UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC INSTITUTO BRASILEIRO DE GESTÃO DE NEGÓCIOS - IBGEN CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO MBA EXECUTIVO EM GESTÃO DE VENDAS LEANDRO UGGIONI PEREIRA ESTUDO DO PERFIL DOS MEMBROS DA EQUIPE DE VENDAS DE UMA AGÊNCIA BANCÁRIA DA REGIÃO DE CRICIÚMA CRICIÚMA, ABRIL DE 2011 1 LEANDRO UGGIONI PEREIRA ESTUDO DO PERFIL DOS MEMBROS DA EQUIPE DE VENDAS DE UMA AGÊNCIA BANCÁRIA DA REGIÃO DE CRICIÚMA Monografia apresentada à Diretoria de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC, para a conclusão do MBA Executivo em Gestão de Vendas Orientador: Prof. Esp. Ricardo D. Zambrano CRICIÚMA, ABRIL DE 2011 2 “As pessoas são muito mais capazes do que pensam que são e estão dispostas a fazer muito mais do que você pensa que farão” Ko Nishimura 3 RESUMO PEREIRA, Leandro Uggioni. Estudo do perfil dos membros da equipe de vendas de uma agência bancária da região de Criciúma(SC). 2011. 83 páginas. Monografia do MBA Executivo em Gestão de Vendas da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Criciúma, SC, e Instituto Brasileiro de Gestão de Negócios - IBGEN, Porto Alegre, RS. Este estudo busca estabelecer uma relação entre o perfil dos funcionários da equipe de vendas de uma agência bancária da região de Criciúma(SC) com competências importantes para o bom desempenho na atividade de vendas, verificando sua percepção no cotidiano da agência estudada. O estudo pautou-se no desenvolvimento de uma base teórica consistente, apoiada em autores conceituados, abordando as atividades de marketing, suas definições, evolução e processos, de vendas, ponderando conceitos, processos e as características e competências diferencias dos melhores vendedores, seguida de ponderações referentes a atividade de gestão de pessoas, suas funções e atividades, e principalmente gestão de competências, e seus diferenciais para a organização. Com base nisso buscou-se diagnosticar as características da atividade de gestão de pessoas na agência estudada, por sua relevância na atuação das pessoas a organização, e estudou-se, através de uma pesquisa de avaliação de afirmações, o perfil de competências fundamentais para a venda dos funcionários daquela agência. Os resultados do estudo apresentam pontos relevantes no que diz respeito ao desenvolvimento da atividades de gestão de pessoas voltadas a venda e a demonstração de competências por parte dos funcionários da empresa, possibilitando ações no sentido de manutenção e aprimoramento da equipe e consequente agregação de valor a empresa. Palavras-chave: Gestão de Pessoas, Competências, Vendas . 4 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Avaliação da competência empatia 66 Tabela 2: Avaliação da competência ego-drive 67 Tabela 3: Avaliação da competência orientação para o atendimento 67 Tabela 4: Avaliação da competência cautela 68 Tabela 5: Avaliação da competência força do ego 68 Tabela 6: Avaliação da competência controle 69 Tabela 7: Avaliação da competência conquistar 69 Tabela 8: Avaliação da competência foco no cliente 70 Tabela 9: Avaliação das competências redes de trabalho e persuasão 70 Tabela 10: Avaliação da competência persistência 71 Tabela 11: Avaliação da competência autoconfiança 71 Tabela 12: Avaliação da competência iniciativa 72 Tabela 13: Avaliação da competência análise 72 Tabela 14: Médias da pesquisa 73 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 07 1.1 Tema 09 1.2 Problema 09 1.3 Objetivos 10 1.3.1 Objetivo Geral 10 1.3.2 Objetivos Específicos 10 1.4 Justificativa 10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 12 2.1 Marketing e vendas 12 2.1.1 Marketing 12 2.1.1.1 Definição e atuação do marketing 13 2.1.1.2 Evolução do marketing, entrega de valor e satisfação 14 2.1.1.3 Processo de marketing 17 2.1.1.3.1 Marketing estratégico 17 2.1.1.3.2 Marketing tático e composto de marketing 20 2.1.2 Vendas 21 2.1.2.1 Características dos vendedores 24 2.1.2.2 Processo de vendas 26 2.2 Gestão de Pessoas 28 2.2.1 Conceitos e objetivos 30 2.2.2 Atividades da Gestão de Pessoas 33 2.2.2.1 Processos de agregar pessoas 33 2.2.2.2 Processos de aplicar pessoas 35 2.2.2.3 Processos de recompensar pessoas 39 2.2.2.4 Processos de desenvolver pessoas 41 2.2.2.5 Processos de manter pessoas 43 2.2.2.6 Processos de monitorar pessoas 46 2.2.3 Gestão por competência 48 2.2.3.1 Perfil de competências 49 2.2.3.2 Possibilidades da gestão por competência 52 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 56 3.1 Delineamento da pesquisa 56 6 3.2 População e amostra 58 3.3 Coleta de dados 59 3.4 Análise e interpretação dos dados 60 3.5 Ambiente de pesquisa 60 4 EXPERIÊNCIA DA PESQUISA 61 4.1 Processos de gestão de pessoas voltados a equipe de vendas 61 4.2 Avaliação do perfil de competências 65 4.3 Análise geral da pesquisa 73 5 CONCLUSÃO 76 REFERÊNCIAS 79 APÊNDICES 81 7 1 INTRODUÇÃO O crescimento da concorrência entre as empresas vem se intensificando recentemente, acompanhando a difusão do acesso a informação para a população, o aumento do número de concorrentes e a qualificação dos principais participantes do mercado. Mesmo havendo crescimento dos mercados o aumento da oferta é maior, motivado pela ação forte da concorrência, o que exige que a empresa tenha uma postura de desenvolvimento, para que possa manter sua participação no mercado e apresentar melhores resultados. Nesse contexto os funcionários das empresas tornam-se peças fundamentais no processo. São eles os executores das estratégias e ações desenvolvidas pela organização, podendo representar o principal impulso e razão de sucesso ou ao mesmo tempo o principal limitador para implantação da ideia. Grandes investimentos em tecnologias mais eficientes, que permitam maior produtividade ou facilitem a gestão, podem simplesmente ser boicotados por trabalhadores que se sintam ameaçados pela mudança. Da mesma forma, no contexto de serviços, uma ótima ferramenta para controle do relacionamento com o cliente pode apresentar resultados insatisfatórios porque os funcionários da empresa não sabem utilizar a ferramenta ou apresentam resistência a absorção de novos processos. A ação do funcionário, em contraponto, pode suprir uma ineficiência da organização. Um atendente proativo, focado em atender bem o cliente, preparado para ouvir e entender as necessidades desse cliente e converter isso em uma oferta certeira, que satisfaça o mesmo, pode suprir as dificuldades da empresa em coletar e armazenar informações