Universidade Paulista – UNIP Curso de Psicologia Disciplina

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Universidade Paulista – UNIP
Curso de Psicologia
Disciplina: Neurofisiologia
Turma: PS4A30
GABRIELA DE OLIVEIRA VITOR – A04DBA-0
JULIANA DA SILVA CHAVES– 592104-0
LARISSA OLIVEIRA MARKEWICZ– A21945-5
MAYARA RAQUEL SANTOS DURÁES – A25581-8
NAYARA DA PONTE MENESES– A07GFC-0
MICHELINE MEDEIROS BAIÁ– A24723-8
TDAH- Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
Brasília
11 de novembro de 2010
Definição da doença
A Sociedade Brasileira do Déficit de Atenção (SBDA) define o TDAH
como um transtorno neurobiológico, com causas genéticas, que se manifesta
na infância e acompanha o indivíduo pela sua vida toda. Estudos indicam que
os portadores do transtorno possuem alterações na região frontal do córtex
devido a uma provável alteração no funcionamento do sistema de
neurotransmissores (dopamina e noradrenalina). Segundo a SBDA a região
frontal orbital é uma das partes mais desenvolvidas no homem, e é responsável
pela inibição do comportamento, memória, autocontrole, capacidade de
concentração, planejamento e organização.
Causas
Segundo Assumpção Jr (2003) “estudos de familiares de primeiro grau,
avaliados na sua totalidade, sugerem fortemente que TDAH é familiar” (p. 333).
Mas o autor ressalta que “muito provavelmente o que é herdada é a
vulnerabilidade para o transtorno” (p. 334). Outros estudos ainda indicam a
associação do transtorno com complicações durante a gestação:
Tais como toxemia ou eclampsia, má saúde materna, pósmaturidade fetal, duração prolongada do parto, sofrimento fetal,
baixo peso ao nascer e hemorragia pré-parto. (Assumpção Jr &
Kuczysnki, 2003, p. 334)
Há ainda estudos que apontam que o fumo durante a gravidez pode
desenvolver na criança o transtorno:
Alguns estudos iniciais em animais têm demonstrado a
associação de exposição crônica à nicotina durante a gestação
com desenvolvimento de hiperatividade nos filhotes, sugerindo
assim, que o fumo materno durante a gravidez possa estar
relacionado com TDAH. (Assumpção Jr & Kuczysnki, 2003, p.
334)
Assumpção Jr & Kuczysnki (2003) ainda apontam que adversidades
psicossociais “podem ser considerados desencadeadores não específicos de
uma predisposição subjacente, ou modificadores da história natural da
doença”.
Conseqüências
Segundo Silva (2009) o TDAH caracteriza-se por três sintomas básicos:
desatenção, impulsividade e hiperatividade física e mental. Conforme a autora
o comportamento TDA surge a partir do que ela chama de “Trio de base
alterada”.
O primeiro sintoma é a alteração da atenção. De acordo com Silva
(2009) “uma pessoa com comportamento TDA pode ou não apresentar
hiperatividade física, mas jamais deixará de apresentar forte tendência à
dispersão” (p. 19).
O segundo sintoma do trio da base alterada, proposta por Silva é a
impulsividade, em que “pequenas coisas são capazes de lhe despertar [em
portadores do TDAH] grande emoções, e a força dessas emoções gera o
combustível aditivado de suas ações” (Silva, 2009, p. 23).
Ainda segundo Silva (2009), há um terceiro sintoma, que é a
hiperatividade física e mental.
Tratamento
De acordo com Assumpção Jr & Kuczysnki (2003), o tratamento do
TDAH deve envolver uma abordagem múltipla, envolvendo intervenções não só
psicofarmacológicas como psicossociais.
No que se diz respeito às intervenções psicossociais, “o primeiro passo
deve ser educacional, por meio de informações claras e precisas a família a
respeito do transtorno” (Assumpção Jr & Kuczysnki, 2003, p. 338).
Qualidade de vida e TDAH
Para avaliar a qualidade de vida em adultos que são portadores do
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, foi desenvolvido o
Questionário de Qualidade de Vida em adultos portadores de TDAH (AAQoL –
sigla em inglês), utilizado pelos pesquisadores Paulo Mattos da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Gabriel Coutinho do Instituto de Psiquiatria
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB-UFRJ) na pesquisa de
campo que deu origem ao artigo: Qualidade de vida e TDAH.
O estudo demonstrou que portadores adultos do TDAH diagnosticados
mais recentemente não apresentavam uma boa qualidade de vida em relação
aos não-portadores:
No estudo de validação, verificou-se que os portadores de
TDAH apresentavam maior número de divórcios, maiores taxas
de desemprego e menor renda média se comparados aos nãoportadores, embora ambos os grupos se equiparassem
etnicamente e em anos de estudo (MOURA & COUTINHO,
2007, p. 51).
Já os adultos portadores do TDAH diagnosticados há mais tempo
apresentaram qualidade de vida melhor:
Mais ainda, portadores de TDAH que já haviam sido
diagnosticados há mais tempo e que, portanto, já estavam em
tratamento relataram escores mais altos de qualidade de vida
se comparados aos portadores que foram diagnosticados
durante o estudo, sugerindo que o primeiro grupo possa ter se
beneficiado de terapêutica específica. Esses achados
demonstram que avaliações de qualidade de vida
especificamente direcionadas ao TDAH podem trazer
benefícios na avaliação clínica direcionando a prática
terapêutica (MOURA & COUTINHO, 2007, p. 51).
