MARIA CECÍLIA RIBEIRO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA PATOLOGIA DE OSGOOD-SCHLATTER ATRAVÉS DO USO DE LASERTERAPIA E CINESIOTERAPIA Cascavel 2003 MARIA CECÍLIA RIBEIRO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA PATOLOGIA DE OSGOOD-SCHLATTER ATRAVÉS DO USO DE LASERTERAPIA E CINESIOTERAPIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Cascavel para obtenção do Titulo de Graduação em Fisioterapia. Orientadora: Prof. Karen Andréa Comparin Cascavel 2003 MARIA CECÍLIA RIBEIRO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA PATOLOGIA DE OSGOODSCHLATTER ATRAVÉS DO USO DE LASERTERAPIA E CINESIOTERAPIA: estudo de caso BANCA EXAMINADORA ............................................................................................ Karen Andréa Comparin – UNIOESTE (Orientadora) ............................................................................................ Rodrigo Daniel Genske – UNIOESTE ............................................................................................ Cleverson Marcelo Pilatti – UNIOESTE Cascavel, 16 de abril de 2003. “O conhecimento é ainda mais injustamente distribuído do que as armas e a riqueza. Daí ser mais importante uma redistribuição do conhecimento (e em especial do conhecimento sobre o conhecimento) do que uma redistribuição dos outros principais recursos de poder; e a primeira pode levar a segunda.” Toffler AGRADECIMENTOS A professora Karen, pela orientação na elaboração deste trabalho e o apoio em todos os momentos. Ao paciente com patologia de Osgood-Schlatter, pela colaboração e paciência. A minha mãe pelo incentivo e compreensão. A Deus e todos aqueles que diariamente me auxiliaram na conclusão deste sonho. DEDICATÓRIA RESUMO A patologia de Osgood-Schlatter surge na adolescência na fase denominada estirão de crescimento, tem como características dor na região da tuberosidade tibial especialmente aos esforços que necessitem de uma forte contração do músculo quadríceps e uma proeminência óssea visível nesta região. Ao exame de raios-x, observa-se uma linha irregular na tuberosidade tibial, áreas de rarefação em alguns casos e, pode estar presente uma avulsão óssea significativa. O presente estudo teve por objetivo verificar a eficácia do tratamento da patologia de Osgood-Schlatter com o uso da laserterapia e cinesioterapia (alongamento global) em um paciente de treze anos portador desta patologia no joelho esquerdo, praticante da modalidade esportiva futebol de salão. A pesquisa realizou-se na clinica de fisioterapia da UNIOESTE. Os critérios usados para inclusão da amostra eram que o paciente fosse do sexo masculino, não tivesse se submetido a tratamento cirúrgico, não tivesse menos que cinco e mais do que quinze anos de idade e praticasse alguma atividade física. O mesmo apresentava um grau de dor nove na escala visual de dor no início da primeira sessão e 9cm após a realização do teste de esforço, no final desta sessão. Após 10 sessões, o paciente apresentou como resultado, zero na escala de dor tanto no início da sessão como após a realização do teste de esforço, acreditando-se que o protocolo proposto tem uma eficácia significativa, porém, necessita-se de mais estudos, tendo em vista a amostra pequena, por tratar-se de um estudo de caso. Palavras chaves: osgood-schlatter, laserterapia, cinesioterapia ABSTRACT The pathology of Osgood-Schlatter occur in the adolescence in the phase denominated growth pull, has as characteristics specially pain in the area of the tibial tuberosity to the efforts that need a strong contraction of the muscle quadriceps, and a visible bony proeminence in this area. To the exam of ray-x , an irregular line is observed in the tuberosity tibial, areas of rarefation of the bony in some cases and, it can be present a significant bony avultion. The present study had for objective to verify the efficiency of the treatment of the pathology of Osgood-Schlatter with the use of laserterapy and cinesioterapy (global stretching), in a thirteen year-old patient, with the problem in the left knee, practice the modality of soccer. The same presented a degree of pain nine in the first session in the visual scale of pain and nine after the test of force. After 10 sessions, the patient presented zero in the visual pain scale, demonstrating that the protocol proposed has a significant effectiveness but, need more studies, because the number was little, it was a study of one case. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS 09 2 2.1 2.1.1 2.2 2.2.1 2.2.2 2.2.3 2.2.4 2.2.5 2.3 2.4 2.4.1 2.4.2 2.5 2.5.1 2.5.2 2.5.3 2.5.4 2.5.5 2.5.6 2.5.7 2.5.8 2.5.9 2.5.10 CAPÍTULO I INTRODUÇÃO......................................................... O PROBLEMA......................................................... OBJETIVOS............................................................. Objetivo Geral.......................................................... Objetivos Específicos............................................... JUSTIFICATIVA....................................................... DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.................................. CAPÍTULO II REVISÃO DA LITERATURA................................... DOR......................................................................... Fisiologia da Dor...................................................... ANATOMIA DO JOELHO........................................ Ossos....................................................................... Ligamentos e cápsula articular................................ Meniscos.................................................................. Músculos.................................................................. Suprimento sangüíneo............................................. CINESIOLOGIA DO JOELHO................................. BIOMECÂNICA DO JOELHO.................................. Articulação tíbiofemoral........................................... Articulação femoropatelar........................................ PATOLOGIA DE OSGOOD-SCHLATTER.............. Definição.................................................................. Etiologia................................................................... Patologia.................................................................. Diagnóstico.............................................................. Achados Radiológicos............................................. Quadro Clínico......................................................... Tratamento Conservador......................................... Tratamento cirúrgico................................................ Complicações.......................................................... Tratamento fisioterapêutico..................................... 15 15 16 19 19 20 22 22 24 26 26 27 27 28 28 30 31 32 32 34 35 38 39 40 2.5.10.1 2.5.10.2 Laserterapia Alongamento 41 45 1 1.1 1.2 1.2.1 1.2.2 1.3 1.4 11 11 12 12 12 13 13 3 3.1 3.2 3.3 CAPÍTULO III RESULTADOS E DISCUSSÕES............................ CARACTERIZAÇÃO GERAL DO SUJEITO............ ALTERAÇÕES POSTURAIS................................... SENSAÇÃO DE DOR.............................................. 47 47 48 49 CAPÍTULO IV CONCLUSÕES........................................................ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................... ANEXO 1 – RADIOGRAFIA DO PACIENTE ANEXO 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO ANEXO 3 - FICHA DE AVALIAÇÃO 51 53 59 60 61 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Ligamentos do joelho vista anterior....................................................21 Figura 2. Músculos da região do joelho.............................................................24 Figura 3. Irrigação Sangüínea do joelho............................................................25 Figura 4. Esquema da patologia de Osgood-Schlatter......................................29 Figura 5. Raio-X da patologia de Osgood-Schlatter..........................................34 Figura 6. Análise dos resultados obtidos em relação a melhora da dor após o tratamento com a utilização de laserterapia e cinesioterapia (alongamento global) na patologia de Osgood-Schlatter....................50 CAPÍTULO I 1 INTRODUÇÃO 1.1 O PROBLEMA Os centros de crescimento epifisários e os locais de inserção de tendões (apófises) são os lugares mais comuns de lesões traumáticas nos esportes especialmente em crianças, devido o fato de que esses centros de crescimento são extremamente susceptíveis a lesão (RATLIFFE, 2000). No decorrer dos últimos 10 anos, aumentou o incentivo aos adolescentes para a prática de uma grande variedade de esportes e competições de alto nível. As vantagens decorrentes desta participação são perfeitamente conhecidas: melhora da sensação e bem-estar, do enduro do aparelho circulatório e da força muscular, desenvolvimento do espírito esportivo, da camaradagem e das habilidades no convívio social (BURNS E MACDONALD, 1999). Os atletas participam de esportes de competição em idades cada vez menores, em maior número. Isto faz com que as demandas sobre o tecido músculoesquelético em amadurecimento levem a uma preocupação em função das subseqüentes lesões, tanto agora como no passado, o aumento na participação e espírito de competitividade agora resultam em algo mais do que preocupação. As lesões músculo-esqueléticas em atletas jovens são atualmente comuns e precisam ser prevenidas (GOULD 1993). Entre as lesões que ocorrem na prática de esportiva por crianças temos a patologia de Osgood-Schlatter que foi primeiramente descrita em 1903 por Osgood, e acontece durante a adolescência em forma de tumefação em torno do tubérculo tibial e do tendão patelar (LOVELL e WINTER, 1988)trata-se de uma condição comum freqüentemente denominada de osteocondrite, porém não é mais do que um traumatismo por tração do local no qual insere-se uma parte do tendão patelar (a parte remanescente está inserida de cada lado da apófise e impede a separação completa) (APLEY e SOLOMON 1998). Em outra descrição é definida como uma apofisite (inflamação da inserção tendínea) do tubérculo tibial, causada por inflamação crônica e microavulsão ou ligeiro rompimento do tendão da patela em seu ponto de inserção no tubérculo tibial (RATLIFFE, 2000). Uma das formas de colapso da apófise é por uso excessivo. O excesso de carga aplicada por um longo período de tempo pode resultar em alterações estruturais agudas, onde o organismo fica temporariamente incapaz de se recuperar. A inserção apofisária imatura, em vez de avulsão desenvolve microrrupturas do tendão e hemorragias associadas. Um dos locais que comumente apresenta esta lesão é o tubérculo tibial onde, chamamos de doença de Osgood-Schlatter (GOULD, 1993) Uma outra denominação que difere-se das demais é que a causa seria uma periostite ou a formação de osso novo por lesão do tendão patelar. Estes conceitos não foram nem confirmados e nem negados por outros autores (LOVELL e WINTER, 1988). 