1 NUTRIÇÃO ENTERAL: uma revisão bibliográfica Lina Kelsilene Serrano Paiva Araújo 1 Maria das Graças Miranda Ferreira da Silva2 RESUMO A Terapia Nutricional Enteral é considerada parte importante do tratamento de pacientes graves. Designa todo e qualquer alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. É um método terapêutico de baixo custo, fácil operacionalização e alta eficiência no qual a enfermagem desempenha papel fundamental. O método utilizado no referido artigo foi uma pesquisa bibliográfica e descritiva, baseada em autores da área de enfermagem, singularmente sobre “Nutrição Enteral”. Teve como objetivo evidenciar a importância da nutrição enteral no tratamento de pacientes graves. Deste modo vemos que a nutrição enteral é um conjunto de procedimentos terapêuticos empregados para a manutenção ou recuperação do estado nutricional por meio de Nutrição Enteral. Palavras-chave: Nutrição enteral. Procedimentos terapêuticos. Manutenção / recuperação. ABSTRACT Enteral Nutritional Therapy is considered an important part of the treatment of critical patients. Means any and all food for special purposes, with controlled intake of nutrients in the form alone or in combination, of composition set or estimated, specially formulated and elaborated for use by probes or orally, industrialized or not, used solely or partially to replace or complement the oral feeding in malnourished patients or not, according to their nutritional needs in hospital outpatient or home care regimeaimed at synthesis or maintenance of tissues, organs or systems. Is a 1 Graduada em Nutrição pela Universidade Federal da Paraíba. E-mail: [email protected] 2 Professora Mestre em Serviço Social e professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba. 2 therapeutic method of low cost, easy operation and high efficiency in which nursing plays key role. The method used in the said article was a literature search and descriptive, based on authors in the area of nursing, singularly about "Enteral nutrition". Aimed to highlight the importance of enteral nutrition in the treatment of critical patients. Since so we see that the enteral nutrition is a set of therapeutic procedures employed for the maintenance or recovery of nutritional status through Enteral nutrition. Key-words: Enteral nutrition. Therapeutic procedures. Maintenance/recovery. 1 INTRODUÇÃO O setor de Nutrição tem como função prestar assistência nutricional primária, secundária e terciária - aos pacientes internados e externos, por meio do atendimento direto do nutricionista e de uma equipe responsável pelo planejamento, produção, distribuição e controle higiênico-sanitário de refeições fornecidas aos pacientes internados. Atuar na promoção, prevenção e recuperação nutricional da clientela atendida, por meio de ações conjuntas com a equipe multiprofissional. É de fundamental importância que o serviço de nutrição tenha o compromisso com a qualidade desde a compra, armazenamento, preparação e distribuição dos alimentos para os pacientes, envolvendo-se ainda em questões comportamentais, visando a melhor estadia durante a internação. Para tanto, tem que ser realizados processos indispensáveis responsabilidade, ao adequando andamento as dietas do setor balanceadas com muito carinho nutricionalmente, e sob supervisão do nutricionista, para maior aceitação do paciente, visando à sua recuperação rápida e satisfatória. Esse compromisso baseia-se em constantes treinamentos técnicos e de qualidade. A Nutrição Enteral ou NE é segundo o Ministério da Saúde do Brasil, designa todo e qualquer alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. É um método terapêutico de baixo custo, fácil 3 operacionalização e alta eficiência no qual a enfermagem desempenha papel fundamental. O método utilizado no referido artigo foi uma pesquisa bibliográfica e descritiva, baseada em autores da área de enfermagem, singularmente sobre a “Nutrição Enteral”. O referido artigo teve como objetivo evidenciar a importância da nutrição enteral no tratamento de pacientes graves. O estudo mostra-se de grande relevância para estudos posteriores e para profissionais da área de nutrição e áreas afins. 