Unidade 1 - UNIPVirtual

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Gestão de Pessoas
Professora conteudista: Maria Aparecida Sanches
Sumário
Gestão de Pessoas
Unidade I
1 AS RELAÇÕES ENTRE PESSOAS E ORGANIZAÇÕES ..............................................................................1
1.1 Objetivos organizacionais versus individuais ...............................................................................1
1.2 Valores organizacionais versus valores individuais ...................................................................4
1.3 Conflitos ......................................................................................................................................................9
1.4 As pessoas e a organização ...............................................................................................................11
1.5 Equilíbrio organizacional................................................................................................................... 14
1.6 Incentivo e motivação ........................................................................................................................ 15
1.6.1 Estímulos: incentivo e motivação .................................................................................................... 16
1.6.2 Comportamento ...................................................................................................................................... 18
2 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ...................................................................................... 19
2.1 Conceito de ARH .................................................................................................................................. 19
2.2 Planejamento de RH ........................................................................................................................... 21
2.3 Objetivos de ARH .................................................................................................................................. 25
2.4 O papel da administração de recursos humanos .................................................................... 26
2.5 Principais características e dificuldade na ARH ....................................................................... 28
2.5.1 O caráter contingencial da administração de RH ..................................................................... 29
2.6 Administração: recursos humanos como um processo ........................................................ 30
2.6.1 Conceito de processo ............................................................................................................................ 30
2.7 As políticas de administração de recursos humanos ............................................................. 31
Unidade II
3 POLÍTICAS DE PROVISÃO DE RECURSOS HUMANOS ........................................................................ 36
3.1 Processos de provisão de pessoas.................................................................................................. 36
3.2 Mercado de recursos humanos e mercado de trabalho ....................................................... 38
3.2.1 O mercado de recursos humanos ..................................................................................................... 40
3.3 Rotatividade de pessoal..................................................................................................................... 41
3.3.1 Índice de rotatividade de pessoal..................................................................................................... 42
3.3.2 Diagnóstico das causas da rotatividade (turnover) .................................................................. 44
3.3.3 Custos da rotatividade.......................................................................................................................... 46
3.4 Absenteísmo ........................................................................................................................................... 51
3.4.1 Cálculo do índice de absenteísmo - segundo Chiavenato (2004) ...................................... 52
3.4.2 Administração do absenteísmo e da rotatividade ..................................................................... 55
3.5 Recrutamento ........................................................................................................................................ 57
3.5.1 Recrutamento interno .......................................................................................................................... 59
3.5.2 Recrutamento externo ......................................................................................................................... 62
3.5.3 Recrutamento misto.............................................................................................................................. 63
3.5.4 Fontes de recrutamento....................................................................................................................... 64
3.6 Seleção .................................................................................................................................................... 66
3.6.1 Seleção por competências .................................................................................................................. 69
3.6.2 Seleção como um processo de comparação ................................................................................ 70
3.6.3 Seleção por meio da identificação das características pessoais do candidato ............. 71
3.6.4 Técnicas de seleção: ............................................................................................................................... 71
4 POLÍTICAS DE APLICAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ..................................................................... 77
4.1 Políticas de aplicação em RH .......................................................................................................... 77
4.2 Conceito de cargo ............................................................................................................................... 84
4.3 Descrição de cargos ........................................................................................................................... 85
4.4 Análise do cargo ................................................................................................................................... 86
4.5 Desenho de cargo................................................................................................................................. 88
4.6 Modelos de desenhos de cargos .................................................................................................... 90
4.6.1 Modelo de desenho clássico............................................................................................................... 90
4.7 Métodos de avaliação de cargo...................................................................................................... 98
4.7.1 Método de escalonamento (job ranking) ...................................................................................... 98
4.7.2 Método das categorias predeterminadas (job classification) ............................................... 98
4.7.3 Método da comparação de fatores (factor comparison) ....................................................... 99
4.7.4 Método de avaliação por pontos (point ranking)....................................................................101
4.8 Avaliação de desempenho ..............................................................................................................103
4.9 Instrumentos para avaliação de desempenho .......................................................................109
4.9.1 Padrões de desempenho ................................................................................................................... 112
4.10 Métodos de avaliação tradicionais ........................................................................................... 113
4.10.1 Métodos da escala gráfica .............................................................................................................. 113
4.10.2 Método da escolha forçada ........................................................................................................... 114
4.10.3 Método de frases descritivas ......................................................................................................... 115
4.10.4 Método de pesquisa de campo ..................................................................................................... 115
4.10.5 Método dos incidentes críticos..................................................................................................... 115
4.10.6 Método de comparação aos pares (2 x 2) ................................................................................ 116
4.11 Métodos modernos de avaliação de desempenho ............................................................ 116
4.11.1 Autoavaliação....................................................................................................................................... 118
4.11.2 Avaliação 360° .................................................................................................................................... 118
4.11.3 Avaliação por competência ............................................................................................................121
4.11.4 Avaliação por objetivos ................................................................................................................... 122
4.11.5 Método de avaliação por resultados ......................................................................................... 122
4.11.6 Métodos mistos .................................................................................................................................. 123
4.12 Outras características da avaliação de desempenho ........................................................123
4.12.1 Entrevista de avaliação de desempenho ................................................................................. 123
4.12.2 Aspectos positivos e negativos da avaliação de desempenho ....................................... 123
4.12.3 Principais dificuldades na avaliação de desempenho ........................................................ 126
Unidade III
5 POLÍTICAS DE MANUTENÇÃO DE RECURSOS HUMANOS .............................................................130
5.1 Políticas de manutenção .................................................................................................................130
5.2 Sistema de remunerações, incentivos e benefícios sociais ...............................................131
5.2.1 Punição .................................................................................................................................................... 132
5.2.2 Teoria de reforço .................................................................................................................................. 133
5.3 Componentes de remuneração ....................................................................................................135
5.3.1 O caráter multivariado do salário ................................................................................................. 136
5.4 Abordagens em remuneração .......................................................................................................139
5.4.1 Sistema de remuneração estratégica ...........................................................................................141
5.4.2 Remuneração variável ....................................................................................................................... 145
5.4.3 Remuneração por competência..................................................................................................... 146
5.4.4 Remuneração por habilidades ........................................................................................................ 149
5.5 Avaliação e classificação de cargos ............................................................................................151
5.5.1 Os métodos de avaliação de cargos ..............................................................................................151
5.5.2 Classificação de cargos ...................................................................................................................... 152
5.5.3 Pesquisa salarial ................................................................................................................................... 154
5.5.4 Cargo de referência............................................................................................................................. 155
5.6 Política salarial.....................................................................................................................................156
5.6.1 Administração de carreira: promoção e crescimento na organização........................... 157
5.6.2 Remuneração funcional .................................................................................................................... 159
5.6.3 Salário indireto ..................................................................................................................................... 160
5.6.4 Remuneração acionária .....................................................................................................................161
5.6.5 Benefícios sociais ................................................................................................................................. 162
5.7 Qualidade de vida no trabalho .....................................................................................................166
5.7.1 Higiene e segurança no trabalho .................................................................................................. 169
5.7.2 Ergonomia................................................................................................................................................171
5.8 Legislação trabalhista – noções gerais ......................................................................................174
5.8.1 Tipos de contrato de trabalho ........................................................................................................ 175
5.8.2 Rescisão do contrato de trabalho (artigo 477, CLT) .............................................................. 175
5.8.3 Direitos do trabalhador - CLT .......................................................................................................... 176
6 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS ...............................................................................179
6.1 Processo de formar, treinar e educar pessoas ........................................................................179
6.2 Treinamento..........................................................................................................................................185
6.2.1 Por que treinar pessoas? ................................................................................................................... 187
6.2.2 Objetivos do treinamento................................................................................................................. 189
6.2.3 Conteúdo do treinamento ............................................................................................................... 192
6.2.4 Levantamento de necessidades de treinamento .................................................................... 193
6.2.5 Programação do treinamento ........................................................................................................ 196
6.3 Controle do treinamento ................................................................................................................198
6.4 Métodos e técnicas de treinamento ...........................................................................................199
6.4.1 Métodos de treinamento em grupo ............................................................................................. 200
6.4.2 Técnicas de treinamento em grupo.............................................................................................. 200
6.4.3 Método de treinamento individual ...............................................................................................201
6.4.4 Treinamento a distância.....................................................................................................................202
6.4.5 Método expositivo................................................................................................................................202
6.5 Local do treinamento .......................................................................................................................203
6.5.1 Treinamento interno ........................................................................................................................... 204
6.5.2 Treinamento externo .......................................................................................................................... 204
6.6 Avaliação de treinamento...............................................................................................................204
Unidade IV
7 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E RELAÇÕES SINDICAIS ....................................................210
7.1 O processo de segurança e qualidade de vida........................................................................210
7.1.1 Produtividade e QVT ...........................................................................................................................215
7.1.2 QVT ............................................................................................................................................................216
7.1.3 Conceito de QVT ....................................................................................................................................216
7.1.4 Programa de QVT ..................................................................................................................................217
7.1.5 Modelo de Walton para avaliar a QVT..........................................................................................218
7.1.6 QVT e sua prática nas empresas......................................................................................................219
7.1.7 Indicadores de QVT ............................................................................................................................ 220
7.2 Segurança no trabalho.....................................................................................................................222
7.2.1 Direitos de quem se acidenta no trabalho ................................................................................ 223
7.2.2 Benefícios pagos pela Previdência................................................................................................ 224
7.3 Liberdade sindical ...............................................................................................................................225
7.3.1 Representação dos trabalhadores ................................................................................................. 228
7.3.2 Relação de trabalho ............................................................................................................................ 230
8 RESULTADOS RELATIVOS À GESTÃO DE PESSOAS............................................................................231
8.1 Área de RH e sua contribuição .....................................................................................................231
8.2 Banco de dados e sistema de informação e auditoria de RH ..........................................234
8.3 Auditoria de recursos humanos ...................................................................................................238
8.4 Principais indicadores de desempenho relativo a RH .........................................................240
8.4.1 O que são indicadores e para que servem? ............................................................................... 242
8.4.2 Indicadores de desempenho segundo FNPQ ............................................................................ 245
8.5 Um estudo de caso ............................................................................................................................251
GESTÃO DE PESSOAS
Unidade I
1 AS RELAÇÕES ENTRE PESSOAS E
ORGANIZAÇÕES
O indivíduo deve ser eficaz (à medida que o seu
trabalho consegue atingir os objetivos organizacionais)
e ser eficiente (à medida que seu trabalho lhe permite
alcançar seus objetivos pessoais).