sobre seu público. Outra condição marcante é o crescimento da interdependência das funções e a consequente valorização de um trabalho em equipe sinérgico. Equipes formadas por pessoas bem preparadas, com características que se complementam e adequadas as funções, podem apresentar resultados superiores e conquistar os clientes da concorrência, ao passo que equipes com pessoas erroneamente alocadas ou incapacitadas e inadequadas a função podem ter seu desempenho seriamente comprometido, não apresentar os resultados esperados e comprometer 8 o relacionamento do cliente com a empresa. A essa visão acrescenta-se a semelhança cada vez maior entre os produtos e serviços oferecidos. O acesso a informação e as novas tecnologias, já citados como impulsionadores do aumento da concorrência, também permitem que os diversos concorrentes do mercado apresentem produtos muito próximos, agregando de forma rápida os diferenciais que alguma empresa daquele setor, e até de outros, desenvolvam. Essa semelhança acaba fazendo que a principal diferença dos produtos torne-se a oferta e o atendimento prestado ao consumidor, remetendo novamente a importância do quadro funcional da empresa. A atividade bancária apresenta-se enquadrada nessa situação: os bancos possuem grande estrutura tecnológica; investem em treinamento; buscam novas tecnologias para a área, como em sistemas de controle e cobrança, centralização de processamento de dados e operações, terminais de autoatendimento modernos, e novos canais de acesso, como via celular e TV digital; desenvolvem produtos diversos, voltados a vários públicos, mas que guardam semelhança com os da concorrência; acompanham o mercado e adaptam as suas estratégias em conformidade com o dinamismo econômico e financeiro do país; mas, por fim, tem como um dos principais diferenciais o atendimento prestado em agências e centrais de atendimento, sua abrangência, e a confiança na empresa e nos empregados. É o conhecimento que o atendente do banco demonstra, a cordialidade e a empatia na conversa, o trabalho coeso e eficiente da equipe, e a disposição para atender e buscar soluções que podem fazer a diferença para conquistar o cliente. Além disso, é a capacidade de argumentação, a percepção e a atitude desse atendente para efetuar a oferta correta que podem resultar no fechamento de negócios. De fato, cada vez mais as organizações do setor bancário tem focado o fechamento de negócio com o cliente. Os serviços de intermediação financeira vem cedendo espaço no resultado dessas organizações aos produtos de seguridade, negociados em agência e também por outros canais. Além disso, a oferta dos serviços de intermediação financeira também é necessária para que a empresa possa crescer frente a concorrência e não correr risco de perder clientes para outras instituições que efetuem a venda dos produtos de crédito e aplicações proativamente. 9 As empresas do setor financeiro, em fim, não estão isentas da realidade da competitividade do mercado, da necessidade de vendas e do desenvolvimento de ações estratégicas que impulsionem a organização, e consequentemente estão sujeitas ao efeito que as características profissionais e psicológicas dos funcionários causam na sua atividade, sendo, portanto, importante conhecer o perfil desses funcionários. A pesquisa apresentada a seguir busca analisar o perfil dos funcionários de uma agência bancária e o ambiente de gestão de pessoas nessa agência, a luz de teorias e conceitos de perfis desenvolvidos por autores conceituados. A abordagem visará os trabalhadores da agência em que normalmente atua o pesquisador, havendo assim uma noção inicial acerca da população analisada, além de uma maior facilidade na execução da coleta de dados. A partir da definição dos objetivos e causas do projeto, será formulada uma base teórica, construída através de pesquisa bibliográfica sobre as atividades de vendas, apoiada em diversos autores das áreas de marketing e vendas, e o desenvolvimento de conceitos de gestão de pessoas e gestão por competência, que estão diretamente ligadas à proposta de estudo levantada. Posteriormente serão apresentados os métodos utilizados para a coleta de informações, seguidos dos resultados obtidos com as pesquisas e das conclusões a que o estudo leva. 1.1 Tema Estudo do perfil dos membros da equipe de vendas de uma agência bancária da região de Criciúma(SC). 1.2 Problema Os funcionários da agência bancária analisada apresentam um perfil adequado a atividade que realizam? 10 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral Definir as principais características profissionais e psicológicas dos funcionários da agência bancária objeto do estudo. 1.3.2 Objetivos Específicos • Entender as bases do processo de formação e estudo de perfil de funcionários de uma empresa; • Caracterizar a atividade de vendas; • Conhecer os fatores profissionais e psicológicos mais relevantes na atividade analisada; • Listar as principais características do perfil da equipe estudada; • Relacionar as características da equipe estudada com o perfil traçado para a atividade bancária; • Sugerir ações para manutenção ou adequação do perfil dos profissionais analisados. 1.4 Justificativa A importância das pessoas nas organizações, como grande diferencial no atendimento, vem ficando maior e mais evidente conforme aumenta o acesso a informação e a tecnologia. No setor de serviços, aí incluídas as organizações bancárias, essa importância é uma realidade, e cada vez mais o perfil e as ações dos funcionários é o diferencial para a satisfação do cliente. Esse estudo busca conhecer melhor o perfil dos funcionários da agência analisada, municiando a administração dessa agência com informações que permitam boa adequação dos funcionários as suas atividades, ações para a melhoria continua do atendimento da agência, ações para incremento das vendas e da competitividade da agência no mercado, além de ações de desenvolvimento pessoal e profissional desses funcionários, considerando as expectativas 11 profissionais dos mesmos; consequentemente melhorando os resultados da organização. O estudo em uma agência específica foi definido por ser o local onde atua o pesquisador, condição que viabiliza maior acesso a dados e informações, e agrega resultados diretos a atividade do mesmo. Da mesma forma, os funcionários daquela agência podem se beneficiar do estudo, agregando informações para atuação pessoal e também para a definição de ações da agência. Outra vantagem do estudo em uma agência específica é a possibilidade da análise de pequenas peculiaridades locais, e também um levantamento de informações mais precisas, permitindo a sugestão de ações mais focadas para a realidade daquela unidade. Os clientes da agência também poderão se beneficiar com o processo. Uma vez que os resultados da pesquisa sejam revertidos em ações voltadas a melhoria da qualidade do atendimento, os clientes terão ofertas melhor adaptadas às suas necessidades e redução de aspectos negativos na interação com o banco. O público da pesquisa é composto pelos funcionários e administradores da agência bancária, que são acessíveis e participativos, e estão dispostos a auxiliar na efetivação do processo, entendendo a importância do seu uso na busca de um melhor desempenho de toda a equipe. 