MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE Isolamento de V. Cholerae em amostras ambientais em municípios de Pernambuco A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde - SVS-MS foi notificada pela Secretaria de Estado da Saúde de Pernambuco - SES-PE, sobre o isolamento de V cholerae O1 – Inaba em amostras ambientais de quatro municípios desse Estado. Como atividade da rotina de vigilância ambiental, têm sido coletadas regularmente amostras ambientais, por meio de mechas (swab de Moore) colocadas em pontos estratégicos dos principais rios, para análise e eventual detecção de agentes patogênicos, com o objetivo de monitorar a circulação de V. cholerae no ambiente. Este agente pode causar casos ou surto de cólera, quando apresentar toxigenicidade e houver exposição da população ao consumo de água ou alimentos contaminados. A sua presença no meio ambiente, indica a necessidade de busca de casos com diarréia, visando detectar eventual ocorrência de casos de cólera. No Estado de Pernambuco, foi isolado V.cholerae sorogrupo O1 sorotipo Inaba em quatro mechas colocadas nas bacias dos Rios Una e Ipojuca, nas imediações dos municípios de Sanharó, Belo Jardim, Palmares e Ipojuca (Mapa I). A mecha colocada no manancial do Rio Ipojuca, na localidade do Engenho Maranhão apresentou toxigenicidade positiva. Nas demais o V.cholerae isolado não apresentou toxigenicidade. No município de Ipojuca tem sido desenvolvida uma investigação epidemiológica, com busca ativa de casos e coleta de amostras fecais em pessoas sem sintomas, e não foi detectada a ocorrência de surto de diarréia. Mapa I Localização dos municípios do Estado de Pernambuco, com positividade para Vibrio cholerae O1 Inaba Belo Jardim Sanharó Ipojuca Palmares Toxigenicidade negativa Toxigenicidade positiva No município de Limoeiro, no inicio de dezembro, foi registrado um surto de doença diarréica aguda, possivelmente relacionado ao consumo de alimento, que acometeu oito pessoas durante um evento. Destas, foram coletadas amostras fecais de cinco, sendo que em três delas foi identificado Vibrio cholerae não O1 não toxigênico. A infecção pelo V. cholerae não 01, classicamente não é considerado cólera, entretanto, deve-se manter um monitoramento de amostras ambientais e vigilância ativa de casos de doença diarréica aguda, considerando que, poderia haver modificação deste agente, adquirindo toxigenicidade, o que no momento não se caracteriza. Nesse município tem havido coleta semanal de amostras ambientais, em pontos estratégicos do rio Capibaribe, sendo todas negativas. Diante deste quadro, torna-se fundamental a manutenção das atividades de vigilância epidemiológica e ambiental nestes municípios, bem como a necessidade de que os demais estados também adotem ou intensifiquem as estratégias que já são preconizadas para a manutenção da eliminação da cólera em nosso país. Cabe lembrar que os últimos casos confirmados de cólera no Brasil, ocorreram em 2005 com cinco casos positivos para Vibrio cholerae O1 Ogawa, toxigênico, tendo ocorrido no estado de Pernambuco, sendo quatro do município de São Bento do Una e um do Recife. Atividades realizadas pela SES-PE, SMS de Ipojuca e SVS/MS Deslocamento de equipe de técnicos da SVS-MS para o estado para em conjunto com a SES-PE apoiar as atividades de prevenção do agravo; Realização de busca retrospectiva de casos de diarréia aguda em prontuários; Intensificação da colocação de mechas e ampliação dos locais de análise em ambos os rios ; Estabelecimento da vigilância de todas as DDA nas cidades citadas e acompanhamento das MDDA e todos os surtos de DDA em todos os municípios de estado; Realização de busca ativa de casos de diarréia nas localidades próximas a positividade do agente etiológico, com participação de agentes comunitários de saúde; Coleta de amostras de fezes com swab retal ou fecal para isolamento do microrganismo de todos os casos de diarréia atendidos nos Hospitais de Belo Jardim, Sanharó, Palmares e em Ipojuca; Intensificação das atividades educativas, informativas e comunicativas, visando sensibilizar a população quanto aos cuidados relacionados à água de consumo humano e ao aparecimento de diarréia; Disponibilização de 400.000 frascos de Hipoclorito de sódio a 2,5% para distribuição à população sem abastecimento de água para consumo humano; Avaliação contínua das atividades de prevenção da cólera nos municípios de Ipojuca, Palmares, Sanharó e Belo Jardim. Realização pelo LACEN de Pernambuco do processamento de todos swabs colhidos, garantindo-se insumos. Análise genética comparativa de espécimes de V.Cholerae encontrados nas distintas mechas, para verificar se trata-se de um único clone ou se há clones distintos no ambiente. Preparação dos serviços de Saúde dos municípios próximos aos pontos onde se registrou a positividade em ambiente, com insumos que podem ser necessários em situação de surto. Recomendações para os demais estados Intensificação do monitoramento das Doenças de Doença Aguda (MDDA); Investigação dos de surtos de Doença Diarréica Aguda (DDA); Notificação imediata de eventual detecção de V. cholerae em amostras ambientais e caso suspeito de cólera, para as secretarias municipais, estaduais e SVS/MS ([email protected]); Sensibilização dos serviços de saúde para detecção de qualquer mudança no comportamento das DDA; Orientação às equipes da assistência (profissionais de saúde das unidades de saúde) para o manejo adequado das diarréias agudas; Distribuição de Hipoclorito de sódio a 2,5%, pelos Agentes Comunitários de saúde nas localidades sem abastecimento de água adequada ao consumo humano; Distribuição de material educativo para os serviços/informativo (folderes e cartazes); Divulgação das informações para os municípios.