alcachofra

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ALCACHOFRA
Luciane do Rocio Chezini
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Nome botânico: Cynara scolymus L.
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Família: Compositae
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Parte utilizada: folha
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Histórico:
É originaria da região do Mediterrâneo, e durante muito tempo foi
considerada uma hortaliça rara. Hoje, é largamente cultivada nas regiões
Atlânticas com invernos suaves. 1
Durante o século XVI a alcachofra já era apreciada como diurético -e
afrodisíaco- e é considerada em certos meios do século XVII como tratamento
específico para a icterícia. No entanto, foi durante o início do século XX que a
sua fama terapêutica despontou, devido a trabalhos de vários médicos que
demonstraram sua importância nas afecções hepatobiliares. 2
A flor é a parte comestível e a folha larga é utilizada na medicina. É um
alimento que pode ser consumido pelos diabéticos, sobretudo cru. A alcachofra
deve ser consumida logo após o cozimento, que deve ser rápido, pois se altera
muito e produz toxinas. É contra-indicada durante a lactação, pois sua ação
prejudica a secreção láctea. 2
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Aspectos botânicos:
Se trata de uma planta perene, pertencente à família das Compostas,
caracterizada por apresentar entre 1 e 1,75 metros de altura. Apresenta folhas
grandes, talo longo pouco ramificado e um capítulo floral grande, composto por
um receptáculo carnoso e numerosas flores de cor azul violeta ou púrpuras,
implantadas sobre cálices provido de brácteas, que aparecem desde meados até o
final do verão. 3
Originária do norte da África, sua atual área de distribuição abrange
regiões de clima temperado e subtropical, com solos ricos em húmus. Em
algumas regiões se encontra silvestre ainda que majoritariamente seja cultivada
como legume, inclusive na Europa. 3
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Aspectos agronômicos:
Propagação:
a) por sementes
b) por mudas nascidas na base da planta 11
Época de plantio: outono-inverno 11
Espaçamento: 1,20 a 1,50m entre as linhas e 1,20 entre as plantas. 11
Quantidade de sementes: se gasta ao redor de 0,5 Kg de sementes para plantar 1
hectare. Um grama tem ao redor de 30 sementes. Devem-se fazer as mudas previamente
em um viveiro. 11
Tempo de germinação: 15 dias 11
Profundidade de plantio: 0,5cm até um máximo de 1,0 cm. 11
Clima: Temperados-quentes. As altas temperaturas do verão propiciam o aparecimento
de pragas e doenças. No planalto, deve-se proteger o solo com uma cobertura morta
para evitar a morte de cepas. Exigem locais ensolarados e abrigados dos ventos fortes.
Como há grande massa folhar a exigência em água é grande incluindo a umidade
relativa do ar. 11
Solos: Os argilosos-silicosos, ricos, profundos e drenados são os mais recomendáveis.
Nos arenosos e pobres a planta não se desenvolve. Nos excessivamente argilosos há
muito risco de apodrecimento e o aparecimento de fungos, pulgões ou nematóides nas
raízes. O pH deve ser próximo à neutralidade (6,5). 11
Tratos culturais: Desbaste dos rebrotes, capinas, afofamento do solo, irrigações, defesa
contra pulgões e desbaste dos capítulos – são os principais tratos culturais. 11
Pragas e doenças: É comum o aparecimento do pulgão cinzento nas folhas e uma
cochonilha vermelha, sem carapaça, na base da planta. Ocasionalmente pode ocorrer
nematóide nas raízes. Na primavera há possibilidade do surgimento de uma doença
fúngica que ataca as folhas, com manchas acinzentadas. 11
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Composição química:
- cinarina (acido 1,5-dicafeilquinico) – 0,02 a 0,03%
- sais minerais – 12 a 15%
- tanino
- pectina
- mucilagem
- ácido cafêico
- ácido clorogênico
- ácidos orgânicos: málico, glicérico e glicólico
- glicosídeo A e glicosídeo B da alcachofra (tido como colerético)
- componentes flavônicos glicosídeos (cinarosídeo e scolimosídeo)
- cinaropicrina (principal constituinte amargo)
- enzimas (cinarase, oxidase, ascorbinase, catalase, peroxidase)
- pró-vitamina A, entre outras vitaminas. 1
Princípios amargos: cinarina, presente nas folhas, talos e raiz, em uma proporção de
0,5% aproximadamente. Trata-se de um diéster proveniente dos ácidos cafêicos e
quínico. Outros princípios amargos são as lactonas sesquiterpênicas, cinaropictrina e
