Junho de 2013 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL se debate! É uma ditadura total! E não se debate nem um outro mecanismo de combate à inflação. Se é verdade que o problema é o excesso de demanda agregada no conjunto da sociedade, que causa inflação – e o problema não é só esse –, se é verdade que o problema é só esse, qualquer manual básico de macroeconomia indica que existem outros remédios além da taxa básica de juros. Não é a taxa básica de juros o único e não é sequer o principal remédio. O depósito compulsório sequer é levantado como mecanismo para inibir a inflação; por quê? Porque, quando se fala do depósito compulsório, quando se fala em inibir os lucros do mercado financeiro, os lucros em demasia dos bancos privados no Brasil, há uma grita geral. Qualquer política econômica que levanta essa possibilidade é taxada de bolivariana, de castrista. Enfim, qualquer tentativa de inibir os lucros cada vez mais crescentes do mercado financeiro, qualquer tentativa de inibir o lucro cada vez mais crescente dos bancos privados é taxado como estatização. É uma ditadura do pensamento único, do pensamento único baseado na idolatria a um deus, que é o deus do mercado, que tem como principal altar de adoração a taxa básica de juros da economia. É uma adoração permanente ao aumento da taxa básica de juros da economia. Sr. Presidente, eu fiquei animadíssimo quando vi, alguns meses atrás, a manifestação da Presidente da República na televisão, falando da necessidade da redução dos lucros dos bancos privados. A Presidente ofereceu uma grande contribuição à sociedade brasileira naquele momento, quando orientou o Presidente do Banco Central. E tem que orientar mesmo! Não existe isso de que o Banco Central tem essa propalada autonomia. A propalada autonomia fere a soberania nacional, fere o sentimento de pátria que temos. A autonomia do Banco Central é a autonomia do Estado brasileiro, que é submetido à sociedade brasileira. Quando a Presidente da República orientou o Presidente do Banco Central que iniciasse uma trajetória da queda Selic a partir de agosto de 2011, nós fomos os primeiros a aplaudir, e eu gostaria de continuar aplaudindo isso. A pior bolsa que temos hoje é uma bolsa para o capital financeiro que favorece 200 famílias. Essa é uma bolsa que não é para os pobres, é uma bolsa que não é para a grande maioria da sociedade brasileira. Essa é uma bolsa para alguns que lucram bilhões de reais toda vez que há um reajuste de 0,25%, como esse último da taxa básica de juros da economia nacional. Existem outros caminhos. Existem outros remédios. Existem outros caminhos a percorrer que não Terça-feira 04 32441 seja esse caminho do pensamento único do aumento da taxa básica de juros. Para concluir, Sr. Presidente, repito: o ciclo que vi anunciado nos jornais do final de semana é um ciclo que me amedronta. É o caminho da Europa. É o caminho da crise recessiva europeia. Ou seja, crescimento das famílias estagnado, baixo crescimento do Produto Interno Bruto. Nós estamos com o menor crescimento do PIB dos últimos dez anos nesse período e, em decorrência disso, em vez dos investimentos do Estado brasileiro, em vez da redução da taxa básica de juros para incentivar o consumo, que é o caminho a percorrer, em vez de utilizarmos caminhos alternativos para inibir a inflação, como o depósito compulsório, opta-se pelo aumento da taxa Selic, endividando ainda mais as famílias brasileiras. Esse é um caminho perigoso. Não me parece ser o caminho mais adequado para o Brasil. O caminho mais adequado para o Brasil é restaurar os pronunciamentos da Presidente da República desde agosto de 2011, no sentido de orientar a redução dos lucros exorbitantes do mercado financeiro dos bancos e no sentido de, além de rebaixar os lucros exorbitantes do mercado financeiros dos bancos, iniciarmos um ciclo virtuoso de redução das taxa Selic, de redução dos juros básicos da economia brasileira. Parece-me ser esse o melhor caminho a ser seguido para nós construirmos um projeto de desenvolvimento fundamentalmente nacional, e não pautado pelos interesses da taxa de juros e daqueles que ganham, mas pautado concretamente pelos interesses do Brasil. Obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/ PT – SP) – Senador Randolfe Rodrigues, espero que a Presidenta Dilma... Tenha certeza V. Exª que a Presidenta Dilma tem o propósito de efetivamente conseguir o melhor crescimento possível e também conter a inflação. Permita-me: acho que V. Exª uma hora mencionou o contraste entre os 200 banqueiros e os que recebem o Bolsa Família. Chegou a mencionar 200 milhões, mas, na verdade, são 13,9 milhões de famílias que hoje são beneficiárias do Programa Bolsa Família, o que corresponde a mais de um quarto dos 194 milhões de brasileiros. O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/ PT – SP) – A Presidência designa: – como membros titulares, os Deputados Eliene Lima e Roberto Santiago, em substituição aos Deputados Eduardo Sciarra e Eleuses Paiva; e, como membros suplentes, os Deputados Geraldo Thadeu e Hélio Santos, em substituição aos Deputados Guilherme Campos e Heuler Cruvinel, para integrar a Comissão