WEBQUEST: UM RECURSO TECNOLÓGICO NA

Propaganda
WEBQUEST: UM RECURSO TECNOLÓGICO NA EDUCAÇÃO MATEMÃTICA
Patrícia Sândalo Pereira – UNIOESTE – Foz do Iguaçu
[email protected]
Cleonice Salateski – Colégio Estadual Alberto Santos Dumont
[email protected]
Resumo:
O presente minicurso tem como foco a formação de professores utilizando as Tecnologias
de Informação e Comunicação na Educação, no contexto da Matemática e como recurso
tecnológico será utilizada a WebQuest. A WebQuest é uma metodologia que utiliza a
Internet para a construção do saber e é constituída pelos seguintes componentes:
introdução, tarefa, processo, recursos ou fontes, avaliação e conclusão. Portanto, o
minicurso tem por finalidade apresentar o conceito, visitar e apreciar algumas Webquests e
conhecer seus elementos estruturantes.
Introdução
Diante das novas tecnologias da informação e de novos espaços de construção do
conhecimento, a Escola, principalmente a pública, precisa realizar esforços na utilização e
nos estudos de metodologias apropriadas para o trabalho nestes ambientes.
Numa sociedade que se transforma a cada dia, o uso do computador pode criar
condições em que o aluno constrói seu conhecimento, ou então, assumir o caráter
reprodutor presente na educação desde épocas anteriores a ele.
É necessário explorar as possibilidades tecnológicas no contexto escolar ou então, o
computador não trará benefícios educacionais, servindo apenas para manter a prática
pedagógica vigente. A internet é um desses instrumentos. Internet é um nome reduzido
proveniente de Internetwork system – sistema de interconexão de rede de conhecimento.
Através da Internet o indivíduo é bombardeado por um arsenal de informações
disponíveis quase que imediatamente, sendo muitas delas boas, mas também existem
aquelas que são inaproveitáveis, inapropriadas e até erradas. Neste aspecto, cabe ao
professor ajudar o aluno na busca pela informação correta e de qualidade.
O computador e a internet apresentam inúmeras possibilidades de uso dentro da
Matemática e a metodologia WebQuest utiliza os recursos da internet e direciona de uma
1021
nova maneira o trabalho de pesquisa tanto do professor quanto do aluno.
O termo Webquest foi criado por Bernard Dodge e Tom March para designar tipos
de atividades que consistia na utilização da World Wide Web para fins educativos.
Segundo Abar & Barbosa (2008, p.13)
A tecnologia educacional Webquest é uma técnica para aprendizagem
que usa a internet, permitindo a criação de ambientes de aprendizagem
próximos ao modelo ideal.
De acordo com Jarbas N. Barato (2007), trata-se de uma “metodologia de ensino no
qual o aluno se envolve em uma investigação, utilizando preferencialmente recursos da
internet,
para
resolver
um
problema
significativo”
(http://www.webquest.futuro.usp.br/artigos/textos_jarbas.html).
Webquest é um instrumento de aprendizagem, centrado na resolução de um
problema ou inquérito, que pode ser visto como uma atividade que permite ao aluno a
liberdade de aprender, com a utilização de múltiplos recursos, que podem estar on-line ou
não. É uma atividade reflexiva e dinâmica, fornece ao professor a oportunidade de integrar
a tecnologia, neste caso em particular a internet, no ensino.
Nas Webquests as atividades de pesquisa, funcionam como uma página Web,
orientada pelo professor.
De acordo com Bagno (1998) a pesquisa científica é a investigação feita com o
objetivo expresso de obter conhecimento específico e estruturado sobre um determinado
assunto.
Desse modo, a ideia é transformar parte das aulas em processos contínuos de
informação, comunicação e pesquisa, onde Moran (2000) define como aulas-pesquisa, nas
quais professores e alunos procuram novas informações.
A Webquest parte de uma questão central que necessita ser respondida e que leva o
aluno a entender o que está sendo proposto.
A elaboração de uma atividade WebQuest é sustentada por teorias psicopedagógicas,
caracterizada como uma técnica de aprendizagem construtivista e segue alguns princípios,
conforme Jarbas N. Barato (2007) coloca:
O primeiro é o da aprendizagem cooperativa [...] O outro princípio é o
da transformação das informações. A pessoa só aprende de fato quando
as transforma, e não quando simplesmente as reproduz. Esses princípios
são críticos em relação ao modo predominante de ensino. O que fazemos
no ensino, de modo geral, é dar aulas, recomendar livros para os alunos e,
1022
nas provas, cobrar a reprodução dessas informações. O esquema de
Bernie
Dodge
coloca
o
aluno
para
trabalhar.