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segue-se uma abordagem dos conceitos importantes para a pesquisa, a fim de embasar o estudo em teorias de autores renomados nas áreas inerentes aos tópicos da fundamentação, especialmente Gestão de Pessoas, para que se alcance uma análise relevante do tema proposto. 2.1 Marketing e vendas A escolha de pessoas para uma função exige, segundo Chiavenato (1999), a análise de critérios definidos, que permitam uma comparação eficiente. A formação desses critérios continua o autor, embasa-se basicamente em informações sobre as pessoas e a função a ser preenchida. Esse pensamento é reforçado por Greenberg, Weinstein e Sweeney (2002), que destacam que um dos principais motivos de baixa produtividade e alta rotatividade dos empregados, e conseqüente geração de custos para a empresa, é a seleção inadequada, baseada em critérios errôneos ou focada em preencher rapidamente a vaga; e apresentam a compatibilidade entre candidato e função como uma alternativa para melhor eficiência na constituição de equipes. Baseando-se nessas considerações verifica-se a importância de se abordar conceitos sobre marketing e atividade de vendas para o sucesso do estudo. 2.1.1 Marketing O marketing atua, de acordo com Kotler (2000), em conhecer as necessidades da sociedade e de seus membros, e em atendê-las, enfatizando resultados positivos para a organização. Essa visão é enfatizada por McCarthy e Perreault Jr. (1997, p. 21), informando que o marketing decide que bens e serviços serão produzidos, apoiado nos desejos dos consumidores, e complementando: “Marketing é importante para o sucesso de qualquer organização, mesmo as que não visam lucro”. A necessidade do marketing deu-se pela conjuntura econômica atual, onde, conforme Cobra e Tejon (2007), todo o sistema produtivo depende da 13 existência de compradores interessados, sendo necessário conhecer maneiras para se chegar ao público, uma vez que a maioria das organizações atua com diversos produtos, em diferentes mercados, e que os produtos cada vez mais são similares, e convencer o cliente das vantagens do que lhe é oferecido depende, continuam Cobra e Tejon (2007, p.14), de “[...] analisar as necessidade e os desejos dos clientes e saber proporem as soluções que os encantem de uma forma mágica e sedutora”. 2.1.1.1 Definição e atuação do marketing O marketing possui diversas definições, que, segundo Kotler (2000), podem ser agrupadas em definições sociais e gerenciais. As definições sociais apresentam o impacto do marketing na sociedade, ao passo que as gerenciais contextualizam o marketing no processo organizacional. Kotler (2000, p. 30), apresenta a seguinte definição social de marketing: “Marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros”. Como definição gerencial, George, Freeling e Court (1994 apud KOTLER, 2000, p. 30) apresentam a definição oferecida pela American Marketing Association: Marketing (administração de) é o processo de planejar e executar a concepção, a determinação de preço (pricing), a promoção e a distribuição de ideias, bens e serviços para criar negociações que satisfaçam metas individuais e organizacionais. Ampliando o conceito, Kotler (2000) acrescenta que a administração de marketing só ocorre efetivamente se alguma das partes da negociação, e por essa parte pode-se entender a organização, estiver, de alguma maneira, planejando e executando ações para que as respostas das outras partes sejam as esperadas. Além disso, para Kotler (2000, p. 30) a administração de marketing é vista “[...] como a arte e a ciência da escolha de mercados-alvo e da captação, manutenção e fidelização de clientes por meio da criação da entrega e da comunicação de um valor superior para o cliente”. Em consonância com as definições apresentadas, McCarthy e Perreault Jr. (1997) atribuem dois níveis de abrangência ao marketing, o micro marketing e o macro marketing. 14 Como conceito do primeiro nível de abrangência McCarthy e Perreault Jr.(1997, p.23) apresentam: Micro marketing é o desempenho das atividades destinadas a realizar os objetivos de uma organização, partindo das necessidades do consumidor ou cliente e dirigindo-lhes um fluxo de bens e serviços a partir de um fabricante ou produtor. Ainda seguindo a idéia de McCarthy e Perreault Jr. (1997), tem-se que está é a modalidade de marketing que engloba as organizações, buscando atingir o objetivo institucional, que geralmente, mas nem sempre, é o lucro. Os autores ressaltam, porém, que as empresas estão inseridas em um sistema amplo, sendo pequenas partes formadoras do macro marketing. Ao macro marketing McCarthy e Perreault Jr. (1997, p.22) atribuem o seguinte conceito: “Macro marketing é um processo social que dirige o fluxo de bens e serviços dos produtores aos consumidores de maneira que iguale eficazmente a oferta e a demanda e realize os objetivos da sociedade”. Os autores complementam destacando que o conceito de macro marketing apresenta o marketing como uma ferramenta que ainda visa o fluxo de bens e serviços, mas não considera os objetivos de uma organização individual e sim o conjunto que elas formam e seus impactos na sociedade, analisando os diversos papéis existentes dentro de um sistema econômico. Um sistema econômico é, na visão desses autores, a forma com que uma economia aproveita seus recursos, produz bens e serviços, e distribui-os entre seus membros, e é estudando e influenciando o planejamento e os impactos desse processo que, segundo eles, atua o macro marketing. 