Síntese Fobia Escolar

Propaganda
Síntese Fobia Escolar
Não há uma explicação universal para a causa das fobias. Os psicólogos
defendem a causa da fobia de acordo com a corrente psicanalítica, comportamental
(baseia-se no paradigma do condicionamento clássico, operante e teoria da
aprendizagem social), e cognitiva. Assim sendo segundo Weiner, as origens das fobias
em geral e da fobia escolar em particular podem ser conceptualizadas, adequadamente,
de acordo com uma hipótese interactiva que abarque a vulnerabilidade ao distúrbio e os
acontecimentos negativos da vida.
Nesta perspectiva, a fobia escolar é precedida de perturbações emocionais como
a ansiedade e o medo. Quando estas se tornam excessivas, perturbando e condicionando
a vida da criança, aí surge a fobia.
As fobias são medos irrealistas, disruptivos, de objectos ou acontecimentos
relativamente inofensivos (…) não pode ser aliviado por explicações ou garantias de
que não há nada a temer (Weiner 1995).
Estas não acontecem numa idade específica, são normalmente duradouras,
irracionais e encontram-se fora do controlo das crianças ou dos adultos e por vezes
limitam a sua vida e as suas relações sociais.
Dentro das perturbações fóbicas surgem a Fobia Específica e a Fobia Social. A
fobia específica é caracterizada pela ansiedade provocada pelo contacto da criança ou
adulto em questão, com uma situação ou objecto que frequentemente conduz ao
evitamento. As fobias específicas mais frequentes são: Acrofobia, que se traduz no
medo das alturas; Agorafobia, medo de lugares abertos; Fobofobia, medo de ter medo;
Claustrofobia, medo de espaços fechados; e, Oclofobia que é o medo de multidões.
A fobia Social é a ansiedade provocada pela exposição a determinadas situações
sociais que geralmente causam comportamentos de evitamento.
A infância e a adolescência são os dois períodos de vida das crianças mais
susceptíveis ao aparecimento da chamada Fobia Escolar. Esta Fobia encontra-se
inserida no conceito de Fobia Social e caracteriza-se por atitudes de ansiedade e rejeição
que surgem da deslocação “do conflito básico para a escola.” (Grunspun, 1981)
A fobia escolar pode surgir como um distúrbio agudo ou como um distúrbio
crónico. Normalmente, “o inicio da fobia escolar pode ser agudo em crianças
pequenas. Nas crianças mais velhas o desenvolvimento é mais gradual, e a fobia mais
intensa e grave.” (Odriozola, 2001)
Crianças com este tipo de Fobia, utilizam sucessivas desculpas como forma de não
frequentarem a instituição escolar. São geralmente crianças com bom rendimento e bem
sucedidas nas aprendizagens, no entanto o medo de falhar, de se sentirem
constantemente observadas, de falar em público perante os colegas ou de serem
chamadas à atenção pelos professores, restringem o seu comportamento.
Esta fobia é “ acompanhada por um elevado nível de ansiedade” (Enc. Pais, 2006),
que se manifesta sob a forma de dor física: dor de barriga, dor de cabeça, mal-estar,
taquicardia, perturbações do sono, perda de apetite, palidez, náuseas, vómitos diarreias, etc.
Quando forçadas a enfrentar a situação escolar as dores podem mesmo intensificar
e a perturbação aumentar. No entanto estes sintomas desaparecem quando lhes é
permitido ficar em casa.
Para além, de sintomas físicos, muitas vezes estes jovens utilizam argumentos
infundados relativamente à própria escola, aos professores e aos colegas. Esta fobia
ocorre geralmente em adolescentes que já apresentaram, anteriormente, dificuldades de
adaptação e instala-se de forma progressiva sendo considerada mais intensa e difícil de
ultrapassar.
Por sua vez, crianças que acabam de ingressar na educação pré-escolar e que se
encontrem na primeira infância poderão apresentar a mesma recusa e as dificuldades de
adaptação ao ambiente escolar aumentam. Na pré-escola surge como medo de separação
ou medo do desconhecido, uma vez que se trata de uma situação totalmente nova para a
criança e que ela a vive pela primeira vez (Grunspun, 1981). A ansiedade de separação
pode, no entanto, ser vista como o primeiro passo e evoluir mais tarde para a verdadeira
fobia escolar.
Considerando que as perturbações fóbicas podem condicionar o dia – a – dia do
sujeito é fundamental traçar estratégias que reúnam as condições necessárias ao sucesso
escolar. Neste sentido, devera-se ter em conta o historial da criança de forma a intervir /
traçar um plano para assim ultrapassar a mesma.
Assim sendo, segundo Odriozola, a avaliação desta problemática é um assunto
delicado. Umas vez que os instrumentos de avaliação não são aplicáveis a crianças
muito pequenas, que ainda não tenham desenvolvido as capacidades de auto-observação
e de auto-avaliação, necessárias para exprimir vivências, sentimentos e emoções
pessoais.
Ainda na perspectiva deste autor a avaliação desta perturbação recorre a diversos
instrumentos tais como: observação, inventários, questionários e entrevistas, dirigidos a:
crianças, pais e professores.
Após a realização do diagnóstico, procede-se a intervenção. Nesta fase as técnicas
utilizadas no tratamento da ansiedade na infância são muito semelhantes ás dos adultos.
As diferenças existentes não são conceptuais, mas sim relativas á adaptação dos
procedimentos á idade e as características da criança ou ao papel mais directivo do
terapeuta (Bragado, 1993ª citado por Odriozola, 2001).
As técnicas utilizadas baseiam-se no tratamento comportamental, técnicas do
enfoque neo – comportamentalista mediacional, técnicas operantes, cognitivas e a
ludoterapia.
Um outro aspecto a não descurar é o papel do professor e da escola. Sendo na
escola o local em que a criança passa a maior parte do seu tempo, é importante que o
professor ou responsável directo pela turma tenha conhecimento do problema que afecta
aquela criança. A escola deve trabalhar em parceria com os pais e com a equipa médica
que acompanha a criança.
É fundamental que a criança encontre um ambiente rico, positivo e saudável que
lhe transmita confiança e bem-estar. Tanto os pais como os professores devem ser
persistentes e determinados, mostrando-se abertos e sensíveis à criança ou jovem em
questão.
O professor deve, tanto na sala de aula como no recreio, criar momentos
previsíveis, calmos e consistentes, para que o aluno se sinta seguro e capaz de enfrentar
o medo irreal que o invade.
Estas crianças necessitam de ser elogiadas, cada vez que realizem correctamente
uma tarefa ou actividade. Torna-se então, fundamental manter claras as regras de bom
comportamento e quais os castigos a aplicar em caso de incumprimento.
A criança com Fobia Escolar procura evitar a exposição em público, frente a
professores ou até colegas. O professor deve encorajá-la, acalmá-la, dar-lhe apoio e
reconhecer o seu talento, valorizando as suas atitudes e recompensando-o pelo facto de
enfrentar situações menos desejadas.
Neste caso, o papel da escola passa essencialmente por “incentivar a auto-estima
das crianças deprimidas ou ansiosas.” (Hatton, 2007).
,
Download