Boletim SBI: ano II - nº 06 - Sociedade Brasileira de Infectologia

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sbi
Boletim de informação e atualização da Sociedade Brasileira de Infectologia – Ano II – Nº 6 – Abril/Maio/Junho de 2004
EDITORIAL
NESTA EDIÇÃO
Os avanços da Infectologia e a
busca de um mundo melhor
J
ulgamos ser bastante positivo
e promissor o balanço dos primeiros seis meses de gestão da
atual Diretoria da SBI. Com o trabalho de equipe e o apoio de colaboradores estamos conseguindo
inúmeros avanços em prol da Infectologia e da melhoria dos serviços
prestados aos associados.
Às novas oportunidades para
obtenção do título de especialista,
soma-se a mudança da SBI para
nova sede e a reformulação do estatuto social, ainda em curso. Como
prioridades de curto prazo, elegemos a produção de conhecimentos
e a difusão de informações. A criação dos comitês científicos em diversas frentes, reunindo colegas
renomados, dará sustentabilidade
ao nosso programa de educação
continuada. Já a modernização do
site na Internet, a ser lançado durante o Congresso Paulista de
Infectologia, compreenderá uma
revisão de conteúdo e um novo
design, tornando-o ágil e prático,
transformando-o em um verdadeiro Portal, com todas as suas
potencialidades.
O II Fórum Nacional de AIDS, em
novembro deste ano, uma realização
conjunta da SBI e do corpo científico
do Jornal Brasileiro de Aids, é outro
exemplo do quanto iremos investir
em espaços de capacitação permanente dos infectologistas.
No cenário internacional, a SBI
esteve presente na Conferência de
Aids de Bangcoc, em julho, oportunidade que tivemos de compartilhar
os últimos avanços médicos e científicos e também de nos engajarmos
na meta global de conter o desenfreado avanço da epidemia e garantir tratamentos para os 38 milhões
de infectados dos países pobres,
onde morrem 8.000 pessoas diariamente por causa da Aids. A aspiração do objetivo de um mundo livre
do HIV e da Aids está ligada não só
ao desafio de promover o acesso
universal à assistência, mas também
de aperfeiçoar os medicamentos
atuais, facilitando a posologia e diminuindo os efeitos colaterais;de
ampliar as ações de prevenção e desenvolver uma vacina eficaz, após
tentativas frustradas.
Aqui no Brasil, passamos a engrossar a luta da classe médica pela valorização da profissão, materializada na
defesa da implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada dos Procedimentos Médicos, que tem encontrado na intransigência e na insensibilidade dos planos de saúde seu
maior obstáculo.
Por fim, prestamos a homenagem
e dedicamos esta edição do Boletim
à memória do saudoso professor
Ricardo Veronesi, um dos fundadores e ex-presidentes da SBI, que tanto
contribuiu para a evolução e prestígio da infectologia brasileira.
João Silva de Mendonça
Presidente da SBI
ENTREVISTA
Luiz Jacintho fala do risco
potencial da pandemia do
Influenza.
Pág. 2
NOTÍCIAS DA SBI
Criação dos comitês científicos e concurso de título de
Especialista.
Pág. 3
NOTÍCIAS DA SBI
Vídeo-conferência sobre
anti-retrovirais e renovação
do Portal na Internet.
Pág. 4
MOVIMENTO MÉDICO
SBI adere à mobilização
nacional pela implantação
da CBHPM.
Pág. 5
ATUALIZAÇÃO
Eventos, cursos e o que foi
discutido na Conferência
Internacional de Aids.
Pág. 6
MEMÓRIA
Homenagem ao Professor
Ricardo Veronesi, um dos
fundadores da SBI.
Pág. 7
NOVA SEDE
VACINAÇÃO
No início de junho, a SBI deixou o antigo endereço na rua da Consolação, no Jardim
Paulista, para ocupar um espaço mais amplo, de fácil acesso e com melhores instalações,
à rua Domingos de Morais, 1.061, conjunto 114, no bairro Vila Mariana, em São Paulo. Os
telefones também mudaram: (11) 5575-5647 e 5572-8958. E-mail: [email protected]
Programa Nacional de Imunização mantém excelente
cobertura.
Pág. 8
ENTREVISTA
“Temos uma situação de pandemia
potencial do Influenza”
Superintendente da SUCEN (Superintendência do Controle de Endemias)
da Secretaria de Estado da Saúde, Luiz Jacintho da Silva fala sobre a
possibilidade de uma epidemia de âmbito mundial do vírus Influenza e as
providências que estão sendo tomadas para controlar a gripe.
(sbi) Qual a perspectiva de uma
pandemia do Influenza?
Dr. Jacintho – Não há uma epidemia do Influenza em âmbito mundial. Temos sim uma situação de
pandemia potencial. Detectamos a
ocorrência de incrementos sazonais de gripe, com maior incidência nas regiões de clima temperado, embora presentes também nas
áreas tropicais. Recentemente um
surto de gripe na ilha de Madagascar, próxima da costa leste da
África, deixou claro que a gripe não
é somente um problema de países
desenvolvidos ou de áreas urbanas.
O século 20 presenciou pelo
menos três pandemias, a pior delas a de 1918-19, conhecida como
“gripe espanhola”, em que teriam
morrido cerca de 20 milhões de
pessoas em todo o mundo, mais do
que nos quatro anos da Primeira
Guerra Mundial.
