INFORME TÉCNICO SOBRE CÓLERA

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DA SAÚDE
CENTRO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
ALERTA EPIDEMIOLÓGICO
ASSUNTO: ALERTA AOS SERVIÇOS DE SAÚDE sobre a importância de
intensificar as ações de Vigilância Epidemiológica para a prevenção e detecção
precoce da cólera no Estado do RS.
1. INTRODUÇÃO
A região das Américas esta enfrentando expansão da cólera em países do Caribe e
América central, como conseqüência do terremoto no Haiti em 2010.
No Haiti desde o início da epidemia (desde Outubro/2010) até SE 6 de 2014
(8/2/2014),foram registrados 699.197 casos de cólera,dos quais 391.074 foram
hospitalizados (55,9%) e 8.549 óbitos. A taxa de letalidade acumulada continua sendo de
1,2%,variando de 4,5% (no departamento de Sud Est) a 0,6% (em Port-au-Prince).
Apesar do aumento de casos observado nas últimas semanas de 2013
(coincidindo com o período de chuvas),as 6 primeiras semanas de 2014 têm registrado
uma tendência decrescente em relação ao número de casos e óbitos.
No México,em 2013,no período de 8 de setembro (SE 37) a 21 de dezembro (SE 51)
foram registrados 187 casos de infecção por Vibrio Cholerae
0:1 Ogawa toxigênico,
incluindo um óbito. Não foram registrados novos casos desde o dia 15 de novembro de
2013.
Na República Dominicana, desde o início da epidemia em novembro de 2010 até a SE 6
de 2014,foram registrados 31.521 casos suspeitos,dos quais 467 faleceram. Entre a SE 1
e a SE 6 de 2014 foram registrados 46 casos suspeitos,sem óbitos,com uma tendência
decrescente no número de casos.
Fonte:OPAS/OMS de 18/02/2014.
2. DESCRIÇÃO DA DOENÇA
2.1 Agente etiológico: A cólera é uma infecção intestinal aguda causada pela ingestão de
alimentos ou água contaminados com a toxina da bactéria Vibrio Cholerae sorogrupos 01 ou
0139. Existem dois biótipos de Vibrio Chorelae 01,o clássico e o El Tor e três Sorotipos
Ogawa,Inaba e Hikogima. O biótipo El Tor é menos patogênico que o clássico e causa,com
mais freqüência infecções assintomáticas e leves.
2.2 Quadro Clínico: As manifestações clínicas ocorrem de forma variada,desde infecções
inaparentes até quadros graves com diarréia aquosa e profusa,vômitos,câimbras e dor
abdominal que podem levar rapidamente á morte por desidratação,acidose e choque
hipovolêmico se não forem tratados adequadamente.
2.3 Período de incubação: De algumas horas até 5 dias,em média 2 a 3 dias.
2.4 Período de Transmissibilidade: Dura enquanto houver eliminação do Vibrio Cholerae
nas fezes,para fins de vigilância é 20 dias.
2.5 Suscetibilidade e imunidade: A suscetibilidade é variável e aumenta na presença de
fatores que diminuem a acidez gástrica (acloridria, gastrectomia,uso de alcalinizantes e
outros). A infecção confere imunidade por tempo limitado (6 meses).
O Centro Estadual de Vigilância em Saúde, portanto, divulga este Alerta
Epidemiológico, a ser repassado a todos os municípios, especialmente os que estão
situados nas rotas da Copa do Mundo FIFA 2014, além dos municípios turísticos, para
que intensifiquem as ações de vigilância ambiental e epidemiológica.
3. Definições de caso em áreas sem evidências de circulação do Vibrio Cholerae.
patogênico (SOROGRUPOS 01 E 0139) .
3.1 Caso suspeito:
Em áreas sem evidência de circulação do V.Cholerae patogênico. (sorogrupos O1 e O139)
qualquer indivíduo, independente de faixa etária, proveniente de áreas com ocorrência de
casos de cólera, que apresentarem diarréia aquosa aguda até 10º dia de sua chegada
(tempo correspondente a duas vezes o período máximo de incubação da doença);
•
comunicantes domiciliares de caso suspeito, definido de acordo com o item anterior, que
apresentarem diarréia;
•
qualquer indivíduo com diarréia, independente da faixa etária, que coabite com pessoas
que retornam de áreas endêmicas ou epidêmicas, há menos de 30 dias (tempo
correspondente ao período de transmissibilidade do portador somado ao dobro do período
de incubação da doença);
•
todo individuo com mais de 10 anos de idade, que apresenta diarreia súbita, liquida e
abundante. A presença de desidratação rápida, acidose e colapso circulatório reforça a
suspeita. Em locais onde a sensibilidade e a capacidade operacional do Sistema de
Vigilância Epidemiológica permitam, esse limite deverá ser modificado para maiores de 5
anos (especificamente áreas de risco ainda sem casos).
•
Em áreas com evidência de circulação do V. cholerae patogênico (V. cholerae O1 já
isolado em pelo menos cinco amostras de casos autóctones ou de amostras ambientais):
qualquer indivíduo que apresente diarréia aguda, independente de faixa etária.
3.2 Caso Confirmado:
Critério laboratorial – indivíduo com diarréia, que apresente isolamento de V. cholerae nas
fezes e vômitos.
