Boletim SBI: ano I - nº 03 - Sociedade Brasileira de Infectologia

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Boletim de
informação e
atualização da
Sociedade Brasileira
de Infectologia
sbi
VIGILÂNCIA 24 HORAS, ARMA
ANO I Nº 3 EDIÇÃO TRIMESTRAL
CONTRA TODOS OS SURTOS
AUMENTA RELEVÂNCIA DA SBI
2003, 11 de fevereiro. Autoridades da China informam oficialmente a
Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre um surto de pneumonia atípica,
que se tornaria conhecida como a síndrome respiratória aguda grave (SRAG).
Os primeiros casos conhecidos são de meados de novembro de 2002, na província
de Guangdong, de onde o vírus saiu, em 21 de fevereiro, para o nono andar de
um hotel quatro estrelas de Hong Kong. O portador foi um médico infectado
que tratara doentes na sua cidade. Dias mais tarde, hóspedes e visitantes do
nono andar tinham espalhado o vírus para o restante do mundo, inclusive
Canadá e Europa. A doença, causada por um novo coronavírus, revela-se uma
“serial killer”: é fatal em 14% a 15% dos casos; em pessoas acima de 65 anos, a
letalidade supera os 50%.
CONFERÊNCIA DA IAS NO BRASIL
2003, 5 de julho. Após a disseminação para 30 países, com 8.439 pessoas
atingidas e 812 óbitos, duas boas notícias: 1. Taiwan, China, sai da lista de
áreas no mundo com transmissão local recente da infecção. Foi a última
localidade a ser retirada da relação dramática; 2. A OMS anuncia que as
cadeias de transmissão humana do vírus provavelmente estão rompidas. A
primeira nova doença infecciosa a emergir no século XXI está sob controle.
“A SRAG provou que nenhum país está 100% imune ao ataque de doenças
infecciosas emergentes”, salienta o médico epidemiologista e secretário Jarbas
Barbosa, da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Elas existem, são
problema real e o Brasil, potencialmente, está sujeito a surtos tanto de
infecções que já ameaçam outras partes do mundo, como a febre do Nilo
Ocidental, o ebola e a encefalite japonesa, quanto daquelas ainda
desconhecidas. “Os sistemas de vigilância têm que estar preparados para
responder a qualquer uma delas”, observa o também médico epidemiologista
Luis Gerardo Castellanos, coordenador da área de prevenção e controle de
doenças da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil. O
infectologista Luiz Jacintho da Silva, superintendente do controle de endemias
do Estado de São Paulo e professor da Unicamp, é taxativo: “A única alternativa
é montar um sistema de vigilância sensível e ágil. É nossa grande arma contra
todas as doenças infecciosas emergentes”.
CONTINUA NA PÁGINA 4.
No Editorial, a participação da
Sociedade na Classificação
Hierarquizada de Procedimentos
Médicos e na revisão do Guia de
Bolso de Doenças Infecciosas e
Parasitárias, da SVS
A 3rd International Conference on
HIV Pathogenesis and Treatment,
da International Aids Society,
será em 2005
1
3
SRAG E NOVAS EPIDEMIAS
Para o dr. Guénaël Rodier, da
OMS, a SRAG provou que os
países não estão preparados para
enfrentar surtos de doenças
desconhecidas. O alerta foi dado
em entrevista ao sbi
6
V SIMPAIDS E II INFOCUS
Na Agenda, o V Simpósio
Brasileiro de Pesquisa em HIV/Aids
e o II Fórum de Infecções Fúngicas
na Prática Clínica
7
MANEJO DE HIV/AIDS
Na seção Notas, o sucesso dos
cursos promovidos pela SBI em
parceria com a CN-DST/Aids e a
IAS assegura terceiro evento.
Também Paulo Teixeira e Alexandre
Grangeiro, em novos postos
8
JULHO / AGOSTO / SETEMBRO DE 2003
Boletim de informação e atualização da Sociedade Brasileira de Infectologia
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8/26/2003, 11:22 AM
sbi
DEZEMBRO DE 2002
JULHO / AGOSTO / SETEMBRO DE 2003
Anterior
sbi
ILEIRA DE I
AS
EDADE BR
CI
FOTO: SILVIO MONTEIRO
Celso Ferreira Ramos Filho
Presidente da SBI
Boletim de informação e atualização
da Sociedade Brasileira de
Infectologia
ECTOLOG
NF
2
Atualmente, oito páginas do sbi é pouco, tantas as coisas
que temos para divulgar. Uma das “conseqüências” é ter que
deixar de fora assuntos relevantes por absoluta falta de espaço.
Por exemplo, AMB e CFM acabam de lançar a nova Classificação Hierarquizada de Procedimentos Médicos, que
substituirá as antigas tabelas de honorários. Esforço grande
do qual a SBI participou através principalmente de seu
associado Edwal Rodrigues, mas que, na verdade, apenas se
inicia. Afinal, começa agora a luta para fazê-la ser aceita pelos planos de saúde. Nos últimos
anos, o reajuste de valores de consultas foi nulo, e os custos (e impostos) de nenhum modo
tiveram esse comportamento. A Classificação Hierarquizada tem de, entre outros objetivos,
recuperar essa defasagem.
Poderíamos também ter escrito sobre a futura revisão do Estatuto da SBI. Convocado
para rever o relacionamento entre a Sociedade e o Brazilian Journal of Infectious Diseases, o
Conselho Diretor, órgão máximo da Sociedade, concluiu que uma nova reforma é necessária.