(sbi) Por que foi criado o Grupo Regional de Observação da
Gripe (GROG) no estado de São
Paulo? Quais são os seus principais objetivos?
Dr. Jacintho – A finalidade da iniciativa é incrementar as ações de
vigilância da gripe no estado de São
Paulo. Hoje o Ministério da Saúde
coordena um sistema de vigilância
da gripe com dois centros-sentinela na cidade de São Paulo. Para um
estado com quase 40 milhões de
habitantes isso é pouco, daí a necessidade de aumentar o número
desses centros. A iniciativa do GROG
é um bom exemplo de parceria público-privado. Ela congrega a Secre2 - Boletim SBI
nhecimento da cepa viral circulante, pois isso determinará a composição das vacinas a serem empregadas e tem valor preditivo no que
diz respeito à ocorrência ou não de
epidemias ou mesmo pandemias.
taria Estadual da Saúde, a empresa
Aventis-Pasteur e pessoas com contribuição e conhecimento relevantes nos diferentes aspectos da gripe. A iniciativa do GROG é de origem francesa, sendo que a marca
“GROG” pertence à empresa de vacinas Aventis-Pasteur.
(sbi) Qual a relação da rede global da OMS para o acompanhamento mundial dessa doença?
Dr. Jacintho – A vigilância da gripe possui dois componentes principais, um clínico, com a notificação de quadros sindrômicos, e outro laboratorial, com o isolamento
dos vírus circulantes para caracterização. Não basta sabermos se
existe ou não Influenza, é vital o co-
(sbi) Qual o andamento dos
trabalhos da Agência Paulista
de Controle de Doenças?
Dr. Jacintho – O processo de implantação de uma entidade que congregue as instituições responsáveis
pela promoção e proteção da saúde e pelo controle das doenças no
estado de São Paulo vem progredindo conforme o cronograma estabelecido no início de 2003. O projeto
de lei já foi enviado ao governador
que deverá encaminhá-lo para
apreciação da Assembléia Legislativa. Acredito que teremos existência “de direito” até o final do ano.
Paralelamente, a Secretaria da Saúde já vem se organizando para atuar nessa área como um corpo único. Reflexos importantes dessa evolução da política já são sentidos. Informações sobre esse processo podem ser obtidas por meio do Boletim Epidemiológico Paulista http://
www.cve.saude.sp.gov.br/agencia/
bepa_menu.htm.
TRAJETÓRIA
Luiz Jacintho da Silva é médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Fez residência em Infectologia no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo entre os anos de
1974 e 76. É professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp,
desde 1976. É doutor em Medicina Preventiva pela Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto da USP e é livre-docente pela Unicamp. Dr. Jacintho é
também Superintendente de Controle de Endemias [SUCEN] da Secretaria
de Estado da Saúde, desde 1999.
Boletim de informação e
atualização da
Sociedade Brasileira de
Infectologia
Filiada à AMB
CONSELHO EDITORIAL
DIRETORIA
Presidente
João Silva de Mendonça
Vice-Presidente
Denise Vantil Marangoni
1º Secretário
Juvêncio José Duailibe Furtado
2º Secretário
Érico Antônio Gomes de Arruda
1º Tesoureiro
Roberto Márcio da Costa Florim
2º Tesoureiro
Flávio de Queiroz Telles Filho
Coordenadores
Boletim da SBI:
Thaís Guimarães
Portal SBI:
Vera M. C. de Moraes
Educação Continuada: Eduardo
A. S. Medeiros
PRESIDÊNCIA DAS
SOCIEDADES FEDERADAS
DE INFECTOLOGIA
Raquel Guimarães (AL), Eucides
Batista da Silva (AM), Fernando
Sérgio da Badaró (BA),
Anastácio Queiroz de Sousa
(CE), Eliana Lima Bicudo dos
Santos (DF), Carlos Urbano
Gonçalves Ferreira Jr. (ES),
Marilia Dalva Turchi (GO),
Graça Viana (MA), Antonio
Carlos de C. Toledo Jr. (MG),
Andréa de Siqueira C.
Lindenberg (MS), Raimundo
Nonato Q. Leão (PA), Francisco
Orniudo Fernandes (PB),
Martha Maria Romeiro (PE),
Kelsen Dantas Eulálio (PI),
Alceu Fontana Pacheco Júnior
(PR), Ralph Antonio Xavier
Ferreira (RJ), Kleber Giovanni
Luz (RN), André Luis de Freitas
Alves (RO), Paulo Renato P.
Behar (RS), Silvia Cristina de C.
Flores (SC), Angela Maria da
Silva (SE), Hamilton Antonio
Bonilha de Moraes (SP), Hertz
Ward de Oliveira (TO).