Barnard (1971)
1.1 Objetivos organizacionais versus
individuais
5
Para atingir os seus objetivos e metas as organizações contam
com a eficiência e a dedicação dos funcionários, assim como os
funcionários esperam que as organizações proporcionem meios
adequados para atingir seus objetivos individuais. No anseio
por alcançá-los, os funcionários motivados se comprometem
10 com os processos organizacionais, substituindo os objetivos da
organização pelos seus próprios objetivos.
Chiavenato (1999:15) afirma que as organizações são
constituídas por pessoas e representam para elas um meio pelo
qual podem alcançar muitos e variados objetivos pessoais com
15 um mínimo de custo, de tempo, de esforço e de conflito. Diz
ainda que as organizações bem-sucedidas tendem a crescer,
aumentando nelas o número de pessoas a serem administradas
e, consequentemente, a estrutura se deve adequar com um
maior volume de níveis hierárquicos, responsáveis pelo gradativo
1
Unidade I
distanciamento entre pessoas (com os seus objetivos pessoais) e
a cúpula da organização (com seus objetivos organizacionais).
As organizações bem-sucedidas tendem a crescer e ao
crescer aumenta o número de pessoas que nelas trabalham.
5 Ao ser elevado o número de pessoas, se multiplicam os níveis
hierárquicos e um maior número de níveis organizacionais
causa um maior distanciamento entre os objetivos das pessoas
e os objetivos da organização.
De forma geral, toda e qualquer organização tem um
10 conjunto de objetivos: sobreviver a longo prazo; ter um
crescimento sustentado, isto é, que não dependa de outras
empresas; ter lucros; ter produtividade, ou seja: produzir pelo
menos com a mesma eficiência das empresas concorrentes; ter
qualidade nos produtos/serviços; ter custos reduzidos; ter uma
15 boa participação no mercado (market-share); entrar em novos
mercados; conquistar novos clientes; ser competitiva, isto é, ter
a preferência dos clientes e uma boa imagem no mercado.
Já as pessoas que trabalham nas organizações, também de
forma geral, possuem um outro conjunto de objetivos: ter bons
20 salários e benefícios; ter estabilidade no emprego e segurança no
trabalho; ter qualidade de vida no trabalho e obter, neste, satisfação;
ter consideração e respeito tanto dos colegas quanto dos superiores,
ter oportunidades de crescer dentro da empresa; ter liberdade para
trabalhar e ter líderes ou chefes que não sejam autoritários.
Objetivos organizacionais versus individuais
Objetivos organizacionais
• sobrevivência
• crescimento sustentado
• lucratividade
• produtividade
• qualidade nos produtos/serviços
• redução de custos
• participação no mercado
• novos mercados
• novos clientes
• competitividade
• imagem no mercado
2
Objetivos individuais
• melhores salários
• melhores benefícios
• estabilidade no emprego
• segurança no trabalho
• qualidade de vida no trabalho
• satisfação no trabalho
• consideração e respeito
• oportunidades de crescimento
• liberdade para trabalhar
• liderança liberal
• orgulho da organização
GESTÃO DE PESSOAS
Como se pode ver, os objetivos da organização diferem dos
objetivos pessoais. Para que eles não se tornem conflituosos a ponto
de prejudicar o desenvolvimento de ambas as partes (pessoas e
organização), é necessário que haja uma integração: é necessário que
5 as pessoas, em busca dos seus objetivos pessoais acabem por realizar
os objetivos organizacionais. Quem deve fazer esta integração?
Argyris apud Chiavenato (1999:92) entende que a parcela maior de
responsabilidade pela integração entre os objetivos da organização
e os dos indivíduos recai sobre a alta administração.
Porém, existe uma relação de reciprocidade entre o indivíduo
e a organização, expressa num contrato psicológico onde a
expectativa recíproca do indivíduo e da organização estendese muito além de qualquer contrato formal de emprego que
estabeleça o trabalho a ser realizado e a recompensa a ser recebida.
15 Embora não exista acordo formal ou algo claramente dito, o
contrato psicológico é um entendimento tácito entre indivíduo
e organização, no sentido de que uma vasta gama de direitos,
privilégios e obrigações, consagrados pelo uso, será reputada e
observada por ambas as partes (Chiavenato, 1999, p.92).
10
O contrato psicológico refere-se à expectativa recíproca do
indivíduo e da organização e estabelece o trabalho a realizar e a
recompensa a receber. Mas o contrato psicológico, além de ser um
acordo tácito entre o indivíduo e a organização, também constitui um
elemento importante em qualquer relação de trabalho e influencia
25 o comportamento das duas partes. Sem dúvida, uma fonte comum
de dificuldades nas relações interpessoais é a falta de acordos
explícitos — o que querem e do que precisam. Consequentemente,
o esclarecimento dos contratos é importante para uma experiência
interpessoal eficaz. Convém destacar que qualquer contrato
30 apresenta dois aspectos: o contrato formal (que é o escrito) e o
“contrato psicológico”, que leva em conta o que a organização
e o indivíduo esperam ganhar com a nova relação. Enquanto o
primeiro passo é uma escolha recíproca, o segundo é um processo
de adaptação mútua decorrente de um desenvolvimento recíproco,
35 cabendo à gestão de RH assegurar-se disto (Porras, 2001).
20
3
Unidade I
1.2 Valores organizacionais versus valores
individuais
Ao se considerar o assunto objetivos organizacionais e
individuais se faz importante discutir sobre valores, pois eles são
referenciais para a proposta dos objetivos. Quando falamos em
valores, fazemos menção àqueles que dão critério à ação, com
5 o objetivo de garantir o bem-estar e a auto-realização do
homem em sua sociedade. Quando se afirma que os valores “dão
critério à ação” se quer dizer que os valores que uma pessoa tem
orientam as escolhas que ela faz. Se você acredita que seu sucesso
depende de estudo, você estuda, desenvolve a ação de estudar;
10 se você acredita que o sucesso depende de “jeitinho”, você
desenvolve outras ações. Desta maneira se percebe que os valores
são imprescindíveis para que possamos guiar nossa compreensão
do mundo e de nós mesmos, assim como servem de parâmetros a
partir dos quais fazemos escolhas e orientamos nossas ações.
