USO DE BACILO CALMETTE-GUÉRIN NA IMUNOTERAPIA PARA CÂNCER NÃO INVASIVO DE BEXIGA Marina Pedroso de Oliveira Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC-GO Pós-graduação em Farmácia Hospitalar com Ênfase em Oncologia Instituto Pharmacológica em parceria com a PUC Goiás [email protected] Orientador: MSc. Edson Negreiros dos Santos RESUMO Tendo em vista a alta incidência de câncer de bexiga no mundo, e o alto percentual da forma não invasiva dessa doença, esta revisão bibliográfica teve como objetivo demonstrar o uso do BCG intravesical como imunoterapia adjuvante no câncer não invasivo de bexiga, evidenciando seu mecanismo de ação, indicações, efeitos adversos, bem como a comparação dessa terapia com o uso de quimioterápicos e as alternativas no caso de falha do tratamento. Com esse propósito foram selecionadas publicações em bases de dados eletrônicas como PubMed, Scielo e Lilacs no período de 2005 a 2013. A busca foi estendida às referências dos artigos selecionados bem como às publicações do Instituto Nacional do Câncer. A literatura demonstra que após a ressecção transuretral, a terapia adjuvante com o BCG incluindo a indução seguida do esquema de manutenção, demonstrou ser mais eficaz que o uso de quimioterápicos na redução da recorrência e da progressão do câncer não invasivo de bexiga. Levando assim, a um melhor prognóstico e maior sobrevida dos pacientes com esse tipo de câncer. Palavras-chave: BCG, imunoterapia, câncer não invasivo de bexiga. ABSTRACT Given the high incidence of bladder cancer in the world, and the high percentage of nonmuscle invasive of this disease, this literature review aimed to demonstrate the use of BCG as adjuvant immunotherapy in non-muscle invasive bladder cancer, demonstrating its 1 mechanism of action, adverse effects as well as the comparison of this therapy using chemotherapy and alternatives in the event of failure of the treatment. With this purpose were selected publications in electronic databases such as PubMed, SciELO and Lilacs in the period of 2005-2013. The search was extended to the references of selected articles and publications from the National Cancer Institute. The literature shows that after transurethral resection, the therapy with BCG adjuvant including induction followed by maintenance schedule demonstrated to be more effective than the use of chemotherapy in reducing the recurrence and progression of non-muscle invasive bladder cancer. Thus leading to a better prognosis and longer survival of patients with this cancer. Keywords: BCG, immunotherapy, non-muscle invasive bladder cancer. INTRODUÇÃO O câncer de bexiga é considerado uma das doenças malignas mais comuns no mundo, no ano de 2008 foram registrados cerca de 386 mil novos casos e 150 mil óbitos decorrentes dessa neoplasia. A maioria dos casos acomete o sexo masculino. As mais altas taxas de incidência para esse tipo de câncer foram encontradas em países da Europa, América do Norte e norte da África. No Brasil, a estimativa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), para o ano de 2012, foi de 8.900 novos casos de câncer de bexiga, sendo 6.210 em homens e 2.690 em mulheres. Sem considerar os tumores da pele não melanoma, o câncer da bexiga em homens é o sétimo mais frequente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Na região Sul, ocupa a oitava posição. Nas regiões Norte e Nordeste, é o 11º mais frequente. Para as mulheres, essa neoplasia maligna não se configura entre as mais incidentes, ocupando a 13ª posição na região Norte e a 14ª posição nas regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste1. O fator de risco mais importante para o desenvolvimento do câncer da bexiga é o tabagismo, sendo responsável por, aproximadamente, 66% dos casos novos em homens e 30% em mulheres nas populações mais desenvolvidas. Além da exposição ocupacional a aminas aromáticas (como a benzina) e a infecção pelo Schistosoma hematobium que também aumentam o risco para o desenvolvimento dessa neoplasia 1,2. 