Número de aquisições de usinas deve bater recorde Cibelle Bouças 31/05/2007 O setor sucroalcooleiro deverá registrar número recorde de aquisições neste ano. Levantamento da KPMG mostra que foram oito aquisições em 2005 e nove no ano passado, e a consultoria prevê - e analistas da área concordam - que o número deve chegar a 12 em 2007. Para fontes do segmento, a queda nos preços internacionais do açúcar e as perspectivas de cotações baixas pelo menos durante este ano por conta do aumento da produção global e dos estoques mundiais ajudam a forçar uma redução no valor de venda de usinas brasileiras, acelerando o ritmo das negociações. Nos últimos 12 meses, os contratos futuros de açúcar registraram queda de 45,9% na bolsa de Nova York, conforme cálculo do Valor Data. Ontem, o contrato para outubro recuou 2 pontos, fechando a 9,33 centavos de dólar por libra-peso. "Os preços do açúcar tendem a permanecer baixos nos próximos meses, com a expansão da produção global, o que pode levar as usinas a negociarem a venda por valores mais baixos, atraindo fundos de investimento e empresas de países como Austrália, Índia, Europa, EUA e América Central a interessar os investidores", afirmou Júlio Maria Borges, presidente da Job Economia e Planejamento. André Castello Branco, sócio de corporate finance da KPMG, também prevê um aumento da participação estrangeira no mercado sucroalcooleiro do país. "Existe uma série de negociações em andamento e a expectativa é que o número de aquisições no ano seja pelo menos o dobro do que ocorreu até abril", afirma Castello Branco. Entre janeiro e abril, houve seis aquisições, sendo apenas uma feita por um grupo brasileiro, envolvendo investimentos da ordem de R$ 1,4 bilhão, segundo dados publicados pelos grupos. Conforme Castello Branco, não há informações completas sobre o valor movimentado nesse tipo de transação em 2006, mas ligadas ao setor sucroalcooleiro estimam que o valor alcançado neste ano já está muito próximo de todas as aquisições feitas no ano passado. O processo de aquisições começou em 2005, quando os países desenvolvidos reforçaram investimentos em biocombustíveis para reduzir o consumo de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa, atendendo às exigências do Protocolo de Kyoto, ratificado um ano antes. Desde 2005, houve 23 aquisições de usinas brasileiras, das quais 13 passaram às mãos de grupos internacionais. http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/agronegocios/179/Numero+de+aq uisicoes+de+usinas+deve+bater+recorde,,,179,4343610.html Castello Branco observa que a consolidação do setor sucroalcooleiro ocorreu até agora via aquisições. O único processo de fusão de que se tem notícias é da Cia. Açucareira Vale do Rosário, de Morro Agudo (SP), com a Cia. Energética Santa Elisa, de Sertãozinho (SP), ainda não concluída. "As fusões são uma tendência para médio ou longo prazo. Hoje as usinas são muito pequenas, a maior, que é o grupo Cosan, mói 40 milhões de toneladas por ano. No futuro, esse vai ser o tamanho de um grupo médio. A maioria tenderá a se unir para competir no mercado", prevê. Para Gustavo Correia, sócio da F&G Agro, o número de empresas sucroalcooleiras no país (hoje em torno de 240) será reduzido drasticamente e, nesse cenário, as empresas de pequeno porte ficam cada vez mais vulneráveis. "Quanto mais longo for o ciclo de baixa nos preços do açúcar, mais risco elas correm de não sobreviverem a essa fase de consolidação", diz. Para o consultor, as empresas pequenas terão de se associar ou investir em ampliação de capacidade, caso desejem se manter competitivas. http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/agronegocios/179/Numero+de+aq uisicoes+de+usinas+deve+bater+recorde,,,179,4343610.html