China: Uma estrada esburacada pela frente

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Boletim de Mercado
sustaining family wealth
China: Uma estrada esburacada pela frente
Oussama Himani
Diretor de Investimentos
[email protected]
[Londres, 6 de julho de 2016] A desaceleração em curso da economia chinesa é
um fenômeno que já está bem antecipado nos mercados. Este fato, no entanto,
não reduziu a magnitude da apreensão sobre as implicações da desaceleração
dos mercados financeiros e da economia global.
Ao longo dos últimos dois anos, surtos de volatilidade do mercado
surgiram com desdobramentos variando desde dados de produção industrial,
dados comerciais, mercado imobiliário, comunicação deficiente (e malentendidos) de mudanças políticas até o declínio das reservas cambiais. A
maioria destes desdobramentos, no entanto, pode ser simplesmente explicada
dentro da narrativa de reequilíbrio da economia, partindo de um crescimento
baseado no investimento para maior expansão econômica baseada no
consumo.
China atingiu indiscutivelmente os limites do
que pode ser alcançado através do aumento
do investimento
Depois de mais de duas décadas de crescimento econômico sendo
sustentado pelo crescimento do investimento, a China atingiu indiscutivelmente
os limites do que pode ser alcançado através do aumento do investimento.
O retorno marginal do capital investido é excepcionalmente baixo, e
possivelmente zero em alguns setores. Um reequilíbrio da economia orientado
para um maior crescimento do consumo, portanto, é mais sustentável e deve
(em princípio) ser bem recebido pelos mercados. O que explica, então, as
preocupações do mercado?
Acreditamos que existem dois fatores independentes que aumentam os
riscos de desaceleração da China para a economia global. Em primeiro lugar,
os riscos que emanam da evolução monetária e do crédito. Em segundo lugar, a
natureza do comércio da China e suas relações financeiras.
As políticas monetárias e de crédito na China estão tentando alcançar dois
objetivos contraditórios. Por um lado, o afrouxamento da política monetária,
por meio de taxas de juros mais baixas e exigências de reservas, se destinam
a reduzir os ventos contrários à atividade econômica. Por outro lado, as
autoridades estão tentando reduzir o crescimento do crédito e aumentar o
controle sobre os riscos do setor bancário.
aceleração da geração de crédito é um produto de empréstimos tortuosos
no sistema financeiro e não o resultado de uma extensão de crédito a outros
setores da economia real.
Isto implica um risco duas vezes maior para a atividade econômica.
Primeiro, uma super alavancagem no sistema financeiro pode, por si
só, levar a crises (como evidenciado em outros mercados financeiros).
Segundo, as próprias medidas que o banco central está implementando
para ajustar o crescimento do crédito, também podem reduzir o crédito a
setores da economia real, precisamente em um momento de desaceleração
econômica.
Um segundo risco para a economia global emana da natureza do comércio
da China e suas relações financeiras. O reequilíbrio da economia em direção
ao consumo, invariavelmente implica uma desaceleração da produção
industrial. A desaceleração industrial, de acordo com alguns estudos, explica
cerca de 50% da desaceleração das importações ao longo dos últimos dois
anos.
As fontes de importação, no entanto, são tão cruciais para as perspectivas
mundiais quanto a sua magnitude. Com exportadores de commodities
financeiramente frágeis sendo dependentes da China, a desaceleração é
facilmente ampliada por meio de seu impacto no balanço de pagamentos
em outras economias. Como resultado, um ponto percentual no declínio do
crescimento da China reduz o crescimento global em 0,23%, uma proporção
maior do que a parcela da produção global da China.
As preocupações não têm a intenção de
sugerir que nós prevemos uma crise em
formação na China
No ano passado, o crescimento do crédito na China ultrapassou demais
o crescimento da oferta de moeda, atingindo uma taxa de crescimento de
cerca de 30% neste ano, ou mais de duas vezes a taxa de crescimento da
oferta monetária (M2). Em parte, esse crescimento tem sido o resultado da
proliferação de “produtos de wealth management”, que são essencialmente
produtos de crédito de alto rendimento muito populares entre os investidores
locais. Sustentar o crescimento com produtos de wealth management levou a
uma proliferação de empréstimos a intermediários financeiros não bancários
(seguros, trusts, valores mobiliários e empresas de gestão de ativos). A
As relações comerciais não são a única fonte de risco de desaceleração da
China. Como amplamente demonstrado ao longo dos últimos dois anos, notícias
negativas sobre a China podem desencadear uma significativa volatilidade no
mercado. Esta volatilidade está desencadeando um círculo vicioso. Volatilidade,
por si só, pode diminuir a atividade econômica no resto do mundo, através do
seu impacto sobre os prêmios de risco e custo de capital para as empresas em
todo o mundo. Um recente estudo do FMI estima que picos de volatilidade
podem afetar a atividade econômica global em 0,29%. Em outras palavras, a
volatilidade relacionada com a China tem sido um vento frontal maior para o
crescimento global do que a sua real desaceleração econômica!
As preocupações descritas acima não têm a intenção de sugerir que nós
prevemos uma crise em formação na China. Os riscos podem ser significativos,
mas ao contrário de outras economias que passaram por episódios semelhantes,
os fluxos de capitais na China são altamente regulamentados, o que permite
ao governo controlar saídas desordenadas. Ao mesmo tempo, o governo
continua sendo um grande setor da economia, não está altamente endividado e
permanece numa posição de implantar recursos consideráveis em caso de um
choque. A saga em curso dos desdobramentos do setor financeiro da China, no
entanto, tendem a permanecer um vento contrário ao crescimento e retorno de
investimentos globais por algum tempo.
Ativo
Ativo
O reequilíbrio da economia em direção ao
consumo, invariavelmente implica uma
desaceleração da produção industrial
Ações dos EUA
Ações da Europa
Ações do Japão
Ações dos Emergentes
Dívida Soberana MD
Dívida Soberana ME
Ponderação
o
o
+
+
Convicção
Valorização
Baixa
Justa
Títulos Corporativos
Moderada
Barata
Títulos Alto Rendimento
Baixa
Justa
EUR / USD
Moderada
Barata
CHF / USD
Moderada
Cara
BRL / USD
Moderada
Justa
JPY / USD
Ponderação
Convicção
Valorização
+
+
o
o
Moderada
Cara
Moderada
Justa
Baixa
Justa
Moderada
Cara
Baixa
Barata
Baixa
Barata
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