2 Com finalidade prática na elaboração da estratégia terapêutica, o tumor que se limita ao tecido de revestimento da bexiga é chamado de superficial ou não invasivo, enquanto os que invadem a parede muscular são denominados de invasivos 3 . O estadiamento do câncer de bexiga baseia-se no sistema TNM da União Internacional Contra o Câncer, e é determinado pelo grau de invasão da parede vesical após ressecção endoscópica da lesão 4 (Quadro 1). Quadro 1: Classificação dos tumores primários (T) no câncer de bexiga TX - O tumor primário não pode ser avaliado T0 - Não há evidência de tumor primário Ta - Carcinoma papilífero não invasivo Tis - Carcinoma in situ: “tumor plano” T1 - Tumor que invade o tecido conjuntivo sub-epitelial T2 - Tumor que invade músculo T2a - Tumor que invade a musculatura superficial (metade interna) T2b - Tumor que invade a musculatura profunda (metade externa) T3 - Tumor que invade tecido perivesical T3a - microscopicamente T3b - macroscopicamente (massa extravesical) T4 - Tumor que invade qualquer uma das seguintes estruturas: próstata, útero, vagina, parede pélvica ou parede abdominal T4a - Tumor que invade próstata, útero ou vagina T4b - Tumor que invade parede pélvica ou parede abdominal Adaptado da TNM – Classificação de tumores malignos 4 Aproximadamente 70 a 80% dos casos, a apresentação inicial do câncer de bexiga é na forma não invasivo, que inclui os estádios Ta, T1 e Tis 5. O tratamento dos tumores superficiais de bexiga baseia-se na ressecção endoscópica transuretral seguida da terapia tópica intravesical para reduzir a probabilidade de recorrência. Instilações vesicais do bacilo de Calmatte-Guérin (BCG) representa o tratamento adjuvante de primeira escolha no câncer não invasivo de bexiga, o qual está baseado na ação antineoplásica decorrente da resposta imunológica celular 6. Assim, esta revisão tem como objetivo demonstrar o uso do BCG como imunoterapia no câncer não invasivo de bexiga, evidenciando seu mecanismo de ação, indicações, efeitos adversos, bem como a comparação dessa terapia com o uso de quimioterápicos e alternativas do que pode ser feito no caso de falha do tratamento. 3 METODOLOGIA Foi realizada uma revisão bibliográfica com o propósito de obter informações atualizadas e confiáveis sobre o uso da BCG como imunoterapia no câncer não invasivo de bexiga. Estudos primários foram selecionados em bases de dados eletrônicas como PubMed, Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e Lilacs (Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde) com datas de publicação no ano de 2005 a 2013. Para a localização, foram usados os seguintes descritores de assunto: BCG e câncer de bexiga/ BCG and bladder cancer/ BCG y cáncer de vejiga. Outra estratégia utilizada para identificar estudos foi estender a busca às referências bibliográficas dos artigos selecionados, bem como às publicações do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva do Ministério da Saúde. Dentre os artigos identificados pelas estratégias de busca, foram incluídos neste estudo somente os publicados na língua portuguesa, inglesa ou espanhola, e que tinham como assunto principal o uso do BCG como imunoterapia no câncer de bexiga. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO Entre 1908 e 1921, Albert Calmette e Camille Guérin, na tentativa de gerar uma vacina contra a tuberculose em humanos, isolaram uma cepa de Mycobacterium bovis (intimamente relacionado com o bacilo M. tuberculosis - causador da tuberculose humana), após várias passagens em subculturas o resultado foi uma cepa atenuada e estável do M. bovis, que foi denominado bacilo Calmette-Guérin (BCG) 7. O efeito antitumoral do Mycobacterium vem sendo estudado desde 1929, quando se evidenciou, dentre pacientes com doenças malignas, que os sobreviventes tinham uma maior incidência de tuberculose ativa ou curada do que os indivíduos que morriam de câncer 8. O uso do BCG em oncologia foi proposto a partir de 1959, após dados de estudo experimentais, realizados em camundongos, que demonstraram maior resistência à implantação tumoral nos animais tratados com BCG 9. No início da década de 70 Zbar e colaboradores, estabeleceram critérios para se obter uma atividade antitumoral bem sucedida com o uso da BCG. Para melhores respostas 4 o paciente deve estar imunocompetente, o tumor ser localizado, de tamanho pequeno e, deve estar em contato direto de longa duração com o BCG viável; a dose administrada deve ser de 106 a 108 unidades formadoras de colônias (UFC) 10,11. Morales publicou os resultados do primeiro ensaio clínico bem sucedido que testou a aplicação de BCG intravesical como terapia adjuvante em carcinoma urotelial não invasivo de bexiga, visando a redução da