SUGESTÕES
Sociedade Brasileira de
Infectologia
R. Domingos de Moraes, 1061 cj. 114
CEP 04009-002 - São Paulo - SP
Tel/Fax (11) 5572-8958/5575-5647
E-mail: [email protected]
Editor: Mário Scheffer
Editor adjunto:
Fernando Fulanetti (MTb 21.186)
Redatora: Renata Bessi
Arte e diagramação:
José Humberto de S. Santos
Secretaria: Givalda Guanás
Visite nosso Portal na Internet
www.infectologia.org.br
Abril/Maio/Junho de 2004
TÍTULO DE ESPECIALISTA
Médicos com mais de 10 anos
de carreira têm exame específico pela última vez
O
próximo concurso para
obtenção do título de Especialista em Infectologia, durante o IV Congresso da Sociedade
Paulista de Infectologia (18 a 21/
08, em Santos/SP), marca duas mudanças: é a primeira vez que ocorre em um evento de nível regional
e a última ocasião em que será oferecido um concurso específico para
infectologistas com mais de 10 anos
de carreira.
Os editais para o concurso foram
publicados no final do mês de junho
e já estão em conformidade com a
Resolução CFM nº 1634/2002, que
dispõe sobre o reconhecimento das
especialidades médicas, dentro do
convênio firmado entre o Conselho
Federal de Medicina, a Comissão
Nacional de Residência Médica e a
Associação Médica Brasileira. A íntegra dos documentos está à disposição no site da SBI.
A obtenção do título tornou-se
mais ágil a partir deste ano, pois os
concursos serão oferecidos em
congressos nacionais da SBI, nos
anos ímpares, e em congressos regionais, nos anos pares. Mudanças
nas diretrizes para a revalidação do
título também estão sendo discutidas entre a Sociedade e a AMB.
São pré-requisitos básicos para
o concurso: graduação em medicina, CRM definitivo e certificado de
Residência Médica em Infectologia
(reconhecido pela Comissão Nacional de Residência Médica) ou título de Mestre ou Doutor em Doenças Infecciosas e Parasitárias,
Infectologia ou Medicina Tropical
(emitido por Programa de Pós-graduação reconhecido pela CAPES).
Para médicos com mais de 10
anos de atuação, solicita-se a comprovação da experiência na área via
documento emitido pela diretoria
de uma das federadas da SBI ou,
onde não houver regional da Sociedade, pela diretoria da associação
médica local, federada da AMB.
Estes profissionais têm ainda
como alternativas: apresentação de
título de Mestre ou Doutor em Doenças Infecciosas e Parasitárias,
Infectologia ou Medicina Tropical,
emitido por Programa de Pós-graduação reconhecido pela CAPES, ou
a comprovação de atividade docente em faculdade de medicina ou
universidade.
O processo de avaliação compre-
ende prova de títulos e exame
discursivo sobre assunto sorteado
pela Comissão Examinadora, a partir de uma lista prévia de 20 temas.
Preenchimento de formulário específico, pagamento de taxa administrativa, CV e outros documentos são
as exigências para a inscrição no
concurso, que poderá ser feita até
o dia 13 de agosto.
A Comissão é formada pelos seguintes associados: Juvencio José
Duailibe Furtado (presidente),
André Villela Lomar, Caio Rosenthal
e Ricardo Leite Hayden. Os editais,
formulário de inscrição, lista de temas da prova discursiva, leituras
recomendadas e informações adicionais estão à disposição na sede
da SBI e das federadas, ou no site
www.infectologia.org.br.
A importância dos Comitês Científicos
Eduardo Medeiros*
Uma das principais metas de uma
sociedade científica é a valorização
de seus membros. Um dos mecanismos de buscar essa meta é inserir seus sócios nas decisões técnicas da diretoria, como também na
participação ativa de profissionais
de elevado nível científico nos programas de treinamento e de atualização em infectologia (“educação
continuada”).
Neste caminho, a SBI decidiu
criar Comitês Científicos constituídos por sócios que estejam trabalhando na linha de pesquisa relacionada ao Comitê (máximo de quatro sócios por Comitê), os quais estarão desenvolvendo atividades de
educação continuada/reciclagem
Abril/Maio/Junho de 2004
em determinada área da infectologia. Tais Comitês Científicos
contarão com o apoio e auxiliarão
a diretoria da SBI na realização de
eventos, na produção de pareceres
técnicos e diretrizes, na elaboração
de programas de educação conti-
nuada e, ademais, representarão a
diretoria sempre que solicitados.
Por outro lado, a atual diretoria
criará mecanismos para a participação dos Comitês e apoiará, dentro das possibilidades, técnica e
economicamente, iniciativas que
possam estar de acordo com as atividades apresentadas.
Nesta direção foram constituídos
16 Comitês Científicos:
1. Antimicrobianos
2. Sepse
3. Parasitologia Clínica
4. Micologia Médica
5. Medicina dos Viajantes
6. Infecção em transplantes
7. Infecção Hospitalar
8. Imunizações
9. Vírus Linfotrópico Humano (HTLV)
10. Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)
11. Hepatites Virais
12. Epidemiologia Clínica
13. Doenças Emergentes
14. Biologia Molecular
15. Bacteriologia Clínica
16. Tuberculose e Micobacterioses
Atualmente, estamos fazendo contato com os profissionais indicados
para os Comitês e temos recebido
muito apoio a esta iniciativa.
* Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros
é Coordenador Científico da Sociedade
Brasileira de Infectologia
Boletim SBI - 3
NOTÍCIAS DA SBI
Video-conferência
discute terapia anti-retroviral
Evento reuniu cerca de 300 pessoas em São Paulo e foi transmitido ao vivo para 13 cidades
A
s diversas estratégias da terapia anti-retroviral, quais
são as suas práticas hoje no
mundo e os rumos que estão tomando são questões que levaram importantes nomes da infectologia nacional e internacional a se reunirem recentemente para a segunda edição
da “Video-conferência Internacional
– Estratégias na Terapia Anti-retroviral”. Com base em São Paulo, o
evento foi transmitido via satélite
para 13 cidades brasileiras.
O encontro trouxe ao Brasil o especialista espanhol Vincent Soriano,
chefe do departamento de Doenças
Infecciosas do Hospital Carlos III, em
Madrid, um centro de referência em
HIV/Aids e hepatites virais na Espanha. O tema abordado por ele foi
a Hepatite C em pacientes coinfectados por HIV. Segundo Soriano,
a infecção crônica provocada pelo
vírus da hepatite C (HCV) afeta um
terço dos pacientes com HIV/Aids na
América do Norte e Europa. Mas a
prevalência aumenta para mais de
75% entre os usuários de drogas
intravenosas em todo o mundo. Entre os co-infectados “os melhores
candidatos para terapia anti-HCV são
4 - Boletim SBI
indivíduos HIV-positivos sem expressivo imunocomprometimento e
com hepatite C crônica comprovada”, explica.
O infectologista Roberto Badaró,
professor da Faculdade de Medicina da Unifesp e da Universidade Federal da Bahia, tratou da importância da durabilidade da terapia antiretroviral do HIV. “Hoje milhares de
pacientes estão salvos, mas não podem ainda libertar-se da utilização
diária dos esquemas de supressão
da replicação do HIV. A supressão
da replicação viral só ocorre em presença constante no sangue do paciente de elevadas concentrações das
drogas utilizadas”.
Segundo ele, se o tratamento é irregular e mesmo com fases de interrupção, ocorrerá uma alta pressão
seletiva com replicação de mutantes
HIV já resistentes às drogas. “Portanto, irregularidades e interrupções do
tratamento anti-retroviral são tão sérias quanto deixar de tratar o paciente. A nova ótica e tônica da concepção de tratamento dos pacientes infectados pelo HIV com anti-retroviral
acrescenta mais um paradigma além
da supressão da carga viral, que é a
sustentabilidade dessa supressão”,
explica o infectologista.
Outra presença internacional foi
a do Dr Mark Nelson, diretor da
Unidade de Estudos Clínicos de HIV
no Chelsea and Westminster Hospital, em Londres, maior centro de
tratamento de HIV do norte da Europa. O foco da sua apresentação
foi o uso de inibidores da protease
com booster. “As razões para o uso
de booster inclui a possibilidade de
reduzir o número de tomadas diárias e o número de comprimidos,
além da melhora na tolerabilidade”,
diz Nelson.
Especialistas das seguintes cidades participaram do encontro:
Belém, Belo Horizonte, Brasília,
Campinas, Curitiba, Florianópolis,
Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e Vitória. O presidente da Sociedade
Brasileira de Infectologia, Dr. João
Silva de Mendonça, fez os pronunciamentos de abertura e encerramento do encontro. O Dr. Mauro
Schechter, da UFRJ, comandou os
debates. A vídeo-conferência foi patrocinada pela Abbott Laboratórios
do Brasil e apoiada pela SBI.
Novo
Portal da
SBI
O portal da SBI está passando por uma completa reformulação e a nova versão do site
da entidade estará disponível em
meados de agosto. Além de um
novo design, mais moderno e
interativo, o sistema que dá suporte ao banco de dados do
portal facilitará as atualizações
de conteúdo e a navegação dos
usuários.
Estarão no portal uma versão
eletrônica do Boletim da SBI,
publicações de estudos e pesquisas, agenda de cursos e eventos, e ainda as notícias de interesse dos profissionais de Infectologia e da área de saúde em
geral. Alguns serviços exclusivos
aos associados da SBI também
estarão disponíveis, como uma
biblioteca virtual com as publicações internacionais assinados
pela Sociedade.
Os comitês científicos da SBI
terão espaço permanente no
Portal e serão responsáveis pelo
programa de educação continuada online.
Vera Moraes, responsável
pelo Portal da SBI
Abril/Maio/Junho de 2004
MOVIMENTO MÉDICO
SBI participa de mobilização Entidades criticam seguro
em defesa da CBHPM
de responsabilidade civil
Aldemir Martins (AMB), Juvêncio Furtado e João Mendonça (SBI)
no ato público em Brasília
A SBI esteve representada, no dia
15 de junho, em ato público na Câmara dos Deputados, em Brasília,
que reuniu cerca de 1.000 médicos
em defesa da implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de
Procedimentos Médicos (CBHPM).
Com o apoio da Frente Parlamentar
da Saúde – composta por 230 deputados e 27 senadores –, a principal discussão foi a tramitação do
Projeto de Lei nº 3466 de 2004, que
estabelece a CBHPM como referencial de honorários médicos para
os planos privados de saúde.
Além da manifestação em Brasília,
vêm crescendo a cada dia os movimentos estaduais pela implantação
da CBHPM. Assembléias, passeatas,
paralisações de atendimento e
descredenciamento coletivo têm
sido os instrumentos dos médicos
para tentativa de acordos com as
operadoras de planos de saúde. A
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vem tentando mediar as negociações entre os médicos
e os planos de saúde, mas ainda não
obteve sucesso.