2.1.1.2 Evolução do marketing, entrega de valor e satisfação Os sistemas de marketing recentes são mais complexos do que eram no passado. De acordo com McCarthy e Perreault Jr. (1997), essa complexidade se dá devido ao processo evolutivo por que o marketing vem passando, que pode ser dividido em quatro etapas, a era da produção, a era de vendas, a era do departamento de marketing e a era da empresa de marketing. Seguindo essa evolução as organizações direcionam suas atividades de marketing, nos últimos tempos, baseadas em cinco correntes, listadas por Kotler 15 (2000, p. 39): “a orientação de produção, a orientação de produto, a orientação de vendas, a orientação de marketing e a orientação de marketing societal”. As primeiras duas orientações apresentadas por Kotler (2000), à produção e ao produto, consideram o produto e seus atributos como forma principal de atrair os clientes, sugerindo produção de baixo custo, grande disponibilidade, e preferência dos clientes por produtos com características diferenciadas. Esses traços são originados na era da produção, conceituada por McCarthy e Perreault Jr. (1997) como um período em que as empresas se preocupavam em fabricar alguns produtos, uma vez que não havia concorrência e a demanda era maior do que a capacidade de produção. A terceira orientação indicada por Kotler (2000) é a orientação de vendas. Esta orientação parte do princípio de que a disposição inicial do público para adquirir o produto não seria suficiente para a manutenção da empresa, portanto a organização precisaria atuar para persuadir o público a comprar o seu produto. A ação persuasiva ocorre por meio de diferentes técnicas de venda e por um amplo programa de divulgação. Mas o autor destaca que o foco em vendas, sem considerar as expectativas do cliente, pode apresentar resultados negativos devido aos danos a imagem da empresa, causados por reclamações de clientes insatisfeitos. A era de venda, comentada por McCarthy e Perreault Jr. (1997), é base para esse tipo de direcionamento das empresas. Esse período iniciou-se, no entendimento dos autores, devido ao crescimento da capacidade produtiva das organizações, fazendo com que as empresas buscassem vencer os concorrentes enfatizando o processo de venda. A orientação de marketing é uma visão diferenciada das anteriores, originada na visão de satisfação do cliente. Para Churchill Jr. e Peter (2000) “essa abordagem depende de compreender as necessidades e desejos dos clientes e construir produtos e serviços para satisfazê-los. Dessa forma, os profissionais de marketing podem criar lealdade e competir de forma eficiente [...]”. A orientação para a satisfação do cliente ajusta-se a dois momentos da evolução do marketing: a era do departamento de marketing, que, caracterizam McCarthy e Perreault Jr. (1997, p.35), “[...] ocorre quando todas as atividades de marketing ficam sob o controle de um departamento para melhorar o planejamento a curto prazo e tentar integrar as atividades da empresa”; e a era da empresa de 16 marketing, que começa, segundo McCarthy e Perreault Jr. (1997), quando os planos de marketing passam a ser elaborados a longo prazo e toda a empresa começa a atuar no entorno desse plano, visando atingir a satisfação do cliente com o fim de alcançar os objetivos organizacionais. Kotler (2000) destaca ainda a orientação de marketing societal, uma orientação originada devido aos problemas ambientais ascendentes. Essa orientação aborda a preocupação da organização em, além de gerar valor e satisfação para o cliente, promover a qualidade do ambiente de vida. Além das orientações tradicionais, Churchill Jr. e Peter (2000), apresentam a orientação de marketing voltado para o valor, que, segundo eles é uma extensão da orientação para o marketing com foco no cliente. Essa orientação apoia-se em entregar um valor superior ao que a concorrência disponibiliza ao cliente, através de inovação, foco no desejo do cliente, integração da empresa e preocupação com os outros públicos interessados na organização. Outra corrente surgida recentemente é identificada por Kotler e Keller (2006) como orientação de marketing holístico. Essa orientação esclarecem os autores, engloba uma visão de harmonia entre os objetivos e as diferentes atividades do marketing. Kotler e Keller (2006, p. 15) sintetizam sobre tal orientação: O marketing holístico pode ser visto como o desenvolvimento, o projeto e a implementação de programas, processos e atividades de marketing, com o reconhecimento da amplitude e das interdependências de seus efeitos. Ele reconhece que no marketing ‘tudo é importante’ [...] e que muitas vezes se faz necessária uma perspectiva abrangente e integrada. Os profissionais de marketing devem lidar com uma variedade de questões e certificar-se de que as decisões em uma área são coerentes com as decisões em outras. Apesar das diferentes etapas e direcionamentos das organizações o objetivo principal do profissional de marketing é, na consideração de Kotler e Armstrong (2003), buscar conhecer os desejos e necessidades dos clientes e, a partir desse conhecimento, selecionar uma parcela deles para atender, desenvolvendo produtos e serviços focados nas suas necessidades, capazes de gerar valor e satisfação a eles, e vendas e lucros para a empresa. Churchill Jr. e Peter (2000) acreditam que fazer com que um produto ou serviço produza valor para o cliente baseia-se em oferecer a este cliente algo que proporcione a percepção de benefícios maiores e que compensem os custos despendidos para a realização da aquisição do produto ou serviço em questão. Para 17 os autores o profissional de marketing pode elaborar diversas estratégias combinando benefícios e custos, a fim de apresentar a melhor proposta de valor, oportunizando a satisfação do cliente. Kotler e Keller (2006) analisam que a satisfação resulta de um processo comparativo internalizado pelo consumidor, onde ele confronta suas expectativas iniciais aos resultados obtidos com a aquisição do produto. Quanto melhor os resultados seguem os autores, maior o grau de satisfação, variando desde a insatisfação, quando as expectativas não são atendidas, até a possibilidade de encantar o cliente, se suas expectativas são superadas. O profissional de marketing, destacam Kotler e Keller (2006), tem papel importante na construção da satisfação do cliente, uma vez que dentre os critérios subjetivos que formam as expectativas do cliente estão as promessas de profissionais de marketing. A formação de expectativas exageradas provavelmente resultará na insatisfação do cliente, em contraponto, baixas expectativas reduzirão a procura pelo produto. A condição mais efetiva é a criação de altas expectativas e a garantia de satisfação das mesmas. 