GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA Secretaria da Saúde do Estado da Bahia Diretoria de Vigilância Epidemiológica NOTA TÉCNICA 01/2011 – CÓLERA I Situação Epidemiológica da Cólera: Em outubro de 2010 o Ministério da Saúde registrou aumento do número de casos de diarréia em algumas regiões do HAITI. Foi confirmada ocorrência de cólera por Vibrio Cholerae O 1 sorotipo OGAWA. Até janeiro de 2011, a OPAS/OMS confirmou o registro de 216.938 casos, com 4.120 óbitos no país. Além desta epidemia ocorrida no Haiti, a cólera é uma doença endêmica ou epidêmica em outros países da Ásia e África como Índia, Paquistão e Níger, entre outros. Segundo o Ministério da Saúde, na região das Américas, até janeiro de 2011 há registro de 263 casos confirmados na República Dominicana, e a ocorrência de 27 casos de Venezuelanos que viajaram a República Dominicana. O Brasil é área indene para cólera, os últimos casos autóctones ocorreram em 2005 em Pernambuco. Entretanto, segundo o CIEVES, em maio deste ano foi registrado o primeiro caso. O paciente residente do município de São Paulo tem histórico de viagem para a República Dominicana, e apresentou resultado de exame positivo para Vibrio Cholerae O1 Sorotipo Ogawa, mesmo circulante na República Dominicana e Haiti. Na Bahia os últimos registros de casos confirmados ocorreram em 2000. II Descrição: A Cólera é uma infecção intestinal aguda causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados com a bactéria Vibrio Cholerae. O mesmo tem um curto período de incubação e produz uma enterotoxina que causa diarréia aquosa indolor que pode levar rapidamente à desidratação grave e à morte se não for tratado. Vômitos também são muito freqüentes. A maioria das pessoas infectadas não fica doente, embora a bactéria esteja presente em suas fezes durante 7 a 14 dias. A cólera continua sendo uma ameaça global e é um dos principais indicadores de desenvolvimento social. Esta doença não representa ameaça para países com condições mínimas de higiene, mas continua sendo um desafio para os países onde o acesso à água potável e saneamento adequado não podem ser garantidos. Quase todos os países em desenvolvimento enfrentam ameaça de uma epidemia de cólera. Diretoria de Vigilância Epidemiológica Rua Metódio Coelho, nº 55. Cidadela. CEP: 40 729 120 Salvador – Bahia – Brasil. Tel.: 71-3116 0078 [email protected] III Medidas para prevenção de epidemia: Tendo em vista o risco da ocorrência da cólera no nosso país, devido à chegada de imigrantes para vários estados, e a existência de condições propícias à reintrodução do agente etiológico no nosso estado, recomendamos manter situação de alerta através da adoção de medidas oportunas de prevenção e controle da cólera: 1. Manter a vigilância das doenças diarréicas agudas (DDA), em alerta para casos suspeitos de cólera ou em pacientes provenientes de áreas afetadas pela cólera (Haiti e alguns países do continente africano) 2. Estabelecer e/ou reforçar fluxos para notificação imediata. (menos de 24 h após suspeita) 3. Investigação oportuna de todos os casos suspeitos em até 24h, e investigar detalhadamente histórico de viagens e contato com viajantes que se deslocaram do Brasil para áreas afetadas. 4. Investigar toda alteração do padrão epidemiológico das DDA, com pesquisa laboratorial de bactérias, vírus e parasitos, conforme estabelecido no capítulo de DDA do Guia de Vigilância Epidemiológica. 5. Manter as equipes de saúde atualizadas sobre o risco de ocorrência da doença, e capacitar para atendimento e diagnóstico clínico precoce de casos suspeito de cólera. 6. Manter as unidades de saúde com estoque de Swab Cary-Blair, necessário, para atender casos suspeitos com objetivo de diagnosticar laboratorialmente casos suspeitos, bem como solução de hidratação e antibióticos recomendados para tratamento eficaz específico para cepas de Vibrio cholerae circulantes no Haiti. 7. Em relação ao diagnóstico, garantir coleta de amostras clínicas (fezes ou vômito) de todos os casos suspeitos da doença, obedecendo aos procedimentos de coleta, conservação e tempo para envio ao laboratório. Recomenda-se coletar as fezes durante a fase aguda da doença e antes do início de uso de antibióticos. a. Fezes in natura: enviados ao laboratório imediatamente apos a coleta. Em temperatura ambiente, permanece viável por até 2h e sob refrigeração (4 a 8 graus) por até 05h. b. Swab retal ou fecal (meio de transporte Cary-Blair): deve ser enviado ao laboratório na temperatura ambiente em até 72h após a coleta ou em até 07 dias se mantido sob refrigeração (4 a 8 graus). 8. Divulgar o “Manual Integrado de Vigilância Epidemiológica da Cólera” às unidades de saúde, disponível no “ Glossário de Doenças” do site: www.saude.gov.br/svs. IV. Notificação de caso suspeito de cólera: Segundo Portaria Ministerial nº. 104, de 25 de janeiro de 2011, a cólera é uma doença de notificação imediata. Portanto a Secretaria Municipal ou Estadual de Saúde deve ser notificada em no máximo 24h, a partir da suspeita inicial, por um dos seguintes meios: Diretoria de Vigilância Epidemiológica Rua Metódio Coelho, nº 55. Cidadela. CEP: 40 729 120 Salvador – Bahia – Brasil. Tel.: 71-3116 0078 [email protected] a. Telefone: (71) 3116 0078: Área Técnica (71) 3116 0037/0018/ 08002842177/ 9994 1088 CEVESP-Coordenação de Emergências b. Internet: E-mail: notificação eletrônica [email protected] pelo e-mail: [email protected]/ V. Orientações aos viajantes entre o Brasil e áreas afetadas pela cólera: Cuidados gerais para prevenção de cólera • Lavar as mãos com freqüência principalmente antes do preparo e consumo de alimentos, e após urinar e defecar. • Evitar o consumo de alimentos crus, mal cozido/assados (saladas, ovos, carnes dentre outros) especialmente frutos do mar colhidos -em área de esgoto. • Ingerir alimentos ainda quentes evitando deixá-los à temperatura ambiente por mais de 2 horas. Em caso alimentos que não serão consumidos imediatamente refrigerá-los até 2hs após sua preparação e reaquecê-los bem antes de consumi-los. • Evitar contato de alimentos crus e cozidos. • Consumir preferencialmente água mineral e gelo apenas de procedência conhecida, em caso de dúvidas tratar água com hipoclorito de sódio 2,5% (duas gotas de hipoclorito para cada litro de água) ou ferver. • Evitar comidas vendidas por ambulantes, bem como ingerir alimentos de procedência duvidosa, ou de locais com condições sanitárias insatisfatórias. • Não tomar banhos/nadar em rios, lagos, praias, piscinas com água contaminada. • Ao retornar para o Brasil ficar atento durante 15 dias a presença de diarréia aquosa, e informar ao médico assistente seu roteiro de viagem. . GT-DOENÇAS DE VEICULAÇÃ0 HÍDRICA E ALIMENTAR DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Diretoria de Vigilância Epidemiológica Rua Metódio Coelho, nº 55. Cidadela. CEP: 40 729 120 Salvador – Bahia – Brasil. Tel.: 71-3116 0078 [email protected]