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral A presente pesquisa tem como objetivo observar como o tratamento fisioterapêutico pode auxiliar no caso de pacientes com a patologia de Osgood-Schlatter usando o laser e a cinesioterapia através do alongamento global evitando-se com isso a necessidade de cirurgia. 1.2.3 Objetivos Específicos Aplicar protocolo previamente descrito para a patologia. Orientar os pacientes quanto a forma mais adequada da prática dos exercícios físicos. Prevenir as complicações provocadas pela patologia. Observar os resultados obtidos com a aplicação do protocolo. 1.3 JUSTIFICATIVA O atleta jovem apresenta uma especificidade músculo-esquelética, suas características estruturais específicas o torna susceptível a certas lesões músculoesqueléticas, algumas delas resultando em sérias conseqüências. Estruturalmente, o sistema músculo-esquelético do jovem atleta não é equivalente ao do adulto (GOULD, 1993). Sendo cada vez mais freqüente a participação dos jovens adolescentes em atividades esportivas e de condicionamento físico, o conhecimento dessa condição é fundamental para os profissionais que cuidam dessa população (LOURENÇO, 2000). A fisioterapia pode participar com modalidades para aliviar a dor e com os exercícios para preservar a força do músculo quadríceps e promover a boa forma física geral durante o período de recuperação (RATLIFFE 2000). A fisioterapia pode atuar especialmente na fase aguda, onde a redução do quadro álgico determinante da autolimitação, reduz consideravelmente o tempo de inatividade, na fase tardia a fisioterapia pode auxiliar somente no alongamento muscular onde os encurtamentos se fazem bem presentes, resultando a reabilitação e o retorno precoce do adolescente ao movimento. Sendo assim, vê-se a importância de se realizar tal estudo, objetivando verificar a eficiência do tratamento fisioterapêutico na patologia de Osgood-Schlatter, as principais causas desta, qual o tipo físico mais comumente afetado e de acordo com os resultados realizar um posterior trabalho preventivo com os adolescentes da faixa etária acometida. 1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO Esta pesquisa delimitou-se em verificar a melhora do quadro álgico em um paciente de 13 anos portador da patologia de Osgood-Schlatter, que fez parte da amostra do estudo. Esta verificação foi feita através de uma ficha de avaliação composta de dados pessoais, tipologia corporal, exame físico, escala visual de dor, reabilitações anteriores entre outros, realizada na primeira sessão e na ultima sessão sendo que a escala de dor foi aplicada todas as sessões no inicio e no termino de cada uma. O paciente, era do sexo masculino, e praticava a.modalidade esportiva futebol de salão. CAPÍTULO II 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 DOR Dor é uma qualidade sensorial complexa, freqüentemente não relacionada ao grau de lesão tecidual. A interpretação da sensação dolorosa envolve não apenas os aspectos físico-químicos da nocicepção, mas também os componentes sócioculturais dos indivíduos e as particularidades do ambiente onde o fenômeno nociceptivo é experimentado (TEIXEIRA, CORRÊA e PIMENTA 1994), não é devida à estimulação excessiva de todos os nervos sensitivos presentes, mas ao estímulo de fibras específicas para a dor (SELKURT, 1986). É uma condição complexa, muitas vezes, de etiologia indefinida que resulta em incapacidades e inabilidades implicando em elevados custos pessoais. A dor aguda é de ocorrência universal com raras exceções (TEIXEIRA, MARCON, ROCHA e FIGUEIRÓ apud TEIXEIRA E FIGUEIRÓ, 2001). Tem como finalidade a proteção do organismo; ela ocorre sempre que algum tecido está sendo lesado e faz o indivíduo reagir removendo o estímulo doloroso. Até mesmo atividades simples, como ficar sentado por um período prolongado, pode ocasionar destruição tecidual, devido à falta de fluxo sangüíneo para a pele nos locais em que está comprimida pelo peso do corpo. Quando a pele se apresenta dolorida em conseqüência da isquemia, a pessoa normalmente desloca inconscientemente o peso. Contudo, uma pessoa que tenha perdido o sentido da dor, como após uma lesão da medula espinhal, não sente dor e não faz, portanto esse deslocamento. Isso logo ocasiona ulcerações nas áreas sob pressão (GUYTON, 1993). A associação Internacional para o estudo da dor define a dor como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada com uma lesão tecidual presente ou potencial, ou descrita relativamente a essa lesão” (MERSKEY, 1979 apud PRENTICE, 2002). 1 1 Merskey, H. A. F., D, Bonica. J: Pain terms: a list with definitions and notes on usage, Pain 6:249-252, 1979 A dor nos adverte que existe algo errado e pode levar a uma resposta de retirada para evitar uma lesão adicional. Leva a espasmo muscular com o objetivo de proteger a área lesada, algumas vezes ela persiste e levar a um aumento da inaptidão e inibir esforços de reabilitação, um espasmo prolongado pode levar a deficiência circulatória, atrofia muscular, hábitos de desuso e à consciente ou inconsciente proteção, levando a perda severa da função (KULAND, 1983 apud PRENTICE, 2002). Síndromes por uso excessivo, distúrbios traumáticos cumulativos, lesão por distensões excessivas são termos descritivos da natureza repetitiva do elemento precipitador. Microtraumas repetitivos ou sobrecargas com distensões repetidas resultam, com o tempo, em enfraquecimento estrutural ou ruptura do tecido conectivo por fadiga com quebra das ligações transversas das fibras de colágeno e inflamação. Inicialmente a resposta inflamatória devido a microtrauma fica abaixo do limiar mais eventualmente cresce até o ponto de provocar dor, resultando em disfunção (KISNER E COLBY, 1998). Os receptores da dor na pele e noutros tecidos são todos terminações nervosas livres. Estão espalhados nas camadas superficiais da pele, bem como em certos tecidos internos, como o periósteo, as paredes arteriais, as superfícies articulares e na foice e no tentório na abóboda craniana. Em sua maioria, os outros tecidos profundos não são fartamente supridos de terminações de dor, mas escassamente; no entanto, qualquer lesão maior dos tecidos pode ainda se somar para causar o tipo de dor lenta, crônica, surda, nessas áreas ( GUYTON E HALL, 1997). A dor que ocorre no momento da lesão tecidual e durante o processo de cura é conhecida como dor aguda. A dor que persiste além do prazo previsível de cura é conhecida como dor crônica. A distinção entre as duas está relacionada com à duração (CARDENAS e EGAN, 1994). 2.1.1. Fisiologia da Dor Para que ocorra o fenômeno sensitivo-doloroso é preciso que haja a transformação dos estímulos ambientais em potenciais de ação que, das fibras nervosas periféricas, são transferidos para o SNC (Sistema Nervoso Central) 2. Os 2 Kuland, D. N.: The injured athletes’pain. Curr Concepts Pain 1:3-10, 1983. receptores nociceptivos ou receptores da dor são representados por terminações nervosas livres presentes nas fibras mielínicas finas A-delta e amielínicas C. Os nociceptores relacionados com as fibras C respondem à estimulação mecânica, térmica e/ou química de forma lenta e, os relacionados às fibras A-delta, à estimulação mecânica e/ou térmica de forma rápida. A atividade dos receptores nociceptivos é modulada pela ação de substâncias químicas algogênicas (acetilcolina, prostaglandinas, histamina, serotonina, bradicinina, substância P, entre outras), liberadas nos tecidos, em decorrência de processos inflamatórios, traumáticos e/ou isquêmicos. Das substâncias químicas a bradicinina parece ser a mais dolorosa de todas. Por esta razão, muitos pesquisadores sugeriram que a bradicinina poderia ser o agente individual mais responsável para provocar o tipo de dor de lesão tecidual (TEIXEIRA, CORRÊA e PIMENTA, 1994). Ao chegarem à medula espinhal pelas raízes espinhais-dorsais, as fibras de dor sobem e descem pelo feixe de Lissauer, onde as fibras projetam-se nas unidades celulares do corno posterior da substância cinzenta na medula. Da medula espinhal, os sinais de dor seguem por duas vias diferentes até o encéfalo. Pelo feixe neoespinhotalâmico, que conduz as fibras rápidas tipo A-delta, onde as terminações de algumas fibras são nas áreas reticulares do tronco cerebral e outras seguem até o tálamo, terminando em sua maior parte no complexo ventrobasal . E, pelo feixe paleoespinotalâmico, que transmite a dor de forma lenta através das fibras tipo C, terminando difusamente no tronco cerebral e apenas um décimo das fibras seguindo até o tálamo, terminando também em múltiplas áreas do bulbo, na ponte e no mesencéfalo. Ambos os feixes cruzam para o lado oposto da medula pela comissura anterior e depois sobem ao encéfalo pelas colunas ântero-laterais (GUYTON e HALL, 1997). A informação que se desloca para o cérebro depende não só do estímulo direcionador aferente, mas também das influências moduladoras que atuam sobre o sistema. Se a transmissão do impulso nociceptivo pode ser modulada ao nível da medula espinhal, a transmissão rostral da dor pode ser bloqueada (p. ex., a administração intratecal de um anestésico local pode ser efetuada para o bloqueio de todo impulso sensitivo). Embora os neurotransmissores preferenciais à medula espinhal não sejam bem conhecidos, é bem sabido que opiáceos exógenos como a morfina atuam preferencialmente nas fibras A-delta/C nos receptores de opiáceos, e atuam no bloqueio da descarga dos impulsos da dor pelas fibras A-delta/C. Hoje já é sabido que o corpo possui substâncias endógenas próprias denominadas endorfinas. Estas substâncias exercem a mesma ação que os alcalóides opiáceos exógenos no bloqueio da atividade evocada pelas fibras A-delta/C inibindo seletivamente a dor (O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1993). Uma importante característica da dor relacionada a processos nervosos centrais é a sua tendência a irradiar e dar origem à dor referida. Por exemplo, a dor ocasionada por lesão cardíaca pode ser sentida como dor no membro superior esquerdo ou como dor que se irradia pelo braço esquerdo até a mão. Esses endereçamentos errados da sensação dolorosa parecem devidos à excitação de um grupo comum de neurônios, no interior da medula, no tronco cerebral ou no córtex, a partir de diferentes fontes aferentes (SELKURT, 1986). Ainda segundo SELKURT (1986), o estado de alerta e a atitude do paciente no momento da lesão são importantes para determinar o grau de dor que é experimentado. Há muito tempo, observou-se que, durante a guerra ou em catástrofes, os pacientes gravemente feridos não sentiam nenhuma dor no momento da lesão, devido ao estresse ou à emoção. Os impulsos neurais descendentes, que se originam do cérebro e atuam sobre as células, na medula, podem determinar quais os tipos de impulsos ascendentes que alcançarão o cérebro e a consciência. A nocicepção ou a detecção da lesão pelas fibras nervosas periféricas envolve mediadores químicos que são liberados ou sintetizados em resposta ao dano tecidual. Estes incluem prostaglandinas, leucotrienos, que sensibilizam os receptores aferentes nociceptivos, e a bradicinina e a histamina que ativam diretamente os nociceptores. Uma vez estimulado o nociceptor existem uma variedade de neurotransmissores que levarão o sinal até o córtex, incluindo polipeptídeos, acetilcolina, norepinefrina, serotonina, e as mais recentemente descobertas endorfinas (CARDENAS e EGAN, 1994). 