AMBIENTE EXTERNO (Bateman e Snell e Maximiano) Organizações são sistemas abertos que são afetados pelos seus ambientes externos e que, por sua vez, os afetam. Por ambiente externo entendemos todas as forças relevantes fora das fronteiras da empresa, como concorrentes, clientes, governos e a economia. Muitos desses fatores são incontroláveis. Grandes e pequenas empresas são vitimadas ou surradas pela recessão, pela interferência governamental, por ações dos concorrentes e assim por diante. Entretanto, o fato de serem incontroláveis não significa que os administradores possam ignorar tais forças, utilizá-las como desculpas para um desempenho ruim e tentar apenas ir levando. Os administradores devem acompanhar e lidar constantemente com os acontecimentos externos. Além disso, às vezes é possível influenciar os componentes do ambiente externo. O ambiente externo de uma empresa é composto por dois ambientes: o ambiente competitivo e o macroambiente. O ambiente competitivo é o ambiente imediato em torno da empresa. É composto da empresa e de seus concorrentes, fornecedores, consumidores, novos entrantes e substitutos. Em um nível mais geral está o macroambiente, que inclui o ambiente político, as condições econômicas e outros fatores fundamentais que geralmente afetam as organizações 1. Macroambiente Todas as organizações operam num macroambiente, que é definido pelos elementos mais gerais no ambiente externo que potencialmente possam influenciar decisões estratégicas. Apesar de uma equipe de executivos de ponta poder ter forças e ideias internas singulares sobre seus objetivos, ela deve considerar fatores externos antes de agir. 1.1. Leis e política Qualquer estratégia deve sempre levar em conta a ação e o controle do governo. Por um lado, todas as organizações são obrigadas a seguir diversos tipos de legislações: trabalhista, tributária, de proteção ao meio ambiente, de defesa do consumidor e de regulamentação do formato das embalagens, entre outras. O descumprimento de qualquer desses códigos pode representar sérios riscos. Por outro lado, as políticas do governo tanto impõem limitações estratégicas quanto proveem oportunidades. Por exemplo, a política de integração do Brasil à economia global facilitou a concorrência por parte dos fornecedores internacionais e criou sérias ameaças para as empresas fabricantes locais. O governo pode afetar as oportunidades de negócio por meio de leis tributárias, políticas econômicas e regras comerciais. Reguladores são organizações governamentais específicas no ambiente de trabalho mais próximo de uma empresa. Elas têm o poder de investigar as práticas das empresas e agir legalmente para assegurar a obediência às leis. Ex.: ANVISA (Agencia nacional de vigilância sanitária) e ANS (agencia nacional de saúde). 1.2. A economia Embora a maioria das pessoas esteja acostumada a pensar em termos de economia nacional, o ambiente econômico é composto de interconexões complexas entre economias de diferentes países. Crescimento e recessão ocorrem no mundo todo tanto quanto domesticamente. O ambiente econômico afeta intensamente a habilidade de as empresas operarem eficazmente e influencia suas escolhas estratégicas. Taxas de juros e inflação afetam a disponibilidade e o custo de capital, a possibilidade de expansão, os preços, os custos e a demanda dos consumidores pelos produtos. As taxas de desemprego afetam a disponibilidade de empregos e os salários que uma empresa deve pagar, bem como a demanda de produtos. As condições econômicas modificam-se ao longo do tempo e são difíceis de ser previstas. Os mercados em alta e em baixa vêm e vão. Os períodos de crescimento acelerado podem ser seguidos por recessão. Cada tendência certamente findará – mas quando? 