15
Geertz apud Trompenaars (1993, p.57) diz que é a cultura
do indivíduo, por meio dos seus valores, que orienta sua ação
quando afirma que “a cultura cria definições graças às quais os
homens interpretam sua experiência e guiam sua ação”. Nesse
sentido, Rocher apud Morin (1996, p.11) afirma que “os valores
20 são as maneiras de ser ou de agir que uma pessoa ou uma
coletividade julgam ideais e que tornam desejáveis ou estimáveis
as condutas às quais elas estão associadas”.
esquema neural
processa o real
organiza
fatores ambientais
fatores genéticos
valores
crenças
opiniões
atitude
estratégias de
tomada de decisão
comportamento
Fonte: autora
4
GESTÃO DE PESSOAS
O ser humano é provido de um conjunto de crenças e valores,
denominado sistema cognitivo de crenças e valores, que foi
adquirido ao longo da vida e tal conjunto é determinante do
comportamento. Assim, quando decidimos fazer algo, estamos
5 realizando uma escolha já que manifestamos preferências
por algumas coisas em vez de outras. Evocamos, assim, certas
justificativas, enquanto discernimos para as nossas tomadas de
decisões. A construção desse sistema resulta na maneira que
iremos perceber a nós mesmos e nossas relações interpessoais.
10
15
A cultura de uma sociedade reflete a interação entre os valores,
as atitudes e os comportamentos dos indivíduos, de maneira
que os valores podem funcionar como uma forma de controle
orientador ou de influência nos comportamentos; assim, cada
indivíduo se comporta segundo seu próprio sistema de valores.
Valores organizacionais
Os valores organizacionais são elementos provenientes da
cultura organizacional, são as crenças e os conceitos básicos
estabelecidos na organização. Eles orientam e dão o senso de
direção ao comportamento comum para todos os indivíduos
20 inseridos na cultura da organização. São eles que estabelecem
os padrões dos objetivos e metas que devem ser alcançados,
porquanto representam a essência da filosofia da organização
para o atendimento dos objetivos com sucesso.
Tamayo (1996) define valores organizacionais como princípios
25 ou crenças, organizados hierarquicamente, relativos a estados
de existência ou a modelos de comportamento desejáveis que
orientam a vida da empresa e estão a serviço de interesses
individuais, coletivos ou mistos.
Tamayo; Gondim apud Tamoyo et al (2000) desenvolveram
30 alguns aspectos relativos a esse sistema: os aspectos cognitivos e
motivacionais, a função dos valores e a organização hierárquica
dos mesmos.
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Unidade I
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1. O aspecto cognitivo dos valores organizacionais
constitui um elemento básico, já que são crenças
existentes na empresa, isto é, formas de conhecer a
realidade organizacional, respostas cognitivas prontas e
privilegiadas a problemas organizacionais. Essas crenças
podem ser relacionadas com diversas dimensões da
vida organizacional, tais como a produção, a qualidade,
as interações interpessoais, o respeito à autoridade
gerencial, a obediência às normas etc. Os valores são
crenças valorizadas, enfatizadas na vida organizacional.
Nem toda crença constitui um valor; somente aquelas
que são enfatizadas e que são socialmente aceitas
como princípios que orientam a vida da organização.
Obviamente, as crenças que constituem os valores estão
em interação entre si e com outras crenças, de forma a
constituir um sistema de valores complexo e organizado
hierarquicamente. Os valores funcionam como padrões
para o julgamento e a justificação do comportamento de
si e dos outros.
2. O aspecto motivacional. A raiz dos valores organizacionais
é motivacional, eles expressam interesses e desejos de
alguém. Esse alguém pode ser um indivíduo, o dono,
o fundador, um gerente ou alguma pessoa influente
na empresa; pode também ser um grupo, o conjunto
dos membros da empresa. Os valores podem expressar
interesses tanto do indivíduo como da coletividade.
Assim, os valores organizacionais representam metas mais
ou menos conscientes da empresa (Tamayo; Schwartz,
1993).
3. A função dos valores. Os valores têm como função orientar a
vida da empresa, guiar o comportamento dos seus membros.
Eles são determinantes da rotina diária na organização, já
que orientam a vida da pessoa e determinam a sua forma
de pensar, de agir e de sentir. “Os valores organizacionais
podem fortemente influenciar o que as pessoas realmente
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fazem”, afirmam Deal; Kennedy (1988, p.22). Não somente
o comportamento do indivíduo é influenciado pelos valores,
mas também o julgamento que ele faz do comportamento
dos outros, pertinente ao sistema organizacional. Os valores
têm a função “de vincular as pessoas, de modo que elas
permaneçam dentro do sistema e executem as funções que
lhes foram atribuídas” (Katz; Kahn, 1978, p.70). Os valores
podem ser considerados como um projeto para a organização
e um esforço para atingir as metas por ela fixadas. As
normas organizacionais estão enraizadas neles e podem
ser consideradas como uma operacionalização dos valores
organizacionais. Os valores são mais abrangentes do que as
normas e constituem uma espécie de ideologia. As normas
definem explicitamente as formas de comportamento
esperado dos membros de uma organização e os valores
“proporcionam uma justificação mais elaborada e
generalizada, tanto para o comportamento apropriado,
como para as atividades e funções do sistema” (Katz;
Kahn, 1978, p.70).
4. Hierarquia dos valores. Um sistema de valores, segundo
Rokeach (1969, p.551) é “nada mais do que uma disposição
hierárquica de valores, uma classificação ordenada de
valores ao longo de um continuum de importância”. As
pessoas, as organizações e as culturas se diferenciam entre
si não tanto pelo fato de possuírem valores diferentes,
mas pela organização hierárquica dos mesmos. Os valores
organizacionais implicam necessariamente uma preferência,
uma distinção entre o importante e o secundário, entre o
que tem valor e o que não tem. Assim, a essência mesma
dos valores organizacionais parece ser a de permitir a sua
hierarquização (Tamayo, 2000). A organização hierárquica
dos valores pressupõe que os membros da organização
não se relacionam com o mundo físico e social como
observadores que assistem a um espetáculo, mas como
atores que participam, que tomam partido, que se envolvem
nele, que transformam o ambiente organizacional e tentam
7
Unidade I
5
se impor e se fazer reconhecer no meio social. Segundo
Tamayo (1996), a ideia de graus de valor, de uma escala
de valores ao longo de um contínuo de importância,
encontra a sua base na relação dos valores com o tempo,
elemento fundamental para o seu desenvolvimento, com
a missão e os objetivos da empresa, cuja especificidade e
cuja importância organizacional impõem uma ordem de
primazia, com o esforço realizado pela empresa e pelos seus
membros para a obtenção das metas propostas.
10
A fonte dos valores organizacionais é constituída por
exigências da organização e dos indivíduos que a compõem. Essas
exigências abrangem um leque que vai desde as necessidades
biológicas dos indivíduos até as necessidades referentes
à sobrevivência e ao bem-estar da própria organização. A
15 organização e os seus membros, para poderem dar conta da
realidade, têm que reconhecer essas necessidades e criar ou
aprender respostas apropriadas para a sua satisfação. Por meio
desse mecanismo, tanto a organização como os seus membros
passam a representar de forma consciente essas necessidades
20 como valores ou metas a serem atingidas (Tamoyo et al, 2000).
Os valores organizacionais não devem ser confundidos
com os valores pessoais dos membros da organização, nem
com o que eles gostariam que existisse na empresa. Por valores
organizacionais, entende-se aqui os que são percebidos pelos
25 empregados como efetivamente característicos da organização.
Trata-se, portanto, de princípios e crenças que, segundo os
membros da organização, orientam o seu funcionamento e a
sua vida. Expressam uma dimensão fundamental da cultura
organizacional tal como ela é vivenciada pelos seus membros. Às
30 vezes, esses dois tipos de valores podem coincidir parcialmente,
mas com frequência são diferentes e até conflitantes (Tamoyo;
Paz, 2000).