A tarefa está entregue a advogados, e o texto a ser proposto ficará em consulta pública no
portal da Sociedade. O Conselho Diretor finalizará o trabalho por ocasião da posse da futura
Diretoria, em janeiro de 2004. Necessitamos de um Conselho Fiscal, de uma Diretoria
Científica e de um Departamento de Defesa Profissional. Do mesmo modo, as inter-relações
entre a Sociedade e as Federadas precisam ser mais bem definidas: no momento, são
unívocas, e as Federadas pouca ou nenhuma obrigação têm para com a entidade-mãe. A
propósito: acaba de ser criada a Sociedade Sergipana de Infectologia, presidida pela colega
Angela Maria da Silva, e está a caminho a de Rondônia.
Voltamos a falar do infectologista e da importância renovada e aumentada da
especialidade. A SRAG foi embora (ou não…), mas outra doença infecciosa certamente
virá no futuro a ocupar manchetes e preocupações de todos nós. A necessidade de
especialistas clínicos, de infectologistas, é ressaltada na matéria principal deste número. Os
laços firmes que procuramos estabelecer com a nova Secretaria de Vigilância em Saúde
vêm da convicção, que com ela compartimos, de que a vigilância na assistência é
fundamental para a detecção de agravos novos ou desconhecidos. Incidentalmente, a SBI
está encarregada de conduzir a revisão do Guia de Bolso de Doenças Infecciosas e Parasitárias,
anteriormente editado pela Funasa e, a partir de agora, pela SVS.
Em conseqüência, de novo chamamos a atenção dos colegas para a questão da qualificação
do infectologista e, portanto, para a importância do título de especialista (o que se refletirá no
novo projeto de estatuto). É nossa intenção que também em 2004 tenhamos um concurso,
outorgando-se pela primeira vez o título na área de atuação em Infectologia Hospitalar.
Queremos ressaltar a relevância internacional que a SBI vem assumindo: vamos promover
rd
a 3 International IAS Conference on HIV Pathogenesis and Treatment, após intenso esforço
de captação. Ganhamos de Sydney, e isto não se fez sem oposição – lastimavelmente, inclusive
oriunda do Brasil. E o III Curso Avançado Share sobre Manejo Clínico da Infecção pelo HIV/
Aids, em Foz do Iguaçu, terá a participação de médicos do Cone Sul, de observadores dos
Estados Unidos e – em avaliação pela OMS – de colegas da África de Expressão Portuguesa.
Por último, bem-vindos ao XIII Congresso Brasileiro de Infectologia. Temos certeza
antecipada de que os esforços dos colegas de Goiás, liderados pelos doutores Quimarques
Santos, seu presidente, e Marília Turchi, presidente da Comissão Científica, resultaram em
um evento da maior significância para todos nós. A eles, os nossos agradecimentos.
sbi
SO
SBI, RELEVO INTERNACIONAL
Filiada
à AMB
IA
EDITORIAL
-1 9 8 0-
CONSELHO EDITORIAL
DIRETORIA: CELSO FERREIRA RAMOS FILHO
( PRESIDENTE ); R OBERTO F OCACCIA (VICEPRESIDENTE); MARÍLIA DE ABREU SILVA (1ª
SECRETÁRIA); JOSÉ IVAN DE ALBUQUERQUE
AGUIAR (2º SECRETÁRIO); ESAÚ CUSTÓDIO JOÃO
FILHO (1º TESOUREIRO); FERNANDO LUIZ DE
ANDRADE MAIA (2º TESOUREIRO)
PRESIDÊNCIA DAS SOCIEDADES
FEDERADAS DE INFECTOLOGIA
R AQUEL G UIMARÃES – AL, D IANA B RASIL
PEDRAL SAMPAIO – BA, JORGE LUIZ NOBRE
RODRIGUES – CE, MARIA ADELAIDE MILLINGTON
– DF, PAULO MENDES PEÇANHA – ES, MARÍLIA
DALVA TURCHI – GO, JOSÉ IVAN DE ALBUQUERQUE
AGUIAR – MS, ANTONIO CARLOS DE CASTRO
TOLEDO JR. – MG, CLÉA BICHARA – PA, ANA
ISABEL VIEIRA FERNANDES – PB, KELSEN DANTAS
EULÁLIO – PI, JOSÉ LUIZ DE ANDRADE NETO –
PR, MARTHA MARIA ROMEIRO – PE, SILVIA
CRISTINA DE CARVALHO FLÔRES – SC, ANTONIO
ALCI BARONE – SP, WÁLTER TAVARES – RJ,
KLEBER GIOVANNI LUZ – RN, TERESINHA JOANA
DOSSIN – RS, ANGELA MARIA DA SILVA – SE,
HERTZ WARD DE OLIVEIRA – TO
SUGESTÕES: SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA
Rua da Consolação, 2.710 conj. 91 • São Paulo - SP • CEP 01416-001
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APOIO
PROJETO E EXECUÇÃO: CL–IMPRENSA E COMUNICAÇÃO
Editora e jornalista responsável: Conceição Lemes
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Revisão: Patrícia Villas Bôas Cueva
Secretária: Givalda Guanás
Boletim de informação e atualização da Sociedade Brasileira de Infectologia
Capa
Próxima
BRASIL SEDIARÁ CONFERÊNCIA DA IAS
JOEP LANGE, HELENE GAYLE, PEDRO CAHN E RODRIGO GARAY: ESCOLHA DO BRASIL SE
JUSTIFICA PELO IMPACTO DA EPIDEMIA DE HIV/AIDS E SUA RESPOSTA ADEQUADA
MAIS DE 5 MIL DELEGADOS
As expectativas da IAS em relação à 3rd International
Conference on HIV Pathogenesis and Treatment são realmente
grandes. Estima-se a presença de mais de 5 mil delegados de
mais 50 países. Espera-se também grande participação de
delegados brasileiros e de outros países da América Latina.