No dia 15 de julho, os médicos
ocuparam a Avenida Paulista, em
São Paulo. Médicos do ABC e de
Santos também já haviam realizado
passeatas de protesto.
A mobilização já alcança 15 estados, com suspensão da prestação
Abril/Maio/Junho de 2004
de serviços a planos de saúde em
diversos níveis.
Importância da CBHPM
A CBHPM é a referência mínima
e ética para a remuneração do trabalho médico. Classifica, por ordem
de complexidade, tempo de execução, cognição e risco, cerca de
5.400 procedimentos médicos. O
valor mínimo da consulta é R$
42,00. Já a remuneração dos procedimentos varia de R$ 8,00 a R$
2.100,00, podendo sofrer acréscimo ou decréscimo de 20%, dependendo das negociações nas diferentes regiões do País.
Há cerca de dez anos os médicos
não recebem reajustes dos planos de
saúde. Em contrapartida, apenas nos
últimos sete anos as empresas penalizaram os usuários com 248% de
aumento, isso sem contar a recente
majoração de 11,75% autorizada
pela ANS. O Índice do Custo de Vida
(ICV), no mesmo período, foi de
72,63%, segundo o Dieese.
Vale registrar que, hoje, há planos que pagam o irrisório valor de
R$ 8,00 por consulta. Num caso
como esse, abatidos os tributos e
despesas de manutenção de consultório, o médico por pouco não trabalha no vermelho. A média paga
pelas empresas está entre R$ 20,00
e R$ 25,00.
Vem crescendo no Brasil a oferta
de seguro de responsabilidade civil
ou seguro por “má praxis”, dirigido
aos médicos. As entidades médicas
nacionais – Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina, Federação Nacional dos Médicos
e Confederação Médica Brasileira –
divulgaram posicionamento oficial,
alertando os médicos que não contratem esse tipo de serviço.
Os seguros comercializados no
país apresentam uma apólice com
cobertura limitada, principalmen-
te no que se refere ao dano moral,
não eximindo o médico de colocar
em risco seu patrimônio, caso seja
condenado ao pagamento maior do
que o valor contratado.
As experiências internacionais
têm demonstrado que a aquisição
desse seguro pela classe médica
contribui para o aumento do número de ações, que muitas vezes se
baseiam em pedidos quase sempre
emitidos por pacientes, ou ainda
envolvendo interesses financeiros
de terceiros.
Prevenção
As entidades incentivam os médicos a
tomarem as seguintes providências, visando a
prevenção das ações indenizatórias.
✔ Mantenha-se tecnicamente capacitado para o exercício da profissão, através de atualizações freqüentes;
✔ Respeite os limites de sua competência profissional;
✔ Invista muito na manutenção
de uma boa relação médico-paciente/familiares;
✔ Documente, sem protelação,
da maneira mais completa possível, todos os seus atos médicos no
prontuário do paciente, o mais
importante documento médicojurídico disponível;
✔ Aborde o paciente/familiares
utilizando uma linguagem plenamente compreensível por ele/eles;
✔ Não deixe de dizer sempre a
verdade;
✔ Não diga o que não sabe. É correto dizer “não sei” ou “isto não
se sabe”;
✔ Evite atendimentos e prescrições à distância (por exemplo,
por telefone);
✔ Utilize o termo de consentimento informado, constando nele
o estado clínico do paciente, o tratamento necessário, os possíveis
riscos e complicações;
✔ Faça encaminhamentos responsáveis (por escrito, com arquivo de cópia ou registro na ficha hospitalar, além de contato
prévio com o serviço que receberá o paciente);
✔ Não faça exames constrangedores sem a presença de um assistente;
✔ Atenda a imprensa, se solicitado; prepare-se, se houver tempo;
utilize linguagem que o espectador/
leitor compreenda; procure manter a calma; qualquer que seja a pergunta, diga sempre a verdade.
Boletim SBI - 5
ATUALIZAÇÃO
Conferência de Aids
exigiu acesso para todos
O Dr. Joep Lange,
“A história nos julgapresidente da Sociedará com dureza se não
de Internacional de
respondermos com toAids (IAS) falou sobre
da energia e recursos
a importância de Connecessários à luta conferências Internaciotra a Aids”, disse o exnais de Aids serem sepresidente da África do
diadas por países em
Sul e Nobel da Paz, Neldesenvolvimento e deson Mandela, no encerfendeu o Fundo Global
ramento da XV ConfeNelson Mandela, no encerramento
da Conferência
de Luta Contra Aids, Turência Internacional de
berculose e Malária.
Aids, em Bangcoc, Tailândia. O evento reuniu,
Em Bangcoc, o Brasil passou a liderar uma
de 11 a 16 de julho, 15 mil pessoas de 160 paírede de cooperação tecnológica em HIV/Aids, forses e teve como tema “acesso para todos”.
mada também por China, Rússia, Nigéria, Ucrânia
Relatório divulgado no início da Conferência
e Tailândia. O objetivo principal é fortalecer o
apontou que mais de 20 milhões de pessoas em
acesso aos tratamentos, por meio da produção
todo o mundo já morreram por causa da Aids.
de medicamentos genéricos.
