3 Interbio v.6 n.1 2012 - ISSN 1981-3775 NOVOS PARADIGMAS DA ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: MOBILIZAÇÃO PRECOCE NO PACIENTE CRÍTICO. Editorial A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um ambiente de alta complexidade, composto por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, e destina-se a internação de pacientes com instabilidade clínica e com potencial de gravidade, cuja recuperação depende de inúmeros fatores, inerentes ou não à condição basal. O campo de atuação do fisioterapeuta dentro da Unidade de terapia intensiva, durante muito tempo, girou em torno do gerenciamento do trabalho da respiração e de todas as atividades correlatas para a otimização da função ventilatória, utilizando todas as variáveis de modos de ventilação como recurso terapêutico. Contudo, a permanência prolongada na UTI contribui, não apenas para o acometimento do sistema respiratório, mas principalmente para a ocorrência de alterações funcionais e na qualidade de vida dos pacientes criticamente enfermos, podendo persistir por anos após a alta hospitalar. Em virtude do desenvolvimento da fraqueza neuromuscular em pacientes críticos e suas repercussões na qualidade de vida durante e após a sua permanência na UTI, as ações de cuidados intensivos devem ser direcionadas para uma reorientação no manejo desses pacientes, priorizando medidas como a redução da sedação profunda, mobilização precoce e manutenção da capacidade funcional. Assim, a retirada precoce do leito surge como uma estratégia terapêutica para melhorar a funcionalidade do paciente e acelerar o retorno às atividades pré-morbidade. A Fisioterapia é parte integrante e fundamental da ampla assistência oferecida a pacientes em UTI na maioria dos hospitais do país. No entanto, o modelo adotado para definição do papel do fisioterapeuta na UTI, varia consideravelmente de uma Unidade para outra, dependendo de fatores que vão desde a região, até o nível de especialização dos profissionais, treinamento da equipe e tradição local. Apesar dos progressos obtidos com a conscientização do fisioterapeuta intensivista visando melhorar a mobilidade e a independência funcional do paciente crítico, um foco multidisciplinar na mobilização precoce é indispensável como parte das rotinas clínicas diárias na UTI. A estrutura da equipe multidisciplinar e a inclusão de médicos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, nutricionistas, fisiologista e assistentes sociais pode servir como um excelente modelo para a construção de uma equipe de mobilidade precoce na UTI. Isto pode ser útil para avaliar os diferentes componentes de um programa de treinamento próprio, incluindo o tipo, freqüência, intensidade e exercícios específicos, além do tipo de programas e intervenções psicossocial ou comportamental utilizados. Ressalta-se, por importância, que o fisioterapeuta é o profissional responsável pela implantação do plano de mobilização, prescrição de exercícios e pela progressão deste plano em conjunto com a equipe. A mobilização precoce inclui atividades cinesioterapêuticas progressivas, tais como, mobilização passiva, alongamento muscular, estimulação elétrica neuromuscular e treinamento de força muscular, porém, o incremento prematuro de atividades como sedestação à beira leito, ortostatismo passivo ou ativo, transferências e deambulação, culminam na base para a recuperação funcional do paciente na UTI. Renato Silva Nacer Mestre em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Interbio v.6 n.1 2012