“Nosso compromisso é assegurar adequado input para a
conferência tanto em termos de conteúdo quanto de resultados”,
afirma Celso Ferreira Ramos Filho, presidente da SBI e um dos
chairs. O outro é Mauro Schechter, da UFRJ.
Nesse sentido, alguns cuidados nortearão a organização da
conferência:
• O programa será desenhado por renomado grupo de cientistas
de todas as regiões do mundo.
• Haverá grande programa de bolsas para participantes de países
subdesenvolvidos.
• Na fase pré-conferência, serão organizadas visitas a hospitais e
centros de saúde, para que participantes estrangeiros vejam como
são manejadas também dificuldades e inadequações.
“Afinal, nosso empenho é ajudar a melhorar a situação das pessoas
que vivem com HIV/aids no mundo, e não apenas no Brasil”, frisou
Celso Ramos na sessão de encerramento da conferência em Paris,
quando a IAS anunciou a opção pelo Rio de Janeiro. sbi
CELSO RAMOS, NO
ANÚNCIO EM PARIS:
“NOSSO EMPENHO É
AJUDAR A
MELHORAR A
SITUAÇÃO DAS
PESSOAS QUE VIVEM
COM HIV/AIDS NO
MUNDO, E NÃO
APENAS NO BRASIL”
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3
3
FOTO: DORA GOMES
O primeiro congresso desta série de conferências da
International Aids Society (IAS) foi na Argentina, em 2001. O
segundo, em Paris, em julho de 2003. O próximo, no Brasil. A 3rd
International Conference on HIV Pathogenesis and Treatment
acontecerá em 2005, no Rio de Janeiro. Será promovida pela
própria IAS e por um consórcio formado por três entidades
nacionais: Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI),
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Coordenação
Nacional de DST/Aids. A escolha foi anunciada pelo conselho
executivo da IAS na conferência de Paris.
“É muito importante para a IAS que a conferência seja no
Brasil, um exemplo de resposta governamental adequada à
epidemia de HIV/aids”, destaca o seu presidente, Joep Lange. Para
a presidente eleita Helene Gayle, que estará à frente da IAS em
2005, a escolha se justifica pelo impacto da epidemia de HIV/
aids no país e sua resposta abrangente. “O Brasil demonstrou que
quando há vontade política se pode enfrentar a epidemia”,
ressalta Pedro Cahn, representante da América Latina no
conselho executivo da IAS. Rodrigo Garay, diretor executivo da
IAS, acrescenta: “Clínicos e pesquisadores do mundo inteiro
podem aprender muito com a experiência brasileira”.
Do lado brasileiro, a avaliação é igualmente entusiástica. Para
Alexandre Grangeiro, atual coordenador do Programa Nacional
de DST/Aids, significa o reconhecimento da luta do país para
conter a epidemia de HIV/aids, incluindo o acesso universal ao
tratamento anti-retroviral. “É a consolidação da nossa
experiência”, afirma Paulo Roberto Teixeira, ex-coordenador e
atual chefe do programa de aids da Organização Mundial da
Saúde. Profissionais brasileiros terão a chance de mostrar em
detalhes o que foi feito aqui; especialistas internacionais, a
oportunidade de conferir de perto, inclusive visitando os serviços
especializados. “Essa conferência terá significado global e
regional”, acredita Joep Lange.
8/26/2003, 11:36 AM
JULHO / AGOSTO / SETEMBRO DE 2003
Próxima
REPORTAGEM DE CAPA
(CONTINUAÇÃO)
EM VEZ DE ANOS, DIAS PARA
UMA INFECÇÃO SE GLOBALIZAR
4
Doença emergente é toda aquela que não existia em determinado
lugar e se torna ameaça real ou potencial à saúde da população dessa
localidade. O conceito surgiu nos Estados Unidos na década de 1990,
movido pela preocupação de que as doenças infecciosas não tinham
desaparecido. Pior: outras haviam aparecido. A aids foi o carro-chefe
da nova percepção, agora escancarada pela SRAG.
“Só que esse processo não nasceu ontem, as doenças emergentes
fazem parte da história da humanidade”, lembra Luiz Jacintho. Elas
resultam de um processo dinâmico e têm característica histórica e
geográfica. Exemplo: a famosa peste bubônica. Em meados do século
XIV, foi doença emergente para a sociedade européia. Da Ásia, através
de caravanas de mercadores de especiarias, chegou à Europa,
tornando-se problema de saúde seriíssimo. Hoje, não mais.
Tampouco é novidade o trânsito de vírus de animais para
humanos, hipótese cogitada em relação ao coronavírus causador da
SRAG. O vírus da influenza faz muito esse percurso. Do mesmo modo,
não é inusitada a globalização de surtos. As grandes epidemias de
sífilis, no século XVI, de cólera, no XIX, e a gripe espanhola, no século
XX, atestam-na. A diferença é que, antigamente, levavam anos ou
décadas para atravessar de um continente a outro, e, atualmente, dias,
como demonstrou a SRAG. Em 18 de março (exatos 35 dias após o
informe oficial da China), a OMS já tinha relatos de 219 casos em
sete países, revelando disseminação através das rotas aéreas. “Hoje,
o compartilhamento de risco é muito maior, a rapidez de
espalhamento também”, justifica Jarbas Barbosa.
