ESTRUTURA E ADMINISTRAÇÃO DE PROCESSOS Unidade II 2 AS ORGANIZAÇÕES 2.1 Crescimento e desenvolvimento organizacional Pequenas organizações bem-sucedidas tendem a crescer. Este crescimento pode trazer consigo uma maior burocratização e redução na flexibilidade. A experiência tem demonstrado que a sobrevivência, contin uidade do sucesso e do crescimento 5 dependem do quanto a organização consegue beneficiar-se das vantagens do tamanho mesclando alguns de seus pontos fortes da época em que era pequena. No processo de crescer e desenvolver, a organização passa, normalmente, por diferentes tipos de crises. Segundo Greiner (apud Harrington, 1993) para uma empresa 10 industrial, há 5 fases, conforme mostra a próxima figura. Fase 1. Criatividade: • os proprietários da empresa são geralmente muito orientados para a tecnologia e para o mercado, mas pouco orientados para a atividade gerencial; 15 • a comunicação entre os colaboradores e a direção é frequente e informal; • o trabalho é intenso, e a remuneração baseia-se na promessa de participação nos resultados futuros da empresa; 20 • o controle do negócio é feito com base na aceitação do cliente ao produto. 23 Unidade II Fase 2. Direção: • utilização de uma departamentalização departamental/ funcional, separando as atividades de produção das de marketing. Os cargos tornam-se mais especializados; 5 • sistemas de custos para compras e controle de estoques são implantados; • sistemas de incentivos e orçamentos são adotados; • comunicação torna-se mais formal à medida que aumenta o número de níveis hierárquicos e cargos de chefia; 10 • o controle é efetuado pelo gerente geral e seus subordinados diretos. Os níveis abaixo tomam pouca decisão. Fase 3. Delegação e descentralização: 15 • maior responsabilidade e autoridade são delegadas aos gerentes de níveis hierárquicos mais baixos; • centros de lucro e prêmios são utilizados para estimular os colaboradores; • a direção limita-se a gerenciar por exceção, baseando-se em relatórios periódicos do negócio; 20 • a direção concentra seus esforços em novos negócios. Fase 4. Coordenação: • integração das unidades organizacionais em grupos de produtos; 25 • estabelecimento planejamento; de procedimentos formais de • assessorias de planejamento e controle constituídas a níveis da direção; 24 ESTRUTURA E ADMINISTRAÇÃO DE PROCESSOS • investimentos de capital, cuidadosamente alocados aos vários grupos de produtos, tendo como um dos critérios básicos o retorno sobre o investimento; 5 • centralização de certas funções como relações públicas e setor jurídico. Fase 5. Colaboração: • comportamento mais livre e flexível com autodisciplina; 10 • problemas solucionados por equipes formadas por elementos das várias áreas da empresa — grupos de melhoria; • a estrutura matricial/inovadora é utilizada com frequência; • assessores da direção são reduzidos em número e passam a ter um papel mais consultivo em vez de diretivo; 15 • sistemas formais simplificados; • reuniões da direção acontecem com mais frequência; • programas de treinamento aos gerentes com foco em técnicas comportamentais; • encorajada a experimentação de novos procedimentos. 25 Unidade II 2.2 Avaliação e adequação das estruturas organizacionais Com vistas no delineamento da estrutura organizacional, Vasconcellos (1972, p. 145) apresenta os seus componentes, condicionantes e níveis de influência que podem ser assim resumidos: 5 Componentes da estrutura organizacional: • sistema de responsabilidade, constituído por: departamentalização; linha, assessoria e especialização do trabalho; 10 • sistema de autoridade, constituído por: amplitude administrativa e níveis hierárquicos; delegação e descentralização/centralização; • sistemas de comunicações (resultado da interação entre unidades organizacionais e o mercado), constituído por: o que, como, quando, de quem e para quem comunicar; 15 • sistema de decisão: resultado da ação sobre as informações. Condicionantes da estrutura organizacional: • objetivos e estratégias; • ambiente físico; 20 • tecnologia; • recursos humanos. Níveis de influência da estrutura organizacional: • estratégico; • gerencial/tático; 25 26 • operacional. ESTRUTURA E ADMINISTRAÇÃO DE PROCESSOS 2.2.1 Considerações básicas sobre componentes, condicionantes e níveis de influência da