Critério Clínico epidemiológico
Em áreas sem evidência de circulação do V. Cholerae: qualquer indivíduo com 5 ou mais
anos de idade , proveniente de área com circulação de V. Cholerae, que apresente diarréia
aquosa aguda até o 10º dia de sua chegada. Esse caso será considerado importado para a
região onde foi atendido e será considerado autóctone para a região da qual procedeu;
3.3 Caso descartado:
Serão considerados descartados todos os casos que não se enquadrem nas definições de
confirmados.
OBSERVAÇÃO
Paciente adulto proveniente de área de circulação do V. Cholerae, com apenas um exame
laboratorial negativo para essa bactéria e sem isolamento de outro agente etiológico, não
descarta o caso, por se dever considerar a intermitência na eliminação do vibrião e a
possibilidade de ter ocorrido coleta e/ou transporte inadequado da amostra.
O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS/SES-RS), reforça a recomendação dos
seguintes procedimentos.
Coordenadorias Regionais de Saúde:
Recomendamos que a vigilância da cólera seja mantida, com as vigilâncias atentas e
sensibilizadas, distribuição de hipoclorito de sódio 2,5% às famílias sem acesso a água
tratada, estoque de Swab Cary Blair para coleta de amostras para coprocultura e pesquisa
do Vibrio cholerae no LACEN, reforço nos fluxos necessários de notificação, coleta e envio
de amostras e investigação dos casos suspeitos. Além de outras medidas integradas como
vigilância da qualidade da água para consumo humano, vigilância sanitária de alimentos,
atendimento e diagnóstico clinico precoce de casos suspeitos de cólera, tratamento das
doenças diarréicas águas (DDA) como preconizado pela OMS e estoque de soro de
reidratação oral.
• Para os municípios de fronteira, com portos ou aeroportos, recomendamos reforçar a
vigilância das diarréias mantendo a Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas (MDDA)
ativa e com análise semanal locais dos dados para identificar qualquer alteração no padrão
epidemiológico que possa representar um surto de DDA. Caso isso ocorra, garantir a coleta
de amostras clínicas para pesquisa de bactérias, vírus ou parasitos oportunistas que
possam causar DDA, no sentido de identificar precocemente um possível caso de cólera.
Profissionais da saúde:
•
Aumentar a atenção diante de quadros clínicos diarréicos e pesquisar detalhadamente o
histórico de viagens e contato com viajantes que se deslocaram entre o Brasil e as áreas
afetadas. Notificar imediatamente os casos suspeitos de cólera conforme Portaria 1271 de
06 de junho de 2014.
•
Viajantes entre o Brasil e áreas afetadas – cuidados gerais para evitar cólera e
outras doenças transmitidas por alimentos:
•
Orientar viajantes a beber água e gelo apenas de procedência conhecida, caso tenham
dúvidas, tratar a água com hipoclorito de sódio 2,5% (duas gotas de hipoclorito para cada
litro de água) ou ferver. Caso não seja possível, utilizar água mineral para ingestão e
higiene oral;
•
Não tomar banho/nadar em rios, lagos, praias ou piscinas com água contaminada;
•
Evitar o consumo de alimentos crus, mal cozidos/assado (saladas, ovos, carnes, dentre
outros), especialmente frutos do mar colhidos de áreas com esgoto;
•
Evitar comidas vendidas por ambulantes;
•
Comer alimentos bem cozidos e ainda quentes, evitando aqueles deixados a temperatura
ambiente por mais de 1:30 horas;
•
Reaquecer bem os alimentos cozidos que serão consumidos posteriormente ou
refrigerados antes de consumir;
•
Evitar o contato entre alimentos crus e cozidos
•
Escolher alimentos seguros, verificando prazo de validade, acondicionamento e suas
condições organolépticas, aparência, consistência, cheiro, dentre outros);
•
Evitar ingerir alimentos de procedência duvidosa e observar as informações contidas nos
rótulos dos alimentos;
•
Manter os alimentos fora do alcance de insetos, roedores e outros animais;
•
Lavar as mãos com freqüência e usar álcool gel;
•
Ao retornar ao Brasil devem ficar atentos durante 15 dias a qualquer sinal ou sintoma,
deverão informar detalhadamente ao médico assistente seu roteiro de viagem.
NOTIFICAÇÃO:
A ocorrência de casos suspeitos de cólera requer imediata notificação e investigação,
por ser potencialmente grave, se manifestar sobre a forma de surto, o que impõe a
adoção imediata das medidas de controle. Por se tratar de doença de notificação
internacional, os primeiros casos de uma área devem ser prontamente comunicados
por telefone, fax ou e-mail às autoridades sanitárias de níveis hierárquicos
superiores.
Contatos No CEVS:
Área técnica DVE : 51-39011165
Fax DVE : 51-39011054
Disque Vigilância: 150
E-mail: [email protected] e [email protected]
Maiores informações sobre a cólera, aspectos epidemiológicos, podem ser obtidos pelo site
do Ministério da saúde, por meio do link WWW.SAUDE.GOV.BR na área de “Glossário de
Doenças”
DVE/ CEVS/SES
Porto Alegre, 18 de junho de 2014.
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