Um dos fatores responsáveis é rigorosamente a facilidade dos
meios de transporte. Neste instante, 500 mil estão a bordo de aviões
em todo o mundo, o que representa cerca de 1,7 bilhão de passageiros
voando por ano. Já até o século XIX, a imensa maioria das pessoas
não se distanciava mais do que 30 quilômetros da cidade natal.
IMPORTAÇÃO DE ANIMAIS
EXÓTICOS, NOVO GRANDE PERIGO
Na origem da propagação atual das doenças emergentes, destacamse também os aglomerados urbanos desmedidos, o empobrecimento das
populações, as novas técnicas de produção animal, as agressões
desmesuradas aos ecossistemas, a intensificação do comércio de produtos
alimentícios e a importação de animais. “Cada vez mais, criam-se em
casa animais exóticos, como iguanas e cobras”, preocupa-se Jarbas
Barbosa.“Isso aumenta a probabilidade de circulação de vírus raros, antes
escondidos nas matas.”
O recente surto de varíola dos macacos nos Estados Unidos ilustra o
receio. Causada por vírus semelhante ao da varíola, possivelmente foi
levada por um rato importado da África como animal de estimação. Esse
roedor infectou outros roedores americanos, causando a epidemia. Outro
exemplo é a febre do Nilo Ocidental, que aportou nos EUA em 1999 e se
JULHO / AGOSTO / SETEMBRO DE 2003
sbi
COMO O BRASIL ENFRENTOU A SRAG
Relatório final da Secretaria de Vigilância em Saúde sobre a ameaça da SRAG
no Brasil: 52 casos suspeitos, todos descartados após investigação. “Se um fosse
positivo, provavelmente teríamos evitado transmissão secundária, pois todas as
medidas de precaução foram tomadas no instante em que cada um era
considerado suspeito”, avalia o secretário da SVS, Jarbas Barbosa.
Em 14 de março, um dia após o alerta geral da Organização Mundial da Saúde
(OMS), a SVS comunicou todas as secretarias estaduais e municipais de saúde
sobre o novo quadro respiratório. A partir daí, constituiu grupos de trabalho
para dar respostas a essa emergência. Nos casos mais complexos, enviou equipes
treinadas por consultores do Centers for Diseases, Prevention and Control, o CDC,
de Atlanta, EUA, para apoiar as investigações. “Diariamente, trocávamos
informações com a SVS e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”,
diz o epidemiologista Luis Gerardo Castellanos, do escritório da Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil. Sempre que um caso era considerado
provável ou suspeito, Washington e Genebra eram notificados de imediato e a
informação ia para as home pages da OPAS e da OMS. “Esse compartilhamento
de informações foi vital”, aprova Castellanos.
tornou endêmica. Talvez aves migratórias ou cavalos importados a
tenham carregado para lá. “A importação de animais, particularmente a
de exóticos,é feita muitas vezes sem controle adequado,oferecendo grande
perigo”, reforça Luiz Jacintho.“Por causa disso, o Brasil já tem os vetores
da febre hemorrágica do Congo-Criméia.”
Explica-se. Há alguns anos importaram-se da África camelos para
ornamentar as dunas do Rio Grande do Norte. Eles trouxeram
espécies de carrapatos inexistentes no país, que são transmissores
de doenças infecciosas graves, como a febre hemorrágica do CongoCriméia. Esses carrapatos também estão presentes em avestruzes,
muito importados nos últimos tempos. Agora, só falta trazer o vírus
para a doença ocorrer aqui.
Resultado: as doenças infecciosas emergentes estão em franca
expansão no planeta. Infelizmente, não existe nenhuma fórmula mágica
capaz de impedir a entrada das novas infecções.
NOS AEROPORTOS, PODE-SE REDUZIR
O RISCO, NUNCA ELIMINÁ-LO
Anualmente, 50 milhões de turistas entram e saem do Brasil por
30 aeroportos, centenas de portos e postos de fronteira. Bem diferente
do que acontecia no século XIX, quando o contato com o mundo se
fazia através de uns poucos portos, como os de Santos, Rio de Janeiro,
Salvador e Recife. As viagens marítimas demoravam demais e os
navios atracavam com surtos já definidos. Aí, um médico ia a bordo,
inspecionava tripulantes e passageiros e, dependendo do caso,
colocava-os em quarentena. Ou seja, fechava-se o porto à embarcação
com epidemia visível e garantia-se certa segurança.
No auge da epidemia da SRAG, houve quem propusesse fazer o
mesmo com passageiros e tripulantes de vôos internacionais.
“Tremendo engano”, assegura Jarbas Barbosa. “Além de inexeqüível,
a medida não impede a entrada de novas doenças. Em aeroportos,
pode-se reduzir o risco, esclarecendo as pessoas, nunca eliminá-lo.”
Toda doença transmissível tem a fase de incubação, quando o
infectado pode aparentar saúde. Logo, mesmo que fosse feita
avaliação médica após cada vôo, algumas pessoas com o vírus da
Boletim de informação e atualização da Sociedade Brasileira de Infectologia
LUIS CASTELLANOS,
LUIZ JACINTHO E
JARBAS BARBOSA:
TRANSPARÊNCIA E
COMUNICAÇÃO
IMEDIATA DE SURTOS
SÃO VITAIS PARA
PROTEGER A SAÚDE
DA POPULAÇÃO
FOTO: CARLOS WILSON DE ANDRADE FILHO/OPAS-BRASIL
Epidemiologistas estão convencidos: os danos da SRAG seriam
menores se a China tivesse agido rápido; por outro lado, seriam muito
maiores se o infectologista Carlo Urbani não houvesse detectado o
problema em pacientes de um hospital de Hanói, Vietnã, e alertado a
OMS em 28 de fevereiro. Talvez causasse morticínio comparável ao da
gripe espanhola.
