Respostas de coração Respostas de coração Doenças congênitas mais prevalentes • Comunicação interventricular Este espaço, destinado às famílias, se propõe a responder de • Comunicação interatrial • Persistência do canal arterial forma direta, na medida da compreensão de cada um, as • Defeito do septo atrioventricular dúvidas a respeito das doenças congênitas do coração e das • Estenose aórtica cardiopatias adquiridas pediátricas. As informações, obtidas de profissionais especializados, buscam oferecer respostas, aos familiares e pacientes, sobre os sintomas e sinais, os exames para diagnóstico, quando e como se dá o tratamento e a qualidade de vida após a correção. A compreensão deste universo auxilia na integração dos familiares com o grupo multiprofissional, de fundamental importância no percurso do tratamento ambulatorial e hospitalar. A segurança no time do coração passa pela qualidade da informação que deve ser dada a cada momento do tratamento e para cada procedimento a que é submetido o paciente. A informação faz parte do tratamento. ! • Coarctação da aorta • Tetralogia de Fallot • Transposição das Grandes Artérias • Síndrome do coração esquerdo hipoplásico • Atresia tricúspide 10% daqueles com CIV (CASTANEDA de .Ebstein • Anomalia et al., 1994) to interv a “operaç anatômic ventrícul lo direito da corre de o ven pressão s cientes c 30 dias d por esta onde a p que segu reção on plano atr tard. Na é acomp de saída Transposição das Grandes Artérias Figura 8 - Desenho esquemático da proposto Transposição das Grandes Artérias. do VE co direito c A associação de outras anormawww.denascenca.com.br de tubo. lidades permite algum grau de compenO sação, com possibilidade de sobrevida mais de invers prolongada, dando tempo para que se pos- expressar sa programar a melhor forma de tratamen- tardia, a Respostas de coração Cardiopatias Congênitas O que é? Esta denominação agrega um grupo de doenças decorrentes de uma formação incompleta do coração, revelada já intra-útero que pode causar impacto no bem-estar de outrem, notadamente na mãe. Qual é a causa? As principais causas das cardiopatias congênitas (CC) podem ser reunidas em dois grandes grupos: agentes ambientais e causas genéticas. A exposição do embrião em desenvolvimento aos numerosos agentes ambientais, incluindo teratógenos químicos, agentes infecciosos e algumas doenças maternas, demonstra de modo claro causar defeitos cardíacos. São responsáveis por 2% de todas as anomalias do coração. A causa é multifatorial, em que a predisposição genética do indivíduo interage com o ambiente produzindo o defeito. O risco de repetição na irmandade em defeitos isolados é de aproximadamente 5%. Pode estar aumentado em virtude da existência de alguns fatores, podendo a recorrência ser maior do que 10%. Em alguns tipos específicos, há padrão hereditário, com 50% de taxa de recorrência). Quantos nascem com essas doenças? De cada 1000 nascimentos, 9 (nove) apresentam algum tipo de anormalidade no coração. Estima-se, portanto, para o Brasil, a incidência de 25.757 novos casos/ano. Em 2010, no Brasil, havia 675.495 crianças e adolescentes e 552.092 adultos com cardiopatia congênita. São todas iguais? As cardiopatias congênitas, na dependência dos sintomas e sinais que causam nos pacientes, são classificadas em cianogênicas (aquelas que provocam arroxeamento dos lábios e extremidades - bebês azuis) e acianogênicas (aquelas não alteram a cor avermelhada dos lábios e extremidades). Podem ainda produzir aumento do fluxo de sangue nos pulmões (hiperfluxo pulmonar) o que se traduz na clínica, em cansaço (dispneia) as mamadas ou nas atividades do cotidiano. Outro subgrupo são as cardiopatias com fluxo pulmonar normal (Coarcatação da aorta, Estenose pulmonar). Aquelas com fluxo pulmonar diminuído (hipofluxo pulmonar) estão associadas, em boa parte, a defeitos intracardíacas o que leva a mistura de sangue não oxigenado (venoso) ao sangue oxigenado (arterial), o que clinicamente se revela na forma de cianose (extremidades arroxeadas). ! www.denascenca.com.br Respostas de coração Como essas doenças afetam o coração? Cada grupo de doença