2.2 ANATOMIA DO JOELHO 2.2.1 Ossos As partes ósseas da articulação do joelho incluem o fêmur distal, a tíbia proximal e a patela (KISNER e COLBY 1998), a tíbia é o osso interno e maior da perna, possui um corpo e duas extremidades (HAMILTON 1982); está situada no lado medial da perna e é o segundo mais longo osso do esqueleto. Expande-se proximalmente, onde entra na articulação do joelho, e de novo aumenta, mas numa extensão menor, na sua extremidade distal (GOSS, 1977), essas expansões proximais são os côndilos medial e lateral da tíbia (tuberosidade interna e externa) (CASTRO, 1989), a superfície superior de cada côndilo é lisa e se articula com o côndilo correspondente do fêmur e com uma fibrocartilagem, o menisco (HAMILTON, 1982). A patela é um osso triangular que se intepõe às fibras tendíneas de inserção inferior do músculo quadríceps (CASTRO, 1989), é um osso sesamóide, achatado e de contorno quase triangular (HAMILTON, 1982) é visto como osso sesamóide por (1) desenvolver –se em um tendão, (2) apresentar em seu centro de ossificação uma delimitação nodular ou tuberculada, (3) compor-se principalmente de tecido esponjoso denso. Serve para proteger a frente da articulação e aumenta a alavanca do quadríceps femoral, fazendo-o agir em um ângulo maior (GOSS, 1977). No nascimento a patela é cartilaginosa, mas entre o terceiro e quarto ano surge um centro de ossificação e, na puberdade, o osso está completamente ossificado (HAMILTON, 1982), ossifica-se de um único centro que em geral aparece aos dois ou três anos, mas pode atrasar-se até os seis anos. Mais raramente o osso desenvolve-se a partir de dois centros situados lado a lado (GOSS, 1977). O fêmur é o osso mais longo do corpo é classificado como osso longo, apresentando, portanto, duas epífises, proximal e distal e um corpo ou diáfise (HAMILTON, 1982; DÂNGELO e FATINI, 1988). A apófise da tuberosidade tibial demonstra uma adaptação ao estresse provocado pela tensão. Isto parece ser uma correlação direta entre a tração na tuberosidade e do tecido fibroso sobre a tuberosidade e a metáfise anterior. O crescimento longitudinal do tendão patelar, proporcional ao crescimento apofisário, ocorre na área de inserção do tendão patelar. O tecido formado é diretamente incorporado ao tecido ósseo. A apófise se desenvolve através de vários centros de ossificação. A calcificação da apófise inicia na parte distal numa idade média de nove anos em meninas e onze em meninos. Os centros de ossificação da tuberosidade tibial que são separados se unem numa idade media de doze anos em meninas e treze em meninos. Encontra-se a patologia de Osgood-Schlatter geralmente quando existem centros de ossificação separados na apófise (KUJALA; KVIST e HEINONEN, 1985). 2.2.2 Ligamentos e cápsula articular A cápsula é um tubo fibroso que liga a epífise distal do fêmur e a epífise proximal da tíbia, é delgada e membranosa posteriormente, enquanto que, anteriormente, é substituída em grande parte pelo tendão do músculo quadríceps, patela e o ligamento patelar (DÂNGELO e FATINI, 1988), de cada lado da patela a cápsula consiste de um retináculo medial e um lateral, que são prolongamentos dos músculos vastos medial e lateral (CASTRO, 1989). Os ligamentos cruzados são dois ligamentos intra-articulares que não só se cruzam como, poder-se-ia dizer que se abraçam. Além de cruzarem-se no sentido antero-posterior, cruzam -se ainda no látero-medial. São chamados anterior e posterior em decorrência de suas inserções na tíbia (CASTRO, 1989), o ligamento cruzado anterior insere-se na depressão situada, unindo-se com a extremidade anterior do menisco lateral, dirigindo-se para trás e lateralmente, vai se fixar, na parte posterior da face medial do côndilo lateral do fêmur. (GOSS, 1977), o ligamento cruzado posterior insere-se na área intercondilar posterior da tíbia (atrás da eminência intercondilar) dirigindo-se em seguida para cima e medialmente, indo a depressão que há lateralmente no côndilo medial do fêmur (CASTRO, 1989) o ligamento cruzado anterior impede o deslocamento posterior do fêmur sobre a tíbia, enquanto que o posterior bloqueia o deslocamento anterior do fêmur sobre a tíbia (DÂNGELO e FATINI, 1988). Os ligamentos colaterais são considerados extra-capsulares, isto é, estão isolados da cápsula articular. A disposição diferente dos dois ligamentos tem importância nos movimentos de rotação da articulação do joelho (DÂNGELO e FATINI, 1988), o ligamento colateral lateral diferentemente do ligamento colateral medial é separado da cápsula. Ele é uma corda arredondada e dirige-se do epicôndilo lateral para o lado lateral da cabeça da fíbula (HAMILTON, 1982). O ligamento colateral medial é um feixe achatado na parte medial da cápsula. Este ligamento insere-se no epicôndilo medial do fêmur e abaixo, alarga-se e inserese no côndilo medial da tíbia e na parte superior de seu corpo (HAMILTON, 1982). O ligamento patelar é a porção central do tendão comum do quadríceps femoral que se continua a partir da patela até a tuberosidade da tíbia. As porções lateral e medial do tendão do quadríceps dirigem-se para baixo, passando de um e outro lado da patela para se inserirem na extremidade proximal da tíbia em ambos os lados da tuberosidade, essas porções fundem-se com a cápsula formando os retináculos medial e lateral da patela (GOSS, 1977), é um ligamento de reforço anterior que fixa a patela à tuberosidade (anterior) da tíbia (CASTRO, 1989). Figura 1 – Ligamentos do joelho vista anterior ©1999 Novartis. Todos os direitos reservados ©1999 Dxr Development Group Inc. Todos os direitos reservados 2.2.3 Meniscos Em cada cavidade glenóide da tíbia, há uma fibrocartilagem intra – articular que aumenta muito a área articular, além de torná-la mais profunda, que são os meniscos (CASTRO, 1989), são mais espessos nas suas bordas periféricas, aumentam a concavidade das faces articulares dos côndilos da tíbia que se articulam com os côndilos do fêmur, têm importante função, tornando mais congruentes as superfícies ósseas que se articulam (DÂNGELO e FATINI, 1988), o menisco medial é de forma quase semicircular, um pouco alongado e, mais largo posteriormente, sua extremidade anterior, fina e pontiaguda, está inserida na fossa intercondilar anterior da tíbia, em frente ao ligamento cruzado anterior, sua extremidade posterior insere-se na fossa intercondilar posterior da tíbia, entre as inserções do menisco lateral e do ligamento cruzado posterior (GOSS, 1977). O corno posterior do menisco lateral dá um prolongamento que é contínuo com o ligamento cruzado posterior e insere-se no tendão do músculo poplíteo, é mais largo do que o medial e, suas extremidades são mais aproximadas do que as do medial apresentando-se por isso quase circular (HAMILTON, 1982). 2.2.4 Músculos A musculatura da perna pode ser dividida em três grupos de músculos que são anterior, lateral e posterior, constituindo uma atmosfera carnosa que envolve completamente a fíbula. De um modo geral os músculos anteriores são flexores ao passo que os posteriores são extensores (CASTRO, 1989). Os músculos que agem na articulação do joelho produzem movimentos de flexão e extensão da perna, mas também um certo grau de rotação, especialmente do côndilo lateral do fêmur em torno do eixo de rotação daquela articulação. Alguns dos músculos que movem a perna atuando na articulação do joelho são biarticulares, agem sobre a articulação do quadril bem como sobre a do joelho. São eles, vasto lateral, vasto medial e, vasto intermédio, reto da coxa que constituem o quadríceps, bíceps da coxa, semitendíneo, semimembranáceo (DÂNGELO e FATINI, 1988). As origens destes músculos, suas inserções e inervações são: VASTO LATERAL: Origem: lábio lateral (linha áspera) até o trocânter maior. Inserção: o tendão conjunto do quadríceps se insere nas margens proximal e lateral da patela (base da patela – ligamento patelar). Ação: extensão do joelho. Estabilizado auxilia no bloqueio do joelho em extensão. Inervação: ramo do nervo femoral. VASTO MEDIAL: Origem: lábio medial (linha áspera), a parte distal mais forte que a proximal. Inserção: base da patela. Ação: extensão do joelho e auxilia no bloqueio do joelho em extensão. Inervação: ramo do nervo femoral. VASTO INTERMÉDIO: Origem: Perímetro anterior do fêmur. Inserção: base da patela. Ação: extensão do joelho e auxilia no bloqueio do joelho em extensão. Inervação: ramo do nervo femoral. RETO DA COXA: Origem: espinha ilíaca antero inferior (cabeça reta) e margem superior do acetábulo (cabeça reflexa). Inserção: base da patela (ligamento patelar). Ação: estende a perna e auxilia a flexão na articulação do quadril. Inervação: ramos do nervo femoral. BÍCEPS DA COXA: Origem: túber isquiático. Inserção: cabeça da fíbula. Ação: flexão da perna na articulação do joelho e rotação lateral, extensão e rotação lateral da coxa na articulação do quadril. Inervação: nervo tibial. SEMITENDÍNEO: Origem: do túber isquiático por um tendão curto unindo a cabeça longa do músculo bíceps da coxa. Inserção: longo tendão borda medial da tuberosidade da tíbia. Ação: flexão da perna na articulação do joelho e rotação medial, extensão da coxa na articulação do quadril. Inervação: nervo tibial. SEMIMEMBRANÁCEO: Origem: do túber isquiático (tendão largo, no espaço entre os músculos bíceps da coxa e semitendíneo e o músculo adutor). Inserção: tendão curto e espesso do côndilo medial da tíbia e no ligamento poplíteo oblÍquo. Ação: flexão da perna e rotação medial na articulação do joelho; extensão da coxa na articulação do quadril. Inervação: nervo tibial (PUTZ e PABST, 1995). Figura 2 – Músculos da região do joelho ©1999 Novartis. Todos os direitos reservados ©1999 Dxr Development Group Inc.. Todos os direitos reservados 2.2.5 Suprimento sanguíneo A artéria femoral passa através do hiato tendíneo do músculo adutor magno e penetra na fossa poplítea com o nome de artéria poplítea. É a principal artéria da região do joelho. Cruza a fossa poplítea com obliqüidade lateral, adjacente à face posterior do fêmur e, à articulação do joelho os ramos da artéria femoral são os seguintes: • Artérias geniculares: estas fazem parte da rede arterial peri-articular do joelho. São cinco: as geniculares superiores, medial e lateral, geniculares inferiores