“A grande defesa de um país contra as doenças emergentes é ter uma
rede de vigilância disseminada, em especial nos grandes municípios, e
uma coordenação técnica sólida”, assegura Jarbas Barbosa. Guardadas
as proporções, é como o sistema de vigilância que a economia utiliza
para controlar a entrada de capitais, compara Luiz Jacintho: “Como
lidamos com doenças infecciosas numa sociedade com determinantes
de difícil controle, o que temos a fazer é perceber com rapidez as mudanças
de tendência e agir, para reduzir o tamanho do estrago”.
A rede de vigilância é a de assistência: hospitais de referência para
doenças infecciosas, emergências, unidades básicas de saúde, médicos
dos serviços públicos e privados. Essa rede precisa ser capaz de perceber
que há alguma coisa estranha e alertar no ato. A sua coordenação, por
sua vez, necessita ter competência para investigar adequada e
rapidamente o surto e propor medidas de contenção. E tudo isso de
maneira transparente.
“Os infectologistas são nossos parceiros fundamentais”, diz Jarbas
Barbosa. Luis Castellanos endossa: “A história demonstra que a maioria
das novas doenças emergentes tem sido detectada por infectologistas”.
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sbi
FOTO: EDMAR CHAPERMAN/FUNASA
TRANSPARÊNCIA, AGILIDADE E A
ATUAÇÃO DO INFECTOLOGISTA
Um infectologista bem treinado, diante de um quadro diferente, pode
não saber o que o paciente tem, mas sabe o que ele não tem. Nessa hora,
esgotadas as possibilidades rotineiras de diagnóstico, é preciso pensar
na possibilidade de uma doença nova (seja porque não existe no Brasil,
seja porque é desconhecida, como era a SRAG) e pedir ajuda logo.
A propósito: a Sociedade Americana de Doenças Infecciosas montou
uma rede destinada a detectar “coisas esquisitas”. Seus próprios sócios
alimentam-na, comunicando os achados inusitados. De tempos em
tempos, publica-se um balanço dos informes. “A SBI poderia organizar
algo semelhante no Brasil”, sugere Luiz Jacintho. “As informações, nós,
sócios, mandaríamos por correio eletrônico.”
O fato é que:
1. Transparência e comunicação imediata de surtos são vitais para
proteger a saúde da população. A própria OMS já pode alertar a
comunidade internacional sobre um surto em determinado país sem
precisar aguardar a informação oficial, como era a norma até a SRAG
e o episódio da China.
2. Nenhum país está seguro em relação às doenças infecciosas se não
estiver permanentemente vigilante. Isso vale para as novas e as já
conhecidas.
3. É preciso se preparar cada vez mais para enfrentar epidemias
futuras, e para isso a ação da Secretaria de Vigilância em Saúde é
crucial. “Vamos intensificar a parceria com a SBI iniciada este
ano e estruturar núcleos de vigilância epidemiológica hospitalar”,
antecipa o secretário Jarbas Barbosa. O projeto de vigilância
hospitalar deve começar pelos grandes serviços de referência para
doenças infecciosas, como os institutos de infectologia São
Sebastião, no Rio de Janeiro, e Emílio Ribas, em São Paulo.
4. É necessário intensificar o intercâmbio entre os setores de
vigilância epidemiológica, sanitária, ambiental e vetorial e o de
laboratórios. “Trata-se de desenvolver novo estilo de trabalho, para
reagir melhor às novas epidemias”, defende Luis Castellanos. Cada
setor precisa ter clareza de que integra uma cadeia de informações,
e o rompimento de um desses elementos pode comprometer ou
simplesmente enfraquecer o resultado final.
“Na verdade, temos que ficar vigilantes 24 horas”, arremata Luiz
Jacintho, insistindo. “A vigilância é nossa grande arma contra todos os
surtos de doenças emergentes, conhecidas ou desconhecidas.” sbi
FOTO: SILVIO MONTEIRO
SRAG ou qualquer outro não teriam o problema diagnosticado. A
prova são os 52 casos suspeitos da SRAG no Brasil: todos, inclusive a
jornalista inglesa que foi destaque na mídia brasileira, passaram a
apresentar sinais somente após o desembarque.
“O objetivo da vigilância moderna não é impedir a entrada de
novas doenças”, frisa Jarbas Barbosa,“e sim evitar que se propaguem,
detectando e contendo-as com ligeireza.” Realisticamente, é o que
pode ser feito. Canadá e Estados Unidos, países com o melhor sistema
de vigilância da atualidade, não conseguiram impedir a entrada da
SRAG, mas evitaram um grande surto secundário.
JULHO / AGOSTO / SETEMBRO DE 2003
Próxima
5
ENTREVISTA
“PREPAREM-SE, NOVAS EPIDEMIAS VIRÃO!”
6
Nos cinco meses de batalha travada pelo
mundo contra a síndrome respiratória aguda
grave (SRAG), um departamento da
Organização Mundial da Saúde (OMS) teve
papel vital: o de Vigilância e Resposta de
Doenças Comunicáveis (Department of
Communicable Disease Surveillance and
Response), conhecido pela sigla CSR.
