Importação, Exportação e Política Cambial Com a implantação do Plano Real, em 1993, no governo Itamar Franco, o Brasil iniciou um processo de estabilização econômica. Foi o fim de uma era que começou no governo militar e se acentuou no governo Sarney, que tinha como principais características os altíssimos índices de inflação e o verdadeiro caos econômico. O plano de estabilização econômica implantado no Brasil na década de 90 consistiu sumariamente na valorização do real, na abertura econômica do país, na privatização de vários setores estatais e, conseqüentemente, na atração de investimentos externos para o país, tudo isso seguindo os preceitos neoliberalistas. Entre 1993 e 1999, período em que o real esteve equiparado ao dólar, houve em déficit na balança comercial brasileira, caracterizado principalmente pela baixa competitividade dos produtos brasileiros no comércio internacional. Isso ocorreu principalmente por causa da valorização do real frente ao dólar, que fez com que os produtos brasileiros tivessem um preço mais alto no mercado internacional. O quadro só começou a modificar-se a partir de 1999, quando o governo FHC desvalorizou o real frente ao dólar e tornou os produtos nacionais mais competitivos no mercado internacional. Com isso o Brasil passou, ano a ano, a aumentar as exportações, conquistando cada vez mais espaço no comércio internacional. Devido ao corte de gastos do governo, a manutenção de altas taxas de juros, a diminuição do risco-Brasil aliado ao constante aumento dos investimentos externos e das exportações, desde outubro de 2002, o valor do dólar frente ao real vem passando por uma queda vertiginosa. De acordo com os dados de um estudo elaborado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX), em 2005, o real valorizou-se 17,4% frente ao dólar e 18,6% frente ao euro. Com a constante valorização do real, os setores produtivos voltados à exportação já começam a sentir falta de competitividade no mercado internacional. Além disso, alguns setores produtivos internos sofrem com a constante invasão de produtos estrangeiros no mercado interno. Ou seja, os atuais valores do dólar no Brasil fazem com que algumas empresas percam terreno no comércio externo e interno. De acordo com os dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), as importações de componentes eletrônicos aumentaram em 19,52% em 2005. Nesse ano, as importações brasileiras chegaram a Us$ 73,4 bilhões, com alta de 17% em relação aos valores de 2004. Países como a China, que possuem moeda desvalorizada e mão-de-obra barata, ganham cada vez mais espaço no mercado internacional. Outros setores como a indústria têxtil e a de brinquedos já estão pedindo salvaguardas maiores contra os produtos estrangeiros. O valor do câmbio influi diretamente nos setores produtivos no Brasil, tanto no mercado interno como no mercado externo. Percebe-se assim que, de fato, o importante é que haja um equilíbrio do valor do real em relação ao dólar, de modo que não tenhamos uma moeda muito fraca, mas também que não tenhamos uma moeda supervalorizada, que possa prejudicar a competitividade do Brasil no mercado externo e expor o mercado interno à invasão de produtos estrangeiros. Márcio Vasconcelos www.editoraferreira.com.br