Hoje, existem 38 milhões de portadores do HIV,
Já a parte científica da Conferência abordou
que devem passar de 100 milhões em 2010.
os mais recentes estudos clínicos sobre novas
No entanto, pouco mais de 500 mil pessoas
drogas, efeitos colaterais, doenças oportunistas,
recebem medicamentos anti-retrovirais nos paíadesão ao tratamento, terapias de resgate, vacises em desenvolvimento, incluindo os 140 mil
nas, políticas públicas, epidemiologia, prevenção
pacientes em tratamento no Brasil.
e DSTs, dentre outros temas de interesse, que poNa cerimônia de aberturta, o Secretário Geral
dem ser conferidos nos sites www.aids2004.org
da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi
e www.kaisernetwork.org. A próxima ConferênAnnan, alertou para o crescimento da epidemia
cia Internacional de Aids será realizada em Toentre as mulheres: “elas representam quase meronto, Canadá, em 2006.
tade das infecções de Aids entre os adultos. Na
O Brasil irá sediar a 3ª Conferência da IAS soÁfrica Sub-Saariana, elas representam 58% dos
bre Patogênese e Tratamento do HIV, de 24 a 27
casos. Também estamos preocupados com a Ásia,
de julho de 2005, no Rio de Janeiro.
que já é responsável por 25% dos novos casos”.
Residência Médica terá novas regras
O Ministério da Educação
(MEC) anunciou, no início de
julho, as novas regras para os
programas de residência médica, que deverão realizar provas
práticas de admissão e contar
com um médico responsável
por supervisionar o trabalho
dos residentes nos hospitais.
Aprovadas pela Comissão Nacional de Residência Médica, as
resoluções exigirão dos programas de residência avaliações
6 - Boletim SBI
mais criteriosas. As instituições
de ensino terão prazos para se
adaptar às novas regras.
Uma das mudanças garante
ao residente, por exemplo, a
manutenção da vaga caso ele
seja chamado para o serviço
militar. Questões como o total
de horas de trabalho e a dedicação exclusiva do residente a
determinada instituição, para
impedir jornadas duplas, ainda serão discutidas pelo MEC.
Definidos como pós-graduação lato sensu, os programas
de residência duram geralmente de dois a quatro anos.
Acima de 3 mil programas em
cerca de 450 instituições de
ensino serão afetados pelas
mudanças anunciadas pelo
governo. Segundo dados do
MEC, no país são cerca de
59,7 mil graduandos em medicina e aproximadamente
16,5 mil médicos residentes.
CALENDÁRIO
DE EVENTOS - 2004
4 a 6/11
1º Congresso Mineiro de Infectologia
Belo Horizonte, MG
Tel.: (31) 3261-3873 ou
[email protected]
02 a 04/12
II Congresso de Infectologia do Cone
Sul (da Associação Panamericana de
Infectologia)
Local: Centro de Convenções Rebouças,
São Paulo, SP
Tel.: (11) 3141-0707 ou
[email protected]
24 a 27/11
II Fórum Brasileiro de Aids
(realização: SBI e Jornal Brasileiro de
Aids)
São Paulo, SP
19 e 20/11
III Fórum de Infecções Fúngicas
na Prática Clínica
São Paulo, SP
Local: Hotel Renaissance, São Paulo, SP
Tel.: (11) 3141-0707 ou
[email protected]
6 a 7/08 (SP) e
22 a 23/10 (BH)
Curso de Atualização em
Patologia Hepática
Realização: Sociedade Brasileira de
Hepatologia
São Paulo, SP e Belo Horizonte, MG
Tel.: (11) 5081-2444
30/10 a 02/11
44th ICAAC Interscience Conference
on Antimicrobial Agents and
Chemotherapy
Washington, DC, EUA
www.icaac.org/44ICAAC/44icaac.asp
17 a 20/11
5ª Louis Pasteur Conference
on Infecious Disease
Pathogens and Their Eco-Systems
Paris, França
www.pasteur.fr/infosci/conf/sb/CLP5
14 a 18/11
7th International Congress in Drug
Therapy in HIV Infection
Glasgow, Escócia
e-mail: [email protected]
Abril/Maio/Junho de 2004
MEMÓRIA
Homenagem a Ricardo Veronesi
Por Roberto Focaccia (*)
Na convivência de mais de 30 anos,
tive o privilégio de receber lições
de ciência e de vida do professor
Veronesi e pude entender a profundidade de seu senso crítico, o entusiasmo e a paixão com que se entregou à causa humana ao longo de sua
carreira de médico e docente.
O mestre exerceu a função de
propor grandes teses, de trazer à
crítica os grandes problemas médico-sociais. Escolheu caminhos
universitários e políticos (aliás, um
mau político) que estavam em frontal oposição às minhas convicções,
mas sua sinceridade e o ímpeto com
que os defendia merecia sempre
minha profunda admiração.
Defendia idéias avançadas para
sua época: queria o controle da
natalidade. Defendia o fim da ditadura acadêmica em sua Universidade, e acabou tendo o desprezo dos
beneficiários. Queria a indústria
farmacêutica internacional integrada ao pesquisador nacional. Queria a legalização do aborto e teve
violenta reação clerical. Defendia a
vacinação básica compulsória porque não podia compreender a cegueira dos gestores da saúde, o que
lhe valeu a inimizade de tantos cientistas menores cronificados nas
esferas do poder público.