(http://www.webquest.futuro.usp.br/artigos/textos_jarbas.html)
Uma vez que a Webquest é uma atividade de aprendizagem baseada no
construtivismo, cabe ao professor o papel de mediador da experiência. Deve saber como
ocorre o processo de aprendizagem e quais as melhores estratégias para ajudar os alunos.
Criar um ambiente de aprendizagem construtivista implica elaborar
situações em que o aluno sinta necessidade de conhecer, possa vivenciar
uma experiência e seja estimulado a refletir sobre ela. O conhecimento
resulta da ação sobre o objeto. (ABAR & BARBOSA, 2008, p.77)
E ainda, de acordo com Gilian C. Barros1 as Webquests possibilitam aos alunos
encontrar e desenvolver novas formas de aprender – o aprender colaborativamente – pois,
em grupos, eles são responsáveis pelas descobertas e aprendizagens.
Com acesso à internet, a sala de aula torna-se um ambiente de aprendizagem
colaborativa ainda maior, no qual o professor fornece a direção, a orientação e a
inspiração. Daí a necessidade de o professor saber como utilizar várias tecnologias para
formar, processar e gerenciar as informações.
Nos ambientes colaborativos os alunos devem estar envolvidos com seu próprio
aprendizado e os desafios propostos devem estar focados em situações reais que
possibilitem articular o aprendizado com as experiências vividas. O trabalho colaborativo
possibilita um trabalho coletivo e uma visão mais ampla, além de estimular a criatividade
em prol de novas descobertas. “Em tal concepção os aprendizes são os autores da
construção do conhecimento e do seu próprio processo de aprendizado” (SILVA, 2003, p.
275).
O ambiente on-line é perfeito para o desenvolvimento de capacidades
colaborativas, pois os alunos aprendem a trabalhar com colegas e a depender deles para
alcançar os objetivos de sua aprendizagem e ampliar os resultados. Quando os alunos se
envolvem com o processo de aprendizagem envolvendo tecnologia, eles aprendem não
apenas o conteúdo do curso, mas também sobre o processo de aprendizagem em si.
O professor deve propor metodologias que contemplem elaboração de projetos que
provoquem uma investigação orientada para tornar o aluno o produtor do seu próprio
conhecimento, articulando para que o conteúdo seja oferecido em vários níveis, cada
1
Disponível em: http://www.gilian.escolabr.com/textos/webquest_giliancris.pdf
1023
unidade apresentada por textos, gráficos ou vídeos inter-relacionados por conexões (links),
surgindo uma rede estruturada linear ou hierárquica das unidades de ensino.
Um ambiente de aprendizagem que se constitui como cooperativo pressupõe
colaboração e interação entre os pares. Envolver alunos em uma situação de cooperação
exige o desenvolvimento de um projeto em que é necessário compartilhar experiências e
conhecimentos em equipe. Esse ambiente é possível, graças às facilidades de acesso às
informações por meio da internet.
Segundo Gilian Cristina Barros (2005) a Webquest é
[...] uma metodologia que cria condições para que a aprendizagem
ocorra, utilizando os recursos de interação e pesquisa disponíveis
ou não na Internet de forma colaborativa. É uma oportunidade de
realizarmos algo diferente para obtermos resultados diferentes em
relação à aprendizagem de nossos alunos.
Compartilhar ideias e colaborar são a base para a construção coletiva. A
colaboração se dá pela interação quando todos trabalham conjuntamente. A colaboração
entre os integrantes de um grupo ajuda a desenvolver não só as estratégias e habilidades
gerais de solução de problemas, mas também a postura de responsabilidade em relação à
própria aprendizagem e a do grupo.
Segundo Kenski (2004, p. 128)
O processo de ação colaborativa no ensino pressupõe que haja circulação
intensa de informações e trocas visando ao alcance dos objetivos
previstos. Todos auxiliam na execução das tarefas, superam os desafios e
constroem colaborativamente seu próprio conhecimento e o da
coletividade. As contribuições que os participantes – alunos e professores
– oferecem são apresentadas a todos e servem para que cada um possa
executar melhor seu trabalho.
Esse tipo de aprendizagem altera a natureza do processo ensino e aprendizagem e a
relação entre aluno e professor.
A Webquest proporciona também um ambiente cooperativo que pode ser
implementado por meio de situações de aprendizagens contextualizadas.