recorrência local. Já se sabia que, para estabelecer uma resposta de hipersensibilidade tardia (tipo IV), era necessário um mínimo de 3 semanas de tratamento. Além disso, Morales et al. tinha determinado que os efeitos adversos se resolviam dentro de aproximadamente uma semana, levando uma programação semanal. Assim, foi estabelecido um esquema de aplicação de seis doses (uma por semana) de 120 mg em 50 mL de soro fisiológico por via transuretral, com permanência de uma a duas horas. Esse estudo mostrou que tal protocolo resultou em uma redução de 12 vezes a recidiva tumoral na bexiga 12,13. Desde então vários estudos foram publicados confirmando a eficácia da BCG e o fortalecimento do seu papel na oncologia urológica 14. BCG E O CANCÊR DE BEXIGA Com base no cronograma de tratamento original de Morales et al., atualmente a imunoterapia com BCG é iniciada no período de uma a três semanas após a realização ressecção transuretral. Consiste em um ciclo de indução de seis semanas, incluindo injeções semanais intravesical com doses que pode variar de 40 a 120 mg. Embora a eficácia de diferentes cepas de BCG nunca tenha sido comparada em estudos prospectivos, os dados de uma meta-análise sugere que pelo menos as cinco cepas mais utilizadas (Tice, Pasteur, Connaught, RIVM e A. Frappier) não diferem em termos de prevenção da progressão do tumor 12,14,15. Outras vias de administração da BCG tais como a oral, percutânea ou intralesional foram investigadas sozinhas ou em combinação com o tratamento intravesical. No entanto, nenhuma dessas demonstrou ser igualmente eficaz ou adicionar algum benefício significativo para a terapia intravesical padrão 16-18. A eficácia do tratamento do câncer não invasivo de bexiga utilizando o BCG foi comprovada por ensaios clínicos realizados a partir de 1985 os quais mostraram que a terapia com BCG diminui as taxas de recorrência de 29 a 67% 19-25. 5 É amplamente aceito que a indução por BCG é altamente eficaz na redução da recorrência do câncer de bexiga, porém há controvérsia a respeito do papel da manutenção com BCG e sua capacidade para reduzir a progressão da doença e mortalidade 13 . Um estudo prospectivo realizado pelo SouthWest Oncology Group (SWOG) foi realizado investigando a eficácia de um programa de manutenção adicional após o ciclo inicial de indução. A terapia de manutenção utilizada consistiu da aplicação intravesical de BCG por três semanas (uma por semana) nos intervalos de 3, 6, 12, 18, 24, 30 e 36 meses. Assim, encontraram uma redução do tumor altamente significativa, bem como uma redução significativa no agravamento da doença 26. Em um estudo posterior, a avaliação de três anos de manutenção com BCG contra a manutenção por um ano, mantendo uma instilação intravesical de 3 semanas, a terapia por 3 anos apresentou recorrência significativamente reduzida em comparação com a manutenção por um ano 27 . No entanto, enquanto a justificativa para esse cronograma é baseado em estudos sobre o mecanismo de ação do BCG não se sabe se programações de manutenção alternativas poderiam ser mais eficazes 14. Segundo as orientações da Associação Europeia de Urologia, há um consenso de que nem todos os pacientes com câncer não invasivo de bexiga devem ser tratados com BCG devido ao risco de toxicidade. O uso do BCG não altera o curso natural dos tumores com baixo risco de recorrência, e pode ser considerado um sobretratamento (excesso) para este grupo de pacientes. Em pacientes com tumores com alto ou intermediário risco de progressão, recomenda-se a terapia com BCG incluindo um cronograma de manutenção 28. MECANISMO DE AÇÃO É amplamente aceito que os efeitos antitumorais induzidos pelo BCG dependem de uma sequência de eventos que envolvem uma interação complexa de mediadores imunológicos celulares. Com base em estudos in vitro, alguns dados iniciais sugeriram um efeito antiproliferativo, citotóxico ou pró-apoptótico direto do BCG em células tumorais. Embora este efeito pode certamente ser demonstrado in vitro, estudos in vivo (em roedores) fornecem evidências de que é essencial que o paciente a ser tratado tenha um sistema imune funcional para que haja a maior parte da atividade antitumoral da BCG. Nestes estudos, a instilação intravesical do BCG não apresentou efeito terapêutico no tumor de roedores com diferentes imunodeficiências genéticas. Portanto, estes dados sugerem