Tendo iniciado sua carreira médica especializando-se em Virologia, nos Estados Unidos, de volta
ao Brasil elegeu as vacinas antivirais
como sua linha de pesquisa, e posteriormente o tétano, onde deu
enorme contribuição ao estudo
dessa patologia. Fundou a Sociedade Internacional de Tétano, com
sede em Lyon, na França, e alcançou o respeito da Organização Mundial da Saúde e da sociedade científica mundial.
Em 1980, comandou a fundação
da Sociedade Brasileira de InfecAbril/Maio/Junho de 2004
des universidades do
exterior, foi contemplado e festejado nos
grandes centros científicos do mundo,
recebendo as mais
altas e merecidas
comendas. Em nossas andanças pelos
grandes centros de
pesquisa do mundo
pude testemunhar o
quanto era reconhecido e respeitado.
Assisti a discussões
científicas entre o
mestre e os grandes
Ricardo Veronesi, um dos fundadores da SBI, faleceu no dia 8 de maio de 2004,
nomes da ciência
aos 85 anos, em São Paulo
mundial. Veronesi fatologia. Por suas mãos e liderança,
meu mestre. Ensinou-me os camizia proposições que freqüentebuscou uma alternativa associativa
nhos da ciência e me contemplou
mente deixavam seus interlocutores
à Medicina Tropical e que, por
com o convívio de sua inteligência,
entusiasmados.
abraçar essencialmente apenas as
sua personalidade marcante, impulCompartilhamos tantas e tantas
grandes endemias nacionais, teimosiva, humana. Ninguém foi indiferenpesquisas com grandes nomes da
samente não abria espaço à desamte ao mestre: endeusado por muiciência mundial, em uma época que
parada infectologia clínica. Foi seu
tos, odiado por outros. Veronesi foi
a pesquisa não estava atrelada e enprimeiro Presidente, conseguindo
polêmico como desejava.
comendada pelo marketing das
às duras penas superar descrédiFoi extremamente discriminado
grandes corporações da indústria
tos e preconceitos, implantando a
por suas posições políticas mais “à
farmacêutica. Tive o orgulho de
hoje forte e reconhecida SBI.
direita”. Muitos se afastaram pelo
conviver em nossas andanças pelo
Consultor da Academia de Ciênrótulo injusto que recebeu de
mundo com figuras notáveis como
cias dos Estados Unidos, membro
“agente da direita”. Conseguiu, em
Sabin, Salk, Frenkel, Krugman,
do conselho editorial de inúmeras
seu tempo, a contradição de preGadusek, Trepo, Cvetanovic, Masur,
publicações indexadas, traçou hogar à direita e lutar pelas injustiças
Gallo, Montagnier, Fauci, Rizzetto,
rizontes para tantos discípulos, deie desigualdades sociais. Mas isso o
Blumberg, Bizzini, Kryzanovski,
xou uma escola, escreveu livros
magoava muito, e talvez tenha sido
Yamaguchi, e tantos expoentes mais
aqui e lá fora, elaborou um dos
a força motriz de viver a ciência em
da infectologia. E assim era meu
mais extensos currículos da univeresferas científicas mais altas no exmestre. Assim são os gênios. Prosidade brasileira.
terior onde tinha seus méritos refessor Veronesi foi um Homem exEntretanto, e curiosamente, guarconhecidos.
traordinário, que honrou nossa cidava o segredo de que seu maior feiProfessor Emérito da Universidaência e deixa uma lacuna que jato em vida havia sido a paternidade
de de São Paulo recebeu título de
mais será preenchida. Um cidadão
de uma lei que conseguiu fazer aproProfessor Honóris Causa de granda Humanidade.
var tornando obrigatória a vacinação
antitetânica em pré-escolares. Osten(*) Infectologista e Professor Livre-docente pela FMUSP.
Coordenador do Grupo de Hepatites do Hospital Emílio Ribas.
tava a soberba dos vencedores, mas
Foi fundador e vice-presidente da SBI. Co-autor de inúmeros
como todo ser humano se gratificaartigos e livros com Ricardo Veronesi, entre eles o Tratado de
va mesmo pelos pequenos atos de
Infectologia, ganhador do Prêmio Jabuti em 1997. A íntegra dessa
grandeza que pode oferecer à socihomenagem está no site da SBI: www.infectologia.org.br.
edade. Era o que mais admirava no
Boletim SBI - 7
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO
Índices de vacinação superam expectativas
A
necessidade do controle
mundial da gripe é um alerta que vem sendo dado por
importantes órgãos da saúde. A
Organização Panamericana de Saúde (Opas) alerta para a chegada da
gripe mais forte dos últimos tempos, provocada pelo vírus Fujian,
subtipo do Influenza. A população
idosa merece atenção especial nas
políticas públicas que visam prevenir a doença. “O organismo do idoso é mais vulnerável à gripe. Eles
podem sofrer complicações, como
a desestabilização de um quadro de
doença cardíaca ou renal”, explica
Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde.
A Campanha Nacional de Vacinação do Idoso deste ano superou mais
uma vez as expectativas do governo.