“A SRAG provou que a luta contra as
infecções está à nossa frente e que os países
não estão preparados para enfrentar surtos de
doenças desconhecidas”, avalia o dr. Guénaël
Rodier, atualmente diretor do CSR, em
entrevista ao sbi. Do seu quartel-general em
Genebra, Suíça, faz um alerta aos
infectologistas brasileiros: “Preparem-se,
novas epidemias virão!” O dr. Guénaël Rodier
é médico francês, com especialização em
epidemiologia e medicina tropical. Antes de
incorporar-se à OMS, trabalhou como
epidemiologista em doenças infecciosas em
uma unidade da U.S. Navy Medical Research,
a NAMRU 3, no Cairo, Egito. Sua principal
experiência é na área de respostas a epidemias,
particularmente doenças hemorrágicas virais,
como ebola, marburg e dengue.
(sbi) No Brasil, após o alerta geral da OMS,
o Ministério da Saúde comunicou a todas
as secretarias de saúde a ameaça de uma
nova doença infecciosa. Cinqüenta e dois
casos entraram na lista de suspeitos, sendo,
posteriormente, todos descartados. Qual a
sua avaliação do Brasil diante da SRAG?
Dr. Guénaël Rodier: A identificação rápida de
52 casos suspeitos demonstra que o Brasil
conseguiu estabelecer um sistema de vigilância
adequado. Não nos surpreende que nenhum
caso tenha se confirmado. O importante é que
o sistema funcionou e o país tomou
prontamente medidas para evitar um surto.
(sbi) Mas muitos países não detectaram
nenhum caso suspeito.
Rodier: Sinceramente, não confio na
informação desses países, considerando o
rumor provocado pela SRAG no mundo e o
aumento explosivo de viagens aéreas
JULHO / AGOSTO / SETEMBRO DE 2003
sbi
internacionais. O fato de não terem detectado
nenhum caso suspeito de pneumonia,
qualquer que fosse a causa, leva-me a pensar
que ou eles não têm sistema de vigilância ou
o sistema falhou.
(sbi) Nos países de Primeiro Mundo, as
pessoas tendem a acreditar que doenças
infecciosas não existem mais. Como fica
essa crença depois da SRAG?
Rodier: Esse é um equívoco comum, já que
seus habitantes se desabituaram a ver
doenças infecciosas. A SRAG, porém,
mostrou-lhes que não estão livres de risco e
que novas infecções podem surgir a qualquer
instante. A população do mundo inteiro,
inclusive a do Brasil, tem que colocar na
cabeça: vamos ter que lidar, sim, com as
doenças infecciosas no futuro.
(sbi) Essa perspectiva não poderia gerar
pânico?
Rodier: O objetivo não é criar pânico, mas
conscientizar as pessoas de que é preciso tomar
cuidado, pois os microrganismos – alguns bons,
outros muito maus – convivem conosco. Além
disso, são bastante dinâmicos, se modificam o
tempo inteiro e com enorme rapidez.
(sbi) Qual a maior lição da SRAG para
epidemias futuras?
Rodier: Os países têm sistemas de vigilância
para certas doenças, como tuberculose,
malária e aids. Mas não estão preparados
para enfrentar o inusitado, ou seja, surtos de
doenças desconhecidas. E considerando que
estamos lidando com risco, os países têm que
se preparar para combater o inesperado.
(sbi) De que maneira?
Rodier: O modo mais eficiente é melhorar
a capacidade do país, principalmente o
sistema de vigilância e resposta na
presença de um surto. Aliás, será exigência
futura da Internacional Health Regulations
(IHR). Os Regulamentos Internacionais de
Saúde são a única legislação global que
permite à comunidade internacional tomar
providências nessa área. Todos os países
serão obrigados a ter capacidade mínima
de alerta e resposta – rápidos, é claro – ante
qualquer surto.
(sbi) Como fazer a vigilância de uma
doença que não existe no país e com a qual
o clínico não está familiarizado?
Rodier: Só se acha aquilo que se procura. Se
você procura ebola, pode encontrar ebola. Se
procura tuberculose, pode achar tuberculose.
Pois bem, outra forma possível de abordar o
problema é o estabelecimento de um
mecanismo de relato de síndromes além do
já existente para as doenças. É uma nova
maneira de tratar o problema.
(sbi) Explique melhor, por favor.
Rodier: Independentemente de o paciente
estar infectado por vírus ou bactéria, se
adoecer, terá um conjunto de sintomas. Pois
o que estamos propondo é o agrupamento
dos sintomas em sete ou oito tipos distintos
de síndromes. Por exemplo, a síndrome
diarréica, a síndrome hemorrágica, a
síndrome neurológica. A vigilância será feita
não só em cima das doenças específicas mas
também em cima das síndromes. Portanto,
médicos e enfermeiros terão que estar
atentos a essas síndromes e passar a
procurá-las. De forma que, se houver algo
inusitado, possam pensar na possibilidade
de estarem testemunhando um surto. A
etapa seguinte é a investigação laboratorial:
só ela poderá identificar qual o agente
infeccioso responsável pelo surto.
(sbi) O que cada país precisa fazer para
identificar rapidamente um surto de
doenças conhecidas ou desconhecidas?
Rodier: Não é algo muitíssimo sofisticado,
não. É uma questão de logística e foco,
principalmente em laboratórios, epidemiologia, comunicação e organização.
(sbi) Por favor, detalhe essas medidas.