que os 6 componentes imunológicos são cruciais para efetiva atividade antitumoral mediada pela BCG 29,30. Devido à complexidade do sistema imunológico as respostas induzidas pela BCG são amplas e muito variadas. Na imunoterapia com BCG para câncer de bexiga, após a instilação intravesical as micobactérias aderem ao epitélio urotelial através de uma proteína de ligação de fibronectina. Em resposta a estimulação micobacteriana, células uroteliais secretam citocinas pró-inflamatórias, incluindo as interleucinas (IL) IL-1, IL-6, IL-8 e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) 31,32. Algumas horas após a instilação, o BCG inicia uma complexa cascata inflamatória. A primeira onda de células da imunidade inata consiste de grande número de neutrófilos seguido por infiltrado de monócitos /macrófagos e a secreção de citocinas e quimiocinas 33-35 . Os quimioatrativos derivados de neutrófilos e monócitos induzem influxo de vários tipos de linfócitos, como as células T CD4+, e as citocinas produzidas deslocam linfócitos T helper 1 (Th1) para o meio. Análises cinéticas detalhadas demonstram que o infiltrado celular e o perfil das citocinas dentro da bexiga muda substancialmente durante o período do ciclo de indução de seis semanas 33,34, 36, 37. Tanto o interferon gama e IL-12 são citocinas responsáveis por dirigir uma resposta imune para o perfil Th1, análises qualitativas da resposta imune indicam que o estabelecimento efetivo desse perfil é crucial para montar uma resposta antitumoral eficaz. Embora esses resultados in vitro salientam a importância da dicotomia TH1/TH2 na imunoterapia com BCG, é importante mencionar que a produção de citocinas em resposta a essa terapia, varia substancialmente entre os pacientes 38. A erradicação eficaz de células tumorais de bexiga depende das células T CD4+ e CD8+, bem como das células natural killer (NK). Os linfócitos T citotóxicos e mais notavelmente as células NK parecem ser os componentes essenciais para eliminar as células tumorais da bexiga durante a imunoterapia com BCG (Figura 1). No entanto, outros mecanismos efetores vêm sendo estudados para melhor elucidar os mecanismos de ação envolvidos no processo do uso do BCG para tratamento do câncer de bexiga 29,30. Até o momento nenhum parâmetro de prognóstico válido foi encontrado para prever as respostas clínicas para BCG ou para identificar aqueles pacientes que possam progredir no tratamento com o BCG. Embora os estudos sobre o mecanismo de ação do BCG proporcionaram vários candidatos promissores tais como IL-2, IL-8, IL-12, IL-18, as quimiocinas inflamatórias ou o estado PPD dos pacientes, nenhum desses parâmetros são ainda suficientemente confiáveis para a prática clínica 14,39,40. 7 Figura 1: Mecanismos imunológicos envolvidos na imunoterapia com BCG para câncer não invasivo de bexiga. Adaptado de Brandau & Suttmann14. EVENTOS ADVERSOS A eficácia do tratamento com o BCG é acompanhada por determinadas desvantagens. Cerca de 90% dos pacientes irão apresentar algum efeito colateral decorrente da irritação local secundária à reação inflamatória. Sintomas de cistite é o evento mais comumente observado, disúria e polaciúria ocorrem principalmente nos primeiros dias após a instilação e tendem a aumentar de intensidade com número de aplicações 14, 41. Depois da terceira instilação o paciente pode experimentar um quadro semelhante a coriza, caracterizado por febre baixa e uma piora no estado geral. Esse quadro dura geralmente 24 a 48 horas e pode ser tratado com analgésicos não esteroidais. Caso o paciente apresente quadro alérgico relacionado com o BCG é necessário a suspensão da imunoterapia 42. Depois da segunda ou terceira instilação, aproximadamente 34% dos pacientes podem apresentar hematúria macroscópica, normalmente autolimitada, no entanto é necessário interromper o tratamento até o completo desaparecimento da hematúria 43. Efeitos sistêmicos mais graves ocorrem em menos de 5% dos casos, dentre eles há a febre alta persistente, artralgias, pneumonia, hepatite, infecção de material prostético, 8 osteomielite, aneurisma micótico, epididimite, prostatite sintomática, abscesso renal, bexiga contraída, sepse e morte. A complicação mais séria e potencialmente fatal é a sepse por BCG, esse quadro ocorre quando os bacilos entram na circulação sistêmica. A causa mais comum de entrada é após o cateterismo