compromete o coração de forma diferente. Nos casos de cardiopatias com hiperfluxo pulmonar o esperado é que o coração aumente de tamanho e o pulmão apresente congestão. Naqueles onde há mistura do sangue venoso ao arterial, o coração é arroxeado (cianose), com pouca oxigenação. É possível a combinação de aumento do coração e complexidade da doença cianose. Dependendo da podem surgir batimentos irregulares (arritmia) e perda gradativa da função (insuficiência cardíaca). Coração aumentado de tamanho e arroxeado O que os bebês apresentam? Em torno de 50% dos recém-nascidos são assintomáticos. Aqueles com sintomas, nos primeiros dias de vida, apresentam sinais clínicos variados e inespecíficos e podem incluir taquipneia (respiração acelerada), bradicardia (coração com batimentos lentos), taquicardia (coração com batimentos acelerados), hepatomegalia (fígado aumentado de tamanho), diminuição da perfusão e dos pulsos femorais. Sopros cardíacos são muitas vezes considerados um sinal importante de cardiopatia congênita (CC), no entanto, cerca de 50% das crianças com CC, inicialmente, não apresentam sopro no coração e nem sempre sua presença significa doença cardíaca estrutural. Frêmitos (sensação palpatória dos sopros), podem ser percebidos, colocando-se a mão sobre o tórax na região correspondente ao coração (precórdio). Também cianose (coloracão azul da pele e/ou das mucosas) é um sinal importante de CC, embora seja difícil detectar nos recém-nascidos. Só diminuição grave na saturação de oxigênio em recém-nascidos são aparentes à visão. Os lactentes, durante as mamadas, e as crianças, no decurso de outro tipo de esforço físico, podem apresentar dificuldade respiratória (dispneia), sendo necessário interrompê-los por várias vezes, causando irritabilidade. É possível ainda, nestes momentos, aparecer sudorese, palidez cutânea e desencadear crise de cianose. Posição de cócoras, após esforço, ou genupeitoral, ao dormir, são sinais encontrados nas cardiopatias cianogênicas com fluxo pulmonar diminuído. Criança em posição de cócoras, portadora de tetralogia de Fallot. Como confirmar o diagnóstico? O diagnóstico pode ser feito intraútero (Eco fetal), entre a 20ª à 28ª semana de gestação, o que permite programar o nascimento em maternidade que ofereça suporte de terapia intensiva para os bebês. Após o nascimento, ainda no berçário, deve-se realizar o teste do coraçãozinho (ver no Blog), o qual pode detectar as cardiopatias congênitas cianogênicas que representam 25% de todas as cardiopatias. Na suspeita de cardiopatia deve-se realizar radiografia de tórax e eletrocardiograma. O ecocardiograma confirma o diagnóstico e, associado a clínica, possibilita a programação de tratamento. Em poucos casos é necessário realizar cateterismo cardíaco, tomografia computadorizada e ressonância magnética. ! Ecocardiograma fetal www.denascenca.com.br Respostas de coração Quais as opções de tratamento? As crianças com defeitos pequenos, sem repercussão hemodinâmica, deverão ter acompanhamento clínico até a resolução do defeito.O tratamento cirúrgico está indicado para a maioria das cardiopatias onde há indicação de intervenção. A cirurgia é preferencialmente corretiva e, quando não é possível, por limitação anatômica ou funcional, realiza-se cirurgias paliativas. Essas intentam preparar a criança para a cirurgia corretiva. Cardiopatias como Persistência do Canal Arterial, Comunicação Interatrial, Comunicação Interventricular, Coarctação da aorta, Estenose Pulmonar e Aórtica, com anatomia favorável para procedimentos intervencionistas, tem sido tratadas com sucesso. Em alguns casos o paciente pode se beneficiar de procedimentos cirúrgico e intervencionista combinados (híbridos). Todos os casos, após os procedimentos, deverão ser acompanhados clinicamente, haja vista a necessidade de reintervenção, em torno de 20%. Qual o melhor momento? Defeitos cardíacos pequenos e sem repercussão hemodinâmica, representam 20% dos casos. Nesses, espera-se correção espontânea. Em outros 25%, formados por cardiopatias críticas, o tratamento cirúrgico está indicado no primeiro ano de vida. No restante a intervenção deve acontecer na idade pré escolar. O momento da intervenção é aquele em que a cardiopatia não tenha causado danos cardíacos e ou pulmonares. Para tanto, o diagnóstico deverá ser precoce, o que possibilita acompanhamento clínico e definição da melhor opção de intervenção. Como são os resultados? A sobrevivência de recém-nascidos com CC depende de quão grave é o defeito, quando é diagnosticada, e como ela é tratada. 