Resenha Crítica - Aprendizagem e qualidade de vida

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PIBID, Subprojeto TEATRO, UFRN.
Bolsista: Ildisnei Medeiros da Silva
Proposta: Elaborar uma resenha crítica baseada nos aspectos que os teóricos abordam
baseando-se nas diferenças que estes apresentam.
Resenha Acadêmica Crítica “Aprendizagem e Qualidade de vida”
O texto objeto desta resenha é de autoria, acredito, de um profissional
docente responsável pela disciplina “Psicologia da Educação I” da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, considerando o cabeçalho do mesmo. O material em análise fora
utilizado para discussão em uma disciplina que cursei na pós-graduação em Docência
no Ensino Superior da Universidade Potiguar, texto de uma apostila, e por a discussão
ter vínculo com minha pesquisa individual, resolvi inseri-la em meu planejamento
semestral.
A produção de 15 páginas é iniciada pelo autor com uma introdução que
versa sobre o modo como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem
competências e mudam o comportamento, a aprendizagem. O autor coloca que esta,
pode ser uma transformação qualitativa na estrutura mental de quem aprende, cuja
transformação se dá pela alteração da conduta do indivíduo, seja por condicionamento
operante, experiência ou ambos, e aponta outro pensamento, conceito, que considera
como aprendizagem uma mudança relativamente durável de comportamento.
Outra ideia posta é de que a aprendizagem é uma característica essencial do
psiquismo humano, pois possuímos a intenção de aprender, dinamismo, buscamos
aprender, e criamos meios para esse aprendizado. E, para que isto aconteça, nós
precisamos de estímulos externos e internos – motivação e necessidade –, pois
motivação tem um papel fundamental na aprendizagem; se aprende se deseja aprender.
Acrescentando um dado importantíssimo, que a mesma se dá no meio social e temporal
em que o individuo convive, por isso, sua conduta muda por esses fatores. Nosso
dinamismo nos permite mudar de acordo com aquilo que aprendemos e isso que
aprendemos é resultado do meio em que estamos inseridos.
Na segunda parte do texto têm-se uma breve retomada histórica acerca da
aprendizagem, onde são colocadas as ideias e sua relação direta com o período do ideal
vigente. Mostra que na Antiguidade Oriental o objetivo era a transmissão de tradições e
costumes pelas sociedades chinesa e egípcia; na Antiguidade Ocidental Clássica, Grécia
e Roma, a defesa da pedagogia humanista (ensino representativo da realidade social) e
da pedagogia da personalidade (formação individual) de modos complementares; no
Medievo um ensino determinado pela religião e seus dogmas; entre os séculos XVII e
XX, uma metodologia que enquadrava o comportamento de todos os organismos num
sistema unificado de leis, a aprendizagem ligada ao condicionamento, e são citados,
inclusive, os experimentos realizados pelo russo Ivan Pavlov, com cachorros e sons de
campainhas; e a década de 30, durante a qual se destacam os cientistas Tolman – que
aceitava os processos mentais e os utilizava no estudo do comportamento, atestando que
esse comportamento tinha um caráter intencional, ou seja, visava alcançar um objetivo –
, e Hull – afirmava a força do hábito, além dos estímulos gerados pela recompensa, e
que defendia a ideia de que o organismo é puramente neurofisiológico –.
Na sequência o texto aborda, basicamente, os pensamentos acerca do
desenvolvimento do ser humano e o processo de aprendizagem importantes estudiosos e
suas correntes de pensamento: Vygotsky, Piaget, Amélia Hanze, e Skinner e o
Behaviorismo.
Em relação à Vygotsky é posto que acreditava que os seres humanos
quando crianças aprendiam a nomear objetos e os significados mais simples dados a
essas palavras é que possibilitavam, posteriormente, a formação de novos e mais
complexos conceitos. Seu construtivismo social dizia que todas as atividades cognitivas
básicas do indivíduo ocorrem de acordo com sua história social e acabam se
constituindo no produto do desenvolvimento histórico-social de sua comunidade; que a
estrutura de pensamento dos indivíduos é resultado das atividades praticadas de acordo
com os hábitos sociais da cultura em que o indivíduo se desenvolve.
Sobre os estudos e ideias de Piaget, primeiro é colocada uma explicação
acerca do papel de equilibração, que consiste na ideia de que “o equilíbrio cognitivo
implica em afirmar a presença necessária de acomodações nas estruturas, bem como a
conservação de tais estruturas em caso de acomodações bem sucedidas. Esta
equilibração é necessária porque se uma pessoa só assimilasse, desenvolveria apenas
alguns esquemas cognitivos, esses muito amplos, comprometendo sua capacidade de
diferenciação; em contrapartida, se uma pessoa só acomodasse, desenvolveria uma
grande quantidade de esquemas cognitivos, porém muito pequenos, comprometendo seu
esquema de generalização de tal forma que a maioria das coisas seriam vistas sempre
como diferentes, mesmo pertencendo à mesma classe.” (trecho retirado na íntegra do
texto resenhado)
E, outro ponto importante colocado é referente aos estágios de
desenvolvimento que ele postulou. Para Piaget o desenvolvimento humano obedece
certos estágios hierárquicos, que ocorrem do nascimento até se consolidarem por volta
dos 16 anos; a ordem destes estágios seria invariável a todos os indivíduos, embora a
faixa etária pudesse variar de pessoa para pessoa.