traumático ou quando a infusão do BCG é iniciada precocemente após ressecção de bexiga ou próstata. Clinicamente os pacientes apresentam uma piora no estado geral, febre, calafrios e hipotensão e podem evoluir a falha imunológica e morte 41,44. Alguns autores sugerem que os efeitos colaterais do BCG podem estar associados à eficácia do tratamento devido ao mecanismo imunológico de ação. Em alguns estudos, a leucocitúria, febre, bem como os sintomas de cistite foram correlacionados com menores taxas de recorrência 14,45,46. Para reduzir os efeitos colaterais induzidos pelo BCG, alguns autores propuseram diminuir a dose de BCG aplicada para um terço ou um quarto da dose completa. Até agora os resultados parecem apoiar o uso da redução da dose de BCG, visto que nenhuma diferença na eficácia foi encontrada quando se comparou um terço da dose com a dose completa. No entanto, houve uma sugestão de que uma dose completa pode ser mais eficaz na doença multifocal 47. Embora menor número de pacientes tenha relatado toxicidade com a dose reduzida, a incidência de toxicidade sistêmica grave foi semelhante. Uma redução adicional de BCG a um sexto da dose foi associado com a diminuição da eficácia, mas com semelhante toxicidade 48. BCG x QUIMIOTERAPIA Segundo as orientações da Associação Americana de Urologia, publicada no ano de 2010, estão listados os agentes imunomoduladores (BCG e interferon) e os agentes quimioterápicos (tiotepa, mitomicina C, doxorrubicina e gencitabina) como terapias intravesicais benéficas para o tratamento do câncer não invasivo de bexiga 49. Ao analisar as publicações, seis estudos de meta-análise comparado o uso do BCG com a quimioterapia intravesical para o câncer de bexiga não invasivo, todos eles, exceto um, mostraram superioridade da BCG sobre a quimioterapia em termos de diminuição da reincidência 5,50-54. Um estudo realizado a partir de publicações de ensaios clínicos randomizados comparou o efeito da ressecção transuretral juntamente com a terapia intravesical com 9 BCG, somente a ressecção transuretral ou ainda a ressecção com outro tratamento que não fosse o BCG. Foram avaliados 24 estudos publicados com informações de rastreamento e progressão de 4863 pacientes. Desses, 81,6% tinham tumores papilares e 18,4% tumor primário com presença de carcinoma in situ. Depois da ressecção transuretral os pacientes foram divididos em dois grupos: o primeiro de 2658 pacientes receberam BCG intravesical, o segundo de 2.205 pacientes foi o grupo controle (não receberam BCG). Com base em um acompanhamento médio de 2,5 anos e um máximo de 15 anos, 9,8% dos pacientes em tratamento com o BCG tiveram progressão em comparação com 13,8% dos pacientes do grupo controle. No entanto, somente houve diferença estatisticamente significativa na redução do risco de progressão após a ressecção transuretral nos pacientes que receberam o esquema de manutenção com o BCG 51. A terapia com manutenção de BCG é mais eficaz do que a quimioterapia para prevenção da recorrência do câncer não invasivo de bexiga em pacientes com alto ou intermediário risco de progressão, no entanto, o uso de BCG tem mais efeitos colaterais do que a quimioterapia. Por esta razão tanto BCG com manutenção e quimioterapia intravesical continuam sendo opções de tratamento. A escolha final deve refletir o risco do paciente, a eficácia e tolerabilidade de cada modalidade de tratamento 28. FALHA NO TRATAMENTO COM BCG A falha no tratamento com o BCG é definida por qualquer agravamento da doença durante a terapia com BCG, mesmo depois de ter uma resposta inicial 55 . Para esses pacientes é indicado a cistectomia radical, tendo em vista que pacientes com falha na terapia com BCG que se submetem a cistectomia antes da progressão para invasão muscular a chance de sobrevivência é de 80 a 90% em cinco anos, e cai para 55% quando a doença progride para invasão muscular 56,57. Um estudo comparou a evolução de pacientes com câncer não invasivo de bexiga que sofreram cistectomia radical devido à recorrência da doença dentro de dois anos após o inicio da terapia com BCG e outro grupo que recebeu a cirurgia radical após dois anos. A cistectomia radical feita em menor tempo foi associada a uma melhora significativa da sobrevida dos pacientes 58. 