2 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO 2.1 Nutrição Enteral Segundo o Ministério da Saúde Nutrição enteral é a alimentação para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada. A dieta pode ser industrializada ou não, e é especialmente elaborada para uso por sonda ou via oral, podendo ser utilizada para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes de acordo com as necessidades nutricionais (BRASIL, 2000). O suporte nutricional enteral é utilizado como uma terapia de rotina em pacientes com deficiência protéico-calórica, disfagia severa, grandes queimaduras, ressecção intestinal e fístulas, enquanto uma porção do trato digestivo ainda mantém sua capacidade absortiva (MONTEMERLO et. al., 1996). A Terapia de Nutrição Enteral (TNE) é um conjunto de procedimentos terapêuticos empregados para a manutenção ou recuperação do estado nutricional por meio de Nutrição Enteral. A nutrição enteral (NE) consiste na administração controlada de nutrientes, seja por via oral, por sondas ou ostomias, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral e cuja composição é direcionada às necessidades do paciente. É apropriada para pessoas cujo trato gastrintestinal é funcionante, mas cuja ingestão oral é insuficiente ou inadequada para atender às necessidades nutricionais (MARQUES, 2002). A Nutrição Enteral é composta de alimentos para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, especialmente elaborada 4 para uso por sonda ou via oral, industrializada ou não, usada para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não. RCD n. 63, de 6/7/2000 (ANVISA). As vantagens oferecidas pelo emprego da nutrição enteral muitas vezes tornam secundárias as complicações derivadas de sua utilização. Uma das principais complicações da nutrição enteral é a contaminação das fórmulas, que pode estar associada a complicações infecciosas, sendo a diarreia a mais frequente. A administração de fórmulas eventualmente contaminadas pode não somente causar distúrbios gastrintestinais, mas contribuir para infecções mais graves, especialmente em pacientes imunodeprimidos. A contaminação microbiana das fórmulas enterais pode ocorrer em diversas etapas, sendo a manipulação uma etapa especialmente crítica para a contaminação (MARQUES, 2002). A Resolução nº 63/2000 do Ministério da Saúde estabelece orientações gerais para aplicação nas operações de preparação da nutrição enteral, entre as quais é estabelecido o controle da qualidade microbiológica das mesmas (BRASIL, 2000). O suporte nutricional enteral promove o aporte de nutrientes ao trato gastrintestinal através de sondas, e tanto quanto o aporte oral, ela necessita que ocorra absorção pelo trato gastrintestinal. Com o suporte enteral, os nutrientes podem ser administrados lentamente de forma continua, permitindo um maior período de absorção mesmo em pacientes com limitação na capacidade absortiva (KATHELLEN, 2005). As vantagens oferecidas pelo emprego da nutrição enteral muitas vezes tornam secundárias as complicações derivadas de sua utilização. Uma das principais complicações da nutrição enteral é a contaminação das fórmulas, que pode estar associada a complicações infecciosas (KLAASSEN, 2002). Duarte e Diogo (2005) salienta que entende-se como serviço de saúde: Apoio médico emergencial ao médico titular do paciente. Coleta de exames laboratorias. Orientações gerais e aconselhamento psicológico ao paciente e seus familiares. Tratamentos e/ou terapias (quimioterapia, fisioterapia etc.). Serviços médicos. Serviço de enfermagem. Suporte nutricional (nutrição enteral e parenteral). 5 2.2 Terapia de Nutrição Enteral A Terapia de Nutrição Enteral é indicada para pacientes que apresentam trato gastrointestinal (TGI) funcionante ou parcialmente funcionante, mas não podem ou não devem alimentar- se por via oral, ou o fazem em quantidade insuficiente (> que 2/3 das necessidades diárias). TGI Escolha: NE x NP. O TGI deve ser utilizado sempre que possível. NE x NPT Trofismo intestinal; Sistema imunológico intestinal; Translocação bacteriana; Resposta inflamatória; Custo e praticidade. Quando o paciente não pode comer Estados de coma (inconsciência) Lesões do sistema nervoso central Traumatismo bucomaxilofacial Intervenções cirúrgicas da boca, faringe, esôfago e do estômago Quando o paciente não deve comer Fístulas digestivas; Doenças inflamatórias intestinais (formas graves); Síndrome de má absorção; Síndrome do intestino curto. 