estrutura organizacional A. Componentes • Sistema de responsabilidade Responsabilidade refere-se à obrigação que uma pessoa tem de fazer alguma coisa p ara outrem (Jucius; Schhelender apud Litterer, 5 1970, p. 232). Refere-se, ainda, à alocação das atividades inerentes a esta obrigação (Vasconcellos, 1972, p. 154). Responsabilidade tem a ver com as atribuições do cargo/função ou o que deve ser executado pelos colaboradores no seu dia a dia. • Sistema de autoridade 10 Autoridade é o direito para fazer alguma coisa. Ela pode ser o direito de tomar decisões, de dar ordens e requerer obediência, ou simplesmente o direito de desempenhar um trabalho que foi designado. A autoridade pode ser formal ou informal (Koontz; O’Donnell, 1973, p.48). MAIS ALTO AMPLITUDE DE AUTORIDADE LIMITES DE AUTORIDADE NÍVEL HIERÁRQUICO MAIS BAIXO 15 Teorias básicas sobre a origem da autoridade (apresentadas por Koontz e O’Donnell, 1973, p. 48). Teoria formal da autoridade → a origem da autoridade na empresa deve obedecer a uma hierarquia, a empresa 27 Unidade II se baseia nas instituições (sociais, políticas, econômicas, religiosas) para estabelecer suas normas internas. Essas instituições mudam à medida que os costumes, tradições e leis do povo mudam. 5 Teoria da aceitação da autoridade → a origem da autoridade é a aceitação das ordens, desde que sejam compreendidas e estejam dentro das funções do subordinado. É uma teoria discutível, porque na prática o subordinado, pressionado pelo grupo, acabará obedecendo à ordem. 10 Teoria da competência → a autoridade pode provir de qualidades pessoais de competência técnica. Dentro do grupo de subordinados pode existir um que se sobressaia e acaba transformando os outros em subordinados, apensar de não possuir a autoridade devida para tanto. 15 Devem-se considerar os tipos de autoridade, a saber: hierárquica e funcional. A hierárquica segue as linhas de comando estabelecidas pela estrutura hierárquica da empresa, normalmente representada pelo organograma funcional. A autoridade funcional corresponde à autoridade 20 estabelecida pela função exercida pelas unidades organizacionais. Autoridade funcional deve ser muito bem estabelecida pela empresa, para evitar possíveis problemas de duplicidade de comando. O ideal é a autoridade funcional estar correlacionada apenas ao estabelecimento de políticas 25 administrativas. Aspectos básicos do sistema de autoridade são: a. delegação; b. centralização e descentralização; c. níveis hierárquicos; 30 28 d. amplitude de controle. ESTRUTURA E ADMINISTRAÇÃO DE PROCESSOS • Sistema de comunicações A comunicação é um processo por meio do qual uma mensagem é enviada por um emissor, por intermédio de um determinado canal, e entendida por um receptor (Vasconcellos, 5 1972, p. 10). No sistema de comunicações deve ser considerado: • o que/como/quando deve ser comunicado? • de quem deve vir a informação? • para quem deve ir a informação? 10 • por que deve ser comunicado? • quanto deve ser comunicado? Na transmissão da informação deve-ser considerar a interferência denominada ruído ou distorção, que compreende qualquer coisa que se mova no canal que não 15 sejam os sinais ou mensagens reais desejados pelo emissor. Alguns aspectos básicos do sistema de comunicações nas empresas são: 20 - Esquemas de comunicação: formal (estruturado, planejado, facilitado e controlado) e informal (surge espontaneamente na empresa, em reação às necessidades de seus membros). A direção da empresa pode aumentar ou diminuir a comunicação informal, com o uso de determinados artifícios, entre os quais: alteração de arranjo físico; utilização de 25 pequenas salas de reunião ou de café; alteração da estrutura organizacional e prática de competições esportivas. - Sentidos (fluxos) da comunicação 29 Unidade II As comunicações podem acontecer via os seguintes sentidos: • horizontal: realizado entre funções diferentes, mas do mesmo nível hierárquico; 5 • diagonal ou transversal, realizado entre funções e níveis hierárquicos diferentes; • vertical, realizado entre níveis hierárquicos diferentes, mas da mesma área/departamento. - Custo da comunicação No estudo das comunicações entre pessoas ou unidades organizacionais, deve-se levar em consideração o aspecto custo para a empresa, pois a análise da transmissão das informações mostra que ela é muito mais custosa do que se poderia pensar, não tanto devido às despesas de apoio 15 necessárias, mas principalmente em função do tempo que ela absorve e das demoras que acarreta (Litterer, 1970, p. 82). 