TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE Serviço de Orientação Educacional www.novaeducar.com.br Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade TRANSTONO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE Um pouco de história ... Em 1902, George Fredrick Still realiza palestras sobre seu grupo de estudo em que relata observar crianças agressivas, desafiadoras, desatentas e resistentes a disciplina. No entanto, teve que reconhecer uma ligação hereditária no comportamento das crianças, ao perceber que alguns membros de suas famílias apresentavam problemas como depressão, alcoolismo e alterações de conduta. Aproximadamente duas décadas depois, médicos americanos estudavam crianças com características similares às descritas por Still, todavia observou-se que essas mesmas crianças eram sobreviventes de uma pandemia de encefalite ocorrida entre 1917 e 1918. Em função da correlação entre a encefalite e uma possível doença moral, estabeleceu-se na época um fundamento de caráter generalista para explicar o funcionamento do TDA. Observou-se também que crianças que não foram expostas ao surto também apresentavam sintomas similares. Criou-se algumas denominações como síndrome da criança hiperativa, lesão cerebral mínima, disfunção cerebral mínima, transtorno hipercinético, transtorno primário da atenção, mas não havia evidencias diretas e objetivas que pudessem constatar a presença de lesões cerebrais. Em 1937, Charles Bradley fez uma descoberta acidental: de que as anfetaminas ajudavam as crianças a se comportarem melhor. Em 1957, Laufer utilizou pela primeira vez o termo “hiperatividade infantil”, cujas as causas estariam mais ligadas a genética individual. Em 1968, a Associação de Psiquiatria Americana (APA) publicou no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-II) uma reação hipercinética da Infância, todavia ignoravam o grande número de crianças que também apresentavam déficits de atenção. Márcia Alves Autismo 2016 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade Uma nova percepção surgiu em 1976, Gabriel Weiss mostrou, através de estudos realizados a longo prazo, que, quando as crianças atingem a adolescência, a hiperatividade pode diminuir; entretanto, os problemas de atenção e impulsividade tendem a persistir. Inicialmente os estudos indicavam uma síndrome apenas da infância. Somente com a publicação do DSM-III pela Associação Americana de Psiquiatria, identificou a forma adulta, entre outros fatores, e renomeou a síndrome para distúrbio do déficit de atenção – DDA. Em 1980, nos Estados Unidos, a alteração comportamental mais estudada era o DDA. Em 1994, a Associação Americana de Psiquiatria publicou o DSM-IV. Nesta atualização o distúrbio do déficit de atenção foi renomeado para transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), e dividido em três subtipos básicos: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo/impulsivo e tipo combinado. Márcia Alves Autismo 2016 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade Informações relevantes: O TDAH é um transtorno neurobiológico, com grande participação genética (isto é, existe chances maiores de ser herdado), que tem início na infância e que pode persistir na vida adulta. Compromete o funcionamento da pessoa em vários setores de sua vida. É uma condição física que se caracteriza pelo mau funcionamento de certas partes do cérebro, mas também pela menor e menos eficaz atividade elétrica, menor circulação sanguínea no cérebro e má gestão da glucose que é o principal combustível do cérebro. Tudo isto leva a que haja uma má comunicação entre neurónios e falta de sincronização entre as várias partes do cérebro. O TDAH é uma condição que apresenta 3 sintomas: Desatenção ou Distração Hiperatividade Impulsividade Sintomas de Desatenção: • Não presta atenção a detalhes e/ou comete erros por omissão ou descuido; • Tem dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; Exemplos: • Faz atividade na página diferente da solicitada pelo professor; • Ao fazer cálculos, não percebe o sinal indicativo das operações; • Pula questões; • Durante o intervalo não consegue jogar dama ou xadrez com os colegas; • Parece não ouvir quando lhe dirigem apalavra (cabeça “no mundo da lua”); •. Tem dificuldades em seguir instruções e/ou terminar tarefas; • Dificuldade para organizar tarefas e atividades; • Reluta em envolver-se tarefas que exijam esforço mental continuado; • Perde coisas necessárias para as tarefas e atividades; • Distrai-se facilmente por estímulos externos; • Apresenta esquecimento em atividades diárias; • Está mais preocupado com a hora do recreio e situações de lazer; • Desenha no caderno e não percebe que estão falando com ele; •Guarda os materiais fotocopiados em pastas trocadas • Na véspera da prova resolve fazer uma pesquisa de outra matéria; • Inicia uma resposta, palavra ou frase deixando-a incompleta; • Desiste da leitura de um texto ou tarefa só pelo seu tamanho; • Leva gravuras para uma pesquisa em sala e deixa no transporte escolar; • Perde freqüentemente o material; • Procura saber quem é o aniversariante da sala ao lado quando escuta o “parabéns”; • Envolve-se nas conversas paralelas dos colegas; Márcia Alves Autismo 2016 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade • Esquece a mochila na escola com todo o seu material; • Não traz as tarefas e trabalhos a serem entregues no dia; • Irrequieto com as mãos e com os pés ou se remexe na cadeira; • Não consegue ficar sentado por muito tempo; • Corre ou escala em demasia, ou tem uma sensação de inquietude (parece estar com o “bicho carpinteiro”); • Tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer; • Está “a mil por hora”, ou age como se estivesse a “a todo vapor”; • Fala em demasia; • Dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido completamente formuladas; •Tem dificuldade em esperar a sua vez; • Interrompe, intromete-se nas conversas ou jogo dos outros; • Pega todos os objetos próximos a si; • Batuca na mesa durante a aula; • Escorrega e