Síntese do texto: Crianças carentes e políticas públicas de Edson Passetti – Por Wilson César Nascimento da Silva. Com a Proclamação da República (Séc. XIX), o Estado passou a conceber os menores como problema social instituindo dessa forma políticas e leis específicas, sobretudo para os que habitavam cortiços, barracos ou construções irregulares. O Estado então se antecipa para controlar os filhos da pobreza e as famílias desestruturadas em nome da ordem social. Com os anos 20 a caridade religiosa perde lugar para as políticas de governo, que se estendem até as ditaduras militares de 1937 e 1964, com o aparecimento dos dois códigos de menores:o de 1927 e o de 1979. Já em 1990 com a chegada do ECA surgirá uma combinação entre ações governamentais e privadas. O Século XIX revela o abandono de muitas crianças pobres na roda dos expostos, as famílias empobrecidas vislumbravam melhores futuros às suas crianças. Já no século XX repercutiam muitas denúncias de cunho anarquista sobre a exploração do trabalho infantil. Daí o Estado começar a tratar o problema como questão social e não policial, proibindo dessa maneira o trabalho para menores de 14 anos sem autorização do juiz. O Estado então se mantinha como o controlador da pobreza e seus filhos abandonados, domesticando comportamentos e prevenindo a marginalidade através das prisões e internatos. A educação se dá pelo medo, os funcionários do Estado tinham seus poderes absolutizados e a ordem era padronizar comportamentos e individualidades. Na ditadura de 1964inicia a política nacional do bem estar do menor, crianças e adolescentes advindas de famílias pobres e desestruturadas eram rotuladas de menores e representavam riscos à sociedade. Surge então a FUNABEM como lugar ideal de educação, mas o estigma menor permanecia. Em 1941, no Estado novo, com a criação do SAM no Rio de janeiro os menores delinquentes e abandonados eram internados em estabelecimentos oficiais e privados. Com a constituição de 1988 ea abertura política do regime militar, exigências dos movimentos sociais perseguiram a revisão do código de menores, conseguindo acabar com a rotulação formal da pobreza/violência e o ECA começa a ser pensado. O termo menor então é abolido deixando para trás todo o estigma que assombrava as crianças e adolescentes pobres pelo menos no papel. Surge o conselho tutelar nos municípios brasileiros como órgão responsável por zelar pelos direitos das crianças e adolescentes. O ECA faz com que o Estadoreveja suas políticas e ações compartilhadas entre Estado e sociedade civil são desenvolvidas no sentido de garantir direitos, mas a rotulação permanece na mentalidade da sociedade brasileira.