Segundo Katz; Kahn apud Tamayo; Gondim(1996), os
principais componentes de uma organização são seus papéis,
8
GESTÃO DE PESSOAS
suas normas e seus valores. Esses elementos definem e
orientam seu funcionamento. Os papéis prescrevem formas de
comportamentos associadas a determinadas tarefas. As normas
são as expectativas transformadas em exigências. Os valores,
5 por sua vez, são as justificações e aspirações ideológicas mais
generalizadas. Portanto, os papéis diferenciam as funções e os
cargos exercidos pelas pessoas. As normas e os valores são os
elementos integradores, na medida em que são compartilhados
por boa parte dos elementos de uma organização.
10
Assim, os princípios e valores organizacionais compõem um
conjunto de filosofias e crenças que a organização estabelece
como verdade que está acima das práticas cotidianas, na busca
de resultados assertivos para sua sobrevivência.
1.3 Conflitos
A relação entre a organização e as pessoas, além de dinâmica
15 é muito complexa, porquanto os objetivos individuais são
diversificados de acordo com a necessidade de cada indivíduo.
Os objetivos organizacionais resultam da vontade grupal da
qual esse indivíduo compartilha, e na qual busca satisfazer suas
próprias necessidades.
20
Quando o indivíduo ingressa na organização seus objetivos
individuais, como ocupar um determinado cargo, melhorar seu
salário, ficam em mente. Porém, a organização, que também
tem seus objetivos, exige que o indivíduo contribua para sua
realização. É um estado que a organização pretende atingir
25 e que orienta seu comportamento em relação ao futuro,
como produtividade, lucratividade, qualidade dos produtos e
competitividade.
30
“À medida que cada objetivo individual vai sendo
realizado, outros mais sofisticados e avançados são
formulados, em uma sequência sem fim. No caso do
objetivo organizacional, quando é alcançado deixa
9
Unidade I
de ser uma imagem orientadora para se incorporar à
organização como algo real e atual, e, assim, outros
objetivos são estabelecidos” (Chiavenato, 1999,
p.257).
5
Portanto, as diferenças entre objetivos organizacionais
e interesses individuais resultarão em um relacionamento
conflitante, nem sempre cooperativo, que pode ser interno, por
necessidades intrínsecas (psicológico), ou externo (social).
Administrar conflitos é uma das mais importantes tarefas
10 para os gestores, com relação à motivação da equipe de trabalho.
É necessária muita energia física e emocional no processo de
integração de objetivos, visando a satisfação das necessidades
dos funcionários para evitar a queda da produtividade e,
consequentemente, um processo entrópico. Barnard (1971)
15 afirmava que “o indivíduo deve ser eficaz (à medida que o seu
trabalho consegue atingir os objetivos organizacionais) e ser
eficiente (à medida que seu trabalho lhe permite alcançar seus
objetivos pessoais)”.
Segundo Chiavenato (1999, p.258), a organização oferece
20 uma variedade de incentivos para obter a cooperação das
pessoas em todos os níveis hierárquicos. Dentro desse esquema,
cada pessoa precisa alcançar simultaneamente os objetivos
organizacionais (para se manter ou crescer na organização) e
seus objetivos individuais (para obter satisfações pessoais).
25
Dessa maneira o relacionamento entre indivíduos e
organizações poderá se pautar pela cooperação, diz Chiavenato
(1999). Para tanto, a organização deve zelar, por meio dos seus
gestores, pela elaboração dos seus objetivos de maneira que
sejam claros, objetivos e alcançáveis. Para serem úteis, segundo
30 Chiavenato (1999, p.263), os objetivos devem ser:
• mensuráveis: passíveis de serem definidos quando são
atingidos ou não;
10
GESTÃO DE PESSOAS
• realistas: que possam ser alcançados no período de tempo
estabelecido e com os recursos disponíveis;
• desafiadores: que requeiram esforço das pessoas;
5
• definidos no tempo: que exijam um lapso de tempo para
sua consecução;
• relevantes: que cubram as principais áreas de resultados
da organização.
Assim, a maior responsabilidade pela integração dos
objetivos organizacionais e os objetivos dos indivíduos pertence
10 à alta administração, pois, é ela quem deve estabelecer os meios
e as políticas para que colaboradores e organizações percebam
que seus objetivos são interdependentes. Isto é, as organizações
precisam dos indivíduos, estes são os recursos humanos com
os quais ela alcançará seus objetivos e, reciprocamente, os
15 indivíduos necessitam das organizações para realizar os seus,
diz Chiavenato (1999).
1.4 As pessoas e a organização
O homem é um animal social, porque se caracteriza por uma
irreprimível tendência à vida em sociedade e tem participações
multigrupais. Vive em organizações, em ambientes cada vez mais
20 complexos e dinâmicos. Montou um sistema total, dentro do qual
organiza e dirige seus assuntos. Assim, “organizações são pessoas,
organizações são grupos; e organizações são organizações.
Gerentes administram pessoas; gerentes administram grupos;
e gerentes administram organizações. Gerentes são pessoas;
25 gerentes são membros de grupos; e gerentes são membros de
organizações”, diz Chiavenato (2004, p.59).
As pessoas e as organizações estão engajadas em uma
estrutura complexa e incessante interação; as pessoas dependem
das organizações para viver e nesse ambiente passam a maior
11
Unidade I
parte do tempo. As organizações dependem das pessoas, sem as
quais não poderiam existir. Sem as pessoas e sem as organizações
não haveria ARH (Administração de Recursos Humanos).
As pessoas
5
De acordo com Chiavenato (1998, p.69), “as organizações
dependem de pessoas para proporcionar-lhes o necessário
planejamento e organização, para dirigi-las e controlá-las e
para fazê-las operar e funcionar.” As organizações não existem
sem as pessoas, pois qualquer organização é constituída de seres
10 humanos que contribuem para seu sucesso e crescimento
Vertente da ARH: pessoas como recursos e pessoas como pessoas
COMO
PESSOAS
PESSOAS
COMO
RECURSOS
personalidade e
individualidade,
inspirações, valores,
atitude, motivação e
objetivos pessoais
habilidades,
capacidades,
experiências, destrezas
e conhecimentos
necessários
tratamento
pessoal e
individualizado
tratamento
pela média,
igual e genérico
Fonte: Chiavenato (2004, p. 59)
Deve-se considerar que existem as pessoas como pessoas,
ou seja, com características próprias de personalidade e que
individualmente possuem valores, atitudes, desejos, motivações
e objetivos individuais. E, por outro lado, existem as pessoas
15 como recursos intelectuais, com habilidades, capacidades e,
conhecimentos específicos e necessários para a atividade a ser
realizada na organização.
12
GESTÃO DE PESSOAS
A Moderna ARH – Gestão de Pessoas – procura tratar as
pessoas como pessoas e simultaneamente como importantes
recursos organizacionais rompendo a maneira tradicional de
tratá-las meramente como meios de produção.
5
A “Gestão de Pessoas” substitui o termo “Administração
de Recursos Humanos”, que indica uma visão das pessoas que
trabalham na organização como meros recursos, assim como os
materiais e financeiros. De acordo com Gil (2001, p.17), “Gestão
de Pessoas é a função gerencial que visa à cooperação das pessoas
10 que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto
organizacionais quanto individuais”.
As pessoas não são “recursos”, diz Peter Senge, manifestando
a sua visão de que a organização é um sistema vivo e que existe
dentro de outros sistemas vivos maiores, tais como o ecossistema
15 e a sociedade. Nesse sentido, se coloca como um “anti-recursos
humanos”, pois considera a palavra “recurso” muito limitada para
descrever as pessoas e seus diversos papéis organizacionais.
Hoje, segundo Chiavenato (2004, p.59), a tendência é fazer
com que todas as pessoas, em todos os níveis da organização,
20 sejam os administradores. Além de executar as tarefas, cada
pessoa deve conscientizar-se de que deve ser o elemento de
diagnóstico e de solução de problemas para obter uma melhoria
contínua de seu trabalho.
Pessoas como pessoas
25
30
Chiavenato (2004) destaca seis características atribuídas a cada
pessoa. Essas características permitem maior visualização dos aspectos
de comportamento dos indivíduos na organização. São elas:
• a percepção: trata da forma como cada pessoa interpreta
as mensagens que recebe e dá sentido a ela. Pode ser
colocado como um processo de seleção, organização e
interpretação dos estímulos que o ambiente oferece;
13
Unidade I
5
• as atitudes: podem ser definidas como uma predisposição
que reage a um estímulo e se manifesta por meio de
opiniões. É uma característica facilmente mutável, a partir
do momento que o estímulo ou o comportamento em
relação a ela também mude;
10
• as aptidões: referem-se ao potencial para a realização
das tarefas e atividades, ou seja, a habilidade para realizar
determinadas tarefas. Distingue-se de pessoa para pessoa
e podem ser agrupadas em três categorias: intelectuais,
físicas e interpessoais;
• a inteligência: é a capacidade de lidar com a complexidade.