Rodier: Não dá para montar somente um
sistema específico para uma doença. O que
Boletim de informação e atualização da Sociedade Brasileira de Infectologia
FOTO: WHO / P.VIROT
(sbi) Pela sua experiência, médicos e
enfermeiros costumam perceber essa
“coisa errada”?
Rodier: Na maioria dos casos, sim. Ao
verem, por exemplo, muitos pacientes com
diarréia,vomitando ou com pneumonia, é
comum se darem conta de uma ameaça
potencial. O problema é que freqüentemente
não sabem a quem se dirigir. Ou, então,
temem ser considerados culpados por esta
má situação. Infelizmente, é um problema
freqüente em todo o mundo, já que os surtos
são vistos como coisas vergonhosas.
GUÉNAËL RODIER:
A SRAG PROVOU QUE OS PAÍSES NÃO ESTÃO
PREPARADOS PARA ENFRENTAR SURTOS DE
DOENÇAS DESCONHECIDAS
pode ser feito também com sucesso é
estabelecer um sistema geral de vigilância,
baseado numa capacitação igualmente geral.
Isso supõe alguns requisitos. Primeiro: uma
rede de laboratórios de referência, onde
amostras de materiais inicialmente negativas
possam ser mais bem investigadas. Por
exemplo, quando os laboratórios de rotina
não conseguem descobrir o que está
acontecendo ou quando se trata de doença
nova. Segundo: pessoas no sistema de
vigilância capacitadas a fazer uma
investigação correta de campo, qualquer que
seja a doença. Terceiro: um sistema de
comunicação abrangente, capaz de envolver
setores público e privado, grandes e pequenas
cidades, capitais e interior. Quarto: um
pequeno grupo de especialistas 24 horas de
plantão. São profissionais em condições de
chegar depressa ao local do problema e com
autorização para tomar as medidas necessárias para identificá-lo e contê-lo.
(sbi) Tudo isso funcionando ao mesmo
tempo, o tempo inteiro?
Rodier: Exatamente. O mais importante é ter
pessoas capazes de detectar nos indícios um
possível surto. E, aí, saber com quem falar.
AGENDA 2003
• 43rd ICAAC Interscience Conference on
Antimicrobial Agents and Chemotherapy: 14-17
de setembro, Chicago, EUA. www.icaac.org/
ICAAC.asp
• 37º Congresso Brasileiro de Patologia Clinica/
Medicina Laboratorial: 24-27 de setembro, Rio de
Janeiro, RJ. www.sbpc.org.br
• 4th International Conference on Emerging
Zoonoses: 18-21 de setembro, Ames,
EUA.www.target-conferences.com/zoonoses2003/
index.htm
(sbi) Ou seja, tem que se mudar essa
cultura.
Rodier: Com certeza. É preciso chegar a um
ponto em que a detecção de um surto num
bairro ou numa cidade seja exatamente como
lidar com acidentes de trânsito. Nada além.
• 9th Conference of the European Confederation
(sbi) Neste momento, alguma doença o
preocupa mais devido ao risco de
expansão?
Rodier: Sim, a próxima pandemia de
influenza.
• 5th European Congress of Chemotherapy and
(sbi) Que alerta o senhor faria aos
infectologistas brasileiros?
Rodier: Preparem-se, novas epidemias virão!
A luta contra as doenças infecciosas não é
coisa do passado. É um problema que está
bem à nossa frente. Por isso, é indispensável
aplicar com rigor as medidas de higiene e de
controle de infecção nos hospitais em geral.
A SRAG deixou claro que epidemias podem
ser amplificadas a partir dos serviços e dos
profissionais de saúde.
(sbi) E às autoridades brasileiras?
Rodier: A questão das doenças infecciosas
emergentes tem que ser tratada de maneira
bastante séria por todos os países, pois elas
realmente colocam em risco os negócios e
a segurança. Neste momento, os Regulamentos Internacionais de Saúde estão
sendo revistos, o Brasil está bastante
envolvido nesse processo e é importante
que continue. Não só pelo Brasil, que é
muito grande, mas pelo quadro global. É a
melhor resposta à ameaça das doenças
infecciosas emergentes. sbi
of Medical Mycology: 28 de setembro -1º de
outubro, Amsterdã, Holanda. www.ecmmtifi2003.org
• 3rd International Meeting on Antimicrobial
Chemotherapy in Clinical Practice (ACCP): 1619 de outubro, Portofino, Itália. www.accp.it
Infection (ECC-5): 17-21 de outubro, Rodes,
Grécia. www.congrex.com/ecc5
• 40th Meeting of the Infectious Diseases
Society of America (IDSA): 24-27 de outubro,
Chicago, EUA. www.idsociety.org
• 9th European Conference on Clinical Aspects
and Treatment of HIV Infection: 26-29 de
outubro, Varsóvia, Polônia.
www.eacs-conference2003.com/start.php3
• V Simpósio Brasileiro de Pesquisa em HIV/
Aids: 26-31 de outubro, Rio de Janeiro, RJ.
www.simpaids.fiocruz.br
• II INFOCUS Fórum de Infecções Fúngicas na
Prática Clínica: 31 de outubro-1º de novembro,
São Paulo, SP. www.planetevents.com.br
• 6º Congreso Argentino de Sida: 20-23
de novembro, Buenos Aires, Argentina.
