Métricas de Marketing: a distância da teoria à prática Ouvimos dizer a muitos especialistas que um bom plano de marketing consiste na diferença entre os sonhos ou ideias na organização do pensamento e a respectiva aplicabilidade e defesa da sua sustentabilidade. Este tema assume uma importância e pertinência extremas para o controle de actividade de gestão de marketing das empresas. Recorro a um estudo recente que tive oportunidade de levar a cabo junto de PME’s portuguesas, com a finalidade de saber até que ponto as empresas levam à prática a utilização de ferramentas de carácter analítico, no âmbito dos sistemas de informação de marketing. Infelizmente, concluiu-se que essa não é a regra comum, pelo menos para o perfil médio da maioria das empresas portuguesas que, como se sabe, não são de grande dimensão. Apenas 27% dos inquiridos dizem recorrer a sistemas de informação na área do marketing com alguma frequência. Porém, genericamente, revelam que o grau de importância destas ferramentas no desempenho da função e no sucesso do negócio é muito significativo. Das diversas ferramentas de sistemas de informação de marketing, podemos constatar que as mais utilizadas são o plano marketing, a previsão de vendas e o mapa de desempenho da força de vendas, ao invés do que acontece com os planos de comunicação e estudos de mercado. Constata-se igualmente que a grande maioria das empresas concebe e desenvolve internamente os seus sistemas de suporte à decisão, em detrimento de modelos estandardizados, principalmente por razões que se prendem com a especificidade de cada sector de actividade. Os indicadores a que se recorre mais frequentemente são a medida do grau de satisfação dos clientes, análise da rentabilidade do produto ou serviço, break-even point e a medida de notoriedade da marca. Na realidade, há uma preocupação em juntar dados analíticos que permitam obter um panorama global sobre a evolução do negócio. As matrizes de análise estratégica (McKinsey, BCG, etc…) são relegadas para um segundo plano, eventualmente por não se moldarem integralmente em todas as áreas de negócio. 1 Break-Even Point 4 Matriz Estratégicas (ex. BCG, McKinsey….) Valor Esperado da Informação 3 Imagem de Marca 2 Rentabilidade do Produto / Serviço 1 Notoriedade da Marca Tempo de Vida Útil de Clientes Grau de Fidelização de Clientes Impacto de Campanhas Publicitárias/Promocionais Grau de Satisfação de Clientes Frequência de Utilização Grau de Importância Em suma, embora se reconheça a importância da utilização de um conjunto de ferramentas de carácter analítico de apoio à quantificação e decisão no que diz respeito ao marketing e à área comercial, a verdade é que as empresas não as utilizam com tanta regularidade, como elas próprias desejariam, perdendo-se eficiência no tempo que se dedica à sua aferição e eficácia na sua aplicabilidade. Estamos, assim, perante uma matéria que é considerada muito importante para a dinâmica da competitividade dos negócios, mas que carece de aplicabilidade prática corrente. É um indicador que remete para a necessidade de uma melhor qualificação dos departamentos comerciais e de marketing, sobretudo no que concerne à aptidão para a análise e tratamento de variáveis quantitativas, que responsabilizam, cada vez mais, os seus executantes com os resultados obtidos. Livro Recomendado: Smart Business Metrics, Bob Phelps, Financial Times 2