UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA – UM LÓCUS DE ISOLAMENTO SOCIAL? LUZIA WILMA SANTANA DA SILVA1 TAISE CARNEIRO ARAÚJO2 Introdução. Ao hospitalizar-se, a pessoa passa pelo enfrentamento por vezes provisório, do rompimento de suas relações sociais, especialmente daqueles que lhe são queridos, deixando de ser socialmente ativo para se tornar um ser paciente. Sofre pela distância, carinho e aconchego dos familiares, e ainda pela radical mudança em seus hábitos diários. Alia-se a isto, a existência de um desequilíbrio ao sistema familiar pela sua ausência. Objetivos. Avaliar a influência da música na redução da ansiedade, dor e estresse em pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital público baiano e identificar o estilo musical que proporciona melhor conforto frente ao isolamento social do paciente de sua família durante a internação na UTI. Metodologia. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, Convergente-Assistencial, que teve como sujeitos seis pacientes internados em UTI. O instrumento de coleta de dados foram entrevistas semiestruturadas e observação participante, que guiou o recurso de música, segundo predileção dos sujeitos. O estudo foi aprovado pelo CEP/UESB, Resolução 196/96 e realizado no período de abr/set-2010. Resultados. O isolamento social foi uma das principais causas relacionadas à ansiedade relatadas pelos sujeitos da pesquisa. Esses não entendiam o porquê das normas rígidas adotadas na UTI, quando se tratava do tempo de permanência dos seus familiares nos períodos de visita. Sofriam pela ausência destes, e ficavam emocionalmente mais expostos ao agravamento da doença. Os pacientes vivenciavam ansiedade e sentimento de isolamento decorrente do afastamento do convívio familiar. Estes sentimentos foram potencializados pelo julgamento da existência de sofrimento dos membros familiares associando-os ao medo da morte e a saudade em meio a solidão. A música apresentada como estratégia ao tratamento possibilitou elucidar emoções, florescer 1 Enfermeira. Doutora em Enfermagem – PEN/UFSC. Professora Adjunta do Departamento de Saúde – DS/ UESB. Líder do Grupo Interdisciplinar em Ciências da Saúde e Sociedade. Linha: Família em seu Ciclo Vital. I. Docente do PPGES-Nível Mestrado. Coordenadora do NIEFAM/UESB. Coordenadora do Laboratório de Enfermagem e da Disciplina Fundamentos do Processo de Cuidar em Enfermagem II. 2 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEn), da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Graduada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Membro das linhas de pesquisa: Família em seu Ciclo Vital-UESB e Cuidar no processo de desenvolvimento humano e Enfermagem médico-cirúrgica - UFBA. sentimentos positivos e trazer recordações de momentos felizes, fazendo com que se esquecessem dos medos provenientes da situação de desvio de saúde, do tratamento intensivista e da falta da família. Considerações finais. Do encontrado, é essencial que o profissional de saúde tenha visão ampliada do paciente, respeitando o ser em estado de fragilidade emocional e o sofrimento dos familiares. Utilizando-se de estratégias cuidativas, a exemplo a música, na tentativa de que se possa superar um pouco a tensão, a distância do aconchego do lar e a quebra da rotina diária por achasse hospitalizado. O estudo esclareceu que a música faz parte da história de vida do indivíduo tem grande importância no momento de solidão e aproxima lembranças boas de aconchego do lar, e assim, conferi ao ambiente da UTI menor complexificação.