10 Lei de N. C. Parkison: todo trabalho se dilata de maneira a ocupar todo o tempo disponível. 20 O que Parkinson considerou causas do aumento de custos na estrutura organizacional (Lodi, 1972, p. 51): • demasiado número de níveis hierárquicos envolvidos na supervisão de atividades correntes a curto prazo; 25 • demasiado número de estágios na elaboração das decisões; • existência de grandes serviços funcionais ou de assessoria; 30 ESTRUTURA E ADMINISTRAÇÃO DE PROCESSOS • complexidade da estrutura, responsablidades diluídas, comissões de coordenação etc.; • unidades organizacionais sem objetivos mensuráveis, função vaga e qualitativa, chefia sem agressividade; 5 • unidades organizacionais sem meios completos e autônomos para atingirem seus objetivos; • unidades organizacionais que trabalham abaixo da dimensão necessária. B. Condicionantes da estrutura organizacional 10 • Fator humano Fayol (1976, p. 27) afirma que são necessárias determinadas qualidades humanas cuja importância aumenta à medida que a pessoa sobe na hierarquia. Ele considera as seguintes capacidades: técnica/operacional, 15 de comando, administrativa (gerencial), de cooperação e de integração. • Fator ambiente externo Análise do processo de relacionamento entre a empresa e seu ambiente. 20 • Fator sistema de objetivos e estratégias Objetivo → é o alvo ou situação que se pretende atingir. Estratégia → é a definição do caminho mais adequado para alcançar o objetivo. Objetivos e estratégias devem ser bem definidos 25 e claros, divulgados a todos. Desta forma é mais fácil 31 Unidade II operacionalizar o negócio, pois se sabe o que esperar de cada membro do grupo que compõe a empresa. • Fator tecnológico Vasconcellos (1972, p. 7) considera o fator tecnológico 5 o conjunto de conhecimentos que são utilizados para operacionalizar as atividades na empresa a fim de que seus objetivos possam ser alcançados. Como pode-se observar não se consideram apenas máquinas e equipamentos neste fator. 10 C. Níveis de influência da estrutura organizacional No desenvolvimento de uma estrutura organizacional, têmse os seguintes níveis de influência: • nível estratégico ou diretivo; • nível tático ou gerencial; 15 • nível operacional. Esses níveis de influência estão relacionados aos tipos de planejamento, que podem ser visualizados numa “pirâmide empresarial”: nível estratégico nível tático nível operacional planejamento estratégico planejamento tático planejamento operacional O planejamento estratégico pode ser conceituado 20 como um processo gerencial que possibilita ao executivo 32 ESTRUTURA E ADMINISTRAÇÃO DE PROCESSOS estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa com vistas a obter um nível de otimização na relação da empresa com seu ambiente. O nível estratégico de influência considera a estrutura organizacional de toda a empresa e a melhor 5 interação desta com o ambiente. Exemplo: aumentar a participação de mercado. O planejamento tático tem por finalidade otimizar determinada área de resultado e não a empresa como um todo. Exemplo: segmentar o mercado e verificar o que caracteriza 10 cada um. O planejamento operacional pode ser considerado a formalização, principalmente através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implementação estabelecidas. O planejamento operacional 15 cria condições para a adequada realização dos trabalhos diários da empresa. Uma das principais finalidades é criar ações específicas para melhor explorar cada segmento de mercado. Exemplo: 20 1. Uma pessoa estrategicamente decide melhorar a sua qualidade de vida. 2. Taticamente, um dos pontos a serem atacados é a perda de peso (diâmetro abdominal). 25 3. Operacionalmente decide ingerir até 2000 calorias/dia e caminhar 5 km por dia. Tão importante como definir a estratégia é acompanhar seus resultados, para que se possa avaliar a correção de sua execução. Para isso deve-se definir os indicadores (medidores) e instrumentos de medição. 33 Unidade II No exemplo anteriormente mencionado, devem-se medir as calorias ingeridas, a distância percorrida e o peso. 34