Sr. Presidente, nobres Deputados, a análise que vemos nos meios de comunicação, em relação ao aumento da taxa de juros para 16.25%, suscita algumas questões que gostaria de compartilhar com meus colegas deputados. Os técnicos da equipe econômica do governo, alegam a necessidade do aumento da taxa selic para conter a pressão inflacionaria. Por outro lado, alguns analistas afirmam que não haveria a necessidade desta alta, que a inflação esta sob controle e que esta pressão e passageira e só reflete o aumento de custos. Temos consciência que o aumento de juros prejudica o crescimento industrial, mas uma inflação descontrolada, poria em risco todo o processo de recuperação econômica que nosso pais esta atravessando. O aumento de juros para controlar a inflação leva em conta o pressuposto de que contendo a atividade econômica pode-se conter a inflação. À parte com este discurso oficial, que legitima a política de juros praticada pelo BC através do sistema de metas de inflação, uma outra lógica pode existir: a da paridade coberta de juros, onde a taxa de juros interna deve remunerar o investidor de acordo com o mercado internacional, isto é, levar em conta o risco país, a taxa básica do FED e o risco de desvalorização cambial. Pois bem, a segunda lógica é aquela que diz respeito a uma economia que necessita internalizar recursos para cobrir necessidades de financiamento externo. Portanto, para ocorrer uma redução nos juros temos três possibilidades : redução do juro básico do FED, redução na expectativa de desvalorização ou redução do risco país. Este último principalmente está associado a solidez institucional e econômica do país. Dentre os itens avaliados na solidez econômica de uma economia está o resultado consolidado do setor público. Assim, uma carga maior de juros da dívida ou um aumento das despesas operacionais do governo trazem consigo uma automática análise de solidez do resultado fiscal para o futuro. Entretanto, um aumento dos juros provoca uma carga maior sobre a dívida, assim entramos num dilema : quanto maior os juros, maior a carga sobre a dívida pública, então maior a dúvida quanto a sustentabilidade das contas fiscais e desse modo maior o risco país. Com o risco país crescendo, a necessidade de juros maiores cresce. Uma política de juros altos para retomar credibilidade esbarra num círculo vicioso : maior juros, maior encargo sobre a dívida pública e dessa forma leva a maiores dúvidas sobre a sustentabilidade fiscal. Por fim, isto levaria a uma maior desconfiança dos mercados e um conseqüente aumento do risco país, que pressionaria a taxa de juros interna. A lógica da política de juros, seja ela anti inflacionária, neste caso predominam os preços administrados na variação dos índices - ou direcionada para atração de recursos, encontra-se em xeque. Obrigado Sr. Presidente -Dep. Jurandir Bóia – PSB/ALAGOAS