1.3. Tecnologia Acompanhar a evolução tecnológica é seguramente uma estratégia para assegurar a sobrevivência e a eficácia da organização. As organizações podem ter estratégias mais agressivas ou reativas em relação à tecnologia. Hoje, uma empresa não pode ser bem sucedida sem incorporar à sua estratégia as surpreendentes tecnologias que existem e continuam a surgir. Os avanços tecnológicos criam novos produtos, técnicas de produção e maneiras de administrar e comunicar. Além disso, à medida que a tecnologia evolui, novos setores industriais, mercados e nichos competitivos aparecem. Novas tecnologias também fornecem novas técnicas de produção. Na fabricação, robôs sofisticados fazem seu trabalho sem ficar fatigados, requerer férias ou finais de semana livres ou aumentos de salário. Novas tecnologias também fornecem novas maneiras de administrar e de comunicar-se. Sistemas de informações gerenciais tornam a informação disponível quando necessária. Os computadores monitoram a produtividade e acusam deficiências de desempenho. As telecomunicações permitem que as conferências aconteçam sem que seus participantes viajem para um mesmo local. Como se pode ver, os avanços tecnológicos criam inovações nos negócios. Estratégias desenvolvidas em torno da fronteira dos avanços tecnológicos criam vantagens competitivas; estratégias que ignoram ou ficam atrás dos concorrentes, com relação à tecnologia, conduzem à obsolescência e à extinção. 1.4. Demografia A demografia constitui-se de mensurações das várias características de pessoas que compõem grupos ou outras unidades sociais. Grupos de trabalho, organizações, países, mercados ou sociedade podem ser descritos estatisticamente, referindo-se a idade, sexo, tamanho da família, renda, educação, ocupação e outras características dos seus membros. As empresas devem considerar os dados demográficos de sua força de trabalho na formulação de suas estratégias de recursos humanos. O crescimento da população influencia o tipo e a composição da força de trabalho. As flutuações nas taxas de nascimentos influenciam razoavelmente as tendências populacionais, por exemplo, o aumento no número de jovens no trabalho e a redução no número de pessoas mais velhas no trabalho. O aumento das mulheres no mercado de trabalho também está ligado á influência da demografia. Uma força de trabalho mais diversificada tem suas vantagens, mas os administradores devem assegurar-se de fornecerem igualmente para as mulheres e para as minorias com respeito a empregos, oportunidades de promoção e salários. Devem-se realizar planos estratégicos para recrutamento, retenção, treinamento, motivação e utilização efetiva de pessoas de origens demográficas diversas com as habilidades necessárias para se alcançar a missão da empresa. 1.5. Questões sociais e o ambiente natural As tendências sociais implícitas no modo como as pessoas pensam e agem têm importantes implicações para a administração da força de trabalho, as ações corporativas sociais e as decisões estratégicas sobre produtos e mercados. Atitudes e preferências, estilos de vida, expectativas e medos coletivos, tendências e hábitos são as informações que podem indicar oportunidades e ameaças. Por exemplo, algumas tendências nas normas sociais que modificaram o contexto da administração são as seguintes: Valorização da saúde e do emprego saudável, e a consequente emergência do conceito de qualidade de vida do trabalho; Perda de importância da ideia da autoridade e emergência da administração participativa; Valorização da empresa socialmente e ambientalmente responsável, e crescimento da importância das normas de proteção do ambiente. Antigamente as mulheres no mercado de trabalho escolhiam adiar a decisão de ter filhos por causa da carreira. Mas hoje cada vez mais mulheres estão tendo filhos e retornando ao mercado de trabalho. Como resultado disso, as empresas introduziram políticas de apoio, incluindo licença família, horários de trabalho flexíveis e assistência a crianças. As empresas fornecem esses benefícios como uma forma de aumentar uma fonte de vantagem competitiva: um contingente de trabalhadores qualificado. A área de negócios costumava encarar as questões ambientais como uma situação em que se perde sempre: ou se protege o meio ambiente prejudicando os negócios ou se auxiliam os negócios a um custo para o meio ambiente. Felizmente as coisas mudaram. Podem ser realizadas ações que beneficiem tanto os negócios como o meio ambiente. Apenas empresas que adotam atitudes do tipo ganha-ganha sobreviverão; elas estarão á frente daquelas empresas com mentalidades nós-contra-eles. Os negócios estão se voltando totalmente para as questões ambientais por muitas razões, como, por exemplo, obediência às leis, eficácia em custos (reciclagem), vantagem competitiva, opinião pública e pensamento a longo prazo. 