Pode ser considerada uma aptidão geral que governa as
demais aptidões;
15
20
• a personalidade: é um conceito dinâmico, que procura
descrever o crescimento e o desenvolvimento do sistema
psicológico individual. Abrange todos os traços do
comportamento e as características fundamentais de
cada pessoa;
• a biografia: trata das características pessoais como
experiência, idade, sexo e situação conjugal.
1.5 Equilíbrio organizacional
Partindo do princípio de que toda organização é um sistema
vivo, gerido por pessoas que se agem e se inter-relacionam para
satisfazer necessidades, cada participante de cada grupo tem suas
recompensas em troca das quais faz contribuições à organização.
25 Sendo assim, todo participante manterá sua ação participativa
na organização na medida em que os estímulos (motivação e
incentivo) que lhe são oferecidos forem iguais ou maiores do
que as contribuições que lhe são exigidos. As contribuições
trazidas pelos vários grupos de participantes constituem a fonte
30 na qual a organização se supre e se alimenta dos incentivos que
14
GESTÃO DE PESSOAS
oferece aos participantes. Portanto, a organização continuará
existindo somente e enquanto as contribuições forem suficientes
para proporcionar estímulos para conduzir os participantes à
prestação de contribuições.
5
A base do equilíbrio organizacional está na capacidade de
garantir que tanto os incentivos oferecidos como pagamentos
a seus participantes, como salários, benefícios sociais, prêmios
etc., quanto as contribuições de seus funcionários à organização,
como trabalho, esforço, assiduidade, lealdade, dedicação,
pontualidade etc., sejam coerentes e satisfatórios a ambos –
10 organização e funcionário. Para tanto, cabe ao administrador de
RH identificar um conjunto de estímulos capazes de incentivar
e motivar os funcionários e as contribuições de interesse das
organizações. Portanto, podemos afirmar que o equilíbrio
organizacional depende do intercâmbio entre os incentivos
15 oferecidos e as contribuições como retorno à organização.
Relações de Intercâmbio
P
E
S
S
O
A
S
Contribuições
Esforço físico/mental
Tempo
Conhecimentos
Habilidades
Lealdade
Oportunidades
Treinamento
Salários
Benefícios Sociais
Segurança
Estímulos:
incentivo/motivação
O
R
G
A
N
I
Z
A
Ç
Ã
O
Fonte: autora
1.6 Incentivo e motivação
Já vimos que os objetivos da organização diferem dos
pessoais e, para que tais objetivos não se tornem conflituosos
a ponto de prejudicar o desenvolvimento de ambas as partes
15
Unidade I
(pessoas e organização), é necessário que haja uma integração:
é preciso que as pessoas, em busca dos seus objetivos pessoais,
acabem por realizar os organizacionais. Tal integração é de
responsabilidade da alta administração e ela deve fazer a
5 integração, estimulando e incentivando o comportamento
adequado das pessoas, para que estas deem à organização a sua
maior contribuição possível.
Cada contribuição possui um valor de utilidade que varia
conforme a organização – uma contribuição pode ser muito útil
10 para uma e pode ser totalmente inútil para outra.
1.6.1 Estímulos: incentivo e motivação
As informações captadas e enviadas ao cérebro permitem
ao ser humano compreender o mundo ao seu redor. As
informações são captadas por um eficiente sistema de rede de
nervos que liga o cérebro aos sentidos: visão, audição, olfato,
15 tato e paladar.
“O conceito de estímulo foi desenvolvido a partir do princípio
de forças externas que produzem alterações transitórias ou
permanentes sobre os indivíduos. Essas forças referem-se a
eventos que podem determinar uma resposta (fisiológica,
20 cognitiva ou motora) do indivíduo ante um determinado
estímulo (estressor)” (Lautert et al,1999).
Incentivo
Parte-se do princípio de que as pessoas estão dispostas a
cooperar desde que as suas atividades na organização contribuam
25 diretamente para a satisfação de seus objetivos pessoais. São
“pagamentos” feitos pela organização aos seus participantes
em troca de contribuições. Cada incentivo possui um valor de
utilidade que é subjetivo, pois varia de indivíduo para indivíduo
– o que é útil e importante para um pode ser inútil e irrelevante
30 para outro.
16
GESTÃO DE PESSOAS
Motivação
Motivação pode ser definida como o impulso que cada
indivíduo tem para realizar o seu próprio potencial, de forma
contínua. Trata-se de necessidades mais elevadas, produtos da
5 educação e da cultura. Devido à busca constante do homem por
novas metas, cada vez mais complexas, raramente são satisfeitas
em sua plenitude (Chiavenato, 1999).
A motivação constitui-se de um conjunto de fatores
psicológicos, conscientes ou não, de ordem fisiológica,
10 intelectual ou afetiva, que determinam certo tipo de conduta
no indivíduo. A motivação está intimamente ligada aos motivos
que levam o indivíduo à atividade, ao que se quer da vida. Os
motivos são pessoais, intransferíveis e partem do desejo e das
necessidades de cada um. Portanto, a motivação na organização
15 só é efetivamente conseguida quando os indivíduos conseguem
realizar suas necessidades e seus objetivos de vida, dentro e por
meio do próprio trabalho.
A motivação se refere, então, ao comportamento que é
impulsionado por necessidades internas e que é dirigido a
20 objetivos que podem satisfazer essas necessidades. Satisfeita
uma necessidade, segundo Maslow, surge outra em seu lugar
e assim por diante, contínua e indefinidamente. Com base em
Maslow, as necessidades podem ser simplificadas em:
25
• necessidades fisiológicas: estão relacionadas à
sobrevivência do indivíduo, como fome, sede, sono,
atividade física e outras;
• necessidades psicológicas: desenvolvem-se e sofisticamse ao longo da vida do indivíduo, como necessidade de
segurança, afeição, relacionamento e autoconfiança;
30
• necessidades de auto-realização: síntese de todas as
outras, este tipo de necessidades é o impulso que leva
17
Unidade I
cada um de nós a realizar o seu próprio potencial, de estar
em contínuo auto-desenvolvimento.
Quando falamos em incentivos, estamos nos referindo a
instrumentos de possam satisfazer as necessidades extrínsecas/
5 fisiológicas. Quando estamos abordando necessidades
intrínsecas, próprias de cada indivíduo, os estímulos trabalham
sobre as necessidades psicológicas e de auto-realização.
Nesse sentido, a motivação na organização só e possível em
ambientes em que confiança e lealdade estejam no centro das
10 relações, devendo prevalecer a ética e o respeito mútuo entre as
pessoas, na medida em que não exista medo de qualquer natureza
e, principalmente, onde haja esforço contínuo das lideranças para
compatibilizar os objetivos pessoais com os organizacionais.
Motivação é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de
15 determinada maneira ou que dá origem a uma propensão a um
comportamento específico, podendo este impulso à ação ser
provocado por um estímulo externo (provindo do ambiente) ou
também ser gerado internamente e nos processos mentais do
indivíduo, diz Chiavenato (1999).
20
Ciclo motivacional
Estímulo
Necessidade
(vontade/desejo)
tensão que expressa
motivo à ação
Atitude
(tomada de
decisão)
Esforço
determinação
Comportamento
(ação)
orientada
para o objetivo
Fonte: autora
1.6.2 Comportamento
O comportamento das pessoas dentro da organização é
complexo, porquanto depende de fatores internos, decorrentes
de suas características de personalidade (como: capacidade
de aprendizagem, motivação, percepção desenvolvida pela
25 capacidade de interpretar bem os ambientes externo e interno,
atitudes, gerenciamento das emoções, valores) e fatores
18
GESTÃO DE PESSOAS
externos, decorrentes do ambiente que envolve as características
organizacionais, como sistemas de recompensas e punições,
fatores sociais, políticas organizacionais, relacionamento e coesão
grupal. Segundo Chiavenato (1998, p.77), podem ser definidas três
5 suposições para explicar o comportamento humano, por estarem
intimamente relacionadas com o processo de motivação:
10
• o comportamento humano é causado, existe uma
causalidade do comportamento. Tanto a hereditariedade
como o meio ambiente influem decisivamente sobre o
comportamento das pessoas. Ele é causado por estímulos
internos ou externos;
• o comportamento é motivado, há uma finalidade em todo
comportamento humano. Ele não é casual, nem aleatório,
mas sempre orientado e dirigido para algum objetivo;
15
• o comportamento humano é orientado para objetivos
pessoais. Subjacente a todo comportamento existe sempre
um impulso, um desejo, uma necessidade, uma tendência,
expressões que servem para designar seus motivos.
