Dólar sobe 1,94%, puxado por cenário político e queda de

Propaganda
Imprimir ()
11/12/2015 ­ 18:05
Dólar sobe 1,94%, puxado por cenário político e
queda de commodities
Por Silvia Rosa
SÃO PAULO ­ O dólar fechou em forte alta frente ao real pelo segundo pregão consecutivo refletindo a piora no
cenário político local e a queda do preço de commodities no exterior, especialmente do petróleo, que negocia no
menor nível desde 2009.
O dólar comercial subiu 1,94% cotado a R$ 3,8714. Com isso, a moeda americana encerra a semana em alta de
3,56%, acumulando queda de 0,36% no mês e de 46,56% no ano.
O contrato futuro para janeiro de 2016 avançava 1,30% para R$ 3,887. Já o euro subia 1,89% para R$ 4,2473.
Pesam no mercado local hoje a preocupação com o cenário político e impacto disso sobre o ajuste fiscal, que pode
levar as agências de classificação de risco a anteciparem o rebaixamento do rating soberano.
Rumores sobre a possibilidade da saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, contribuem para acentuar a alta
do dólar no mercado local. Segundo notícias publicadas hoje, o ministro teria dito a vários interlocutores que se o
governo decidir alterar a meta de superávit primário para 2016, prevista em 0,7% do PIB, para zero ele deixaria o
governo. Investidores também acompanham as negociações em torno do processo de impeachment da presidente Dilma
Rousseff. Hoje o Senado enviou uma manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) na qual sustenta que a
Casa não é obrigada a instaurar o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, ainda que a Câmara dos
Deputados venha a decidir pela abertura da ação.
Outra notícia que mexeu com o câmbio foi a de que a Política Federal intimou o ex­presidente Luiz Inácio Lula da
Silva a prestar depoimento na Operação Zelotes.“Houve muita euforia em torno do processo de impeachment e
agora o mercado está corrigindo as posições diante do real cenário político”, afirma Italo Abucater, especialista em
câmbio da corretora Icap.
A queda do preços do petróleo e notícias vindas da China também contribuíram para a alta da moeda americana,
levando a mais uma rodada de correção das moedas emergentes.
O dólar comercial subia 1,87% em relação ao rand sul­africano, 1,71% diante da lira turca e 0,89% frente ao peso
mexicano.
O petróleo tem acentuado a queda desde 4 de dezembro, quando a Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep) resolveu não cortar a produção da commodity.
Outro fator que tem pressionado o preço das commodities é a preocupação com a China. O Banco Central da
China sinalizou hoje a intenção de flexibilizar o vínculo (peg) com o dólar, permitindo que a divisa chinesa
acompanhe uma cesta de moedas dos maiores parceiros comerciais do país. “O dólar forte é contracionista para a
economia da China e aumenta a pressão para o governo chinês desvalorizar a moeda chinesa e isso é negativo para
commodities”, afirma Gustavo Rangel, economista­chefe para América Latina do ING.
A última desvalorização do yuan promovida pelo governo da China em agosto provocou um forte movimento de
queda das moedas emergentes.
Abucater, da Icap, lembra que o cenário ainda é de muita incerteza e que há poucos motivos para sustentar uma
alta do real. “Na semana que vem deveremos ter o início da alta de juros pelo Fed [Federal Reserve, banco central
americano que, embora já seja esperada, deve aumentar a pressão de alta do dólar”, afirma .
Hoje o Banco Central renovou mais 11.260 contratos de swap cambial que venceriam em janeiro de 2016, cuja
operação somou US$ 548,1 milhões.
(Silvia Rosa | Valor)
Download