grosheimina. 3
Ácidos fenólicos (>2%): cafêico, clorogênico, neoclorogênico, 1,4 e 1,5 orto
dicafeilquínico e criptoclorogênico. 3
Ácidos-alcoois alifáticos: cítrico, glicérico, fumárico, glicólico, hidroximetilacrilico,
láctico, málico (0,8%), succínico (0,32%). 3
Outros: flavonóides derivados da luteolina (cinarósidos, cinaratriósidos, escolimósidos);
enzimas (catalases, oxidases, peroxidases, cinarase, ascorbinase, proteases), inulina (nos
tubérculos e talos), pro-vitamina A, sais minerais (potássicos e magnésicos), taninos,
mucilagens, glicosídos A e B, sapogenina esteróidica (cinarogenina), óleo essencial (
muuroleno, β-selineno, α-humuleno, humuleno, etc.) fitosteróis (taraxasterol e βtaraxasterol), pectina, etc. 3
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Estudos Etnofarmacológico:
É utilizado nas afecções hepatobiliares e no aumento de uréia e colesterol; alivia
os males gástricos e renais; coadjuvante nos regimes de emagrecimento;
empregado também na hipertensão e hidropisia. 1
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Atividades Farmacológicas / Experimentos e eficácia clínica:
Seu principal princípio aromático amargo, a cinarina, lhe confere
propriedades coleréticas, colagogas, hepatoprotetoras e hipocolesteromiantes,
sinergizado pelos álcoois ortodifenolicos. 3
A cinarina é uma substancia cristalizável que foi isolada pela primeira
vez por um investigador francês C. Chabrol em 1931. Outro principio amargo, a
cinaropicrina exerce uma ação aperitiva e eupéptica. 3
A respeito da sua ação colerética comentada, vale a pena ressaltar que as
brácteas da alcachofra não a exercem, como tão pouco o receptáculo da flor,
cuja ação é muito leve. Ao contrário, as folhas e a raiz são as que
verdadeiramente cumprem com esta ação. 3
Os primeiros trabalhos realizados com esta planta evidenciaram uma
quadruplicação do débito biliar por meio de injeções intravenosas de extratos de
folhas e raiz de alcachofra em animais de experimentação. Foi demonstrado que
este aumento da secreção biliar se deve a uma maior produção mais que a um
estímulo em sua evacuação. 3
Um estudo randomizado duplo-cego mais recente, dá conta que extratos
de alcachofra administrados a pacientes com dispepsias hepatovesiculares, em
cápsulas de 320mg, conseguiram um incremento significativo da secreção biliar.
Este resultado foi constatado aos 30 minutos depois de administrado a
medicação através de medições intraduodenais. A taxa de incremento foi em
média de 127,3% aos 30 minutos, 151,5% aos 60 minutos e de 94,3% aos 90
minutos. 3
A ação conjunta de sais de potássio junto aos flavonóides, as substâncias
ácidas e a inulina, conferem atividade diurética a esta planta. Esse efeito, no
entanto, é muito pouco significativo quando esses componentes são
administrados em forma separada. Tanto em administração oral como parenteral
de extratos de folhas e raízes de alcachofra, se observa uma ação diurética
significativa a partir do segundo dia de tratamento, alcançando o máximo até o
quarto dia. Esse aumento pode alcançar a 100% da produção normal, em
especial nos casos de pacientes com edema, sem que a composição da urina
emitida sofra variações. 3
Na década de 30, o Dr. Tixier na França realizou as primeiras
experiências hospitalares administrando extratos de alcachofra por via
parenteral, em pacientes anúricos. Do mesmo modo, estes extratos
administrados a pacientes com concentrações de uréia elevada, melhoraram
notavelmente seus sintomas. 3
A respeito de sua ação hipocolesteromiante, estudos realizados na
Faculdade de Medicina de Graz (Áustria), evidenciaram resultados satisfatórios
ao final de três meses de tratamento em pacientes tanto com taxas de colesterol
elevadas (devido a diferentes tipos de hipercolesterolemias) como de
triglicérides. Igual ao que foi observado com a uréia inicialmente se observou
uma elevação momentânea do colesterol por ativação hepática (descarga
tissular) para logo começar um decréscimo paulatino e comprovado. 3
Sobre os lipídios, cumprem um papel de obstáculo da síntese endógena
de colestrol, ao mesmo tempo em que aumenta sua excreção vesicular por
transformação em ácidos biliares. De acordo com experiências realizadas em
humanos, a administração diária entre 60 e 1500mg de cinarina, ao longo de três
meses, reduz as taxas plasmáticas de colesterol e triglicerídeos. No entanto,
existem trabalhos que põem em duvida a efetividade da cinarina em casos de
hiperlipidemias familiares tipo IIa e IIb. 3
A ativação hepática observada na regulação da produção de colesterol e
uréia, como já foi ressaltado, seriam os itens nos que se baseia a ação
hepatoprotetora observada por vários autores. Em provas in vivo com ratos aos
quais se induziu toxicidade hepática por etanol, arsenobenzol ou cacodilato de
sódio, se pode observar que os extratos de alcachofra exercem um efeito
hepatoprotetor atuando sobre enzimas de detoxificação hepática como a
nicotinamida adenina dinucleotídeo tanto em suas formas oxidadas como
reduzidas. A respeito desse efeito hepatoprotetor, os extratos elaborados a partir
das folhas resultaram os mais ativos, devido à presença de compostos
polifenólicos. 3
Levando em conta que muitas afecções de pele têm relação com
alterações metabólicas hepáticas, os extratos de alcachofra podem ser de
utilidade sobre tudo em casos de eczemas, aftas e outras afecções
dermatológicas. Também, os sais de magnésio proporcionam um efeito laxante
suave, o que facilita a ação digestiva. O princípio amargo cinaropicrina, junto a
outras lactonas sesquiterpênicas do tipo guaianolídico como a grosheimina,
demonstraram, in vitro, atividade citotóxica importante frente a carcinomas de
colo uterino e nasofaringe. 3
A enzima cinarase, localizada preferencialmente nas pétalas, tem a
virtude de coalhar o leite até em diluições de 1: 150.000, o qual se utilizava
antigamente para fabricar queijos. Em razão que a alcachofra é um vegetal com
baixo conteúdo calórico, rico em fibra dietética, baixo teor graxo e um conteúdo
hidrocarbonado em sua maioria formado por inulina, é indicado especialmente
em dietas para diabéticos, obesos e pessoas com constipações. Devemos
recordar que a inulina é um polissacarídeo que ao ser desdobrado, não gera
glicose, sendo assim assimilável pelo paciente diabético. Além disso, existem
trabalhos a cerca de seu efeito hipoglicemiante. 3
A alcachofra é especialmente indicada para pacientes astênicos e
anêmicos, por seu alto conteúdo de ferro. Finalmente cabe ressaltar que as folhas
de alcachofra estão aprovadas como suplemento alimentar pela FDA
norteamericana, para ser usada como flavorizante de bebidas alcoólicas com
uma concentração máxima permitida de 0,0016% ou 16ppm. 3
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Toxicidade:
As preparações realizadas com infusões de folhas ou raiz, assim como as
tinturas e pós secos não possuem documentação acerca da toxicidade tanto em
animais quanto no homem. Quando se ingere o fruto, deve-se comer
ligeiramente cozido e preparado recentemente. O fato de deixá-lo parado por
muito tempo pode gerar modificações enzimáticas que acarretam em distúrbios
digestivos. 3
Foram documentados alguns casos de dermatite de contato o qual
acontece ser comum em integrantes da família das Compostas. Neste sentido as
lactonas sesquiterpênicas, em especial a cinaropicrina, seriam as moléculas
responsáveis.3
A administração de 320mg/dia de extratos de alcachofra em cápsulas em
humanos não causou efeitos tóxicos nem indesejáveis. A DL50 do extrato total
de alcachofra administrado por via intraperitoneal em ratos foi avaliada em mais
de 1g/kg, enquanto que para o extrato purificado foi de 265mg/kg. 3
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Especialidades Farmacêuticas:
Alcachofra (associada) 4
Chofranina
Figatil líquido
Hepabile
Alcachofra, extrato 4
Chophytol
Alcachofra, extrato (associado) 4
Cynarobiol
Alcachofra, extrato fluido (associado) 4
Alcachofra completa
Alcafebol
Colachofra
Figarex
Hepatilon
Hepatoplex
Hepatorígius
Alcachofra, extrato mole 4
Solvobil
Alcachofra, extrato seco (associado) 4
Figatil drágeas
Infabra alcachofra composta
Necrohepat
Prinachol
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- TESKE M., TRENTINI A. M. Herbarium: compêndio de
fitoterapia. Ed. Herbarium Laboratório Botânico. Curitiba, Paraná.
1995.
2- Segredos e virtudes das plantas medicinais. Ed. Reader’s Digest
Brasil Ltda. Rio de Janeiro, 1999.
3- ALONSO, J. R. Tratado de fitomedicina – bases clínicas e
farmacológicas. Isis. Buenos Aires: 1998.
4- DEF 2002-2003
5- www.ubcbotanicalgarden.org
6- www.hear.org
7- www.rolv.no
8- www.conaplamed.org.ve
9- www.naturheilkundelexikon.de
10- yasashi.info
11- CASTRO,
L.
O.
Plantas
Medicinais,
Condimentares
Aromáticas: Descrição e Cultivo. Ed. Agropecuária, 1995
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