Podemos observar, assim, que a motivação é o grande gerador
20 de desempenho. O comportamento humano é fundamentalmente
orientado por objetivos, sejam eles conscientes ou inconscientes.
Fica clara, nesse sentido, a importância de se associarem as atitudes
motivacionais a esses objetivos. As necessidades, os desejos e os
objetivos, que são os fatores motivacionais, vão influir diretamente
25 no comportamento do indivíduo e, consequentemente, no
desempenho das tarefas dentro da organização.
2 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
2.1 Conceito de ARH
Sem as pessoas e sem as organizações não haveria ARH
(Administração de Recursos Humanos). A administração
de pessoas é conceituada como um conjunto de técnicas
19
Unidade I
administrativas que visam obter, aperfeiçoar e manter os
recursos humanos necessários ao funcionamento da empresa.
Decenzo; Robbins (2001) definem a Administração de Recursos
Humanos (ARH) como a parte da organização que trata da
5 dimensão pessoas. Esses autores propõem um sistema baseado
em quatro funções básicas:
1. preenchimento de cargos (recrutá-los);
2. treinamento e desenvolvimento (prepará-los);
3. motivação (estimulá-los);
10
4. manutenção (mantê-los na organização).
Os objetivos dessas quatro funções envolvem:
1. preenchimento de cargos: planejamento estratégico de
recursos humanos, recrutamento e seleção;
15
2. treinamento e desenvolvimento: orientação, treinamento
do empregado, desenvolvimento do empregado e desenvolvimento da carreira;
3. motivação: aplicação de teorias de motivação e desenho
do cargo, avaliação de desempenho, recompensas e
remuneração, benefícios dos empregados;
20
4. manutenção: segurança e saúde, comunicações, relações
com os empregados.
Chiavenato (1989) conceitua a ARH como sendo subsistemas
interdependentes que formam um processo por meio do qual os
recursos humanos são captados e atraídos, aplicados, mantidos,
25 desenvolvidos e controlados pela organização. Esses subsistemas
são estabelecidos por contingentes ou situacionais: variam
conforme a organização e dependem de fatores ambientais,
organizacionais, humanos, tecnológicos etc.
20
GESTÃO DE PESSOAS
Dutra (2002) define a gestão de pessoas como “um conjunto
de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas
entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizálas ao longo do tempo”. Esse autor faz a seguinte conceituação
5 sobre políticas e práticas:
• políticas, como princípios e diretrizes que balizam decisões
e comportamentos da organização e das pessoas em sua
relação com a organização;
10
• práticas, como os diversos tipos de procedimentos, métodos
e técnicas utilizados para a implementação de decisões e
norteamento das ações no âmbito da organização e em
sua relação com o ambiente externo.
Administração de pessoas ou gestão de pessoas é o conjunto
de decisões integradas sobre as relações de emprego que
15 influenciam a eficácia dos funcionários e das organizações.
“Assim, todos os gerentes são, em certo sentido, gerentes de
pessoas, porque todos eles estão envolvidos em atividades como
recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento. A gestão de
pessoas é um conjunto integrado de processos dinâmicos e
20 interativos.” São eles para Chiavenato (2005, p.4):
• prover pessoas;
• aplicar pessoas (socialização; descrição e análise de cargos;
avaliação);
• manter pessoas;
25
• desenvolver pessoas;
• monitorar pessoas .
2.2 Planejamento de RH
Planejamento estratégico de Recursos Humanos é uma
projeção de como a empresa vai adquirir e utilizar seus recursos
humanos em prol do alcance dos objetivos organizacionais. De
21
Unidade I
acordo com Belchior (1972) qualquer planejamento compreende
as seguintes fases:
1. definição e equacionamento preliminar do problema;
2. elaboração das diretrizes básicas do planejamento;
5
3. fixação inicial dos objetivos;
4. colheita preliminar de dados;
5. realização de levantamentos e pesquisas;
6. estabelecimento de projeções e previsões;
7. análise e discussão dos dados;
10
8. apresentação de alternativas ou opções;
9. escolha das alternativas;
10. formulação do plano e seus desdobramentos.
O planejamento de Recursos Humanos tem como base o
planejamento estratégico da organização e atua na garantia de
15 que a empresa possua a quantidade e a qualidade correta de mão
de obra, objetivando a realização dos objetivos organizacionais.
O planejamento dos recursos humanos é uma técnica para
determinar de forma sistemática para provisão e demanda de
funcionários que são necessários na organização.
20
25
22
Para a elaboração do planejamento estratégico do RH,
Fischmann; Almeida (1990) propõem as seguintes etapas:
• Avaliação da estratégia vigente - trata-se da
identificação da estratégia que a empresa vem adotando
em relação aos seus recursos humanos e envolve aspectos
como remuneração oferecida em comparação com o
mercado externo, política de benefícios, treinamento para
GESTÃO DE PESSOAS
os diversos níveis de trabalhadores; além de analisar se as
estratégias de recursos humanos estão coerentes e o que
será alcançado.
5
10
15
20
25
30
• Avaliação do ambiente — visa identificar os predicados
necessários ao profissional do futuro; se haverá falta de
algum tipo de profissional para a empresa futuramente;
verificar quais os objetivos pessoais que os profissionais
esperam que a organização torne possível alcançar.
• Estabelecimento do perfil estratégico — refere-se
ao delineamento dos objetivos e estratégias, onde o
departamento de Recursos Humanos deverá levar em
consideração não só os seus próprios interesses,como
também inseri-los no contexto empresarial global.
• Quantificação dos objetivos — o RH deverá estimar
o quanto está sendo despendido numericamente com
salários, treinamentos, benefícios, avaliando a viabilidade da
implementação dos objetivos propostos na etapa anterior.
• Finalização — denomina-se a etapa onde é criado um
relatório sobre o plano estratégico, em geral, redigido pela
alta administração; este plano deve ser discutido com as
diversas áreas da empresa, especialmente com a área de
Recursos Humanos.
• Divulgação — diz respeito à transmissão dos planos
estratégicos às pessoas que tenham um nível decisório
na empresa e uma divulgação mais ampla a todos os
funcionários por meio da área de Recursos Humanos,
que deverá esclarecer a importância das medidas e
sua interação com a avaliação de desempenho dos
funcionários.
• Preparação da organização — são as modificações não
apenas materiais, mas também de estrutura de pessoal.
23
Unidade I
5
10
• Integração como plano tático — qualquer estratégia,
para ser implantada, necessita ser inserida no plano
tático, como, por exemplo, a definição do orçamento. O
departamento de Recursos Humanos deverá avaliar se os
orçamentos iniciais foram mantidos no plano tático e os
impactos de eventuais cortes ou alterações no orçamento
sobre o planejamento estratégico de RH.
• Acompanhamento — é o controle que deverá ser feito
por todas as áreas, especialmente a área de Recursos
Humanos, que deverá estar atenta às formas de realização
de tudo o que foi planejado.
As vantagens do planejamento dos recursos humanos são:
• melhorar a utilização dos recursos humanos;
15
• permitir a coincidência de esforços do departamento de
pessoal com os objetivos globais da organização;
• economizar nas contratações;
• expandir a base de dados do pessoal para apoiar outros
campos;
20
• coadjuvar na implementação de programas de
produtividade, mediante a contribuição de pessoal mais
capacitado.