2. Ambiente competitivo Todas as organizações são afetadas pelos componentes gerais do macroambiente. Cada organização também funciona em um ambiente competitivo mais próximo e imediato. O ambiente competitivo compreende organizações específicas com as quais a organização interage. Ele inclui os concorrentes atuais, a ameaça de novos entrantes, a ameaça de substitutos e o poder de fornecedores e consumidores. De acordo com Porter, administradores de sucesso fazem mais do que simplesmente reagir ao ambiente; eles agem de maneira que efetivamente moldam ou mudam o ambiente da organização. O modelo de Porter é um excelente método para se analisar o ambiente competitivo para se adequar à natureza da concorrência ou para influenciá-la. 2.1. Rivalidade entre Concorrentes Quando as organizações competem pelos mesmos consumidores e tentam ganhar participação de mercado às expensas de outros, todos devem reagir e antecipar as ações de seus concorrentes. A primeira questão a ser considerada é a seguinte: Quem é a concorrência? Mas algumas vezes as organizações se concentram de uma forma exclusiva demais em rivalidades tradicionais e não percebem as emergentes. Portanto, como primeiro passo para entender o ambiente competitivo delas, as organizações devem identificar os seus concorrentes. Uma vez que os concorrentes tenham sido identificados, o passo seguinte é analisar como eles competem. Os concorrentes utilizam táticas como reduções de preços, lançamentos de novos produtos e campanhas publicitárias para obter vantagem sobre seus rivais. É essencial entender o que os concorrentes estão fazendo para aprimorar a própria estratégia. A competição é mais intensa quando há mais concorrentes diretos, quando o crescimento do setor é lento e quando o produto ou serviço não pode ser diferenciado de alguma maneira. Setores novos e de crescimento rápido oferecem enormes oportunidades para lucros. Quando um setor amadurece e o crescimento diminui, os lucros caem. Então, uma competição intensa causa uma mudança no setor: as empresas mais fracas são eliminadas e as fortes sobrevivem. Sobre essas forças agem as outras quatro. 2.2. Ameaça de novos entrantes Os novos entrantes em um setor competem com as empresas estabelecidas. Se houver muitos fatores que dificultem a entrada de novas empresas em um setor, a ameaça às empresas estabelecidas é menos séria. Se houver poucas barreiras de entrada, a ameaça de novos entrantes é maior. Algumas das principais barreiras à entrada são as políticas governamentais, as necessidades de capital, a identificação com marcas, as desvantagens de custos e os canais de distribuição. O governo pode restringir ou impedir a entrada. Outras barreiras são menos formais, mas podem ter o mesmo efeito. As necessidades de capital podem ser tão altas que as empresas não arriscariam nem tentariam angariar tamanha quantia de capital. A identificação com a marca força os novos entrantes a gastar muito para conquistar a lealdade dos consumidores. As vantagens de custo que as empresas estabelecidas possuem – devido ao grande porte, às localizações favoráveis, aos ativos existentes – constituem também formidáveis barreiras à entrada. Finalmente, os concorrentes existentes podem possuir canais de distribuição tão firmes que os novos entrantes têm dificuldade para fazer seus produtos ou serviços chegarem aos consumidores. Por exemplo, produtos de alimentação estabelecidos já possuem espaço garantido nas prateleiras de supermercado. Os novos entrantes devem desbancar os produtos existentes com promoções, quebras de preços, vendas intensivas e outras táticas. 2.3. Ameaça de substitutos Avanços tecnológicos e eficiências econômicas estão entre as maneiras pelas quais as empresas podem desenvolver substitutos para produtos existentes. E esses produtos ou serviços substitutos podem limitar o potencial de receitas de outro setor. Empresas nestes setores provavelmente terão problemas de crescimento e de receitas a não ser que elas melhorem a qualidade ou lancem campanhas publicitárias agressivas. Além de substitutos atuais, as empresas precisam pensar sobre substitutos potenciais que poderão ser viáveis num futuro próximo. Por exemplo, se o produto for café, o substituto pode ser o refrigerante; ou cinema com DVD; ou ainda açúcar com adoçante ou revista/jornal com internet. 