10 Fatores preditores de falha no tratamento com maior risco de progressão para invasão muscular incluem: carcinoma Ta multifocal de alto grau, tumor T1 com carcinoma in situ concomitante, presença de invasão linfática ou envolvimento da uretra prostática 59. Embora tenha uma morbidade documentada em relação ao procedimento da cistectomia, com a melhoria da técnica cirúrgica e da existência de grandes centros oncológicos especializados, essas complicações foram significativamente minimizadas. Além disso, a cirurgia reconstrutiva ortotópica influenciou urologistas e pacientes em direção a fazer a cistectomia mais cedo, com reduzida relutância para tal cirurgia 60,61. Para os pacientes que se recusam a cirurgia ou que não são candidatos cirúrgicos, há outras opções de tratamento com resultados razoáveis. No caso de falha da quimioterapia intravesical, comutação com BCG tem demonstrado ser bem sucedida. Em contrapartida, a quimioterapia é ineficaz para atingir um estado livre da doença no caso de falha da terapia com BCG 62. Em pacientes com câncer não invasivo de bexiga, tratados com um curso de indução de BCG (sem manutenção) e, posteriormente, desenvolveram recidiva da doença, um segundo curso de indução pode atingir até 30% a 50% de resposta 63 . Mais que dois cursos de indução com BCG não é recomendado, pois existe um risco de progressão de 7% com cada curso adicional 64. O quimioterápico valrubicina é utilizado para o tratamento do carcinoma in situ BCG refratário em pacientes que se recusam ou não podem ser submetidos a cistectomia radical 65 . A gencitabina foi demonstrou inicialmente que tem resultados promissores no contexto de falha com o BCG 66, 67. Em pacientes com falha na terapia com BCG, o uso da gencitabina apresentou ausência de recidiva em 75% dos pacientes com tumores de risco intermediário e 44% em pessoas com câncer de alto risco. No entanto, um estudo de seguimento demonstrou que apenas dois dos 30 pacientes manteram a reposta completa por dois anos 68. O imunomodulador interferon alfa demonstrou ser inferior ao tratamento com BCG ou quimioterapia, quando utilizado sozinho como terapia primária para câncer não invasivo de bexiga 69. No entanto, a combinação de interferon e BCG produz uma melhor eficácia. Em um ensaio de fase II multicêntrico, 467 pacientes com falha na terapia com BCG recebeu baixa dose de BCG e interferon alfa enquanto que o outro grupo incluindo 536 pacientes, virgens de tratamento com BCG, receberam a dose de BCG padrão juntamente 11 com interferon alfa. Após um seguimento médio de 24 meses, 45% e 59% dos pacientes dos respectivos grupos estavam livres da doença 70,71. CONCLUSÃO A imunoterapia intravesical com BCG foi um grande avanço no tratamento do câncer não invasivo de bexiga sendo que, um grande número de ensaios clínicos comprovou ser esta a terapia adjuvante mais eficaz na redução da recorrência e da progressão do tumor após a ressecção transuretral, prolongando a sobrevivência desses pacientes. Apesar de ainda não haver um consenso sobre o esquema de manutenção ideal, sabe-se que para obtenção de melhores resultados na terapia, além da indução de seis semanas com o BCG é necessário um cronograma de manutenção para evitar recidivas, aumentando assim, o intervalo livre da doença. Embora já se saiba os principais mecanismos imunológicos envolvidos na imunoterapia com BCG, ainda é necessário mais estudos para esclarecer o papel do BCG como um antitumoral e, otimizar a imunoterapia bem como torná-la mais segura. O sucesso do tratamento com o BCG é acompanhado por alguns efeitos adversos, e para reduzir o número de desistentes da terapia, os pacientes devem ser devidamente orientados que a presença de sintomas irritativos vesicais são esperados e, muitas vezes estão associados à eficácia do tratamento. REFERÊNCIAS 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Estimativa 2012: Incidência de Câncer no Brasil. p 42-43, 2011. 2. TIRABOSCHI R. B., DIAS-NETO J. A., MARTINS A. C. P., COLOGNA A. J., SUAID H. J., TUCCI JR S. Fatores de risco em carcinomas de células transicionais da bexiga. Acta Cirurgica Brasileira, v.17, supl.3, p. 20-23, 2002. 3. INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Tipos de Câncer: Bexiga. Disponível em: < http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/bexiga> Acesso em: 04 de maio de 2013. 12 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. 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