Pode-se então, a partir do estudo apresentado, observar a importância
do diagnóstico do TDAH, assim como a eficácia do tratamento terapêutico para
melhorar a qualidade de vida de portadores do transtorno.
Conhecimento sobre o transtorno do déficit de atenção/hiperatividade no
Brasil
Apesar de os sintomas primários do Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade geralmente serem fáceis de reconhecer, “o diagnóstico e o
tratamento podem ser dificultados pela existência de mitos acerca da doença”
(Knipp, 2006, apud Gomes et al, 2007 p.95)
Segundo Gomes et al. (2007) o diagnóstico definitivo do Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade “depende da confiabilidade do relato de
pais e professores, bem como da experiência de médicos e psicólogos para
interpretar e avaliar os relatos e a história do paciente”. Assim faz-se
necessário “conhecer o nível de informação dos grupos que participam do
processo de diagnóstico e tratamento desse transtorno” (Gomes et al., 2007,
p.95)
Um estudo idealizado por Marcelo Gomes e colaboradores, mostra que
todos os grupos pesquisados (população em geral, médicos, psicólogos e
educadores) possuem crenças que não são respaldadas cientificamente sobre
o TDAH, podendo contribuir para um diagnóstico e tratamento errôneos do
transtorno.
Entre a população geral os dados foram recolhidos em todas as regiões
brasileiras, com pessoas de ambos os sexos, com mais de 16 anos, como
mostra a tabela 1:
Foram entrevistados também médicos, psicólogos e educadores, como
mostra a tabela 2:
Assim, como vemos na tabela 3 “3,65% dos entrevistados na população
em geral acreditavam que as crianças têm TDAH porque os pais são ausentes,
23% acreditavam que se pode conviver bem com o TDAH sem tratamento e
19% acreditavam que uma criança hiperativa ‘precisa é de umas boas
palmadas’ “(Gomes et al., 2007, p.97):
Os dados recolhidos entre os educadores, segundo a tabela 3 são ainda
mais alarmantes:
77% dos educadores acreditavam que o portador pode ser
tratado só com psicoterapia, 59% acreditavam que muitas
crianças têm o diagnóstico de TDAH porque os pais são
ausentes e não sabem impor limites e 52% acreditavam que a
prática de esportes substitui o tratamento com medicamentos.
(Gomes et al., 2007, p.98)
Segundo
o
estudo,
entre
psicólogos,
100%
dos
entrevistados
asseguraram já ter ouvido falar sobre o TDAH, sendo que destes 67%
afirmaram já ter tido contato com um caso. Mas, como vemos na tabela 3, entre
os psicólogos:
66% acreditavam que o portador de TDAH pode ser tratado
com psicoterapia e sem o uso de medicamentos, 45%
acreditavam que é melhor para o hiperativo praticar esportes
do que tomar medicamento, 43% acreditavam que a criança
tem o diagnóstico de TDAH porque os pais são ausentes, 29%
acreditavam que a medicação funciona como uma droga e
causa dependência e 17% acreditavam que a pessoa pode
conviver bem com o transtorno sem tratamento (Gomes et al.,
2007, p.98)
Entre a categoria médica, foram dividas as respostas conforme a
especialidade, como mostra a tabela 4:
Para Gomes et al. (2007), entre a categoria médica, chama-se atenção
para o número de médicos que acreditam que o TDAH em crianças é causado
pela ausência dos pais: “55% para pediatras, 53% para neurologistas, 45%
para clínicos gerais, 42% para psiquiatras e 25% para neuropediatras”.
Já a tabela 5 mostra os aspectos considerados por médicos e psicólogos
como satisfatórios ou insatisfatórios nas estratégias atualmente disponíveis
para tratamento de TDAH:
Segundo Gomes et al. (2007) no que diz respeito ao encaminhamento
de pacientes de TDAH, os médicos alegaram que é a escola que indica 64%
dos pacientes ao consultório; 32% das recomendações vêm dos pais, 30%, de
pediatras, 23%, de psicólogos e 15%, de psicopedagogos. Os psicólogos
citaram a escola (56%), neurologistas (30%), pais (16%), o próprio paciente
depois de receber informações sobre os sintomas (16%), psiquiatras (14%) e
pediatras (12%).
Fica claro o quadro alarmante que se instala no Brasil a respeito do
TDAH, pois a maioria da população desconhece as causas e o tratamento do
transtorno. Para Gomes et al. (2007), médicos e psicólogos, mesmo
apresentando terem maiores informações sobre o transtorno, ainda deixam
lacunas e contradições em seus relatos. Para o autor, ainda “é urgente o
estabelecimento de um programa de capacitação e educação continuada para
profissionais que lidam com TDAH, especialmente clínicos gerais e pediatras,
educadores e psicólogos”.
Referências Bibliográficas
ASSUMPÇÃO JR; Francisco Baptista; KUCZYNSKI, Evelyn.
Tratado
de
Psiquiatria da Infância e Adolescência. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.
GOMES, Marcelo et al. Conhecimento sobre o transtorno do déficit de
atenção/hiperatividade no Brasil. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. [online].
2007, vol.56, n.2, pp. 94-101. ISSN 0047-2085.
MATTOS, Paulo and COUTINHO, Gabriel. Qualidade de vida e TDAH. Jornal
Brasileiro de Psiquiatria. [online]. 2007, vol.56, suppl.1, pp. 50-52. ISSN 00472085.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Inquietas: TDAH: Desatenção,
Hiperatividade e Impulsividade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
SOCIEDADE BRASILEIRA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO. O que é o TDAH?
Disponível em: http://www.tdah.org.br/oque01.php. Acesso em: 08 de nov.
2010.
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