2.4. Fornecedores Fornecedores proporcionam os recursos necessários para a produção. Mas eles são importantes para uma organização por razões que vão além dos recursos que eles oferecem. Os fornecedores podem aumentar os seus preços ou oferecer bens e serviços de baixa qualidade. Fornecedores poderosos, portanto, podem reduzir os lucros de uma organização, especificamente se uma organização não puder repassar os aumentos de preços a seus clientes. Uma empresa está em desvantagem se ela é demasiadamente dependente de fornecedores poderosos. Um fornecedor é poderoso se o comprador tem poucas fontes alternativas de suprimento ou se o fornecedor tem muitos outros compradores. Custos de mudança de fornecedor são custos fixos com que os compradores arcarão se quiserem mudar de fornecedor. Por exemplo, uma vez que um comprador aprende como operar o equipamento de um fornecedor, como um software específico, o comprador depara com custos econômicos e psicológicos na mudança para um novo fornecedor. A escolha do fornecedor correto é uma decisão estratégica importante. Os fornecedores podem afetar o tempo de fabricação, a qualidade dos produtos e os níveis de estoque. 2.5. Clientes (consumidores) Como os fornecedores, os consumidores são importantes para a organização por razões além do dinheiro que pagam pelos produtos e serviços. Os consumidores podem exigir preços baixos, maior qualidade ou serviços adicionais. Podem também atuar como elemento de competição entre empresas. Serviço aos consumidores é oferecer aos consumidores o que eles querem ou necessitam. Isso normalmente depende da velocidade e da confiabilidade com que uma organização pode entregar seus produtos e serviços. Entre as ações e atitudes que representam excelentes serviços aos consumidores, há: Velocidade em captar e entregar encomendas normais; Disposição para atender às necessidades emergenciais; Mercadorias entregues em boas condições; Prontidão para receber de volta produtos defeituosos e substitui-los rapidamente; Disponibilidade de instalação e reparação de serviços e peças. Em todos os negócios, as estratégias que enfatizam bons serviços aos consumidores proveem uma vantagem competitiva crucial. Uma organização está em desvantagem se ela depende muito intensamente de consumidores poderosos. Os consumidores são poderosos se podem realizar grandes compras ou se podem facilmente encontrar lugares alternativos para comprar. Um grande consumidor de uma empresa que conta com outras opções de fornecimento possui poder sobre essa empresa e provavelmente negociará com ela com sucesso. Os maiores consumidores de uma empresa – especialmente se eles podem comprar de outras fontes – terão maior poder de negociação sobre ela. 3. Análise ambiental Se os administradores não entenderem como o ambiente afeta as suas organizações, ou não conseguirem identificar oportunidades e ameaças que provavelmente serão importantes, a capacidade que eles terão de tomar decisões e executar planos será extremamente limitada. Por exemplo, se pouco se souber sobre o que o cliente gosta e o que ele não gosta, as organizações terão dificuldades para conceber novos produtos, planejar a produção, desenvolver planos de marketing e coisas parecidas. Em resumo, informações ambientais adequadas e precisas são essenciais para dirigir um negócio. Mas informações sobre o ambiente nem sempre estão disponíveis imediatamente. A incerteza ambiental significa que os administradores não têm informações suficientes para entender ou para prever o futuro. A incerteza surge de dois fatores relacionados entre si: (1) a complexidade e (2) o dinamismo. A complexidade ambiental refere-se à quantidade de questões às quais um administrador deve prestar atenção, bem como a conexão entre elas. Por exemplo, setores que possuem muitas empresas diferentes que concorrem de maneiras bastante diferentes tendem a ser mais complexos – e incertos – do que setores com apenas alguns poucos concorrentes fundamentais. De maneira semelhante, o dinamismo ambiental refere-se ao grau de mudança descontínua que ocorre dentro do setor. Por exemplo, setores de crescimento rápido com produtos e tecnologias que mudam rapidamente tendem a ser mais incertos do que setores estáveis, em que as mudanças são menos dramáticas e são mais previsíveis. À medida que a incerteza aumenta, os administradores devem desenvolver técnicas e métodos para coletar, selecionar e interpretar informações sobre o ambiente. Ao analisarem forças ambientais – tanto no macroambiente quanto no ambiente competitivo -, os administradores poderão identificar oportunidades e ameaças que possam afetar a organização.