6 Quando o paciente não consegue comer o suficiente Anorexia nervosa; Estados de hiporexia grave, como: Estados depressivos, Doença neoplásica, Caquexia cardíaca e Desnutrição avançada. Estados hipermetabólicos, como: Politraumatismo, Septicemia, Queimaduras e Pós-operatório. Distúrbios da deglutição como: Quimioterapia e radioterapia, Insuficiência respiratória, Insuficiência cardíaca, Insuficiência renal, Insuficiência hepática e Alcoolismo crônico. Anomalias congênitas como: Fissura do palato, Atresia do esôfago. Necessidade de alimentação noturna como: Anorexia, Perda de peso, Crescimento deficiente. Doenças neurológicas; Diarreia crônica; Incapacidade de sucção e/ou deglutição; Estenose do esôfago (ingestão de soda cáustica) Contra-indicações da NE Disfunção do TGI ou condições que requerem repouso intestinal; Obstrução mecânica do TGI; Refluxo gastroesofágico intenso; Íleo paralítico; Hemorragia GI grave; Vômitos e diarreia grave; Fístula no TGI de alto débito (>500mL/dia); Enterocolite grave; Pancreatite aguda grave; Doença terminal. 7 Os Parâmetros para a administração da NE são as Escolha da via de acesso; Local de infusão; Forma de Administração e a Escolha da dieta. 1) Escolha da via de acesso: Oral; Sondas: naso/orogástrica, naso/oroenteral: duodeno ou jejuno (ver figura 1). Ostomias: gastrostomia (ver figura 2) e jejunostomia. Figura 1: Sondas Fonte: Marques (2003). Figura 2: Gastrostomia Fonte: Marques (2003). 2) Local de infusão: Gástrica. Intestinal (duodeno, jejuno). 8 Existem vantagens e desvantagens da localização gástrica e intestinal (ver quadro 1 e 2). Quadro 1: Vantagens da localização gástrica e intestinal Localização Gástrica Maior tolerância a fórmulas variadas; Boa aceitação de fórmulas hiperosmolares; Permite progressão mais rápida para alcançar VCT ideal; Possibilita a introdução de grandes volumes em curto tempo; Fácil posicionamento da sonda. Localização Duodenal e Jejunal Menor risco de aspiração; Maior dificuldade de saída acidental da sonda; Permite a nutrição enteral quando a alimentação gástrica é inoportuna. Fonte: Marques (2003). Quadro 2 : Desvantagens da localização gástrica e intestinal Localização Gástrica Alto risco de aspiração em pacientes com dificuldades neuromotoras de deglutição; A ocorrência de tosse, náuseas ou vômitos favorece a saída acidental da sonda. Localização Duodenal e Jejunal Requer dietas normo ou hiposmolares; Risco de aspiração em pacientes que têm mobilidade gástrica alterada; Desajolamento acidental, podendo causar refluxo gástrico. Fonte: Marques (2003). 3) Forma de Administração Contínua com BI. Intermitente: por gotejamento e em bolos. 4) Escolha da dieta Conhecer as exigências específicas do paciente. Conhecer a composição exata da fórmula. Considerar condições individuais do paciente. 9 Os tipos de dietas são: Dietas artesanais; Dietas industrializadas: em pó para reconstituição; líquidas semiprontas para uso; líquidas prontas para o uso; Fórmulas especiais: isentas de lactose, adição de fibras, dição de imunomoduladores e fórmulas para insuficiência de órgãos. As Fontes de Nutrientes devem ser: Carboidratos: Sacarose, Frutose, Lactose, Amido e dextrinas, Glicose. Lipídeos: TCL, TCM. Proteínas: Extrato e Isolado protéico de soja, Proteína do Soro do Leite (68%AVB), Caseína (79,7%AVB), Ovoalbumina (100% AVB) Aa livres. As características das dietas enterais são: Distribuição calórica percentual: Proteínas Carboidratos Gorduras. Densidade Calórica (kcal/mL): 1,0 kcal / mL ---- normo > 1,0 kcal / mL --hiper < 1,0 kcal / mL –hipo. Osmolaridade : > 300 mOsm/L – Hipertônicas; < 300 mOsm/L – Hipotônicas; = 300 mOsm/L – isotônicas. Cuidados de Enfermagem na Nutrição Enteral Verificar o posicionamento da sonda antes de iniciar a dieta enteral; Verificar o resíduo gástrico antes de administrar a dieta – se ≥ 50% do volume anterior,reintroduzir o líquido aspirado no estômago e suspender a dieta do horário e comunicar a nutricionista; Controlar a velocidade de infusão; 10 Controlar o volume infundido; Após cada administração de dieta ou medicamento, deve-se lavar a sonda com 10 a 20 mL de água filtrada sob pressão; Avaliar a fixação da sonda diariamente; Elevar o decúbito do paciente durante a administração da dieta e por + 40min. Após. É totalmente contra-indicado a perfuração do frasco de dieta com agulha! 