medial e lateral e genicular média. • Ramos musculares: são de pequeno calibre, para os músculos adjacentes, especialmente as artérias surais que irrigam o gastrocnêmio (DÂNGELO e FATINI, 1988). Em torno do joelho as artérias geniculares superiores e inferiores se anastomosam entre si e ainda com o ramo descendente da artéria circunflexa lateral do fêmur, a descendente do joelho da femoral e a artéria recorrente tibial anterior para formar uma rica circulação colateral em torno da articulação do joelho, a rede arterial peri-articular do joelho (DÂNGELO e FATINI, 1988). Figura 3 – Irrigação sangüínea do joelho ©1999 Novartis. Todos os direitos reservados ©1999 Dxr Development Group Inc.. Todos os direitos reservados 2.3 CINESIOLOGIA DO JOELHO Os músculos são máquinas moleculares que convertem energia química, inicialmente derivada do alimento, em força. As propriedades do músculo incluem (a) irritabilidade, a habilidade para responder a um estímulo; (b) condutividade, a habilidade para propagar uma onda de excitação; (c) contratilidade, a habilidade para modificar seu comprimento, e (d) adaptabilidade, um crescimento e uma capacidade regenerativa limitados (ENOKA, 2000). O joelho é uma articulação complexa com três ossos (fêmur, tíbia e patela), dois graus de liberdade de movimento e, três superfícies que se articulam: as articulações tibiofemoral medial, tibiofemoral lateral e patelofemoral, as quais estão encerradas dentro de uma cápsula articular comum. Funcionalmente, o joelho é capaz de suportar o peso corporal na posição ereta sem contração muscular; ele participa em abaixar e elevar o peso corporal (até 0,5m) ao sentar, acocorar ou subir e, permite a rotação do corpo quando virando-se sobre o pé plantado, como um jogador de futebol americano faz quando evita o contato de um perseguidor. As múltiplas funções dos joelhos normais – resistir a grandes forças, fornecer grande estabilidade e proporcionar grande amplitude de movimento – são alcançadas de uma maneira única. A mobilidade é provida principalmente pela estrutura óssea e, a estabilidade é principalmente provida pelos tecidos moles: ligamentos, músculos e cartilagem. Lesões atléticas e industriais a estas estruturas de estabilização são comuns e freqüentemente são causadas pelos maiores torques desenvolvidos pelas forças que atuam sobre os longos braços de alavanca do fêmur e tíbia (SMITH e WEISS, 2000). 2.4 BIOMECÂNICA DO JOELHO Os movimentos complexos das articulações tibiofemoral e femoropatelar são coordenados e direcionados pela ação da musculatura e das estruturas ligamentares (GOULD, 1993), os principais movimentos que se realizam no joelho são a flexão e a extensão da perna sobre a coxa ou da coxa sobre a perna (HAMILTON, 1982). 2.4.1 Articulação tibiofemoral A articulação tibiofemoral é melhor descrita como uma articulação em dobradiça rodando, deslizando e rolando. O movimento articular tibiofemoral é descrito como helicoidal ou espiral (GOULD, 1993). 2.4.2 Articulação femoropatelar A mecânica desta articulação é significantemente influenciada pelo músculo quadríceps, a forma do suco troclear, a forma patelar, restrições do tecido mole e biomecânicas do quadril e pé (GOULD, 1993). A função da patela consiste em manter o tendão do quadríceps a uma distância máxima do centro de rotação da articulação, sendo importante a nível em que se encontra a sua localização em relação aos côndilos femorais (TUREK, 1991), a função da patela é de aumentar a distância dos eixos articulares, para prover uma superfície articular plana (preferivelmente permitir que o tendão do quadríceps se articule) e proteger o joelho anterior. A função normal da patela é deslizar na cavidade troclear em um padrão rítmico, melhorar o sistema de alavanca do músculo quadríceps, deve resistir ao cisalhamento e, forças compressivas localizadas sobre as superfícies articulares (GOULD, 1993). O alinhamento da patela normal é definido como um ângulo Q de 15 graus é formado por duas linhas que se interceptam uma da espinha ilíaca ântero superior até o meio da patela; a outra do tubérculo tibial passando pelo meio da patela. O ângulo Q descreve o efeito de desvio de encurvamento lateral que os músculos quadríceps e o tendão patelar exercem sobre a patela (KISNER e COLBY, 1998). 2.5 PATOLOGIA DE OSGOOD-SCHLATTER 2.5.1 Definição Esta síndrome descrita primeiramente por Osgood em 1903, se apresenta durante a adolescência em forma de uma tumefação em torno do tubérculo tibial e do tendão patelar. Atinge também meninas de 10 a 12 anos que participam de patinação ou ginástica e realizam vigorosos saltos acrobáticos, bem como meninos na fase de estirão de crescimento e desenvolvimento esquelético (LOVELL e WINTER, 1988). É uma doença ou condição que resulta de repetidas lesões e pequenas lesões por avulsão na junção ósseo-tendinosa, em que o tendão patelar se insere no centro secundário de ossificação da tuberosidade tibial. O surgimento desta durante a adolescência coincide com o desenvolvimento deste centro de ossificação, que constitui num elo fraco com relação à repetida contração do quadríceps (SNIDER, 2000). Esta síndrome é caracterizada por dor e avulsão do tendão patelar e por excessivo alargamento do tubérculo tibial proximalmente. É uma doença da adolescência, comumente vista entre as idades de 11 e 15 anos. Mais freqüente entre meninos que participam em esportes. Geralmente é acompanhada de uma história de crescimento rápido que leva aos sintomas (TACHDJIAN, 1972). Ocorre entre os 12 e 15 anos de idade, no estágio maturacional G4 de Tanner e, freqüentemente, regride ao final da puberdade, é mais comum no sexo masculino, numa proporção de 3:1, possivelmente pela sua maior massa, força muscular e envolvimento em atividades esportivas (LOURENÇO, 2000). O aumento de volume da tuberosidade anterior da tíbia acompanhada de dor e edema é considerado como doença de Osgood-Schlatter, por terem sido estes autores os primeiros a descreverem separadamente sobre esta patologia. É mais freqüente no sexo masculino e predomina na faixa etária dos 8-12 anos podendo surgir até os 15 anos. Geralmente são pacientes sem outros problemas, hígidos, praticantes de atividades esportivas e com musculatura bem desenvolvida ( XAVIER, 1998). A doença de Osgood-Schlatter (osteocondrite do tubérculo tibial e avulsão parcial do tubérculo tibial) é uma patologia dolorosa com grande sensibilidade no tubérculo tibial, ocorre com adolescentes (TUREK, 1991). Esta condição é comum. Embora freqüentemente chamada de osteocondrite, não é mais do que um traumatismo por tração, no qual está inserida uma parte do tendão patelar (a parte remanescente está inserida de cada lado da apófise e impede a separação completa) (APLEY e SOLOMON, 1998). A doença de Osgood-Schlatter é uma apofisite (inflamação da inserção tendínea) do tubérculo tibial, causada por inflamação crônica e microavulsão ou ligeiro rompimento do tendão da patela em seu ponto de inserção no tubérculo tibial. Essa condição ocorre em meninas de 8-13 anos de idade e em meninos de 10-15 anos. Considera-se que seja causada por crescimento rápido dos ossos longos, acoplado a tensão sobre o tendão da patela por causa das atividades esportivas (RATLIFFE, 2000; FLOWERS e BHADRESHWAR, 1995). Figura 4 – Esquema da patologia de Osgood-Schlatter Anatomy of a child's knee, viewed from the side. Fonte: POSNA Information for Parents, June 12, 2000 2.5.2 Etiologia Os fatores etiológicos da doença de Osgood-Schlatter ainda não são conhecidos. Existe uma teoria de que seja uma necrose avascular ou genericamente uma osteocondrite sem comprovação em estudos histopatológicos definitivos ou convincentes. Uma das hipóteses mais prováveis é de que ocorreria uma isquemia localizada determinando necrose óssea, da tuberosidade anterior da tíbia. A outra hipótese é de que ocorreria um estresse traumático por tracionamento constante do tendão patelar provocando lise e fragmentação do tecido ósseo – cartilaginoso local (XAVIER, 1998). O trauma é um fator freqüente particularmente uma violenta ou repetitiva flexão do joelho contra um quadríceps tensionado (TUREK, 1991). Uma etiologia traumática ou de uso excessivo também explica a incidência cinco vezes maior em adolescentes que são ativos nos esportes, e a incidência duas e três vezes maior em indivíduos do sexo masculino (SNIDER, 2000). Não existe antecedente de traumatismo (APLEY, 1998), a etiologia é controvertida, que pode ser resultado de uma tendinite traumática do tendão patelar o que leva a formação de osso heterotópico no tendão; também pode ser por periostite a formação de osso novo por lesão do tendão patelar, ainda se diz que é uma síndrome por uso excessivo relativo, que reflete desequilíbrio de tensão e desvio lateral da estrutura quadricipital (LOVELL e WINTER, 1988). A condição pode ser reconhecida como tendinite da porção distal do tendão patelar, com secundária formação de osso heterotópico, junto com necrose avascular do tubérculo tibial proximalmente. É consenso que o trauma é a causa de Osgood-Schlatter, porém, alguns autores descordam com a natureza da lesão primária. Existem evidências de que o processo é causado por estresse do quadríceps femoral sobre a tuberosidade da tíbia durante o período de crescimento quando o tubérculo tibial é muito susceptível a lesão e a tração do ligamento patelar produz desprendimento de fragmentos da cartilagem de uma porção da tuberosidade tibial (TACHDJIAN, 1972). Considera-se que seja causada por crescimento rápido dos ossos longos, acoplado à tensão sobre o tendão da patela por causa das atividades esportivas (RATLIFFE, 2000). 2.5.3 Patologia Num esqueleto em desenvolvimento, os três principais sítios de crescimento são a placa cartilaginosa de crescimento (fise), a superfície articular e as apófises. A apófise constitui um centro de ossificação acessório e é uma estrutura onde ocorre inserção muscular. Portanto, é uma região submetida constantemente à força de tração de grupos musculares (LOURENÇO, 2000). O tubérculo tibial desenvolve-se como uma extensão da epífise cartilaginosa superior que é prolongada anterior e distalmente. Desenvolve-se um centro de ossificação simples, ocasionalmente duplo, dentro do tubérculo e, geralmente fundese no centro epifisário com 16 anos de idade. Ele funde-se no osso principal na idade de 18 anos. Antes disso, sua inserção no osso genitor é através de uma camada de cartilagem proliferativa que é uma extensão da placa de crescimento epifisário. Embaixo da cartilagem de crescimento, o osso recém formado forma um elo mole e fraco que suporta a distensão de tração do quadríceps. Pode ocorrer separação completa real. Mais freqüentemente, contudo, a separação é mínima mais suficiente para obliterar o suprimento sanguíneo para o tubérculo tibial. Esse sofre necrose asséptica. O osso vizinho sofre hiperemia ativa que é manifestada por osteoporose. Os capilares e fagócitos invadem e removem o osso morto, e sobrevêm um quadro de fragmentação. Finalmente, o novo osso é formado e fundese no osso principal. A descrição da patologia e patogênese pode aplicar-se a todas as osteocondrites de epífises. Todas elas ocorrem no período de crescimento rápido (TUREK, 1991). No joelho, a maior parte da epífise proximal da tíbia se localiza dentro da articulação. Porém, uma pequena porção é extra-articular e localiza-se anteriormente, podendo ser palpada como uma leve proeminência logo abaixo do joelho. Esse tubérculo tibial caracteriza-se por ser uma apófise e é sitio de inserção do tendão patelar, sendo portanto, uma região submetida à força de tração intermitente do músculo quadríceps. A progressão do processo levaria a avulsão e fragmentação da cartilagem do tubérculo e de centros de ossificação que se formam dentro dele. Nos casos mais graves, os fragmentos avulsionados podem sofrer formação óssea heterotópica, com aparecimento de um ossículo na porção distal do tendão patelar. Ocorre em um momento em que se observa um maior desenvolvimento da massa muscular, num individuo esqueleticamente imaturo, com as apófises ainda predominantemente cartilaginosas (LOURENÇO, 2000). 