Objetivos e Estratégias
Organizacionais
objetivos e estratégias
de RH
Etapa 1: avaliar os atuais
recursos humanos
comparação
Etapa 2: prever as
necessidades de recursos
humanos
Etapa 3: desenvolver e
implementar planos de
recursos humanos
corrigir / evitar
excesso de pessoal
corrigir / evitar
falta de pessoal
Fonte: autora
24
GESTÃO DE PESSOAS
2.3 Objetivos de ARH
Os objetivos da ARH, segundo Chiavenato (2004), derivam
dos objetivos da organização inteira. Toda organização tem
como um de seus principais objetivos a criação e a distribuição
de algum produto (como um bem de produção ou de consumo)
5 ou de algum serviço (como uma atividade especializada). Ao
lado dos objetivos organizacionais, a ARH deve considerar os
objetivos pessoais dos participantes.
A administração de recursos humanos tem por objetivos
principais:
10
15
1. criar, manter e desenvolver um contingente de pessoas
com habilidades, motivação e satisfação para realizar os
objetivos da organização;
2. criar, manter e desenvolver condições organizacionais
de aplicação, desenvolvimento e satisfação plena das
pessoas, e alcance dos objetivos individuais;
3. alcançar eficiência e eficácia por meio das pessoas.
As pessoas podem ampliar ou limitar as forças e fraquezas
de uma organização, dependendo da maneira como eles são
tratadas. Para que os objetivos da Gestão de Pessoas sejam
20 alcançados, é necessário que os gerentes as tratem como
elementos básicos para a eficácia organizacional.
Cabe à Gestão de Pessoas:
1. Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar
sua missão.
25
2. Proporcionar competitividade à organização.
3. Proporcionar à organização empregados bem treinados e
bem motivados.
25
Unidade I
4. Aumentar a auto-atualização e a satisfação dos
empregados no trabalho.
5. Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho.
6. Administrar a mudança.
5
7. Manter políticas éticas e comportamento socialmente
responsável1.
O processo de planejamento e a abordagem de diagnóstico na
gestão de pessoas
Questões de
Planejamento
Abordagem
de diagnóstico
analisar as condições externas, organizacionais e as
características dos funcionários;
Onde estamos?
definir a visão e formular os objetivos da GP baseados na
eficiência e na equidade, de acordo com as dimensões básicas
dos parceiros envolvidos no processo;
Aonde queremos
chegar?
Como chegar
ao objetivo?
definir a estratégia da GP, escolher as atividades e definir
os recursos necessários;
Como fizemos?
Onde estamos agora?
checar os resultados pela avaliação das novas condições,
de acordo com os objetivos definidos, e reiniciar o
processo por meio de um planejamento eficiente.
Fonte: Menezes (2007) adaptado
2.4 O papel da administração de recursos
humanos
O papel da ARH é de desenhar e implementar o sistema
de Gestão de Pessoal , de maneira que seja capaz de integrar
Disponível em
download1516.doc
1
26
www.escolaqi.com.br/professor/downloads/
GESTÃO DE PESSOAS
todos os processos de agregar, aplicar, recompensar,
desenvolver, manter e monitorar pessoas na organização.
Isso significa:
5
• obter, treinar, motivar e conservar funcionários
competentes;
• balancear a oferta de funcionários com a demanda por
funcionários;
• combinar os talentos e habilidades dos funcionários com
aquilo que a organização requer;
10
• criar um ambiente de trabalho que fomente elevado
desempenho do funcionário;
• atender às necessidades salariais e de benefícios dos
funcionários.
A gestão de recursos humanos, de acordo com Ulrich (1998),
15 deve desempenhar quatro papéis dentro das empresas, são
eles:
1. administração de estratégias de RH que precisam estar
ajustadas à estratégia empresarial;
20
2. administração da infraestrutura da empresa, ou seja,
racionalização dos diversos processos de RH;
3. administração da contribuição do funcionário, ou seja,
ajudar os funcionários na resolução de seus problemas e
necessidades para com isso obter maior envolvimento e
competência dos mesmos;
25
4. administração da transformação para traçar planos de
ação, fazendo com que a mudança aconteça.
27
Unidade I
2.5 Principais características e dificuldade na
ARH
A Administração de Recursos Humanos é uma área de
estudos relativamente nova. O profissional de Recursos Humanos
é um executivo encontrado nas grandes e médias organizações.
Embora a ARH seja perfeitamente aplicável a qualquer porte
5 de organização, ela é interdisciplinar: envolve necessariamente
conceitos de psicologia industrial e organizacional, sociologia
organizacional, engenharia industrial, direito do trabalho,
engenharia de segurança, medicina do trabalho, engenharia
de sistemas, cibernética etc., diz Chiavenato (2004). São esses
10 aspectos que dão a esta área um caráter multivariado.
Os assuntos tratados pela ARH referem-se tanto a aspectos
internos da organização quanto a aspectos externos ou
ambientais.
Ambiente externo
Ambiente interno
• pesquisa de mercado de trabalho;
• análise e descrição de cargos;
• recrutamento e seleção;
• avaliação de cargos;
• pesquisa de salários e benefícios;
• treinamento;
• relações com sindicatos;
• avaliação de desempenho;
• relações com entidades de
formação profissional;
• plano de benefícios sociais;
• legislação trabalhista;
• plano de carreiras;
• etc.
• política salarial;
• higiene e segurança;
• etc.
Fonte: Chiavenato (2004)
Algumas técnicas são aplicadas diretamente a pessoas que
15 constituem os sujeitos de sua aplicação. Outras são aplicadas
indiretamente às pessoas, seja por meio dos cargos que ocupam,
seja por planos ou programas globais ou específicos.
28
GESTÃO DE PESSOAS
aplicadas
diretamente sobre
pessoas
Técnicas de
Administração
de Recursos
Humanos
• recrutamento
• entrevista
• seleção
• integração
• avaliação de desempenho
• treinamento
• desenvolvimento de pessoas
cargos
ocupados
• análise e descrição de cargo
• avaliação e classificação de cargo
• higiene e segurança
planos
genéricos
• planejamento de recursos humanos
• banco de dados
• plano de benefícios sociais
• plano de carreira
• administração de salários
aplicadas
indiretamente
sobre
pessoas
Fonte: Chiavenato (2004)
2.5.1 O caráter contingencial da administração de RH
Não há leis ou princípios para a administração dos recursos
humanos. A ARH é contingencial, ou seja, depende da situação
organizacional: do ambiente, da tecnologia empregada pela
organização, das políticas e diretrizes vigentes, da filosofia
5 administrativa preponderante, da concepção existente na
organização acerca do homem e de sua natureza e, sobretudo,
da qualidade e da quantidade dos recursos humanos disponíveis.
À medida que mudam esses elementos, muda também a
forma de administrar os recursos humanos da organização.
10 Daí o caráter contingencial ou situacional da ARH, que não
se compõe de técnicas rígidas e imutáveis, mas altamente
flexíveis e adaptáveis, sujeitas a um dinâmico desenvolvimento
(Chiavenato, 2004).
29
Unidade I
A Administração de Recursos Humanos – ARH pode ter
responsabilidade de linha e função de staff (de assessoria)
ao mesmo tempo. Responsabilidade de linha quando está
constituída em uma área, departamento, seção ou setor e staff,
5 pois ao mesmo tempo assessora todas as áreas, departamentos,
seções e setores. Chiavenato (1999) assinala que seria injusto
pensar que essa abordagem moderna de agregar pessoas fosse
responsabilidade apenas dos gerentes de linha. Ela é, acima
de tudo, uma responsabilidade de toda a equipe, que deverá
10 estar devidamente preparada, com a ajuda de uma consultoria
interna e assessoria do órgão de recursos humanos, que exerce
seu papel de staff.
Função de staff
• cuidar das políticas de RH;
• prestar assessoria e suporte;
• dar consultoria interna de RH;
• proporcionar serviços de RH;
• dar orientação de RH;
• cuidar da estratégia de RH.
Responsabilidade de linha
• cuidar de sua equipe de pessoas;
• tomar decisões sobre subordinados;
• executar as ações de RH;
• cumprir metas de RH;
• alcançar resultados de RH;
• cuidar da tática e operações.
Fonte: autora
2.6 Administração: recursos humanos como
um processo
2.6.1 Conceito de processo
Processo é um conjunto repetitivo de atividades estruturadas
e destinadas a resultar em um produto especificado para um
15 determinado cliente. É uma ordenação específica das atividades
de trabalho no tempo e no espaço, com um começo, um fim,
e entradas e saídas claramente identificadas. Para Davemport
(1994) processo é um conjunto de atividades estruturadas e
medidas destinadas a resultar num produto especificado para
20 um determinado cliente ou mercado.