Os estágios são: Sensório-motor (do nascimento aos 2/3 anos) onde a
criança busca adquirir controle motor e aprender sobre os objetos físicos que a rodeiam;
Pré-operatório (ou intuitivo) (dos 2/3 aos 6/7) que coincidente com a fase pré-escolar, é
o estagio no qual a criança inicia a construção da relação causa e efeito, bem como das
simbolizações. É a chamada idade dos porquês e do faz-de-conta; e Operatório-concreto
(dos 6/7 aos 10/11 anos) no qual a criança começa a lidar com conceitos abstratos como
os números e relacionamentos, começa a construir conceitos, através de estruturas
lógicas, consolida a conservação de quantidade e constrói o conceito de número. Seu
pensamento, apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo
ainda operações com proposições puramente verbais. Esse estágio é caracterizado por
uma lógica interna consistente e pela habilidade de solucionar problemas concretos.
Em se tratando da estudiosa Amélia Hanze, é apresentada sua ideia de que
aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da
experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais.
Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente. De
acordo com a nova ênfase educacional, centrada na aprendizagem, o professor é coautor do processo de aprendizagem dos alunos. Nesse enfoque centrado na
aprendizagem, o conhecimento é construído e reconstruído continuamente. (trecho
retirado na íntegra do texto em análise) Entende o professor como mediador na
construção do conhecimento.
E, sobre o pensamento Behaviorista sobre o processo de aprendizagem,
explica os posicionamentos do behaviorismo radical e não-radical sobre o
condicionamento. Mas, em suma, o Behaviorismo aponta que o processo de
aprendizagem se dá pelo condicionamento, baseado na relação estímulo-resposta. Nesta
linha teórica o homem é compreendido como produto da aprendizagem pela qual passa
desde a infância, estudando a relação entre os aspectos do comportamento e os aspectos
do meio acreditando que só desta forma é possível fazer uma psicologia científica.
Após a exposição dos posicionamentos dos teóricos, há uma retomada
acerca da importância do processo de aprendizagem para o estudo do comportamento,
colocada anteriormente na introdução do texto, e em seguida a discussão acerca dos
estilos de aprendizagem, que resumidamente afirma que cada pessoa aprende a seu
modo, estilo e tempo.
Além disso, os pontos finais são compostos por discussões muito atuais, que
dizem respeito à atenção, e os motivos para que ela não ocorra e como trabalhar de
modo a obter a atenção do alunado – incluindo uma breve explanação sobre o déficit de
atenção –, a aprendizagem significativa e interdisciplinaridade, a busca por um
aprendizado que signifique algo e esteja próximo de quem aprende para que tudo seja
utilizado e refletido, para que o sujeito utilize os conhecimentos e reflita sobre sua
própria realidade, e como a interdisciplinaridade auxilia nesse caminho, considerando
que no mundo em que vivemos não divide nossas vivências diárias em disciplinas e os
conhecimentos estão interligados; e as barreiras à aprendizagem, como por exemplo, as
grades curriculares que, por vezes, limitam a aprendizagem a meros “decorebas”,
apresentando um caminho estreito para o desenvolvimento das atividades.
Diante da leitura, fica claro que a aprendizagem é uma temática que já foi
estudada e discutida por muitos séculos, mas que ainda apresenta muitos pontos a serem
abordados e estudados, se trata de um tema complexo, pois se trata do humano, que
possui uma dinamicidade que permite mudanças e comportamentos inesperados, nas
mais diferentes situações, pelos mais diversos motivos, e com objetivos explicáveis ou
não. E, acredito que o principal ponto a ser discutido, deve ser o significado dos
conhecimentos para os alunos, o quê, como e porque aprender.
Recomendo a leitura deste artigo a todos os acadêmicos, pensando na
difusão das ideias da relação entre as áreas e na importância que isso tem, além do papel
importante de se pensar na nossa sociedade e em nosso fazer docente, e também em nós
como seres que aprendem, além é claro, dos nossos alunos.
Ildisnei Medeiros da Silva, pós-graduando da especialização em Docência
no Ensino Superior (UNP), graduado da Licenciatura em História (UNP) e graduando
do Curso de Licenciatura em Teatro (UFRN), pesquisador das Tecnologias da Cena e da
relação arte e educação.
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