www.congresosint.com.ar/sida2003
• 8º Congreso Mundial de Enfermedades de
Transmisión Sexual y SIDA, 14avo Congreso
Panamericano de Enfermedades de
Transmisión Sexual y SIDA: 2-5 de dezembro,
Punta del Este, Uruguai. www.congrex.com/stiaids2003
• Ist International Workshop on HIV Persistence
During Therapy: 10-12 de dezembro, Saint Martin,
Antilhas Francesas. www.avps.org/2003/hivp.htm
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sbi
JULHO / AGOSTO / SETEMBRO DE 2003
Próxima
7
NOTAS
SUCESSO DA INICIATIVA AMPLIA CURSO
Nos dias 1, 2 e 3 de julho, técnicos da CN-DST/Aids
reuniram-se em São Paulo com os consultores e monitores dos
cursos de manejo de HIV/aids e hepatites virais realizados em
Maceió (AL) e Itapema (SC). O objetivo foi avaliar os dois
eventos, uma parceria inédita da SBI com a CN-DST/Aids e a
International Aids Society (IAS). Conclusões: 1. Os cursos têm
padrão elevado; 2. Atendem às necessidades de atualização; 3.
Estão contribuindo para melhorar a capacitação da rede
pública de saúde. Resultado: o terceiro curso já está agendado.
Será de 13 a 16 de novembro, em Foz do Iguaçu (PR). Como os
anteriores, integra o programa de educação continuada da SBI.
“O curso não se limita a aulas teóricas”, destaca o
º
infectologista José Ivan de Albuquerque Aguiar, 2 secretário da SBI. Os participantes são levados a mergulhar em casos clínicos e a
buscar soluções práticas, considerando os avanços em HIV/aids e as dificuldades regionais. Por sinal, a presença de infectologistas e
clínicos gerais das cinco regiões do país é outro ponto positivo. “A epidemia de aids está indo para o interior. A educação tem que
seguir a mesma direção”, observa Martha Romeiro, presidente da Sociedade Pernambucana de Infectologia. Na prática, todos ganham,
acrescenta Sílvia Cristina Flores, presidente da Sociedade Catarinense de Infectologia: “Os médicos que atendem doenças infecciosas
na rede de saúde; o Ministério da Saúde, que pode contar com o apoio de especialistas altamente qualificados; e a própria SBI. Ao se
aproximar mais dos médicos, ganha maior vitalidade”.
A médica Cledy Eliana dos Santos e a psicóloga Silvana Solange Rossi, assessoras técnicas da CN-DST/Aids, assinam embaixo: “O
trabalho conjunto otimiza a educação continuada, melhorando a qualidade da assistência”.
A maior prova do sucesso é a grande procura pelos cursos. Em Maceió, havia 2,9 candidatos por vaga. Em Itapema, 4,1. Para o III
Curso Avançado sobre Manejo de HIV/Aids e Hepatites Virais, haverá 120 vagas. As instruções para a inscrição estarão na home page
da SBI: www.infectologia.org.br sbi
FECTOLO
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EDADE BR
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AS
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-1 9 8 0-
AIDS EM NOVAS MÃOS
Alexandre Grangeiro, que desde 2000 atuava
como coordenador adjunto do Programa
Nacional de Aids. Grangeiro é especialista
em saúde pública pela Universidade de São
Paulo. Em entrevista ao sbi, salientou: “A
parceria SBI/CN-DST/Aids é estratégica
para o enfrentamento da epidemia de HIV/
aids no Brasil”.
FOTOS: CN-DST/AIDS
8
PAULO TEIXEIRA NA OMS, ALEXANDRE
GRANGEIRO NA CN-DST/AIDS
Após cinco anos à frente da Coordenação
Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (CN-DST/Aids), do Ministério da Saúde, o médico Paulo Roberto
Teixeira acaba de assumir em Genebra a
direção geral do programa de aids da
Organização Mundial da Saúde (OMS). Em
seu lugar no Brasil, fica o sociólogo
JULHO / AGOSTO / SETEMBRO DE 2003
Anterior
sbi
(sbi) Qual a sua meta prioritária?
Alexandre Grangeiro: Há várias. Uma é
aumentar o número de diagnósticos:
atualmente, no país, 55% dos infectados pelo
HIV desconhecem a sua soropositividade.
Eles só a estão descobrindo, em média, cinco
anos após a infecção. Em conseqüência, além
de não iniciarem a terapia anti-retroviral no
momento adequado, estão transmitindo
involuntariamente o vírus.
(sbi) Das 17 mil gestantes infectadas pelo
HIV por ano no Brasil, apenas 6 mil têm
acesso ao tratamento anti-retroviral. O que
o senhor pretende fazer?
Grangeiro: Talvez seja o ponto de maior
insuficiência da resposta à aids no Brasil.
Precisamos sensibilizar as mulheres e os
médicos para o risco da transmissão vertical
e estimular a realização do teste no pré-natal.
Afinal, se o diagnóstico for feito, a gestante
receber a terapia anti-retroviral e não
amamentar, a probabilidade de infectar cai
para cerca de 2%. É quase uma vacina.
(sbi) A Sociedade Brasileira de Infectologia
e a Coordenação Nacional de DST/Aids
estão juntas em projetos. Como o senhor
avalia essa parceria?
Grangeiro: É estratégica. A SBI é o elo com
a principal especialidade que atende
pacientes com HIV/aids. Por isso, pode
contribuir para o aprimoramento dos
infectologistas. Pode nos ajudar também na
qualificação de clínicos gerais que atuam
nos serviços de aids. O que é vital: a
diminuição da mortalidade e a melhora da
qualidade de vida estão associadas à
qualidade dos serviços. sbi
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