2.5.4 Diagnóstico O diagnóstico de Osgood-Schlatter é baseado nos sinais clínicos e sintomas, tais como dor, calor, sensibilidade local aumentada, e geralmente inchaço local e proeminência na área da tuberosidade tíbia. Tipicamente a dor ocorre quando o joelho é alongado contra resistência (KUJALA; KVIST e HEINONEN, 1985). O diagnóstico da patologia de Osgood-Schlatter geralmente é determinado clinicamente, pode-se também diagnosticar através de alguns exames tais como: raios-X, ressonância magnética e cintilografia óssea para que outras patologias sejam excluídas. (CONNOLLY, S.; CONNOLLY, L. e JARAMILLO, D., 2001). Os pacientes comunicam uma dor que é exacerbada por atividades que envolvam corrida, salto e ajoelhamento. A dor também pode ocorrer em seguida a um período prolongado na posição sentada com os joelhos flexionados. Quase todos os pacientes continuam praticando todas as atividades (SNIDER, 2000). 2.5.5 Achados Radiológicos O tubérculo tibial consiste de áreas com aparência multifragmentada de ossificação que são densas em contraste com a área osteoporótica subjacente no osso principal. A ossificação do tubérculo pode ser simples e em continuidade com o centro de ossificação na epífise tibial posterior, que é prolongada distalmente como uma apófise linguiforme. Os tecidos moles anteriores ao tubérculo apresentam-se dilatados particularmente a sombra do tendão patelar que pode conter uma área irregular de calcificação ou osso bem circunscrita. Esses achados fazem contraste com uma avulsão completa real do tubérculo na qual, o centro de ossificação encontra-se deslocado para cima (TUREK, 1991). Nos raios-X vê-se às vezes uma ossificação irregular do tubérculo tibial que pode estar fragmentado, porém às vezes na ausência dos achados radiológicos estes sintomas podem ser considerados como normais (CONNOLLY, S.; CONNOLLY, L. e JARAMILLO, D., 2001). A radiografia de joelho em perfil pode ser normal ou sugerir apenas edema de partes moles (grau 1). Em casos moderados pode-se constatar irregularidade e fragmentação da apófise (osteocondrite do tubérculo grau 2). Entretanto, a fragmentação e irregularidade podem ser um achado normal em adolescentes e, dependendo do grau de maturidade, a apófise pode estar separada na radiografia da placa de crescimento. Nos casos mais graves pode-se observar um ossículo intratendinoso (grau 3) (LOURENÇO, 2000). A radiografia do joelho mostra tumefação de partes moles na frente do tubérculo e edemaciamento do tendão patelar. Nos pacientes maiores se observam trocas ósseas na inserção do tendão patelar e no seu redor, sendo classificados em três tipos. No tipo I, a tuberosidade tibial é proeminente e irregular; no tipo II, o tubérculo tibial é irregular e existe um pequeno fragmento livre de osso na frente e acima do tubérculo e no tipo III existe um tubérculo regular pequeno com um fragmento pequeno de osso na frente e acima do tubérculo. Estes fragmentos livres de osso são resultado da formação óssea heterotópica e não representam fragmentos desprendidos do tubérculo (LOVELL e WINTER, 1988). Na ressonância magnética onde com uma substância para que o tendão patelar seja visto na sua inserção no tubérculo tibial, vê-se edemaciamento local e ossificação inadequada, a cintilografia óssea demonstra assimetria na região de tendão patelar também se pode visualizar as linhas de crescimento ósseo (CONNOLLY, S.; CONNOLLY, L. e JARAMILLO, D., 2001). A radiografia tipicamente revela tumefação dos tecidos moles, pequenas espículas de ossificação heterotópica podem ser observadas anteriormente à tuberosidade tibial (SNIDER, 2000). Figura 5 – Raio - X da patologia de Osgood-Schlatter FONTE: RETURN TO OSGOOD-SCHLATTER, Musculoskeletal Radiology of Fractures, 2002 2.5.6 Quadro Clínico A dor é a manifestação mais freqüente, aparece sobre o tubérculo tibial quando se aplica pressão e também quando se põe em tensão o quadríceps, como por exemplo, ao subir e descer escada, ao correr e saltar. Existe uma tumefação das estruturas (LOVELL e WINTER, 1988). Os sintomas clínicos são dor, edema e saliência do tubérculo tibial (RATLIFFE, 2000); ocorre dor localmente na parte anterior do joelho, há desconforto e agravamento desta dor durante corrida, subir e descer degraus, saltar ou pressão direta tal como aquela causada quando se ajoelha. Com o descanso a dor diminui ou desaparece (TACHDJIAN, 1972). Os sinais de dor, hipersensibilidade e edemaciamento de tecidos moles são sinais inflamatórios, são sinais bem localizados no tubérculo tibial. Qualquer atividade que imponha uma forte contração do quadríceps e desse modo, estiramento sobre o tubérculo, agrava o desconforto. O ato de ajoelhar é doloroso. A extensão do joelho contra resistência é dolorosa. O curso é crônico e recorre em um período de meses a alguns anos, mas geralmente cessa aos 18 anos ou um pouco antes, quando a apófise funde-se ao osso principal. Ocasionalmente, os sintomas podem persistir na vida adulta. Ocorre também o edemaciamento da bolsa infrapatelar e tecidos peri-tendinosos (TUREK, 1991). A queixa típica do adolescente é dor no joelho, insidiosa e característica, com localização precisa sobre o tubérculo tibial. Na maioria das vezes, tem comportamento intermitente, exacerbando-se nas atividades que exigem flexões repetitivas do membro inferior, como correr, pular, subir e descer escadas, agacharse e andar de bicicleta. Os traumas sobre o tubérculo, como quedas e pressão direta aumentam a dor e o repouso traz alívio. O acometimento unilateral é mais freqüente (60-70%) embora possa ocorrer o comprometimento de ambos os joelhos (LOURENÇO, 2000). Classifica-se Osgood-Schlatter de acordo com o grau de severidade desta patologia: 1- dor após atividade que cessa após 24 horas; 2- dor durante e após atividade que não limita a atividade e cessa com 24 horas e 3- dor constante que limita a atividade esportiva e a atividade de vida diária (WALL, 1998). O exame revela sensibilidade e inchaço na inserção do tendão patelar no tubérculo tibial. O ato de ajoelhar-se freqüentemente torna-se doloroso durante a fase aguda (SNIDER, 2000). 2.5.7 Tratamento Conservador O tratamento depende da severidade da condição. Muitos pacientes adolescentes com grau 1 e 2 de sintomas (dor que não dura mais que 24 horas depois da atividade) precisam estar certos que a condição geralmente é altolimitante e que o tubérculo alargado não é tumor. Os pacientes podem praticar esportes tanto quanto a dor seja tolerável e que ela cesse em 24 horas. Quando os sintomas persistem, um repouso a curto prazo da atividade que causou a agressão leva a eliminação da dor. O total descanso não é recomendado porque pode levar a um descondicionamento físico e aumentar a chance de reincidiva quando retornar aos esportes (WALL, 1998). Freqüentemente os sintomas são controlados com o uso de gelo em seguida a pratica esportiva, juntamente com uso ocasional de aspirina, e o uso de um coxim protetor no joelho. A redução das atividades para permitir a consolidação de fraturas microscópicas e a principal medida no tratamento de pacientes com sintomas graves (SNIDER, 2000). Um amortecedor de impacto usado durante as atividades esportivas diminui o estresse sobre o tendão patelar e tubérculo. Gelo sobre o joelho por 20 minutos depois das atividades também pode ser benéfico. Alongamento de quadríceps e ísquio-tibiais é recomendado por muitos autores. Antiinflamatórios devem ser administrados conforme a necessidade depois de atividades esportivas, mas não é recomendado como uso rotineiro e pré-tratamento. Injeção de corticóide não é recomendada (WALL, 1998). O tipo de tratamento depende da severidade da doença. Na maioria dos casos, os sintomas irão cessar com restrição de atividades esportivas excessivas, bem como esportes como corrida, salto e longas caminhadas. Estas atividades devem ser limitadas por um período de 4-6 meses. Nos casos moderados ou severos, o tratamento consiste de imobilização do joelho com um cilindro longo por um período de 4-6 semanas, juntamente com diminuição de exercícios estenuantes ou esportes por 3 a 6 meses. Quando há inflamação do tendão patelar a injeção de 10 ml de 1% de procaína e 3 a 4 ml de hidrocortisona ou medicação similar tal como prednisona injetados no tendão e próximo à apófise onde os tecidos moles estão sensíveis leva a amenização dos sintomas já na primeira aplicação. A duração da imobilização pode ser reduzida a 3 semanas quando a hidrocortisona é injetada localmente (TACHDJIAN, 1972). O tratamento conservador é eficaz na maioria dos casos. Ele consiste em manter o joelho em extensão completa, preferivelmente um gesso cilíndrico, por vários meses. Isso remove a tração do quadríceps e permite a revascularização reossificação do tubérculo (TUREK, 1991). Quando os sintomas são suficientemente graves como para interferir na atividade do paciente, recomenda-se imobilização com gesso cilíndrico de 6-8 semanas. Após eliminação do gesso, a atividade se limita a marcha durante outras 2-3 semanas para que logo se retorne a atividade completa. A maioria dos pacientes pode retornar a atividade completa sem maiores dificuldades (LOVELL e WINTER, 1988). A imobilização juntamente com o afastamento das atividades por seis semanas, analgésicos e fisioterapia são o melhor tratamento para a patologia (FLOWERS e BHADRESHWAR, 1995). Diz que a aplicação de gelo pode ajudar a diminuir a dor e o edema no inicio. A criança não deve retornar às atividades esportivas até que a fase aguda do processo tenha terminado. Isso pode levar meses ou anos. A criança pode ter exacerbações até a idade de 18 anos, quando a maior parte do crescimento esquelético está completo. Para os casos graves, a imobilização do joelho em extensão pode ser necessária para reduzir a pressão através do tendão da patela e permitir a cicatrização. O adolescente atleta provavelmente ficará infeliz com esse tipo de acontecimento, mas é importante proteger a articulação durante o processo de cura, para evitar o desenvolvimento posterior de artrite degenerativa (RATLIFFE, 2000). O tratamento conservador é mais indicado primariamente, geralmente indicase imobilização com um gesso por um período de seis semanas, afastamento de atividades esportivas, analgésicos e fisioterapia (FLOWERS e BHADRESHWAR, 1995). A maioria das lesões responde bem ao tratamento conservador quando diagnosticada logo no início e quando não existem osteófitos no local (MITAL, MATZA e COHEN, 1980). Em um estudo de 218 joelhos de 170 pacientes com a patologia de OsgoodSchlatter aqueles que foram tratados com a imobilização os sintomas cessaram em uma média de 14.6 meses, já aqueles que não foram tratados com a imobilização a média foi de 27.8 meses. O grupo que não usou imobilização observou-se uma deformidade considerável da tuberosidade tibial ou fragmentos desprendidos em 1/3 dos pacientes (KUJALA, U; KVIST, M. e HEINONEN, 1985). 