2.2.1 Vantagens e Desvantagens da Terapia Nutricional Enteral Fujino e Nogueira (2007) abordam em seu artigo que, quando o trato gastrointestinal está íntegro ou parte dele funcionante, a via enteral deve ser a nutrição indicada, essa terapia custa 50% menos do que a via parenteral, mantendo o principal sistema da absorção e metabolismo dos nutrientes. Unamuno et. al., (2005) cita que a contaminação de cateter central é a principal causa de infecções sanguíneas intra-hospitalares e estas são responsáveis pelo aumento da mortalidade. Tais infecções são difíceis de serem tratadas, por serem causadas por microrganismos intra-hospitalares multirresistentes. De acordo com Couto et. al., (2002) existem estudos comprovando que a nutrição enteral preserva a integridade da mucosa do trato gastrointestinal, diminui a translocação bacteriana, atenua a resposta inflamatória de fase aguda mediada por citocinas, diminui riscos de infecções e pode reduzir o risco de desenvolvimento de falência orgânica múltipla. Em 1988, alguns autores postularam a hipótese de que a Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) pudesse ser originada no intestino. Essa hipótese aponta o papel da translocação bacteriana, que é a invasão de bactérias pela barreira da mucosa intestinal que invadem os linfonodos e outros órgãos, no desenvolvimento da SIRS, sepse, choque e falência de múltiplos órgãos. À luz dessa percepção, a restauração e o suporte da mucosa intestinal, como barreira, tem significado particular. Tanto o duodeno quanto o jejuno são órgãos dinamicamente ativos, cuja função depende da presença dos nutrientes no espaço intraluminal. A presença dos nutrientes é o maior estímulo para a manutenção da função e integridade da mucosa intestinal. A completa ausência de alimentação oral 11 e/ou enteral e a utilização da nutrição parenteral resultam no comprometimento e na atrofia das microvilosidades da mucosa intestinal (VASCONCELOS; TIRAPEGU, 2002). Em estudo ao se comparar os níveis de absorção da vitamina A, em pacientes que estavam com Terapia nutricional enteral e parenteral, percebeu-se que o grupo com TNE apresentou melhores níveis absortivos, em razão da manutenção da trofia da parede intestinal e da permeabilidade da mucosa 6 . Vários estudos propõem o uso de alimentação enteral precoce (2 a 48 horas) após trauma físico, cirúrgico ou sepse. Sob o ponto de vista metabólico, o uso da Terapia Nutricional Enteral precoce pode evitar a secreção excessiva de hormônios catabólicos ao prevenir o aumento do cortisol e do glucagon séricos. Ocorre ainda preservação do estado nutricional, com manutenção do peso corporal e da massa muscular, com diminuição do balanço nitrogenado negativo (WAITZBERG, 2004). Fujino e Nogueira (2007) comentam que a terapia nutricional enteral é considerada precoce até 72 horas após internação e reduz o tempo de internação hospitalar, proporcionando maior reembolso diário do Sistema Único de Saúde ao hospital. Segundo Couto et. al., (2002) diante dessas vantagens, deve-se buscar a infusão da Terapia Nutricional em doses plenas, visando alcançar os benefícios que a mesma pode proporcionar. Entretanto, a administração de TNE em UTI é prejudicada por vários fatores como disfunção do trato gastrointestinal (estase, vômitos, diarreia, distensão abdominal), jejum para exames e procedimentos médicos, de enfermagem e de fisioterapia. 2.3 Portaria sobre a Tabela de Procedimentos Especiais do SIH-SUS A resolução n°63/2000 do Ministério da Saúde estabelece orientações gerais para aplicação nas operações de preparações de nutrição enteral, entre as quais é estabelecido o controle das mesmas (DIARIO OFICIAL, 2000). O Ministério da Saúde Portaria Conjunta SE/SAS nº 38 de 29 de estabelece a portaria em setembro de 1999, sendo publicada no dia de 30/09/99 - Seção - I . O Secretário Executivo e o Secretário de Assistência à Saúde, no uso de suas atribuições, considerando os estudos realizados pela Sociedade Brasileira de 12 Nutrição Parenteral e Enteral, por meio do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar - IBRANUTRI sobre a avaliação da desnutrição no Brasil; Considerando