2.1.1.3 Processo de marketing A visão atual do processo de entrega de valor, segundo Kotler (2000), posiciona o marketing em níveis estratégicos da organização, não somente no processo de criação do produto e em sua distribuição. Isso ocorre porque antes do desenvolvimento e da caracterização do produto é necessário selecionar o público para o qual será feita a oferta, e planejar o desenvolvimento e a oferta propriamente dita. Kotler (2000) configura o processo de marketing em duas etapas, o marketing estratégico e o marketing tático. A primeira etapa refere-se à seleção de público, e a segunda ao desenvolvimento do produto e sua disponibilização. 2.1.1.3.1 Marketing estratégico Na visão de Cobra e Tejon (2007), conforme já destacado, tem-se que há a premissa da satisfação de necessidades e desejos quando da venda de um produto. Nesse ponto cabe a afirmação de Kotler (2000), de que dificilmente uma 18 empresa consegue satisfazer todos os públicos de um mercado, surgindo assim a necessidade de seleção de públicos, através de características semelhantes. Kotler (2000) define como segmentação de clientes o agrupamento dos clientes conforme diferentes características e tendências de consumo, e considera isso como a primeira etapa da participação do marketing na organização. Kotler e Keller (2006) listam níveis de segmentação, conforme o tipo de público focado: marketing de massa, com foco em todos os compradores; marketing de segmento, que prioriza grupos grandes de consumidores que apresentam preferências similares; marketing de nicho, com foco em grupos menores de clientes, com mais semelhanças, geralmente baseados em uma nova segmentação efetuada em um segmento maior anteriormente definido; marketing local, direcionado a grupos de clientes de um local, como um bairro; e customização, estratégia apoiada na possibilidade de personalização do produto, permitindo que o cliente defina o seu próprio produto ideal. As formas utilizadas para segmentação dos mercados são baseadas geralmente em características que os profissionais de marketing observam no mercado, informam Kotler e Keller (2006). Os autores classificam os dados analisáveis em quatro grupos de características, geográficas, demográficas, psicográficas e comportamentais; definindo, com base nos tipos de características, quatro tipos de segmentação: • Segmentação geográfica: baseada em divisões geográficas para agrupar os clientes, como países, estados, regiões e municípios. Apoia-se no fato de que existem semelhanças em pessoas da mesma localidade. Em casos mais extremos empresas com esse tipo de abordagem mapeiam a localização de seus clientes para buscar medir a área de abrangência de suas lojas; • Segmentação demográfica: baseada em grupos de variáveis demográficas básicas, como idade, sexo, renda, religião e outro. Esse tipo de segmentação é o mais popular, principalmente por sua facilidade de medição e por sua relação perceptível com algumas mudanças nos hábitos de consumo; • Segmentação Psicográfica: busca analisar o cliente considerando também o aspecto psicológico, além de algumas variáveis demográficas. As divisões nesse tipo de segmentação ponderam o 19 estilo de vida, a personalidade e os valores do público analisado, e sofrem influência de características da sociedade em que se enquadra o público estudado; • Segmentação Comportamental: A base para essa abordagem de segmentação é formada pelos conhecimentos, atitude, uso e resposta do cliente em relação a um produto. Ponderam condições como papéis no processo de compra, ocasiões de utilização do produto, benefícios priorizados, até aspectos da disposição dos clientes para troca de produtos ou experimentação de novos produtos. Apesar das diversas possibilidades para segmentação de clientes, Kotler e Keller (2006, p. 244) destacam que “Independentemente do tipo de segmentação utilizado, o importante é que o programa de marketing possa ser adaptado de forma lucrativa para reconhecer as diferenças entre clientes.” A segmentação do mercado é seguida da escolha de um ou mais grupos com os quais a organização pretende atuar, caracterizando-se então o que Kotler (2000) sintetiza como seleção ou foco no mercado. A segmentação e a seleção do mercado facilitam segundo McCarthy e Perreault Jr. (1997), o bom desempenho da empresa, pois possibilitam ações com resultados mais efetivos, gerando uma vantagem competitiva. Em adição, destacam, porém, que selecionar um mercado-alvo não implica escolher um público pequeno, pois um mercado grande pode apresentar igualdades, permitindo, dessa maneira, uma atuação diferenciada e com resultados mais seguros. Las Casas (2006) define três estratégias principais em relação segmentação e seleção do mercado: mercado não segmentado, indicado para públicos homogêneos e mercados pouco competitivos, pois nessa situação há maior dificuldade para a concorrência se posicionar; mercado segmentado concentrado, onde se escolhe apenas um público e há foco total para satisfazê-los; e mercado segmentado diferenciado, onde a empresa oferece produtos diferentes para públicos diferentes, focando mais de um mercado-alvo. Segue-se à escolha do público da organização, na seqüência proposta, o posicionamento da oferta de valor, que, segundo Kotler (2000, p. 321) “[...] é o ato de desenvolver a oferta e a imagem da empresa para ocupar um lugar destacado na mente dos clientes.” 20 Para que o posicionamento tenha efetividade, Kotler (2000) lembra que é necessário que exista uma diferença relevante para o cliente, e que a diferença seja vantajosa também para a organização. Kotler (2000, p. 312) afirma que como resultado final da boa execução do processo de marketing estratégico, culminando com o posicionamento, tem-se “[...] uma razão convincente para o mercado alvo comprar o produto”. 