Na aprendizagem cooperativa, além da interação e colaboração, deve
haver uma relação de respeito mútuo entre os componentes do grupo,
ações conjuntas e, principalmente, interdependência positiva (ninguém
terá sucesso a não ser que todos tenham) e responsabilidade individual
(ABAR & BARBOSA, 2008, p.82).
O envolvimento do aluno em uma Webquest pode levar em conta muitas dessas
1024
aspirações.
Os atributos básicos que devem conter uma Webquest são: Introdução, Tarefa,
Processo, Avaliação e Conclusão. Modelo este, que serve para que o uso da Internet em
educação seja particularmente interessante. Cada página tem sua importância, objetivo e
orientações para sua preparação e utilização.
A introdução “deve apresentar o assunto de maneira breve e propor questões que
irão fundamentar o processo investigativo. É interessante, neste momento, despertar a
curiosidade dos alunos em relação ao tema que será trabalhado” (ABAR & BARBOSA,
2008, p. 21). A criação de um cenário, história, enredo, desafio é importantíssimo neste
momento, pois a partir da introdução é que os alunos percebem-se participantes da
pesquisa.
A tarefa “evoca uma ação, o que é para fazer e deve propor de forma clara a
elaboração de um produto criativo que entusiasme, motive e desafie os alunos” (ABAR &
BARBOSA, 2008, p. 23). Ou seja, a tarefa é a definição do que o aluno terá de executar
para completar a atividade. A tarefa possibilita aos alunos encontrar novas formas de
pesquisa e, consequentemente, de aprendizagem.
O processo deve
descrever como os alunos irão caminhar para desenvolver a tarefa e
orientá-los no procedimento fazem parte das informações que precisam
estar presentes no processo (...). O processo descreve passo a passo a
dinâmica da atividade (...) (ABAR & BARBOSA, 2008, p. 24).
Já os recursos devem apresentar as fontes de informações necessárias para que a
tarefa possa ser cumprida, ou seja, “os recursos são informações que permitem concretizar
a tarefa” (ABAR & BARBOSA, 2008, p. 25).
A avaliação é o
componente primordial da WebQuest, deve apresentar aos alunos, com
clareza, como o resultado da tarefa será avaliado e que fatores serão
considerados indicativos de que ela foi concluída com sucesso. Tais
critérios devem estar claramente estabelecidos e de acordo com os
objetivos. A forma de avaliação por rubrica é indicada para este tipo de
atividade (ABAR & BARBOSA, 2008, p. 28).
E, finalmente, a conclusão “resume o propósito geral do que foi aprendido e
sinaliza como o aluno poderá continuar a estudar o assunto. Deve ser um convite a
aprender mais” (ABAR & BARBOSA, 2008, p. 32)
Na realização de uma atividade Webquest, espera-se do aluno uma atitude
1025
investigativa. Na tarefa o aluno deve ser completamente seduzido e se engajar no projeto
proposto. Deve sentir necessidade de continuar e ter a perspectiva de que é capaz de chegar
ao resultado final com êxito.
De acordo com Abar & Barbosa (2008, p.76)
(...) inserir atividades webquest no projeto didático não significa mudar
radicalmente todo o curso: alguns temas escolhidos podem ser abordados
e tratados por meio de uma atividade Webquest e envolver uma ou mais
disciplinas.
As autoras afirmam ainda que
Webquest é uma técnica para aprendizagem em que uma atividade
proposta aos alunos deve envolvê-los (preferencialmente) em uma
pesquisa na internet, participando de um trabalho colaborativo cujo
resultado é uma produção concreta. (ABAR & BARBOSA, 2008, p. 76)
A informática é um importante instrumento, que o professor deve conhecer e
explorar muito bem, como apoio pedagógico, trazendo a ferramenta tecnológica para
proporcionar uma aprendizagem mais interativa, com significado e com os alunos
construindo o conhecimento.
Se, por um lado, as pesquisas pela Internet são valiosas para buscar informações,
proporcionando um rico ambiente de aprendizagem, facilitando a interação e a motivação
dos alunos para leitura e pesquisas, por outro lado, muitas vezes, podem ser dispersivas, as
informações sem relevância e ainda há o risco de encontrar informações desorganizadas e
não confiáveis. Acredita-se que, ao realizar pesquisas através das orientações que a
Webquest disponibiliza, os alunos não correrão o mesmo risco. Espera-se que professor
sinta-se estimulado a refletir sobre o uso da Internet nas suas aulas, através da produção e
do uso pedagógico de Webquests.