97% dos bebês nascidos, com um CC nãocríticas, sobrevivem até um ano de idade e 95% até os 18 anos. 75% dos bebês nascidos, com um CC crítica, sobrevivem até um ano de idade e 69% até os 18 anos. Quando o tratamento é instituído no momento correto e a cirurgia ou intervenção por cateterismo resultou em correção sem defeito residual a expectativa e a qualidade de vida é próxima ou até mesmo igual ao da população normal. Em 20% dos casos é necessária nova intervenção, devido a procedimentos estagiados, correções de defeitos residuais ou para substituição de próteses com disfunção. ! www.denascenca.com.br Respostas de coração Cuidados Continuados O que é necessário no futuro? Todos os pacientes com cardiopatias congênitas reparadas necessitam de cuidados de rotina, conduzidos por um cardiologista pediátrico. Após os 18 anos, estes pacientes, devem ter acompanhamento de um especialista com experiência em cardiopatias congênitas do adulto. Avaliação de rotina pode incluir eletrocardiograma, ecocardiograma, Holter e teste ergométrico. O cardiologista pode recomendar outros testes, como ressonância magnética ou cateterismo cardíaco. Se o paciente tem um marcapasso, pode precisar de visitas mais frequentes, inclusive com especialista em arritimia. Todo procedimento cirúrgico ou invasivo não cardíaco deve ser precedido de uma avaliação com o cardiologista. Tratamento médico e acompanhamento Medicamentos para ajudar o coração bombear melhor, controlar a acumulação de líquidos (diuréticos) e controlar a pressão arterial pode ajudar nos sintomas de insuficiência cardíaca congestiva. Alguns pacientes com batimentos cardíacos muito lentos podem exigir um marcapasso. Aqueles com frequências cardíacas rápidas vai exigir medicação para controlá-los ou um cateterismo cardíaco especial (estudo eletrofisiológico) para estudar e tratar estes distúrbios do ritmo. Obstruções que podem fazer parte da evolução de algumas correções, podem muitas vezes ser tratadas com novas cirurgias ou por implante de stents. Restrições de atividade Muitos pacientes não precisarão limitar a suas atividades, especialmente aqueles que tenham sido submetidos a procedimentos corretivos e não apresentam defeitos residuais. No entanto, se o coração não bombeia normalmente ou tem problemas de ritmo cardíaco, pode ser necessário limitar a atividade à sua resistência. O cardiologista ajudará a determinar se precisa limitar as atividades. ! www.denascenca.com.br Respostas de coração Cuidados Continuados Prevenir Endocardite As pessoas que têm cadiopatias congênitas e foram submetidas a cirurgias corretivas e não têm defeitos residuais não irão precisar de profilaxia para endocardite ao se submeterem a procedimentos cirúrgicos. O cardiologista será capaz de determinar a necessidade de tomar antibióticos antes de determinado tratamento dentário. Gravidez Mulheres portadoras de cardiopatia congênita reparadas podem ter gravidezes bem sucedidas. O risco de gravidez para a mãe aumenta se existe insuficiência cardíaca ou arritmias. É importante consultar um cardiologista com experiência em cuidar de pacientes com defeitos cardíacos congênitos antes da gravidez para descobrir os riscos para a saúde. Vou precisar de mais cirurgia? Em torno de 20% dos pacientes operados de cardiopatias congênitas irão necessitar, em algum momento da vida, de uma nova intervenção. Cirurgias estagiadas, reparos de defeitos residuais, troca de próteses por disfunção, necessidade de uso de marcapassos por bloqueios cardíacos ou até transplante cardíaco são alguns exemplos de procedimentos necessários durante a evolução após a cirurgia. Estenose de tubo do ventrículo direito para artéria pulmonar (seta). ! www.denascenca.com.br