2.1.1.3.2 Marketing tático e composto de marketing Uma vez definido o mercado-alvo do produto e as vantagens que serão ofertadas a este público, ou seja, em consonância com as definições do marketing estratégico, Kotler (2000) prevê o inicio do processo tático. Esse processo, segundo o autor, prevê duas etapas, o fornecimento de valor e a comunicação deste valor. O processo de marketing tático tem relação evidente com o composto de marketing, que é um agrupamento das diversas variáveis de marketing em quatro variáveis básicas, proposto por McCarthy e Perreault Jr. (1997), que são produto, preço, ponto-de-venda e promoção. Kotler (2000, p. 37), apresenta o composto de marketing como “[...] o conjunto de ferramentas de marketing que a empresa utiliza para perseguir seus objetivos de marketing no mercado-alvo”, ou seja, é através desse composto que a empresa atua ou se relaciona com o cliente. Com relação ao composto produto, McCarthy e Perreault Jr. (1997), destacam que o objetivo principal é desenvolver um produto ou serviço certo para o consumidor, capaz de satisfazer uma necessidade. O nível máximo de desenvolvimento de produto apresentado por Kotler (2000, p. 417), “[...] abrange todos os aumentos e transformações a que o produto deve ser submetido no futuro. É onde as empresas procuram novas maneiras de satisfazer os clientes e diferenciar sua oferta”. O composto preço, na concepção de McCarthy e Perreault Jr. (1997), relaciona-se com a determinação de qual valor será pago pelo cliente para aquisição de um produto e seus acessórios. Conforme as características dos bens ou serviços e as vantagens que eles apresentam ao cliente, acrescentam Cobra e Tejon (2007), maior valorização o produto receberá, conseqüentemente, mais disposição terá o comprador para despender uma maior quantidade de dinheiro por ele. 21 O composto ponto-de-venda é apresentado por McCarthy e Perreault Jr. (1997) também pelo nome de praça ou distribuição, e tem como foco levar o produto ao cliente. A condição ideal de distribuição é chamada pelos autores de exposição ideal de mercado. Esse conceito rege que o canal de distribuição deve atingir um nível de exposição capaz de satisfazer as necessidades dos clientes, mas não exceder esse nível, o que geraria custos desnecessários. O composto promoção é entendido por McCarthy e Perreault Jr. (1997, p. 230) como “[...] a comunicação da informação entre vendedor e comprador potencial ou outros do canal para influenciar atitudes e comportamento”. Esse composto, de acordo com Kotler (2000), apresenta cinco ferramentas principais: propaganda, promoção de vendas, relações públicas e publicidade, vendas pessoais, e marketing direto. Fazendo uso dessas ferramentas, concluem McCarthy e Perreault Jr. (1997), o composto promoção visa modificar o comportamento do cliente, persuadindo-o a decidir pelo valor oferecido pela empresa, sintetizando, portanto toda a estruturação do composto de marketing. Torna-se, assim, a parte mais importante do composto, e deve se pautar no planejamento do marketing estratégico a fim de obter sucesso na relação com o cliente. 2.1.2 Vendas A venda é fundamental para qualquer tipo de organização, destacam Cobra e Tejon (2007), pois ela é que possibilita o lucro e o crescimento, e a consequente manutenção e existência da empresa. A venda, afirmam eles, trata da troca da propriedade dos produtos e serviços. Gitomer (2005) reforça a afirmação, acrescentando que a venda gera a movimentação na organização, criando a necessidade de produzir, de entregar, gerando os recursos para a sustentação da organização. Adiciona ainda que mesmo em questões não relacionadas à troca de bens costuma ocorrer a venda, nesse caso, geralmente de uma ideia. A venda pessoal, conforme McCarthy e Perreault Jr. (1997), é a melhor maneira de comunicar as vantagens de um produto a um cliente. Isso ocorre, segundo os autores, porque o momento da venda permite interação total entre 22 vendedor e cliente, possibilitando customização da ação, esclarecimento de dúvidas, percepção da reação do cliente, enfim, maior efetividade na comunicação. A venda é uma parte do composto de marketing, uma ferramenta da variável promoção, como já apresentado por Kotler (2000), portanto o objetivo principal da venda é mudar o comportamento do cliente. Cobra e Tejon (2007), porém, destacam que a venda também depende do processo de marketing, ao afirmar que a empresa precisa de um bom produto, ter definido seus clientes e ter bons vendedores para que tenha sucesso nos negócios. A venda funciona de maneira cientifica, constata Gitomer (2005, p.10). Vender “[...] é um conjunto de palavras, frases e técnicas que podem ser repetidas, desencadeadas como respostas, e que convencem o cliente potencial a comprar”. Mas, o autor adverte que o processo necessita de experiências, a fim de definir quais teorias e técnicas tem melhor funcionalidade para cada situação. A necessidade de experimentação por parte do profissional de vendas é também perceptível no discurso de McCarthy e Perreault Jr. (1997), ao afirmar que o profissional precisa considerar diferenças culturais e outros fatores que podem interferir na comunicação com o cliente, e lembrando que pequenos detalhes do comportamento do vendedor podem causar reações diferenciadas devido a esses fatores. Os pontos principais a serem considerados, de acordo com Kotler e Keller (2006), na formação de uma equipe de vendas são os objetivos, as estratégias, a estrutura, o tamanho e a remuneração da equipe. A formação de objetivos e estratégias, descrevem os autores, deve considerar que a equipe de vendas não atua somente na oferta propriamente dita dos produtos, mas também em todo o processo de planejamento da ação de oferta. Conforme o tipo de produto e a estratégia geral da empresa, seguem Kotler e Keller (2006), a equipe de vendas pode investir mais tempo buscando novos clientes, ou atendendo e se relacionando com antigos clientes, pode investir mais tempo mantendo o consumo de produtos já conhecidos ou tentando introduzir novos produtos, e até podem dedicar mais ou menos tempo em conhecer o cliente e o mercado. A estruturação da força de vendas deve ser definida pela organização com base no mercado que ela busca atender, mostra Kotler (2000). Os tipos de estrutura são genericamente conceituados pelo autor em: por território, onde cada 23 vendedor é designado para um espaço geográfico específico, facilitando suas relações e reduzindo custos; por produto, geralmente usada quando da venda de produtos complexos, apresenta uma força de vendas especializada para cada linha de produto da organização; por mercado, constituída por grupos de vendedores especializados em um agrupamento de clientes, permitindo o conhecimento maior das necessidades de cada um; e combinada, quando a empresa apresenta uma vasta gama de produtos, mercados e clientes, possibilitando, ou até exigindo, o uso das diferentes estruturas. O tamanho da força de vendas, afirma Kotler (2000) será determinado pela quantidade de