2.5.8 Tratamento cirúrgico Os pacientes são questionados quanto à dor, proeminência, e restrição de atividades antes da cirurgia ou qualquer outra alteração em qualquer um destes sintomas após a cirurgia. Se o curso é prolongado e a incapacidade persistente, indica-se intervenção cirúrgica. São perfurados orifícios através do tubérculo no osso principal formado, formando canais através dos quais possa ocorrer revascularização rápida. A dor e a incapacidade são aliviadas permanentemente dentro de poucas semanas. São removidas lascas ósseas de uma área adjacente na tíbia que podem ser inseridas no orifício fornecendo um enxerto ósseo de imobilização. Se o tubérculo forma uma proeminência maior que o normal que é esteticamente desfigurante, essa pode ser uma fonte de dor por compressão no futuro, e os fragmentos que fazem protusão devem ser removidos através de uma incisão transversa. A inserção do tendão patelar estende-se bem além deste ponto, tanto distal quanto lateralmente, e não é afetado. O tratamento cirúrgico antes da maturidade esquelética não é recomendado, pois isso pode induzir o fechamento prematuro da placa epifisária (TUREK, 1991). Medidas cirúrgicas são raras, e quase nunca, indicadas. Excisão do tubérculo proeminente é recomendado em adolescentes que tem episódios reincidivos de dor e inabilidade e, também naqueles em que o tratamento conservativo não for satisfatório. A excisão do tubérculo é mais efetiva para remoção da deformidade e para acabar com desconforto e inabilidade nos curtos períodos de convalescença com poucos riscos. Procedimentos que promovem fusão precoce da apófise da tuberosidade com a diáfise, assim como fixação do tubérculo à metáfise tibial com enxerto ósseo ou driling da tuberosidade não são recomendados porque podem aliviar os sintomas mais o tubérculo proeminente e a deformidade persistem (TACHDJIAN, 1972). Recomenda-se tratamento cirúrgico para aqueles pacientes com sintomas reencidivantes após um tratamento conservador. Geralmente o tratamento cirúrgico não ocorre, pois, a imobilização tem-se obtido resultados satisfatórios (LOVELL e WINTER, 1988). Quando existe um osteófito palpável, e doloroso formado, geralmente não ocorre uma resposta adequada ao tratamento conservador. Então não é aconselhável submeter o paciente a um tratamento prolongado onde não haverá resultados satisfatórios neste caso, indica-se uma intervenção cirúrgica precocemente (MITAL, MATZA e COHEN, 1980). Em uma incisão de cinco centímetros verticalmente, feita infrapatelar medialmente, o tendão patelar e a tuberosidade tibial são expostos. As expansões mediais e laterais do tendão são liberadas, a inserção distal é preservada, e o tendão é então elevado da tuberosidade. O joelho está em posição de flexão de 90o para um melhor acesso para a excisão cirúrgica (FLOWERS e BHADRESHWAR, 1995). 2.5.9 Complicações A complicação mais comum é a não união do tubérculo na tíbia. Essa é a causa da persistência dos sintomas na vida adulta.O fragmento não unido deve ser removido. Uma seqüela menos comum, porém importante, é a fusão prematura da extremidade anterior da epífise tibial superior. Isso leva a genu recurvatum. Quando a incapacidade é prolongada a patela pode tornar-se alta e sua superfície articular fica sujeita a constantes traumas e osteoartrite (TUREK, 1991). A dor é autolimitante e cessa com a fusão do tubérculo tibial a diáfise, se permanece ativa quando a fusão já ocorreu, temos sintomas residuais. No estágio residual, quando a doença está inativa, o aumento da tuberosidade tibial persiste e, a proeminência óssea pode tornar-se esteticamente deformante, especialmente em meninas. Também pode ser causa de desconforto ao ajoelhar-se. Uma complicação rara é a fusão prematura do tubérculo tibial proximalmente e da anterior da epífise tibial superiormente. O crescimento contínuo da parte posterior da epífise produz genu recurvatum. Elevação da patela pode tornar-se aproximadamente 2 cm mais alta no lado envolvido em relação ao lado normal, resultando em tensão sobre a apófise tibial ou tensão no tendão patelar. A patela mais alta pode levar a deslocamento recorrente lateralmente, ou pode levar a pressão na faceta inferior na patela e conseqüentemente, condromalácia da patela e artrite degenerativa patelofemoral (TACHDJIAN, 1988). Pacientes que tem Osgood-Schlatter podem desenvolver um osteófito doloroso no tendão patelar distalmente. Excisão do ossículo pode resolver, e um procedimento pequeno, sendo, portanto considerado um tratamento não cirúrgico, não causando agressão. Alguns autores recomendam excisão do tubérculo ou redução junto com excisão do osteófito. Cerca de 60% dos pacientes com OsgoodSchlatter podem ter dor ao ajoelhar-se quando adultos. Fratura com avulsão do tubérculo tibial pode ocorrer. Osgood-Schlatter é ocasionalmente associado com fratura de avulsão do tubérculo tibial, que geralmente requer reparo cirúrgico. Osgood-Schlatter pode levar a grande deformidade anterior do joelho, pacientes, especialmente meninas podem ter esta seqüela estética (WALL, 1998). Um ossículo intratendíneo é uma das complicações da patologia de OsgoodSchlatter, este é derivado originalmente de um fragmento da tuberosidade tibial. Mais tarde este osteófito aumenta pela proliferação de um calo ao seu redor. O osteófito pode se fragmentar em várias partes o que tardiamente pode levar a osteoartrose (LAZERTE e RAPP, 1958). A complicação tardia mais comum da patologia de Osgood-Schlatter é a presença de um osteófito na inserção do tendão patelar ou próximo a ela. Principalmente nos casos onde a etiologia provêm de osteocondrite, onde se acredita que provenha de uma ossificação separada que não se uniu à epífise proximal (BOWERS, 1981). 2.5.10 Tratamento fisioterapêutico A fisioterapia pode participar com modalidades para aliviar a dor e com exercícios para preservar a força do músculo quadríceps, e promover a boa forma física geral durante o período de recuperação. Os exercícios isométricos do músculo quadríceps com o joelho em extensão não tensionam a inserção do tendão da patela e ajudam a preservar o volume muscular, contudo, os exercícios vigorosos do quadríceps são contra-indicados (RATLIFFE, 2000). Um tratamento de reforçamento estático com o joelho em extensão, assim como alongamento do quadríceps tenso e débil. Por outro lado, esses pacientes apresentam invariavelmente encurtamento dos músculos posteriores e do conjunto gemio- sóleo. Também é essencial um bom programa de alongamento dirigido a estas estruturas (TACHDJAN, 1988). 2.5.10.1 Laserterapia A palavra laser é um acróstico de Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation (Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação). Na fisioterapia os raios lasers são produzidos por uma mistura de hélio/neônio em 632,8nm e, uma variedade de emissões infravermelho, por exemplo, 865nm e 904nm. A mistura hélio/neônio produz uma luz vermelha e a infravermelha não produz luz. O laser é diferente das outras formas de luz porque é monocromático (apenas um comprimento de onda), sendo que o raio de luz é estreito, paralelo e uniforme. As ondas laser são idênticas, superpondo-se umas as outras e, portanto, dando um efeito de amplificação (THOMSON, SKINNER e PIERCY, 1994). A radiação laser é uma forma de terapia que cresce muito no meio clínico. Mas, é essencial o conhecimento dos seus efeitos fisiológicos e compreensão dos seus resultados. Muitos dos efeitos fisiológicos ainda devem ser investigados, bem como, suas implicações no meio clínico (KITCHEN e PARTRIDGE, 1991). Os lasers de hélio/neônio consistem em um tubo longo que contem esses gases naturais a baixa pressão, cercados por um disparador de flash. Emitem radiação na região visível vermelha com 632,8nm (LOW e REED, 2001). Os lasers de baixa potência não produzem efeitos térmicos porém, tem algum efeito clínico significativo sobre o tecido mole e na cura da fratura, bem como para controlar a dor por estimulação de pontos gatilho (BANZIN e KITCHEN, 1998). Os termos “laserterapia no nível baixo reativo”(LNBR) e “laserterapia de baixa intensidade”(LBI) são às vezes usados para distinguir as aplicações de baixa energia usadas na fisioterapia das aplicações de alta energia usadas terapeuticamente para destruição tecidual. Existem duas principais áreas nas quais a laserterapia‘’ é utilizada: cicatrização de feridas e controle da dor. Usada em amplas áreas, no tratamento de todos os tipos de lesão de tecidos moles, como rupturas musculares, hematomas e tendinite (LOW e REED, 2001). Ele tem efeitos quanto ao aumento da síntese de colágeno, auxiliando no reparo tecidual, aumenta a permeabilidade de membranas celulares com conseqüente melhor eficiência na bomba de sódio, aumenta o número de fibroblastos e promove tecido de granulação, útil na cicatrização de cortes e aumenta os níveis de prostaglandinas, causa um aumento na ATP celular, que é útil para mitigação da dor (THOMSON, SKINNER e PIERCY, 1994). O laser tem diversos efeitos sendo eles: (VEÇOSO, 1993) RADIAÇÃO ABSORVIDA Efeito bioquímico ⇨ Efeito Bioelétrico Efeito Bioenergético ⇩ EFEITOS INDIRETOS ⇨ Estímulo a microcirculação ⇒ Efeito analgésico Estímulo trófico celular ⇓ EFEITOS TERAPÊUTICOS Efeito antiinflamatório Efeito antiedematoso Efeito estimulante do trofismo dos tecidos Os efeitos bioquímicos incluem: 1) Liberação de substâncias pré-formadas o que ocorre devido à incorporação da radiação laser, como a histamina, a serotonina e a bradicinina. Não há referências quanto à produção destas substâncias, mas apenas liberação de parte do contingente já produzido (VEÇOSO, 1993). 