ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE CARDIOPATIAS CONGÊNITAS EM PACIENTES PEDIÁTRICOS ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO MATERNO INFANTIL NO PERÍODO DE 2004 A ABRIL DE 2013. Paula de Souza Gomes¹; Mauricio Laerte²(orientador). ¹Universidade do Sul de Santa Catarina, estudante. E-mail: [email protected]; [email protected] ²Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) – Santa Catarina, orientador. Brasil. Email: [email protected] As cardiopatias congênitas são comuns em nascidos vivos e ainda mais frequentes em fetos, apresentando uma alta mortalidade no primeiro ano de vida1. Sua prevalência varia, dependendo da população estudada, podendo atingir até 1% na população pós-natal1. As anomalias cardíacas podem se apresentar isoladamente (80 a 85%), fazer parte de síndromes cromossômicas (5 a 10%) ou gênicas (3 a 5%), de associações bem estabelecidas ou ocasionais, serem determinadas por fatores ambientais, infecciosos ou não, em entidades reconhecidas como rupturas2-4. As anomalias congênitas do coração e dos grandes vasos são as mais freqüentes entre as malformações congênitas graves. As cardiopatias congênitas são encaminhadas principalmente nos períodos de lactente e de neonato, sendo a mais freqüente a comunicação interventricular5. É importante salientar que o diagnóstico precoce, principalmente de lesões leves, está aumentando, contribuindo também para o aumento da incidência de cardiopatias congênitas. O diagnóstico pré-natal tem-se mostrado um grande contribuinte para o aumento da incidência dos achados6. A prevalência e a apresentação das cardiopatias congênitas em nosso meio são semelhantes ao que se encontra nos países mais desenvolvidos, alertando para a necessidade do sistema de saúde se preparar para diagnosticar e tratar mais precocemente esses pacientes, reduzindo os gastos econômicos posteriores com as possíveis seqüelas e desgaste emocional dos afetados e de suas famílias7. Palavras-chave: Cardiopatia congênita, pediatria, comunicação interventricular. OBJETIVOS O objetivo do presente estudo foi verificar a prevalência de cardiopatias congênitas entre os pacientes pediátricos atendidos no Ambulatório Materno Infantil da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). MÉTODOS: Participaram do estudo 102 pacientes portadores de cardiopatia congênita, atendidos no Ambulatório Materno Infantil da Universidade do Sul de Santa Catarina, entre fevereiro de 2004 e abril de 2014. Incluíram-se todos os prontuários de pacientes com cardiopatia congênita devidamente diagnosticada através de avaliação clínica e ecocardiográfica, de 0 a 18 anos de idade. Foram excluídos os prontuários que estavam incompletos ou ilegíveis. Foram obtidos os dados, relacionados à cardiopatia congênita, idade, sexo e a procedência do paciente, sendo arquivados em uma planilha eletrônica. A análise estatística foi realizada com auxílio do programa SPSS 20.0. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina sob parecer nº 618.884. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dentre os 102 prontuários analisados, 53% eram prontuários pertencentes a pacientes do sexo feminino e 47 do sexo masculino. A idade dos pacientes ficou entre 1 mês e 204 meses, com uma média de 49,46 meses e um desvio padrão de 55,23 meses. Verificando a procedência, observou-se que a grande maioria dos pacientes pertence a região da AMUREL, sendo que a cidade de Tubarão é a que representa o maior percentil em torno de 60%. Em relação às cardiopatias congênitas pesquisadas, comunicação interatrial(CIA), comunicação interventricular(CIV), persistência do canal arterial(PCA), Tetralogia de Fallot, transposição de grandes artérias (TGA), insuficiência aórtica, estenose aórtica, insuficiência pulmonar, estenose pulmonar, insuficiência mitral, prolapso de valva mitral tiveram prevalência de 23,44%, 29,69%, 4,69%, 3,12%, 0,78%, 3,90%, 7,81%, 2,34%, 15,63%, 1,56% e 5,47% respectivamente. O total de cardiopatias congênitas foi de 128, um número maior que os prontuários, pois alguns pacientes apresentavam mais de uma cardiopatia congênita. Pode-se verificar também que a cardiopatia mais prevalente foi a CIV com 29,69% do total de cardiopatias, condizendo com a literatura, como um estudo realizado em CuritibaPR analisaram 4538, em que foram apuradas 1961 cardiopatias congênitas, sendo que a comunicação interventricular era responsável por 30,5% do total de cardiopatias congênitas. Relacionando o sexo com as cardiopatias congênitas, o sexo feminino apresentou maior prevalência 67 cardiopatias contra 61 no sexo masculino. A CIV, PCA, insuficiência pulmonar, prolapso de valva mitral, insuficiência mitral foram mais prevalentes no sexo feminino, enquanto TGA, insuficiência aórtica, estenose aórtica, estenose pulmonar foram mais prevalentes no sexo masculino e CIA e Tetralogia de Fallot não apresentaram diferença entre os sexos. CONCLUSÕES Os achados do presente estudo são consistentes com a literatura encontrada mostrando que a cardiopatia congênita com maior prevalência é a comunicação interventricular, seguida pela comunicação interatrial. É importante o conhecimento da realidade local em relação a prevalência das cardiopatias congênitas tanto para o diagnóstico como para o planejamento da terapêutica. REFERÊNCIAS 1- Chen CW, Li CY, Wang JK. Growth and development of children with congenital heart disease. J Adv Nurs. 2004;47(3):260-9. 2- Nora JJ. Multifactorial inheritance hypothesis for the etiology of congenital heart diseases. The genetic-environmental interaction. Circulation. 1968;38:604-17. 3- Aracena AM. Cardiopatias congenitas y sindromes malformativos geneticos. Rev Chil Pediatr. 2003;74:426-31. 4- Brennan P, Young ID. Congenital heart malformations: aetiologyand associations. Semin Neonatol. 2001;6:17-25. 5- Miyague NI, Cardoso SM, Meyer F, Ultramari FT, Araujo FH, Rozkowisk T, et al. Epidemiological study of congenital heart defects in children and adolescents: analysis of 4,538 cases. Arq Bras Cardiol. 2003;80:274-8. 6- Huber J, Catarino V. Congenital Heart Diseases in a Reference Service: Clinical Evolution and Associated Illnesses. Arq Bras Cardiol 2010; 94(3) : 333-338 . 7- Amorim LF, Pires CA, Lana AM, Campos AS, Aguiar RA, Tibúrcio JD, et al. Presentation of congenital heart disease diagnosed at birth:analysis of 29,770 newborn infants. J Pediatr (Rio J). 2008;84(1):83-90. 8- Miyague NI, Cardoso SM, Meyer F, Ultramari FT, Araújo FH, Rozkowisk I, Toshi AP. Estudo Epidemiológico de Cardiopatias Congênitas na Infância e Adolescência. Análise em 4.538 Casos. Arq Bras Cardiol. 2003;80 (3), 269-73. Fomento: Governo do Estado de Santa Catarina.