clientes que a empresa pretende atender. O dimensionamento deve levar em conta a carga de trabalho de cada vendedor, utilizando, para tanto, considerações referentes ao volume de vendas previsto ou realizado, quantidade de visitas esperadas, e capacidade de efetuar o atendimento por parte dos vendedores. Cobra (1994) alerta, entretanto, que, ao planejarem o tamanho e a estrutura da sua força de vendas, as empresas devem considerar, também, o impacto das diferentes alternativas em seu resultado econômico, e não somente se basearem em critérios qualitativos. No que se refere a remuneração da força de vendas Kotler e Keller (2006), destacam duas funções principais: Atrair e manter bons vendedores e motivar a equipe de vendas. A motivação do vendedor é um fator determinante no seu desempenho, acrescenta Kotler (2000), com base no estudo de Churchill, Ford e Walkes: quanto mais motivado está o vendedor mais ele se dedicará, isso trará mais ganhos para a empresa e para o vendedor, que ficará mais motivado, aumentando ainda mais seu esforço, gerando um ciclo de crescimento. Existem diversas formas de melhorar a motivação, conforme destacam McCarthy e Perreault Jr. (1997), desde a mais comum, a motivação financeira, até as motivações psicológicas, como reconhecimento público, auto-realização, ou competitividade. Os tipos de motivação mais efetivos variam conforme cada vendedor, destaca Cobra (1994), sofrendo influência de seu estágio na organização, do cargo e das necessidades pessoais e familiares, por exemplo. Ainda assim, constata o autor, é a motivação financeira, de modo geral, a mais apreciada pelos vendedores. 24 2.1.2.1 Características dos vendedores A função de vendas requer, conforme Greenberg, Weinstein e Sweeney (2002), características de personalidade diferenciadas, que permitam ao indivíduo responder melhor aos acontecimentos comuns a atividade. Gitomer (2005) também ressalta que bons vendedores apresentam alguns traços particulares, contudo alerta que esses traços podem ser desenvolvidos e trabalhados por qualquer indivíduo. Greenberg, Weinstein e Sweeney (2002), mapearam cinco características que consideram fundamentais ao bom vendedor: • Empatia: é, de acordo com Greenberg, Weinstein e Sweeney (2002, p. 54), “[...] a capacidade de perceber as reações do próximo, de captar ‘dicas’ e indicações sutis dadas pelos outros, a fim de se avaliar precisamente o que pensam”. • Ego-drive: caracteriza-se, na visão de Greenberg, Weinstein e Sweeney (2002), por uma necessidade do indivíduo de receber uma resposta positiva, de ser eficiente ao tentar provocar uma mudança comportamental, em persuadir os outros. • Orientação para o atendimento: Pode-se descrever está característica, interpretando Greenberg, Weinstein e Sweeney (2002), como uma necessidade pessoal de aprovação e de reconhecimento, um desejo similar ao ego-drive, mas que se manifesta em receber os créditos da satisfação proporcionada ao cliente. • Cautela: Essa característica é importante para a atividade de vendas, conforme Greenberg, Weinstein e Sweeney (2002), quando torna o indivíduo uma pessoa focada, que determina seus objetivos, que possui autocontrole, e, portanto um intenso sentimento de responsabilidade. • Força do ego: Conceituado por Greenberg, Weinstein e Sweeney (2002, p. 77) como “[...] o ponto até onde o indivíduo basicamente gosta de si mesmo. Se ele possuir grande força do ego, então o fracasso poderá motivá-lo em direção à próxima tentativa”. 25 Os estudos de Daólio (2004) também apontam competências marcantes verificadas em profissionais de sucessos da área comercial, aí incluídos os vendedores: • São movidos pela necessidade de controlar, que se caracteriza pela busca de segurança, qualidade e disciplina; de conquistar, ou seja, vencer obstáculos, competir, ser melhor, indiferentemente da recompensa; e pelo foco no cliente, caracterizado pela busca de agregar resultados ao cliente, de atender suas necessidades, por estabelecer parcerias; • Atuam através de redes de trabalho e da persuasão, caracterizando-se por construir relacionamentos diversos focados em objetivos pessoais e empresariais, e pela busca de convencer e influenciar através não só de informações, mas de estratégias de relacionamento; • Caracterizam-se pela persistência, ou seja, não desistem facilmente, insistem e até vencem pelo cansaço; autoconfiança, que resulta na tomada de decisões em momentos incertos, em ousadia, na busca de desafios e na disposição de correr riscos; e iniciativa, apresentada na proatividade e na ação planejada com foco em resultados futuros; • Sua principal ferramenta é a competência da análise, apoiada na procura por causas e efeitos, pelo entendimento das situações e informações. Apesar da existência de critérios centrais para o sucesso do vendedor Greenberg, Weinstein e Sweeney (2002) lembram que cada atividade pode exigir outros traços na personalidade do indivíduo, sendo, portanto, importante conhecer e considerar as tarefas que o vendedor terá que desempenhar quando se busca delinear um perfil psicológico para determinada função. Considerando características da atividade de venda, principalmente o nível de criatividade, Kolter (2000, p. 638), define seis tipos gerais de vendedor: Entregador: vendedor cuja principal tarefa é entregar um produto[...]. Tomador de pedidos: vendedor que atua predominantemente como um tomador de pedidos interno [...] ou externo [...]. Missionário: vendedor do qual não se espera ou mesmo não se permite a tomada de pedidos e que tem como principal tarefa construir uma boa imagem ou instruir o usuário atual ou potencial [...]. 26 Técnico: vendedor com alto nível de conhecimento técnico [...]. Gerador de demanda: vendedor que se baseia em métodos criativos para vender produtos tangíveis [...] ou intangíveis [...]. Vendedor de soluções: vendedor cuja especialidade é resolver um problema dos clientes, muitas vezes relacionados a um sistema de produtos ou serviços da empresa [...]