2) Modificação de reações enzimáticas onde a incorporação do aporte energético da radiação laser proporciona modificações estimulatórias ou inibitórias em reações enzimáticas normais, como são a produção de ATP e a síntese de prostaglandinas. Outro efeito importante é o aumento da “lise”de fibrina, fato que determina importantes vantagens nos efeitos terapêuticos ( VEÇOSO, 1993). O laser de baixa intensidade leva a um crescimento celular estimulado, no tecido conjuntivo, tendinoso e ósseo, provoca regeneração celular por maior recuperação de células nervosas, tem efeito antiinflamatório, pois, reduz a habilidade de linfócitos a reagir aos estímulos antigênicos, reduz edema e leva a revascularização por melhor regeneração de vasos linfáticos e veias (RIBEIRO, 2000). A estimulação do nervo e a articulação, através do uso do laser levou uma diminuição da dor em diversas áreas, o que comprovou-se com um estudo placebo onde analisou-se em cada sessão os resultados (WALKER, 1983). Baixas dosagens (menor que 10J/cm2) de radiação de lasers de baixa produção tem uma ação estimulante sobre processos metabólicos e proliferação celular (ABERGEL, 1987 apud PRENTICE, 2002) 3. O laser atua na normalização energética do bioplasma, normaliza ao contingente energético que coexiste com o físico isto proporciona benefícios terapêuticos (VEÇOSO, 1993). O bioplasma é susceptível a interferência de alterações físicas do indivíduo, da mesma forma que o campo energético atua sobre o físico, com isto a normalização energética do bioplasma, conseguida com o laser, cessaria as alterações ocorridas no contingente físico (SILVA, FILHO e MUSSKOPF, 1998). O laser pode ser utilizado em feridas abertas (úlceras, feridas pósoperatórias), condições cutâneas (psoríase, queimaduras), lesões de tecidos moles (tendões, ligamentos e músculos), artropatias degenerativas e inflamatórias, alívio da dor sobre desencadeadores ou pontos de acupuntura. O raio principal é útil para lesões localizadas, por exemplo, lesões de tecido mole ou pontos desencadeadores (THOMSON, SKINNER e PIERCY, 1994). A laserterapia é usada para alívio da dor em muitas condições, tanto agudas quanto a longo prazo (ENGLAND, 1988). 3 Abergel, R: Biochemical Mechanisms of wound and tissue healing with lasers. Second Canadian Low Power Madical Laser Conference, March, 1987 Diminui a velocidade de condução do nervo sensorial, o que pode explicar o mecanismo de alívio da dor. O resultado da cicatrização acelerada, a ação antiinflamatória, a influência do nervo autônomo e respostas neurohumorais (serotonina, norepinefrina) do trato descendente de inibição (CHENG, 1987 apud PRENTICE, 2002) 4. A ação analgésica proporcionada pelo laser de baixa intensidade é explicada a nível local pela redução da inflamação, provocando a reabsorção de exsudatos e favorecendo a eliminação de substâncias algógenas (como substâncias ácidas ou outras conseqüentes da fagocitose), que sensibilizam os receptores dolorosos, também favorece a analgesia. Interfere na mensagem elétrica durante a transmissão do estímulo da dor, mantendo o gradiente iônico, ou seja, mantendo o potencial de membrana e evitando que a mesma se despolarize. Estimula direta ou indiretamente a liberação de endorfinas, evita a redução do limiar de excitabilidade dos receptores da dor, reduz a síntese de prostaglandinas, decresce a potencialização da bradicinina, provoca a normalização e o equilíbrio da energia no local da lesão (SILVA, FILHO e MUSSKOPF, 1998). A radiação laser age sobre a concentração de sódio e potássio nos nervos, age na condução nervosa, na ação enzimática, aumenta o fluxo sangüíneo o que dispersa substâncias tóxicas, eleva a concentração de sódio e potássio nos nervos, age na condução nervosa, na ação enzimática, aumenta o fluxo sangüíneo o que dispersa substâncias tóxicas, eleva a concentração de endorfinas (BRADLEY, 1996). Estudos verificaram que as velocidades de condução nervosa eram cerca de 1% mais lentas com um laser de He-Ne e 1% mais rápidas com a luz branca (KRAMER e SANDRIN, 1993). Em um estudo sobre o uso de laserterapia na prática clínica, constataram que cerca de 50% dos que responderam ao estudo sentiam que as lesões de tecidos moles e a cicatrização de feridas, incluindo queimaduras, respondiam particularmente bem ao tratamento (BAXTER et al., 1991). Os decréscimos na dor associados aos efeitos terapêuticos mediados pelo laser documentados nos estudos, observaram efeitos analgésicos da irradiação por laser em vários tipos de dor crônica, bem como nas síndromes de dor neuropática e neurogênica ( WALKER, 1983). 4 Cheng, R. Combination laser/ eletrotherapy in pain management. Second Canadian Low Laser Conference, Ontário, Canada, 1987. É um método terapêutico popular entre os fisioterapeutas no tratamento da dor, sendo ainda um método altamente cotado, em comparação com outras modalidades eletroterapêuticas alternativas ( BAXTER ET AL., 1991). Embora a laserterapia possa atender a diversas aplicações na prática clínica de rotina, estas aplicações podem ser sumarizadas em estimulação da cicatrização dos ferimentos em diversos tipos de feridas abertas, tratamento de vários distúrbios artríticos, tratamento de lesões de tecidos moles e alívio da dor (BAXTER, 1998). 2.5.10.2 Alongamento Um agonista se torna insuficiente ativamente (não se contrai o suficiente) antes que o antagonista passivamente se torne insuficiente (não pode ser alongado mais do que já foi). Em fisioterapia alonga-se propositadamente um músculo tanto para se manter como para se readquirir seu comprimento normal de repouso, isto é realizado sobre músculos relaxados (LIPPERT, 1996). Para que haja amplitude de movimento normal é necessário haver mobilidade e flexibilidade dos tecidos moles que circundam a articulação, ou seja, músculos, tecido conectivo e pele, e mobilidade articular. Para executar a maioria das atividades cotidianas funcionais, assim como atividades ocupacionais e recreativas, é necessário geralmente uma amplitude de movimento sem restrições e sem dor. A mobilidade dos tecidos moles e articulações parece ser também fator importante na prevenção de lesões ou recorrentes (KISNER e COLBY, 1998). O alongamento diminui a incidência de lesões musculotendíneas, minimiza e a alivia a tensão muscular, e aumenta a performance atlética (BANDY e IRION, 1994). Um músculo encurtado pode criar um desequilíbrio articular e desalinhamento postural o que pode levar a lesão ou disfunção articular (STARRING, GOSSMAN, NICHOLSON e LENONS, 1988). A flexibilidade dos quadris e membros inferiores é importante para o êxito na maioria dos esportes. Quando um músculo está encurtado não pode desenvolver toda sua potência ao ser convocado para se contrair e, irá limitar a amplitude de movimento. Um corredor, com os músculos posteriores da coxa tensos terá um comprimento de passada limitado e, terá que dar mais passos numa determinada distância, em comparação ao número de passos necessários se tivesse maior flexibilidade (MCATEE, 1998). A flexibilidade é fundamental nas atividades profissionais e nas tarefas diárias e a redução dessa flexibilidade, acompanhada do envelhecimento pode acarretar a perda total da independência dos movimentos já no início da idade avançada e, de modo mais sério, no início da década dos 80 anos(ACHOUR, 1996). A perda da flexibilidade é caracterizada pelo estilo de vida sedentário e, uma vez o encurtamento muscular instalado se não compensado, reduz a capacidade em dissipar energia (TROUP, 1979). Exercícios de alongamento tornam-se importantes para o aumento da capacidade dos tecidos tendíneos a fim de resistir às lesões por duas razões: primeiro, a capacidade de um músculo dentro de uma área transversal para desenvolver tensão depende de um alcance ótimo da extensão imediatamente antes da contração (acima de 130 por cento do tamanho no repouso); em segundo lugar, a flexibilidade fornece uma margem de segurança resultante de uma ação concêntrica precedida de uma excêntrica (ALBERT, 1995). A perda da flexibilidade, independente da causa, pode provocar dor originando-se no músculo, tecido conectivo, ou periósteo o que levará a uma diminuição da força muscular (KISNER e COLBY, 1998). O corpo é formado por diversas estruturas interligadas entre si, uma alteração em uma delas leva a um desarranjo global das outras, portanto um problema na musculatura anterior da coxa (quadríceps) pode advir de encurtamento ou fraqueza dos músculos posteriores, por isso, a importância de trabalhar tanto os músculos anteriores quanto os posteriores para que não haja sobrecarga sobre a tuberosidade tibial anteriormente, devido a uma tensão sobre o músculo quadríceps, porvocada por encurtamento dos ísquio -tibiais, e cadeia posterior em geral. Pode-se comparar com o esquema de um arco e flecha, onde quanto maior a tensão na parte posterior do arco maior a sobrecarga na parte anterior do mesmo. CAPÍTULO III 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos com o tratamento de um paciente portador da patologia de Osgood-Schlatter onde utilizou-se laserterapia e cinesioterapia (alongamento global). A analise será feita por meio de comparação entre as sessões de fisioterapia. 3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO SUJEITO A presente pesquisa utilizou-se de uma amostra de um indivíduo portador da patologia de Osgood – Schlatter , com treze anos, o que se enquadra na idade descrita pela literatura, onde encontramos uma média de nove a quinze anos. “Essa condição ocorre em meninas de 8-13 anos de idade e em meninos de 10-15 anos. Considera-se que seja causada por crescimento rápido dos ossos longos, acoplado a tensão sobre o tendão da patela por causa das atividades esportivas (RATLIFFE, 2000; FLOWERS e BHADRESHWAR, 1995).” O paciente se enquadra na etiologia relacionada ao uso excessivo do músculo quadríceps já que o mesmo era praticante da atividade esportiva futebol de salão, afastou-se da atividade devido a dor que o impossibilitava a pratica desta modalidade, onde necessita-se correr, movimentos constantes de flexão e extensão de joelho, levando a uma contração do músculo e conseqüente tensão sobre a tuberosidade da tíbia e dor. Durante o exame físico verificou-se presença de dor à contração resistida do quadríceps e, durante a realização do teste de esforço que se constitui de caminhada a uma velocidade constante durante cinco minutos, ininterruptos para que fosse provocado um esforço maior sobre o músculo e a tuberosidade tibial, ao final do teste o mesmo demonstrou dor num grau nove na escala visual de dor. A palpação demonstrava dor na região da tuberosidade tibial, e uma proeminência desta. O que comprovou estudos realizados anteriormente: o diagnóstico de Osgood-Schlatter é baseado nos sinais clínicos e sintomas, tais como dor, calor, sensibilidade local aumentada, e geralmente inchaço local e proeminência na área da tuberosidade tíbia. Tipicamente a dor ocorre quando o joelho é alongado contra resistência (KUJALA; KVIST e HEINONEN, 1985). Ao raio-X constatou-se a presença de diversas ossificações irregulares na região da tuberosidade tibial, a qual se desenvolve de diversos centros de ossificação, e devido a tensão exagerada do quadríceps essa ossificação ocorre de maneira desordenada, levando a formação de diversos fragmentos. O tubérculo tibial consiste de áreas com aparência multifragmentada de ossificação que são densas em contraste com a área osteoporótica subjacente no osso principal (TUREK, 1991). O quadro clínico apresentado pelo paciente era de algia especialmente aos esforços que exigiam a contração do músculo quadríceps, tais como correr, caminhar em rampas, ajoelhar-se, ou realizar a contração contra resistência deste músculo, o que está de acordo com a literatura onde encontramos que : a dor é a manifestação mais freqüente, aparece sobre o tubérculo tibial quando se aplica pressão e também quando se põe em tensão o quadríceps, como por exemplo, ao subir e descer escada, ao correr e saltar. Existe uma tumefação das estruturas (LOVELL e WINTER, 1988). O indivíduo utilizado na amostra não havia sido submetido a nenhuma cirurgia, já que está era uma das variáveis de exclusão da pesquisa, apenas realizou-se o tratamento conservador com laserterapia e cinesioterapia (alongamento global), para que se prove que a patologia pode ter alguma melhora com estas técnicas e não apenas com aquelas descritas na literatura que consistem de alongamento local, crioterapia e fechamento da epífise de crescimento onde o tratamento seria expectante. 