30
GESTÃO DE PESSOAS
Processo
Objetivo
Atividades Envolvidas
Provisão
quem irá trabalhar pesquisa de mercado de RH
recrutamento de pessoas
na organização
seleção de pessoas
Aplicação
o que as pessoas
farão na
organização
integração de pessoas
desenho de cargo
descrição e análise de cargo
avaliação de desempenho
Manutenção
como manter
as pessoas
trabalhando na
organização
remuneração e compensação
benefícios e serviços sociais
higiene e segurança no trabalho
relações sindicais
Desenvolvimento
como preparar
e desenvolver as
pessoas
treinamento
desenvolvimento organizacional
Monitoração
como saber o que
são e o que fazem
as pessoas
banco de dados/sistema de
informação, controles
- frequências
- produtividade
- balanço social
Fonte: Chiavenato (2004)
O processo é entendido como uma série de atividades
que fornecem valor a um cliente. O cliente do processo não é
necessariamente um cliente externo da empresa. Ele pode estar
dentro da empresa. É o chamado cliente interno.
Os processos básicos na gestão de pessoas são: prover, aplicar,
manter, desenvolver e monitorar as pessoas. São processos
inter-relacionados e interdependentes com uma interação
que faz com que qualquer alteração ocorrida em um deles
provoque influência sobre os demais, as quais realimentarão
10 novas influências nos outros. Dentro de uma visão sistêmica, os
cinco processos podem ser abordados como subsistemas de um
sistema maior (Chiavenato, 2004).
5
2.7 As políticas de administração de recursos
humanos
Políticas são orientações para medidas futuras baseadas
em experiências passadas, crenças ou valores. Por exemplo: em
31
Unidade I
nossa empresa temos como política de recrutamento admitir
pessoas que possuem, no mínimo, o segundo grau completo
(FALCONI, 1996, p.305).
Portanto, as políticas são regras estabelecidas para governar
5 funções e assegurar que sejam desempenhadas de acordo
com os objetivos desejados. Constituem uma orientação
administrativa para impedir que as pessoas desempenhem
funções indesejáveis ou que coloquem em risco o sucesso de
suas funções específicas.
POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS
influências ambientais
externas
processos
de agregar
pessoas
recrutamento
e seleção
processos
de aplicar
pessoas
desenho de
cargos,
avaliação de
desempenho
processos de RH
processos de
recompensar
pessoas
remuneração,
benefícios
e serviços
influências organizacionais
internas
processos de
desenvolver
pessoas
processos de
manter
pessoas
processos de
monitorar
pessoas
treinamento,
mudanças,
comunicação
disciplina,
higiene,
segurança e
qualidade de
vida,
relação com
sindicatos
banco de
dados,
sistema de
informações
gerenciais
Resultados finais desejáveis
práticas éticas
e socialmente
responsáveis
produtos e serviços
competitivos e de alta
qualidade
Fonte: Menezes (2007)
10
32
Políticas referem-se às maneiras pelas quais a organização
lida com seus membros e por intermédio deles atingir suas metas,
qualidade de vida
no
trabalho
GESTÃO DE PESSOAS
permitindo condições para o alcance dos objetivos individuais.
Cada organização desenvolve a Política de Recursos Humanos
mais adequada à sua filosofia e suas necessidades. Assim, são
guias para a ação interna referentes à Gestão de Pessoas.
5
A política de recursos humanos geralmente se expressa
por meio de um documento elaborado e divulgado pela alta
administração, cujo objetivo é informar sobre como a organização
desenvolve sua política de recursos humanos e as diretrizes a
serem observadas pelos responsáveis pela condução gerencial
10 dos processos existentes, na análise das questões apresentadas
e na tomada de decisões com a finalidade solucioná-las.
As políticas, de forma geral, respondem a um conjunto
específico de questões. Exemplos:
Política de Recrutamento e Seleção - Quais as informações
15 que deverão ser transmitidas ao órgão de recrutamento e
seleção para início de um processo que visa suprir uma vaga
em aberto? Quais os critérios gerais que devem ser observados,
nos candidatos, para a habilitação no processo ? Onde e como
devem ser captados candidatos em potencial? Quais as etapas
20 e objetivos do processo de seleção adotado? Quais os critérios
para a avaliação e a identificação dos melhores quadros?
Política de Administração de RH — Como deve ser desenvolvido
o processo de identificação das atribuições e responsabilidades de
cada cargo? Qual a definição dada para escalonar e para valorar, em
25 termos de remuneração, as atribuições? Qual a periodicidade a ser
observada pelo sistema de avaliação do desempenho?
Política de Administração do Pessoal — Quais os critérios
para concessão de benefícios? Quais a periodicidade e a forma
de pagamento adotadas? Quais os critérios a serem observados
30 nas relações sindicais? Os limites de tolerância para faltas e
atrasos? O processo de admissão, quais são as principais etapas
e documentos a serem exigidos?
33
Unidade I
Política de cargos e salários — Quais os critérios de
evolução dos cargos em suas respectivas carreiras? Quais os
procedimentos para dimensionar ou redimensionar atribuições
e responsabilidades? Como analisar o desempenho individual e
5 do grupo de trabalho para aplicar a remuneração variável? Quais
os critérios de planejamento e alocação da força de trabalho
disponível?
Política de treinamento — Quais os critérios e diretrizes
para cadastramento de prestadores de serviços de treinamento?
10 Quais os fatores a serem considerados para a obtenção de
reciclagem, via treinamento interno e aqueles proporcionados
por terceiros? Quais os aperfeiçoamentos obrigatórios para
evolução no sistema interno de carreira? Critérios de diagnóstico
das necessidades de treinamento de cada área? Qual o perfil
15 básico dos recursos destacados para ministrarem treinamento
na organização2?
São seis os processos básicos de que se utiliza a gestão de
recursos humanos na execução da tarefa, visando integrar os
diversos níveis da organização, tornando possível a execução
20 dos objetivos do empreendimento.
25
30
1. Provisão (agregar pessoas) – Esse processo visa
determinar quem irá trabalhar na organização (conhecido
como processo de recrutamento e seleção). Compreende
atividades de: pesquisa do mercado de trabalho,
recrutamento dos profissionais que estejam enquadrados
no perfil requerido pelo solicitante, seleção daquele que
apresenta melhor perspectiva de êxito no desempenho
das tarefas que são necessárias ao cargo.
2. Aplicação – Processo que determina o que as pessoas
farão na organização (conhecido como administração
de recursos humanos). A este processo é atribuída a
responsabilidade de descrever o desenho dos cargos
(perfil); indicar atribuições, requisitos de habilidades e
Disponível
ADM423Resumo01.doc
2
34
em
www.marcovanni.kit.net/apostilas/
GESTÃO DE PESSOAS
responsabilidades; direitos e deveres. Descreve, também,
os métodos para integração dos novos empregados e os
procedimentos que irão avaliar o desempenho de cada
um.
5
10
15
20
25
3. Manutenção (recompensar pessoas) – Processo que visa
manter as pessoas trabalhando na organização (conhecido
como administração do pessoal) e que trata dos aspectos
que envolvem a remuneração e os benefícios sociais.
4. Desenvolvimento – Processo que visa apoiar o preparo
e o desenvolvimento das pessoas dentro da organização,
de forma a criar estímulo ao constante aperfeiçoamento
profissional e pessoal, tanto no âmbito individual
quanto no de grupo em todos os níveis hierárquicos.
Conhecido como treinamento e desenvolvimento, tem
a responsabilidade de formular e executar a capacitação
técnica e psicológica do efetivo para assumir desafios
mais complexos na organização.
5. Segurança – Processo que visa estabelecer disciplina e
segurança, bem como qualidade de vida no trabalho. Inclui
higiene e segurança do trabalho e as relações sindicais.
6. Monitoração – Processo que visa saber como os
indivíduos executam as atribuições que lhes são confiadas
na organização, identificando pontos fortes e fracos, e dar
subsídio à alta administração para a implementação das
políticas de incentivo, de treinamento e de substituição.
Conhecido como auditoria de pessoal ou avaliação do
desempenho3.
Esses processos são discutidos nos capítulo seguintes.
Disponível
ADM423Resumo01.doc
3
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