PRONUNCIAMENTO (Do Sr. Dr. Hélio ) Pronunciamento sobre a manutenção da taxa de juros básica da economia – SELIC - em 16,5%. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Para a decepção da sociedade brasileira, o “espetáculo de crescimento” prometido pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que ser adiado mais uma vez. A sinalização para esse direcionamento foi dada ontem pelo Banco Central, ao manter a taxa SELIC em 16,5% ao ano. Como sabemos, a SELIC ou juro básico da economia, é a taxa que baliza todas as outras taxas de juros do mercado, como a do cheque especial, do crediário, dos cartões de crédito e, principalmente, do financiamento direcionado ao investimento produtivo. A sua redução gradual e permanente, como vinha ocorrendo, estava criando as condições para reverter o desaquecimento da economia, 2 além de contribuir para a diminuição da vulnerabilidade das contas públicas, já que uma parte da dívida brasileira tem o pagamento de juros atrelado a essa taxa - calcula-se que a sua redução em 0,5 ponto percentual geraria uma economia para o governo de R$ 1,3 bilhão. Entretanto, Senhoras e Senhores Deputados, o Conselho de Política Monetária, o COPOM, conserva a sua política ortodoxa ao se fixar em uma única variável - a taxa de inflação - e ignora, assim, variáveis econômicas cruciais, como a taxa de desemprego (13% - 2003 - IBGE), a queda do poder aquisitivo do trabalhador (14% - 2002/2003 -IBGE), e o contigente de pobres no País (53 milhões – 2002 - IPEA). O Banco Central do Brasil pode não ter autonomia para eleger a sua própria diretoria, mas tem total liberdade para continuar empobrecendo a sociedade brasileira e destruir qualquer perspectiva de recuperação econômica. Neste sentido, aproveito este momento para fazer uma apelo à sensibilidade do Presidente da República e do Ministro da Fazenda: não permitam que a análise racional dos números, realizada pelos técnicos do Banco Central, oculte a cruel realidade da sociedade brasileira. Muito Obrigado.