Roteiro para o desenvolvimento do minicurso:
Primeiramente, iremos apresentar o vídeo “Metodologia ou Tecnologia?” com
duração de 2min e 46seg, disponível em: http://br.youtube.com/watch?v=xLRt0mvvpBk.,
propiciando momentos de reflexão sobre as ‘novas’ metodologias ou recursos disponíveis
para a Educação, manifestando a vontade de trabalhar ‘diferente’ com os alunos através da
Webquest.
1026
A seguir, por meio de slides apresentaremos o conceito, os objetivos, os tipos de
tarefas e a estrutura de uma Webquest.
Também indicaremos para leitura os seguintes livros sobre Webquests: ABAR,
Celina A. A. P.; BARBOSA, Lisbete M.. WebQuest: um desafio para o professor!. São
Paulo: Avercamp, 2008. e SILVA, Karine Xavier Soares. WebQuest: uma metodologia
para a pesquisa escolar por meio da internet. São Paulo: Blucher Acadêmico, 2008.
Como exemplo exibiremos a Webquest “Valorizando Matrizes” (produzida como
produção
didático
pedagógica
no
PDE)
disponível
salateski.vilabol.uol.com.br/index.html, apresentando a
em:
http://cleonice-
sua estrutura e observando sua
potencialidade como aprendizagem colaborativa e cooperativa. Indicaremos para leitura o
artigo: “A WEBQUEST VALORIZANDO MATRIZES NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA”.
Assistiremos ao vídeo da Profª. Mary Grace Martins sobre “Webquest: estratégia
para trabalhar com pesquisa na internet”, com duração de 13min do Portal do professor
disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/verVideos.action A seguir mostraremos algumas WebQuests produzidas durante a realização do
curso “Conheça e Construa WebQuest”, promovido pela UNIOESTE – Foz do Iguaçu,
disponível
na
página:
http://www.aprendaki.net/webquest/webquest/soporte_tabbed_w.php?id_actividad=98&id
_pagina=1
Também indicaremos sites envolvendo Webquests, onde o objetivo não é resolver
as tarefas das Webquests que serão conhecidas, apenas compreender o que é uma
Webquest, observar vários modelos e estilos diferentes.:
http://jarbas.wordpress.com/2008/08/
http://webquest.sp.senac.br
http://livre.escolabr.com/ferramentas/wq
http://www.aprendaki.net/webquest/index.php
Portanto, durante o minicurso, os professores terão a possibilidade de conhecer a
sustentação teórica, visitar e apreciar algumas Webquests e seus elementos estruturantes.
1027
Considerações Finais
A informática é um importante instrumento, que o professor deve conhecer e explorar
muito bem, como apoio pedagógico, trazendo a ferramenta tecnológica para proporcionar
uma aprendizagem mais interativa, com significado e com os alunos construindo o
conhecimento.
A internet na educação surge como um poderoso recurso para o desenvolvimento
da pesquisa escolar. O sucesso na utilização da internet em sala de aula dependerá de como
ela será inserida neste ambiente.
Os professores devem incentivar os alunos a ter uma postura ativa na busca pelo
conhecimento. Vivenciar outras dimensões de relacionamento, atualizando-se e utilizando
novas tecnologias.
A aprendizagem colaborativa destaca a participação ativa e a interação, tanto dos
alunos como dos professores. O conhecimento é visto como uma construção social e, por
isso, o processo educativo é favorecido pela participação social em ambientes que
propiciem a interação, a colaboração e a avaliação. Pretende-se que os ambientes de
aprendizagem colaborativa sejam ricos em possibilidades e propiciem o crescimento do
grupo.
Referências
ABAR, Celina A. A. P.; BARBOSA, Lisbete M.. WebQuest: um desafio para o
professor!. São Paulo: Avercamp, 2008.
BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1998.
BARATO, J. N. Um jeito novo, simples e moderno de educar. Disponível em
http://www.webquest.futuro.usp.br/artigos/textosjarbas.html .acesso em julho 2007
BARROS, Gílian Cristina. Webquest: Metodologia que ultrapassa os limites do
ciberespaço.
2005.
Disponível
em:
http://www.gilian.escolabr.com/textos/webquest_giliancris.pdf. Acesso em: 08 de nov. de
2008.
1028
KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. 6.ed., São Paulo:
Papirus, 2004.
MORAN, José M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Informática na
Educação: Teoria & Prática, Porto Alegre, v. 3, n. 1, set 2000, p. 137-144.
SILVA, Karine Xavier Soares. WebQuest: uma metodologia para a pesquisa escolar
por meio da internet. São Paulo: Blucher Acadêmico, 2008.
SILVA, Marco. (org.) Educação online. São Paulo: Loyola, 2003. 1029
Download