Área: CV (X) CHSA ( ) ECET ( ) ESTUDO MORFOFUNCIONAL DAS MICRO-NANOESFERAS DE PLGA CONTENDO BSA ENCAPSULADA: ESTABILIDADE, LIBERAÇÃO E DEGRADAÇÃO PÓS-PROCESSAMENTO Antônio Carlos Melo Lima Filho (IC-PIBIC/UFPI), e Reginaldo Almeida da Trindade (Prof. Adjunto de Biomedicina). Introdução Em países desenvolvidos, cerca de 20% da população sofre em decorrência de reações de hipersensibilidade do tipo I. O único tratamento que previne novas reações mediadas por imunoglobulina do tipo E (IgE) é a SIT (Imunoterapia Alérgeno-Especifico), que consiste da administração repetida de alérgenos específicos à pacientes com condições sistêmicas mediadas por IgE específico (STEEN et al., 2005). Neste sentido, propõe-se estudar as microesferas de PLGA (poliéster de ácido láctico-coglicólico) aplicando-as na modulação da resposta imunológica (mudança da resposta pela via Th2 para a Th1), visto que estes sistemas constituem uma importante ferramenta para a entrega de proteínas antigênicas. Diferentemente das formas de convencionais de administração de fármacos, estes sistemas tem como objetivo promover a liberação progressiva da droga, e com isso, diminuir significativamente a toxicidade, possibilitando maior tempo na circulação e uma administração segura e conveniente (redução do número de doses) (SCHAFFAZICK, 2003). Para a encapsulação de proteínas terapêuticas, geralmente são utilizados polímeros biodegradáveis (SANTOS, 2007), sendo o PLGA (poliéster de ácido láctico-co-glicólico) o polímero sintético mais estudado (TALUJA, 2007; SILVA, 2003). Dentre os métodos para formação de microesferas de PLGA (PLGA-MS), o método da dupla emulsão (W1/O/W2) com evaporação/extração do solvente orgânico é um dos mais utilizados. Neste contexto, o presente trabalho teve como finalidade realizar estudos estruturais e funcionais através do uso de ferramentas bioquímicas, biofísicas e biológicas objetivando avaliar a viabilidade da microencapsulação da albumina de soro bovino – BSA – (modelo de peptídeo terapêutico) em sistemas poliméricos de liberação controlada (RIEUX, 2006; ROSAS, 2007). Materiais E Métodos Processo de encapsulação: Para a preparação das microesferas brancas, dissolveu-se 200 mg de PLGA em 2 ml de CH2Cl2 (Dicloro-metano), sob forte agitação, adicionando-se 125 µl de PBS (tampão fosfato-salino). A mistura foi emulsificada no ULTRATURRAX®, a 24000 rpm durante 2 minutos, acrescentando-se 10 ml de solução de PVA – poli(vinil álcool). Com o agitador HEIDOLPH, foi evaporado o solvente a 1000 rpm, durante 3 horas em temperatura ambiente. Foram feitas 3 lavagens com água. Em seguida, ressuspendeu-se as microesferas em 1 ml de solução PVA a 1%. Por fim, foi feita a liofilização, durante 24 horas, e estoque à -20° C até a hora do uso. As microesferas com proteína foram preparadas como o descrito anteriormente, modificando-se, então, Área: CV (X) CHSA ( ) ECET ( ) pela adição de 5 mg proteína (ovalbumina - OVA), com azida sódica a 0,2% (substância preservante), juntamente com 125 µl do tampão de uso (PBS). Eficiencia da encapsulação: Foi feita a análise da eficiencia, através da adição de 10 mg de microesfera vazia e com OVA em 0,2 ml de acetonitrila, incubando-se por 15 minutos no ultrassom. Em seguida, adicionou-se 1 ml de PBS, centrifugação e leitura da absorbância a 280 nm. Análise do perfil de liberação: A observação dos valores de proteína liberada pelas microesferas de PLGA foram realizadas ao longo 10 dias. Dissolveu-se 10 mg de microesfera vazia e com proteína em 1 ml de PBS de pH 7.2. Diariamente, foi feita a dosagem das proteínas (leitura a 280 nm). Resultados e Discussão A solução com ovalbumina foi solubilizada em PBS contendo azida sódica como preservante. A figura 1 mostra o espectro de absortividade da ovalbumina preparada a 1 mg/ml em PBS, da azida sódica em solução a 0,2% e da solução de OVA em azida sódica a 0,2%. a) b) c) Figura 1 – a) Espectro da ovalbumina, (b) da azida e (c) da proteína com 0,2% de azida de 190 a 350 nm. Foi possível observar que a adição da Azida não alterou o perfil de absortividade da proteína, podendo este parâmetro ser utilizado como um método quantificador de proteínas. O perfil de degradação apresentou-se satisfatório, sendo encontrado 116 mg de proteína em 10 mg de PLGA-MS, representando uma eficiência de 93%, fato que condiz com a dosagem de proteína não encapsulada, obtida nas lavagens (603 mg). No perfil de degradação in vitro das microesferas contendo ovalbumina (figura 2), observou-se que ocorreu liberação de 18 mg (3.82%) no segundo dia, ocorrendo um “burst” no quarto dia, 264 mg (56.05%), estabilizando-se a partir do Concentração (mg/ml) sexto dia em 470 mg (100%). 470 394 500 400 470 470 470 470 263 300 200 100 0 18 18 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Dias Figura 2 – Perfil de degradação in vitro da ovalbumina ao longo de 10 dias. Área: CV (X) CHSA ( ) ECET ( ) Conclusão A eficiência de encapsulação apresentou-se dentro do esperado, uma que cerca de 93% da proteína foi encapsulada, constatado através da presença de 116 mg de proteína em 10 mg de MSPLGA. O perfil de liberação alcançou o máximo no sexto dia, totalizando 470 mg de proteína liberada. Apoio: CNPq, CAPES, FAPEPI Referências bibliográficas NAMUR et al. Poly-lactide-co-glycolide Microparticle Sizes: A Rational Factorial Design And Surface Response Analysis. J Nanosci Nanotechnol, 6(8):2043-2047, 2006. RIEUX, Anne dês et al. Nanoparticles as potencial oral delivery systems of proteins and vaccines: a mechanistic approach. ScienceDirect, Journal of Controlled Release, 116, 2006. ROSAS, Javier E. et al. Microesferas de PLGA: um sistema para la liberación controlada de moléculas com actividad inmunogénica. Revista Colomb. Ciência, Química e Farmácia. Volume 36 (2), 134-153, 2007. SCHAFFAZICK, Scheila Rezende et al. Caracterização e estabilidade físico química de sistemas poliméricos: Nanoparticulados para administração de fármacos. Química Nova, Volume 26, Nº5, página 726-737, 2003. SILVA, Catarina et al. Administração oral de peptídeos e proteínas:III. Aplicação de métodos de microencapsulação. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. Volume 39, Nº1, 2003. STEEN et al.. Insect reactions to bees, wasps and ants. Int J Dermatol, 44: 91-94. 2004. TALUJA, Ajay et al. Novel approaches in microparticulate PLGA delivery systems encapsulating proteins. Journal of Materials Chemistry, 17, 4002-4014, 2007. TRINDADE, Reginaldo Almeida da. Encapsulação das proteínas do veneno de abelha em microesferas de PLGA (Poliéster de Ácido Láctico-Co-Glicólico) para imunoterapia. 2010. Palavras-chave: Encapsulação. Alergia. Imunoterapia.