3.2 ALTERAÇÕES POSTURAIS O mesmo apresentava leve flexo de joelho na posição em pé, protusão de ombros e um aumento da cifose torácica, além de encurtamento dos músculos tríceps sural bilateralmente, ísquio – tibiais e quadríceps. Segundo o princípio do stretching global ativo “um joelho que se recusa a estender-se por causa de ísquio–tibiais (músculos posteriores da coxa, estáticos e flexores) demasiado rígidos, obrigará o quadríceps (músculo anterior da coxa, dinâmico e extensor) a cansar-se e não lhe permitirá trabalhar, nem desenvolver-se de maneira ideal. 3.3 SENSAÇÃO DE DOR O paciente referia dor quando realizava a contração resistida de quadríceps ou durante atividades que exigiam um papel deste músculo como frenador do movimento como no caso de subir escadas, rampas, correr, ajoelhar-se. O local de dor encontrava-se na tuberosidade tibial do joelho esquerdo tanto na palpação como durante o teste de esforço realizado na esteira elétrica, num tempo de 5 minutos em uma velocidade constante, sem inclinação e ainda durante contração resistida do músculo quadríceps. Na primeira sessão, na escala visual de dor encontrou-se um valor de nove após a realização do teste de esforço na esteira, na segunda sessão realizou-se alongamento da cadeia mestra posterior, enfatizando especialmente os músculos posteriores do membro inferior esquerdo, já que o desequilíbrio destes músculos leva a uma maior tensão anterior e conseqüentemente leva esta maior força ao quadríceps, aumentando o quadro álgico, após o termino do alongamento aplicou-se a laser de Ar-Ga quatro joules no local objetivando diminuir a inflamação local, aumentar a circulação e diminuir a dor. Os resultados foram que já a partir da primeira sessão conseguiu-se uma diminuição da dor para oito na escala visual de dor e na sétima sessão consegui-se um valor igual a zero mesmo após realização de algum esforço o que acredita-se comprovar a eficiência do tratamento proposto, porém devido a amostra ser pequena outros estudos com uma amostra maior devem ser realizados para que se tenha certeza desta afirmação. 8 7 6 antes do tratamento 5 depois do tratamento 4 3 2 1 0 1a. Sessão 3a. Sessão 5a. Sessão 7a. Sessão 9a. Sessão Figura 6 - Análise dos resultados obtidos em relação a melhora da da dor após o tratamento com a utilização de laserterapia e cinesioterapia (alongamento global) na patologia de Osgood - Schlatter Fonte: Próprio autor (Ficha de avaliação e VAS) CAPÍTULO IV CONCLUSÕES Através da analise do tratamento do paciente com laserterapia e cinesioterapia (alongamento global) e conforme os objetivos propostos, pode-se concluir que existe outra alternativa de tratamento diferente daquela descrita pela literatura que consiste de gelo, alongamento local ou ainda esperar cessar a fase de crescimento, além do afastamento de atividades esportivas. Desta forma, acredita-se que a diminuição da dor, a qual é o principal motivo de desconforto destes pacientes, é possível através do uso do protocolo proposto, com a laserterapia em uma intensidade adequada, juntamente com o alongamento global da cadeia posterior, para evitar sobrecarga sobre a musculatura anterior e especialmente no quadríceps, é possível a aquisição de resultados satisfatórios. A dor localiza-se na tuberosidade tibial especialmente devido à tensão local, exercida pelo músculo quadríceps durante sua contração. A postura e os encurtamentos presentes favoreciam a tensão anterior e conseqüentemente levavam a dor local. Acredita-se que com uma maior amostra pode-se com provar a eficácia do protocolo proposto, já que neste estudo houve dificuldade na maior eficácia devido a desistência de um paciente e o não comparecimento de um terceiro ao tratamento. Para enfim finalizar, destaca-se a importância da fisioterapia no tratamento da patologia de Osgood-Schlatter, já que se pode utilizar dos diversos recursos disponíveis para alivio da dor, excluindo-se apenas aqueles que são contraindicados no caso de epífise de crescimento aberta. Um estudo com uma amostra mais significante se faz necessário para uma comprovação dos resultados, já que as dificuldades com o comparecimento de um paciente e a desistência de um segundo, dificultaram a pesquisa. É importante a continuação deste estudo, já que esta patologia aparece com freqüência nas clinicas de fisioterapia, e esta é uma ciencioa bastante ampla, não podendo restringir-se a utilização da crioterapia como indica a literatura. O paciente espera um auxílio no alivio da dor, e sendo assim, o máximo possível deve ser feito para promover um bem estar físico, mental e as vezes até mesmo social deste paciente. No caso da patologia estudada, um tratamento adequado constituído de recursos adequados, alongamento, fortalecimento e orientação se faz importante para que o paciente não tenha que se privar da prática esportiva por tempo prolongado e não perca seu condicionamento físico, evitando com isso complicações futuras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABERGEL, R. Biochemical Mechanisms of Wound and Tissue Healing with Lasers. Second Canadian Low Power Medical Laser Conference, March, 1987. In: PRENTICE, W. E. Modalidades terapêuticas em Medicina Esportiva. São Paulo: Manole, 2002. ACHOUR, A. J. Bases para exercícios de alongamento relacionado com a saúde e no desempenho atlético. Londrina: Midiograf, 1996. ALBERT, M. Eccentric muscle training in sports and orthopaedics. Editora Churchill, Livingstone, 1996. In: ACHOUR, A. J. Flexibilidade Teoria e Prática. Londrina: Editora Atividade Física e Saúde, 1998. APLEY, A. G.; SOLOMON, L. Ortopedia e Fraturas em Medicina e Reabilitação. 6ed. 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Coordenador da pesquisa: Prof. Karen Andrea Comparin Este é uma pesquisa de campo, junto à população adolescente compreendida na faixa etária de 11 a 15 anos, do sexo masculino, que estão na fase denominada estirão de crescimento e que são portadores da patologia de Osgood-Schlatter, caracterizada por uma osteocondrite, não articular, da tuberosidade anterior da tíbia, que produz uma síndrome autolimitada durante o crescimento. De maneira que uma atividade excessiva envolvendo o músculo quadríceps resulta em dor e edema nesta região. O presente estudo tem como objetivo verificar a eficácia do tratamento com laserterapia e cinesioterapia nesta patologia, bem como propiciar elementos para uma nova forma de tratamento diferente daquela encontrada na literatura que se consiste de alongamento local e crioterapia, visando à recuperação mais precoce dos pacientes. A coleta de dados será realizada através de uma ficha de avaliação aplicada no inicio e ao final do tratamento e também por meio de um questionário aplicado aos pacientes da mesma forma. A presente pesquisa realizada pela acadêmica do 4o. ano de fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE será supervisionada pela professora Karen Andrea Comparin. Tendo a família do adolescente alvo da pesquisa recebido as informações anteriores e, esclarecida de seus direitos relacionados a seguir, declaro estar ciente do exposto e desejar participar da pesquisa. A garantia de receber respostas a qualquer pergunta ou esclarecimentos a duvidas sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa; A liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo; A segurança de não ser identificada e que será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas com privacidade. Em seguida assino o consentimento. Cascavel, _____de__________de 2002. Nome: _____________________________________________________ Assinatura: _________________________________________________ ANEXO 3 – FICHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS CURSO FISIOTERAPIA PROJETO: Tratamento fisioterapêutico na patologia de Osgood-Schlatter Acadêmica: Maria Cecília Ribeiro Coordenadora: prof. Karen Andrea Comparin 1.) IDENTIFICAÇÃO Nome: Sexo: Idade: Altura: Peso: Tipologia física: 1) Pratica alguma atividade esportiva? ( ) sim ( ) não Qual?___________________________________________________________ 2) Após sentir dores se afastou da atividade física? ( ) sim ( ) não Por quanto tempo?_________________________________________________ 3) Fez algum tipo de tratamento? ( ) sim ( ) não Qual? ___________________________________________________________ 4) Usou gesso? ( ) sim ( ) não 5) Fez repouso? ( )sim ( ) não Por quanto tempo?_________________________________________________ 6) Usa algum medicamento? ( ) sim ( ) não Qual?____________________________________________________________ 7) Fez alguma cirurgia? ( ) sim ( ) não 8) Presença de alteração postural? ( ) sim ( ) não Qual?____________________________________________________________ 2) DIAGNÓSTICO CLINICO: Osgood-Schlatter unilateral ( ) direita ( ) esquerda Osgood- Schlatter bilateral ( ) 3) DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO: 4) EXAME FÍSICO: 4.1) Inspeção: 4.2) Palpação: 5) FORÇA MUSCULAR: 6 ) AMPLITUDE DE MOVIMENTO ATIVA: 7) AMPLITUDE DE MOVIMENTO PASSIVA: 8) ALTERAÇÕES MIOTENDINOSAS: Encurtamentos: Retrações: 9) EXAMES COMPLEMENTARES: 10) TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO SUGERIDO: 11) TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO REALIZADO: 12) RESULTADOS AO FINAL DO TRATAMENTO: