Adicional de geometria Sempre podemos transladar um objeto. Isto é, trocá-lo de lugar. Também podemos analisar a simetria de figuras. Ou seja, se passarmos uma reta no meio da figura terá um “reflexo”, nos dois lados da reta, dos objetos desenhados. 8. Trigonometria Trigono= três ângulos, metria= medida. Campo da matemática que estuda as medidas nos triângulos retângulos. 6.1. Tangente Em “semelhança no triângulo retângulo” vimos que é algo normal compararmos a medida de um cateto pelo outro. Também vimos que, mesmo diminuindo o tamanho dos catetos, a razão de um cateto pelo outro é sempre igual à razão de um cateto pelo o outro de um triângulo semelhante (frações semelhantes). Essa percepção foi feita pelos gregos e recebeu deles o nome de tangente. Tangente também é o nome da posição relativa das retas que tocam circunferências em um único ponto ou das circunferências que se tocam em um único ponto. Qual a relação desses objetos? Pela figura podemos ver que se o ̅̅̅̅ girar com apoio em O, um círculo cateto 𝑂𝐴 ̅̅̅̅ será será formado e a reta suporte de 𝐴𝑇 tangente a esse círculo. A reta suporte de ̅̅̅̅ 𝑂𝑇 pode ser encarada como o alcance da visão de alguém que está em O. Essa visão sempre atingirá a algum ponto da tangente. Também podemos lembrar que em movimentos circulares, estudados em Física, um objeto sempre podia escapar pela tangente do movimento realizado. A tangente também é considerada a taxa de declividade de uma reta. Além disso, pelo que vemos na figura abaixo, a tangente mostra qual é a taxa de variação de ma curva ou de um gráfico (algo importante para a física, biologia, medicina, economia, etc.) Todos esses exemplos vem colocar a tangente como a razão trigonométrica mais importante das que estudamos. Podemos obter o valor da tangente dividindo a medida de um cateto pelo outro e a medido do seno tan α = cateto oposto sen α = cateto adjacente cos α pelo cosseno de um ângulo, se forem conhecidos. 6.2. Seno fica responsável pela altura que um ângulo pode obter com um determinado tamanho de hipotenusa (sempre lembrando que as razões trigonométricas são sempre vistas em um A medida que entendemos mais as razões trigonométricas, vemos que, embora a tangente seja mais comum no mundo real, o seno é a mais fundamental dessas razões. Ele triângulo retângulo). Pense em posicionar uma escada numa parede. Estando a escada mais afastada ou mais próxima da parede, a altura que a escada bate na parede seria o seno. A palavra seno vem de sinus quem em latim medieval significava baía, enseada, curvatura, prega côncava ou de meio círculo que forma uma vestimenta. Mas essa foi uma tradução mal feita do Árabe. Sinus veio de jaib, mas a palavra correta seria jiba ou jiva que significa “a corda de um arco (de caça ou de guerra)”. Obtemos o seno comparando a medida de um dos catetos com a hipotenusa. sen α = cateto oposto hipotenusa 6.3. Cosseno Pensando na escada do exemplo do seno, a sombra da escada no chão, ou a distância de seu pé até a parede seria seu cosseno. Co-seno significa o seno do ângulo complementar. Assim, ele pode ser obtido usando o outro cateto. cos α = cateto adjacente hipotenusa 6.4. Cotangente Temos que o seno seria a medida vertical e que o cosseno seria a medida horizontal. Assim, se a tangente é a medida vertical, a cotangente é a horizontal. Co-tangente significa a tangente do ângulo complementar. Assim, ela pode ser obtida invertendo a razão da tangente. cotan α = 1 cateto adjacente cos α = = tan α cateto oposto sen α 6.5. Secante e cossecante A secante e a cossecante são as medidas que vão da origem do ângulo até a tangente e até a cotangente. Secante, vem de secare, que significa cortar. Já vimos que uma reta secante a um círculo o corta em dois pontos. Então a secante será o segmento colinear a hipotenusa e que inicia no vértice de ângulo e termina na altura da tangente. 1 cos α A cossecante é a secante do ângulo complementar. sec α = cosec α = 1 sen α 6.6. Ciclo Trigonométrico Com o plano cartesiano, estudamos a ideia de eixo. Assim: E que tal fazermos isso com uma circunferência? Pronto, obtivemos o chamado ciclo trigonométrico, ou simplesmente ciclo, que é uma circunferência orientada, na qual o raio mede 1. Num ciclo trigonométrico podemos ajustar um plano cartesiano com origem no centro dele. Desse modo, o círculo fica dividido em quatro quadrantes, conforme mostra a figura abaixo. Quando a extremidade de um arco estiver num determinado quadrante, dizemos que o arco é desse quadrante. Tomando como exemplo a figura ao lado, dizemos que: ̂ é um arco do 1° quadrante; AD ̂ é um arco do 2° quadrante; AE ̂ é um arco do 3° quadrante; AF ̂ é um arco do 4° quadrante; AG 6.7. Observando as medidas em um triângulo retângulo e no ciclo trigonométrico 6.8. Arcos côngruos Observemos as figuras ao lado: ̂ mede x. Notamos que a cada número real x corresponde um ponto P do ciclo, tal que AP O ponto P é a imagem de x no ciclo. É importante ressaltar que a cada 𝑥 ∈ ℝ corresponde um só ponto P, mas para cada ponto P existem infinitos arcos de origem A e extremidade P e, consequentemente, infinitos valores de x. Veja um exemplo nas figuras seguinte. Os arcos de medidas 25π 6 rad e −11π 6 π 3 rad, 13π 6 rad, rad possuem a mesma origem A e a mesma extremidade P. Arcos desse tipo, ou seja, arcos de mesma origem e mesma extremidade são chamados arcos côngruos. 6.9. Arcos trigonométricos Como já foi dito, para cada ponto da circunferência, existe uma medida de ângulo e uma medida do arco determinado por esse ângulo. Mas, como podemos ver na última figura, podemos dar voltas em torno do ponto central do ciclo e parar na extremidade P. Acontece que para cada volta que damos, o ângulo central é aumentado (podendo passar de 360° ou de 2π). Com isso: π ̂. Podemos ter 30° ( 6 ) na primeira determinação positiva do arco AP π ̂. Podemos ter 30° + 360° ( 6 + 2π) na segunda determinação positiva do arco AP π ̂. Podemos ter 30° - 360° ( 6 − 2π) na primeira determinação negativa do arco AP 6.10. Variação do sinal de seno, cosseno e tangente No ciclo trigonométrico, de acordo com a extremidade P do arco, o valor de seno e de cosseno pode ser positivo ou negativo. 1° Quadrante 2° Quadrante sen > 0 cos > 0 3° Quadrante sen > 0 cos < 0 4° Quadrante sen < 0 cos < 0 sen < 0 cos < 0 Variação do sinal dessas funções Seno Cosseno Tangente 1° Quadrante 2° Quadrante tg > 0 tg < 0 3° Quadrante 4° Quadrante tg > 0 tg < 0 Tangente 6.11. Relações entre seno, cosseno e tangente Veja: sen α = cos α = tg α = b a c a b c e sen β = e cos β = e tg β = c a b a c b Em um triângulo retângulo, os outros dois ângulos, além do ângulo reto, não só são menores que 90° (são ângulos agudos) como sua soma resulta em 90°. Logo, no triângulo acima, temos: + = 90° = 90° - = 90° - Também temos: b sen α = = cos β; como = 90° - : sen α = cos (90° − α) a c sen β = = cos α; como = 90° - : sen (90° − α) = cos α a c sen β b cos β tg β = = b sen α c cos α e tg α = = Agora, imagine que a hipotenusa do triângulo acima mede 1 (lembrem-se que no ciclo trigonométrico o raio do círculo mede 1). Desta forma temos: c 2 + b2 = 12 (sen α)2 + (cos α)2 = 1 sen2 α + cos2 α = 1 Estas últimas equações são conhecidas como a relação fundamental entre seno e cosseno de um ângulo agudo. 6.12. Ângulos notáveis do seno, do cosseno e da tangente Observe o triângulo equilátero ABC: Como ABC é equilátero, todos seus lados são iguais e todos os seus ângulos internos são iguais e valem 60°. Traçando a altura do ângulo superior, que também é mediatriz de seu lado oposto, temos: Agora, temos dois triângulos retângulos. Calculando quanto mede a altura que traçamos em relação ao lado 𝑎 2 𝑎2 = ( ) + ℎ2 2 𝑎2 − do triângulo equilátero temos, 4𝑎2 − 𝑎2 = ℎ2 4 𝑎2 = ℎ2 4 3𝑎2 = ℎ2 4 por √3𝑎2 √4 Pitágoras: =ℎ 𝑎√3 =ℎ 2 Então, calculando o sen 30°, cos 30° e tg 30°: 𝑎 𝐵𝐻 2 𝑎 1 1 𝑠𝑒𝑛 30° = = = ∙ = 𝐴𝐵 𝑎 2 𝑎 2 𝑎√3 𝐴𝐻 𝑎√3 1 √3 𝑐𝑜𝑠 30° = = 2 = ∙ = 𝐴𝐵 𝑎 2 𝑎 2 1 𝑠𝑒𝑛 30° 1 2 1 √3 𝑡𝑔 30° = = 2 = ∙ = = cos 30° √3 2 √3 √3 3 2 Pelo que vimos de ângulos complementares o sen 60°, cos 60° e tg 60° são: √3 √3 𝑠𝑒𝑛 60° √3 2 2 tg 60° = = 2 = ∙ = √3 1 cos 60° 2 1 1 2 cos 60° = 𝑠𝑒𝑛 30° = 2 Considerando o quadrado abaixo e traçando uma diagonal: sen 60 ° = 𝑐𝑜𝑠 30° = ângulo reto. Calculando quanto mede a diagonal em relação ao lado do quadrado temos, por Pitágoras: 𝑑 2 = 𝑎2 + 𝑎2 𝑑2 = 2𝑎2 Agora, temos dois triângulos retângulo √2𝑎2 = 𝑑 com dois ângulos de 45° (metade de 90°) e um 𝑎√2 = 𝑑 Então, calculando o sen 45°, cos 45° e tg 45°: 𝑠𝑒𝑛 45° = 𝑐𝑜𝑠 45° = 𝐵𝐶 𝑎 𝑎 1 1 √2 √2 = = = = ∙ = 𝐴𝐶 𝑑 𝑎√2 √2 √2 √2 2 𝐴𝐵 𝑎 𝑎 1 1 √2 √2 = = = = ∙ = 𝐴𝐶 𝑑 𝑎√2 √2 √2 √2 2 𝐵𝐶 𝑎 1 𝑡𝑔 45° = = = =1 𝐴𝐵 𝑎 1 Tabulando esses valores: 30° 45° 60° Sen 1 2 √3 2 √3 3 √2 2 √2 2 √3 2 1 2 1 √3 Cos Tg 6.13. Redução ao primeiro quadrante É importante que a partir de agora comecemos a trabalhar com a medida de radianos, pois a medida de graus, embora conhecida e mais simples, é menos utilizada pelo meio acadêmico. Redução do 2° para o 1° quadrante: ̂ de medida , com π > 𝛼 > π, no ciclo trigonométrico. Considerando Representamos um arco AP 2 a simetria em relação ao eixo y, obtemos o ponto P’, correspondente de P, no 1º quadrante. sen = sen (-) cos = -cos (-) tg = -tg (-) Os pontos P e P’ têm a Os pontos P e P’ têm abscissas Os pontos T1 e T2 têm ordenadas mesma ordenada e sen > 0, opostas e cos < 0, pois o sinal opostas e tg < 0, pois o sinal da pois o sinal do seno no 2° do cosseno no 2° quadrante é tangente no 2° quadrante é quadrante é positivo. negativo. negativo. Redução do 3° para o 1° quadrante: ̂ de medida , com 3π > 𝛼 > 𝜋, no ciclo trigonométrico. Representamos um arco AP 2 Considerando a simetria em relação ao ponto O, obtemos o ponto P’, correspondente de P, no 1º quadrante. sen = - sen (-) cos = - cos (-) Os pontos P e P’ têm Os pontos P e P’ têm abscissas ordenadas opostas e sen < 0, opostas e cos < 0, pois o sinal do pois o sinal do seno no 3° cosseno no 3° quadrante é quadrante é negativo. negativo. tg = tg (-) O ponto T tem ordenada positiva e tg > 0, pois o sinal da tangente no 3° quadrante é positivo. Redução do 4° para o 1° quadrante: ̂ de medida , com 2π > 𝛼 > 3π, no ciclo trigonométrico. Representamos um arco AP 2 Considerando a simetria em relação ao eixo x, obtemos o ponto P’, correspondente de P, no 1º quadrante. sen = - sen (2-) Os pontos P e P’ têm ordenadas opostas e sen < 0, pois o sinal do seno no 4° quadrante é negativo. cos = cos (2-) tg = - tg (2-) Os pontos P e P’ têm a mesma Os pontos T1 e T2 têm ordenadas abscissa e cos > 0, pois o opostas e tg < 0, pois o sinal sinal do cosseno no 4° da tangente no 4° quadrante é quadrante é positivo. negativo. Cos Tg 0 − − √2 2 √3 2 − √2 2 − 1 √3 √3 3 − √3 2 1 2 −√6 − √2 −√6 − √2 4 4 −√6 − √2 −√6 − √2 4 4 − √3 3 −2 + √3 rad ou 300° 5π 3 rad ou 285° 19π 12 17π 12 4π 3 rad ou 225° 5π 4 rad ou 210° 1 2 − −1 √3 2 − √3 2 − √2 2 2 − √3 − rad ou 345° −√3 − 23π 12 −2 − √3 rad ou 195° 2 + √3 √2 2 13π 12 2 − √3 − rad ou 330° Tg 1 2 √2 − √6 4 11π 6 − rad ou 165° √2 − √6 4 11π 12 √6 − √2 4 √6 − √2 4 rad ou 315° √6 + √2 4 1 2 7π 4 Cos rad ou 150° 3π 4 √2 2 5π 6 2π 3 √3 2 rad ou 255° √6 + √2 4 rad ou 240° √6 + √2 4 2π rad ou 360° 3π 2 ∄ rad ou 135° √3 rad ou 120° 1 rad ou 270° π rad ou 180° 0 rad ou 90° ∄ π 2 1 rad ou 60° 0 π 3 -1 √6 − √2 4 π 12 Sen √2 2 Sen 7π 6 √3 2 √3 3 5π 12 0 rad ou 45° 0 0 π 4 Tg -1 √3 2 1 2 rad ou 105° 1 0 √2 2 1 2 7π 12 Cos 1 rad ou 30° 0 rad ou 15° Sen π 6 rad ou 75° 0 rad ou 0° 6.14. Tabela completa com mais ângulos 1 2 √2 − √6 4 √2 − √6 4 √6 − √2 4 1 2 √2 2 √3 2 √6 + √2 4 2 + √3 −2 − √3 −√3 1 √3 3 −2 + √3 6.15. Relações trigonométricas π sen x = cos ( − x) 2 π cos x = sen ( − x) 2 1 + tg 2 x = sec 2 x exsec x = sec x − 1 1 + cotg 2 x = cossec 2 x excosec x = cosec x − 1 cotg x + tg x = sec x ∙ cossec x 𝑥 versen 𝑥 = 1 − cos 𝑥 = 2 sen2 2 𝜋 coversen 𝑥 = versen ( − 𝑥) = 1 − sen 𝑥 2 versen 𝑥 𝑥 (haversin) semiversen 𝑥 = = sen2 2 2 𝜋 coversen 𝑥 1 − sen 𝑥 (hacoversin) semicoversen 𝑥 = semiversen ( − 𝑥) = = 2 2 2 𝑥 vercosen 𝑥 = 1 + cos 𝑥 = 2 cos2 2 𝜋 covercosen 𝑥 = vercosen ( − 𝑥) = 1 + sen 𝑥 2 vercosen 𝑥 𝑥 1 + cos 𝑥 (havercosin) semivercosen 𝑥 = = cos 2 = 2 2 2 𝜋 covercosen 𝑥 1 + sen 𝑥 (hacovercosin) semicovercosen 𝑥 = semivercosen ( − 𝑥) = = 2 2 2 6.16. Transformações trigonométricas sen(a ± b) = sen a ∙ cos b ± sen b ∙ cos a cos (a ± b) = cos a ∙ cos b ∓ sen a ∙ sen b tg (a ± b) = tg a ± tg b 1 ∓ tg a ∙ tg b sen 2a = 2 sen a ∙ cos a sen a 1 − cos 𝑎 =√ 2 2 cos a 1 + cos 𝑎 =√ 2 2 cos 2a = 2 cos 2 a − 1 ou 1 − 2 sin2 a 2 tg a tg 2a = 1 − tg 2 a tg a 1 − cos 𝑎 =√ 2 1 + cos 𝑎 6.17. Lei dos senos Num triangulo qualquer as medidas dos lados são proporcionais aos senos dos ângulos opostos. a sin  = b ̂ sin B = c sin Ĉ 6.18. Lei dos cossenos Num triângulo qualquer, o quadrado da medida de um lado é igual à soma dos quadrados das medidas dos outros dois lados menos duas vezes o produto destes lados pelo cosseno do ângulo formado por eles. 𝑎2 = 𝑏 2 + 𝑐 2 − 2𝑏𝑐 𝑐𝑜𝑠 𝐴̂ 𝑏 2 = 𝑎2 + 𝑐 2 − 2𝑎𝑐 𝑐𝑜𝑠 𝐵̂ 𝑐 2 = 𝑎2 + 𝑏 2 − 2𝑎𝑏 𝑐𝑜𝑠 𝐶̂