o alto índice de desnutrição em pacientes hospitalizados; Considerando a necessidade de se diminuir o tempo de permanência hospitalar, os índices de morbidade e mortalidade e o custo associado à desnutrição. Considerando que os estudos do IBRANUTRI, em relação ao custo benefício da Terapia de Nutrição na Assistência Integral à Saúde, demonstram que cada R$ 1,00 (um real) investido em terapia nutricional gera R$ 4,13 (quatro reais e treze centavos) de economia, resolve: Art. 1º - Incluir, na Tabela de Procedimentos Especiais do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde/SIH-SUS, os procedimentos: Código Nome do Procedimento Valor (R$) Quant. 99.300.02-8 Nutrição Enteral em Pediatria (aplicação/dia) 40,00 31 99.500.02-7 Nutrição Enteral em Adulto (aplicação/dia) 20,00 31 Art. 2º - Definir que a Terapia de Nutrição Enteral poderá ser indicada, preferencialmente, nos casos de pacientes distróficos portadores de disfunções orgânicas, infecções, doenças oncológicas e cirúrgicas, transplantes e recém-nascidos de muito baixo peso. Art. 3º - Estabelecer que os procedimentos de que trata esta Portaria poderão ser realizados por serviços habilitados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, de acordo com a Portaria SVS/MS nº 337, de 14 de abril de 1999. Art. 4º - Determinar que a Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional - EMTN será responsável pela normatização da indicação da Terapia de Nutrição Enteral. 13 Art. 5º - Definir que a avaliação da fórmula indicada para aplicação da Terapia de Nutrição Enteral deverá ser normatizada pela EMTN, conforme item 3.4 da Portaria SVS/MS nº 337/99. Art. 6º - Definir que o procedimento de Terapia de Nutrição Enteral, para efeito de preenchimento da Autorização de Internação Hospitalar AIH, deverá ser lançado no Campo de Procedimentos Especiais. Art. 7º - Determinar que caberá ao gestor o acompanhamento dos índices de aplicação da Terapia de Nutrição Enteral, tendo em vista o seu baixo custo, menores complicações associadas e diminuição da necessidade de controles clínicos/laboratoriais. Art. 8º - Esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O suporte nutricional enteral é utilizado como terapia de rotina em pacientes com deficiências protéico-calórica, disfagia severa, grandes queimaduras, ressecção intestinal e fístulas, enquanto uma porção do trato digestivo ainda mantém sua capacidade absortiva. A Terapia Nutricional Enteral está indicada quando houver risco de desnutrição, ou seja, quando a ingestão oral for inadequada para prover de dois terços a três quartos das necessidades diárias nutricionais. Outra situação na qual também se indica essa terapia é quando o trato gastrointestinal está total ou parcialmente funcionante e quando o paciente não pode alimentar-se pela boca. Essa terapia está contra-indicada nas situações em que o trato gastrointestinal não se encontra íntegro ou funcionante, como por exemplo, no íleo paralítico, nas obstruções intestinais e hemorragias digestivas altas . Entretanto a Terapia Nutricional Enteral não é isenta de complicações e deve ser rigorosamente monitorizada com a finalidade de detectá-las precocemente. As complicações relacionadas com a terapia podem ser gastrointestinais, mecânicas, metabólicas, respiratórias, infecciosas e psicológicas. 14 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 63/ de 6 de julho de 2000. Brasília: Diário oficial da união, 2000. COPPINI, L. Z.; WAITZBERG, D. L. Obesidade: abordagem dietética. In: WAITZBERG. D. L., ed. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. São Paulo: Atheneu, 2000, p. 1023 – 1035. COUTO, JCF; BENTO, A; COUTO, CMF; SILVA, BCO; OLIVEIRA, IAG. 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Arq Ciênc Saúde 2007 out-dez;14(4):220-6. UNAMUNO, MRDL; CARNEIRO, JJ; Chueire, FB; MARCHINI, JS; SUEN, VMM. Uso de cateteres venosos totalmente implantados para nutrição parenteral: cuidados, tempo de permanência e ocorrência de complicações infecciosas. Rev Nutr 2005;18(2):261-9. VASCONCELOS, MIL; TIRAPEGU, J. Aspectos atuais na terapia nutricional de pacientes na unidade de terapia intensiva. Rev Bras Ciênc Farm 2002;38(1):23-32. 15 WAITZBERG, DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3. ed. São Paulo: Atheneu; 2004.