deita-se na cadeira inúmeras vezes; • Solicita inúmeras vezes a ir ao banheiro ou beber água; • Tem sempre algo a buscar na mesa do colega; • Não fala, grita; • No jogo fala todo o tempo; • Não anda, corre; • Esbarra freqüentemente nos objetos expostos pela sala; • Contando sobre o fim de semana, agrega outras; informações sem conseguir finalizar e deixar os demais falarem; • Ao ser perguntado o que fez no fim de semana responde o que terminou de fazer no recreio; • O professor vai dirigir uma pergunta ao grupo e antes que conclua ele interrompe dando uma resposta • Não obedece filas; • Interrompe o professor no meio de uma explicação. Importante salientar que em um primeiro momento o professor deve identificar as dificuldades do aluno TDAH e os pontos relevantes que o atrapalham no processo ensino aprendizagem, para depois traçar as estratégias sem, entretanto, criar grandes expectativas. Em contrapartida os pequenos desafios vencidos devem ser elogiados. Segue algumas sugestões: Utilizar lembretes; Listas de tarefas; Anotações nos trabalhos; Utilizar quadro de avisos e cronogramas, servindo como ferramentas organizadoras de horários e datas importantes; Evitar instruções muito longas e parágrafos muito extensos; Nas avaliações evitar enunciados longos; Solicitar um comando por vez e pedir ao aluno que repita a instrução; Atividades que exijam maior integridade da atenção sustentada devem ser feitas preferencialmente no início da aula; Conscientizar os alunos com TDAH do tipo de Márcia Alves Autismo 2016 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • prejuízo que o comportamento impulsivo pode trazer tanto para ele quanto para o grupo. Os alunos com TDAH precisam se dar conta de que interromper a fala da professora ou a andamento das atividades pode ser altamente improdutivo para ele e para o grupo. Isso deve ser feito individualmente e de forma que não culpe o aluno. Apenas sirva como uma conversa esclarecedora. Sentar na frente; Estabelecer uma rotina; Identificar os talentos que o educando possui; Estimule, aprove, encoraje e ajude no desenvolvimento do educando; Elogie sempre que possível e minimize ao máximo evidenciar os fracassos. O prejuízo à autoestima freqüentemente é o aspecto mais devastador para o TDAH. O prazer está diretamente relacionado à capacidade de aprender. Seja criativo e afetivo buscando estratégias que estimulem o interesse do aluno para que este encontre prazer na sala de aula. Solicite ajuda sempre que necessário; Evite o estigma conversando com seus alunos sobre as necessidades específicas de cada um, com transtorno ou não. Organizando o espaço – Monitorando o Processo Estabeleça combinados. Estes precisam ser claros e diretos. Lembre-se que ele se tornará mais seguro se souber o que se espera dele. Deixe claras as regras e os limites inclusive prevendo conseqüências ao descumprimento destes. Avalie diariamente com seu aluno o seu comportamento e desempenho estimulando a autoavaliação. Informe freqüentemente os progressos alcançados por seu aluno, buscando estimular avanços ainda maiores. Dê ênfase a tudo o que é permitido e valorize cada ação dessa natureza. Ajude seu aluno a descobrir por si próprio as estratégias mais funcionais. Estimule que seu aluno peça ajuda e dê auxílios apenas quando necessário. Estabeleça contato visual sempre que possível, isto possibilitará uma maior sustentação da atenção. Proponha uma programação diária e tente cumpri-la. A repetição é um forte aliado na busca pelo melhor desempenho do aluno. Estimule o desenvolvimento de técnicas que auxiliem a memorização. Use listas, rimas, músicas, etc. Determine intervalos entre as tarefas como forma de recompensa pelo esforço feito. Combine saídas de sala estratégicas e assegure o retorno. Para tanto, conte com o pessoal de apoio da escola. Monitore o grau de estimulação proporcionado por cada atividade. Lembre-se que muitas vezes o aluno com TDAH pode alcançar um grau de excitabilidade maior do que o previsto por você, criando situações de difícil controle. Adote um sistema de pontuação. Incentivos e recompensas, em geral, alcançam bons resultados. Integrando ao grupo A integração ao grupo será um fator de crescimento. Esteja atento ao grau de aceitação da turma em relação a este aluno. Sua capacidade de liderança, improviso e criatividade são ferramentas que podem auxiliar no nivelamento da atenção do grupo e em especial do aluno com TDAH. Use o humor sempre que possível. As instruções devem ser simples. Tente evitar mais de uma consigna por questão. Destaque palavras-chaves fazendo uso de cores, sublinhado ou negrito. Márcia Alves Autismo 2016 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade • • • • • • Estimule o aluno destacar e sublinhar as informações importantes contidas nos textos e enunciados. Incentive a leitura e compreensão por tópicos. Estimule a prática de fazer resumos. Isto facilita a estruturação das idéias e fixação do conteúdo. Oriente o aluno a como responder provas de múltiplas escolhas ou abertas. Estenda o tempo para a execução de tarefas, testes e provas. Estimule a atividade física. O diagnóstico correto e preciso do TDAH só pode ser feito através de uma longa anamnese com um profissional médico especializado (psiquiatra, neurologista, neuropediatra). O importante é o resultado e não o processo. Esse é um dos conceitos da educação inclusiva que não pode ser perdido de vista. O ideal não é tentar encaixar a todo custo um aluno com especificidades em um modelo educacional que mais dificulta do que facilita o aluno com TDAH a desenvolver sua competência. Muitos dos sintomas podem estar associados a outras comorbidades correlatas ao TDAH e outras condições clínicas e psicológicas. Bibliografia: Manual Diagnóstico e Estatistico de transtornos Mentais – DSM-5 – [American Psychiatric Association; Tradução Maria Ines Correia Nascimento ... et all ]; revisão técnica. Disponível em www.tdah.org.br . Márcia Alves Autismo 2016 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade Márcia Alves Autismo 2016