A meta das autoridades era alcançar
10,64 milhões de pessoas acima dos
60 anos, o que representa 70% da
população idosa. No entanto, dados
prévios divulgados pelo ministério já
indicam a imunização de 12,6 milhões de idosos em todo o país, o
que representa 83% dessa população. A campanha realizada é uma das
maiores do mundo. “O Brasil é um
dos poucos países do mundo que
oferecem essa vacina gratuitamente
para idosos”, destaca Barbosa.
Mais de 80% dos municípios brasileiros superaram a meta de 70%
de cobertura da população idosa
estabelecida pelo ministério nos
anos de 1999, 2001 e 2003. “Os resultados são bastante satisfatórios,
levando-se em conta que se trata de
uma vacina que é preciso tomar todos os anos”, observa Barbosa.
As autoridades alertam, ainda,
para a falta de respaldo à campanha
pelos médicos brasileiros. Pesquisa
realizada em 2001 pelo governo do
estado de São Paulo, instituto Data
Folha e laboratório Aventis-Pasteur
mostrou que 71,4% dos idosos entrevistados não receberam recomendação do médico para se vacinar.
8 - Boletim SBI
Mais de 80% dos idosos foram vacinados
“Os médicos precisam se informar
sobre os benefícios da vacina e transmitir isso aos seus pacientes”, afirma Maria de Lourdes de Sousa Maia,
coordenadora-geral do Programa
Nacional de Imunizações (PNI) do
Departamento de Vigilância Epidemiológica, da SVS.
Conquistas do PNI
Os impactos das iniciativas do programa fizeram com que, já em 1980,
a estratégia do Dia Nacional de Vacinação contra a Poliomielite fosse
recomendada pela Opas e adotada
por diversos países do mundo. O
Brasil não registra nenhum caso de
poliomielite desde 1980. Doenças
que afligiam milhares de crianças
brasileiras estão controladas, como
as formas graves de tuberculose, o
sarampo, o tétano, a coqueluche, a
difteria, a rubéola, a caxumba. Foram erradicadas a febre amarela urbana e a varíola.
As crianças menores de dois
anos passaram a receber em 1999,
em caráter de rotina, a vacina contra a bactéria Haemophilus influenzae tipo b, uma das principais causadoras da meningite infantil.
A cobertura vacinal obtida pelo
PNI em menores de um ano chegou
a 94,7% em 1999, enquanto que em
1978 atingia somente 40% das crianças. Entre as vacinas de rotina, em
menores de um ano, o país vem alcançando 100% de cobertura contra a tuberculose. Assim como tem
alcançado as médias de 98% contra
sarampo, 94% contra difteria, coqueluche e tétano.
Os investimentos na compra de
imunobiológicos cresceram 290%
de 1995 a 2000. Os recursos saltaram de R$ 60 milhões, em 1995,
para R$ 234 milhões, em 2000, segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde. A Secretaria de Vigilância em Saúde disponibilizou
1,6 bilhão de doses no período de
1995 a 2000. De 214 milhões, em
1995, saltou para 329 milhões no
ano de 2000.
O Brasil produz 75% das vacinas
que são distribuídas pelo governo.
Dessa porcentagem, metade é produzida pelo Instituto Butantã. Em
entrevista ao Dr. Drauzio Varella, o
dirigente do Instituto, Isaias Raw,
observa que o Brasil precisa trilhar
o caminho da auto-suficiência. No
caso da Hepatite B, por exemplo, a
demanda brasileira é de 40 milhões
de doses e os investimentos para as
importações da vacina são altos. “O
Brasil gasta na importação desses
produtos 200 milhões de dólares
por ano. Para montar uma fábrica
de Primeiro Mundo, gastaria 25
milhões. Temos competência para
fazer a vacina bem feita numa fábrica que nada fica a dever às do
Primeiro Mundo”, explica Raw.
A rede pública coloca à disposição de toda a população os imunobiológicos de rotina, nos postos de
vacinação, e também os imunobiológicos especiais, nos Centros de
Referência para Imunobiológicos
Especiais (CRIE).
Centros de Referência são criados
para atender público especial
Os primeiros centros foram instalados em 1993 nos estados de
São Paulo, Ceará, Paraná e Distrito Federal. Hoje o número de centros chega a 36, espalhos em diversas regiões do país.
Os CRIEs atendem a população
que necessita de produtos especiais, de alta tecnologia e de custos
elevados e que são adquiridos pela
Secretaria de Vigilância em Saúde.
Para fazer uso dessa medicação,
é necessário que o paciente apresente a indicação médica e um
relatório clínico sobre seu caso.
Ao melhorar o acesso à vacinação e com a implantação do acompanhamento das reações pósvacinais - ações proporcionadas
pelo PNI - começaram a ser iden-
tificadas pessoas que necessitavam
de abordagens individualizadas.
São pacientes que, por serem portadores de quadros clínicos especiais - doenças crônicas ou imunodeficiência - ou por terem história
anterior de reações graves a componentes do produtos, precisam de
imunobiológicos especiais.
A normatização técnica do PNI
conta com o apoio de um Comitê
Técnico Assessor em Imunizações,
no qual também participam peritos indicados pelas sociedades
médicas de especialidades, tais
como as Sociedades Brasileira de
Pediatria, Medicina Tropical e,
mais recentemente, também de
Infectologia (Dra. Marta Heloisa
Lopes é a representante da SBI).
Abril/Maio/Junho de 2004
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