquisa.
Sujeito (iniciais): ______________________________
Sexo_______
Idade________
Religião___________________________
Escolaridade________________________
Grau de parentesco _________________________________
2 – Dados referentes a percepção dos sujeitos da pesquisa sobre a UTI.
1 – Há quanto tempo seu familiar está internado na UTI?
2 – Como você se sentiu ao saber da internação de seu familiar na UTI?
3 – O que sentiu quando entrou pela primeira vez na UTI?
4 – Como está sendo para você ter um parente interno numa UTI?
5 – Como você via a UTI antes de ter um familiar internado neste setor?
6 – Como você vê a UTI após a internação de um familiar neste setor?
7- Qual a expectativa dos familiares em relação à internação de seu parente?
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