. McCarthy e Perreault Jr. (1997) consideram a possibilidade de se dividir os vendedores em três grupos, que tem sua importância para a organização. O primeiro grupo, os conquistadores de pedidos, são vendedores que buscam conseguir novos negócios, trabalhando na busca de novos clientes. Os tiradores de pedidos formam o segundo grupo. Esse tipo de vendedor, na visão dos autores, efetua a venda para clientes já interessados no produto, ou seja, esclarecem as dúvidas finais de um cliente já atraído para a organização, fechando a venda, ou negociam com clientes já regulares. O grupo formado pelos vendedores de apoio é o ultimo apresentado por McCarhyt e Perreault Jr. (1997). Constitui-se por vendedores que não visam o fechamento da venda, mas sim a venda em longo prazo, fornecendo assistência aos usuários. Para um bom desempenho em vendas Cobra e Tejon (2007, p. 200) destacam a importância de ações eficazes, e concluem: “[...]o vendedor precisa unir conhecimentos (de produtos, de marketing, de pesquisa de mercado etc.) à habilidade (negociação e técnicas de persuasão) e, ainda, ter uma atitude positiva no trabalho.” 2.1.2.2 Processo de vendas A evolução do processo de vendas criou, nos tempos modernos, uma nova realidade, afirma Cobra (1994), a profissionalização da venda, que passa não só a objetivar o fechamento do negócio, mas sim a satisfação das necessidades dos clientes. Kotler (2000, p. 653), ressalta a profissionalização das vendas quando destaca que “os vendedores eficazes possuem mais do que instinto: são treinados em métodos de análise e gerenciamento de clientes”. O processo de venda ocorre em etapas, configuradas por Kotler (2000), na ordem, prospecção e qualificação, pré-abordagem, abordagem, apresentação e 27 demonstração, superação de objeções, fechamento, e acompanhamento e manutenção de clientes. A primeira etapa, a prospecção, trata, segundo Kotler (2000), da busca por possíveis compradores do produto, efetuada por diversos meios, que podem variar inclusive conforme o tipo de produtos. O autor mostra que o principal objetivo dessa etapa é melhorar a utilização do tempo em busca de melhores resultados. Segundo McCarthy e Perreault Jr. (1997), quando é estabelecido o público potencial executa-se a qualificação dos clientes, que trata, basicamente, de definir quais dos possíveis clientes merecem maior dispêndio de tempo e dedicação, ajustando, dessa forma, o tempo de que disponibilizam os vendedores à quantidade de visitas que precisam ser feitas. A próxima etapa listada, a pré-abordagem, foca a necessidade, apresentada por Kotler (2000), de conhecer o máximo possível sobre o cliente em questão, pesquisando-se nas mais diversas fontes disponíveis. McCarthy e Perreault Jr. (1997) acrescentam que planejar a execução da venda é um fator estratégico, e é necessário também em organizações aonde o cliente vai à procura o vendedor, através da estruturação de ações para que apenas os clientes adequados possam chegar até o vendedor. Na quarta etapa indicada por Kotler (2000), que é a abordagem, inicia-se o contato com o cliente e a venda propriamente dita. A forma como o vendedor se apresenta faz diferença confirma Gitomer (2005). O autor destaca que a apresentação do vendedor oportuniza despertar interesse do cliente, ao passo que informa e origina uma relação com esse cliente potencial. As perguntas iniciais continua Gitomer (2005), permitirão a percepção do grau de qualificação do cliente, e a formulação de uma afirmação que mostre como o produto soluciona a sua demanda. Segue-se a apresentação que, de acordo com Kotler (2000), é o momento em que o vendedor delineia o produto, listando suas características físicas e técnicas, e, principalmente, destacando quais vantagens, benefícios e valores esse produto concederá ao cliente. Gitomer (2005) destaca que na apresentação é que começa a ser construída a confiança entre o vendedor e o cliente, que é fator fundamental para a venda. Segundo o autor será a confiança no vendedor, no produto e na organização que levará o cliente a comprar. 28 Durante a apresentação Kotler (2000) indica o surgimento freqüente de objeções, ou até no momento do fechamento do pedido. Essas resistências, segundo o autor, podem ser originadas psicologicamente, devido a bloqueios do cliente, a falhas no processo de comunicação, a cautela excessiva ou outros fatores, ou podem ter origem lógica devido a características do produto. De maneira geral, a atitude do vendedor é bastante importante nessa etapa, como mostra Kotler (2000, p. 656): Para lidar com essas objeções, o vendedor mantém uma abordagem positiva, pede ao comprador para esclarecer a objeção, questiona-o de modo que ele tenha de responder a suas próprias objeções, nega a validade da objeção ou transforma a objeção em uma razão de compra. Depois de superadas as objeções Kotler (2000) indica a possibilidade de fechamento de venda, situação em que ainda podem ocorrer dificuldades. Para o fechamento é necessário empatia por parte do vendedor, para reconhecer o momento propicio ao fechamento, e, além disso, iniciativa para executar o pedido. Gitomer (2005) apresenta posição semelhante sobre o assunto. Para o autor o fechamento do negócio se inicia com o reconhecimento dos sinais de compra do cliente. O reconhecimento dos sinais é tarefa essencial para o vendedor, se o vendedor não apresentar essa capacidade ele despertará o desejo do cliente, mas não conseguirá efetuar a venda. Kotler (2000) lembra que após a conclusão da venda há a necessidade, com o intuito de manter o bom relacionamento com o cliente e efetuar vendas futuras, de acompanhamento da execução dos pedidos. O vendedor, na opinião do autor, deve providenciar para que aconteça realmente o que foi combinado com o cliente. Uma visão parecida ocorre a Gitomer (2005), que revela que devido à má qualidade no atendimento ou às atitudes dos atendentes, as organizações perdem diversos clientes e deixam de realizar novos negócios. Para o autor a manutenção de relacionamentos duradouros com os clientes e o estabelecimento de uma situação de confiança, passa por focar, também no processo de venda e atendimento, a satisfação do cliente. 2.2 Gestão de Pessoas As organizações, conforme crescem, vão apresentando uma gama cada 29 vez maior de complexidade em suas atividades, revela Chiavenato (1999). Esse crescimento, segue o autor, é acompanhado, também, pelo aumento do número de pessoas na organização, pessoas essas que são, na verdade, os utilizadores dos recursos da organização, os executores dos processos. Por isso, conclui ele, as pessoas acabam se tornando o grande diferencial competitivo das empresas, visto que elas é que entendem os processos da organização e do mercado, e por suas ações a empresa tem o maior sucesso na utilização de seus recursos. Vergara (2003, p. 9) afirma a importância das pessoas nas organizações, destacando que as empresas não existiriam se não houvessem “[...] pessoas a definir-lhes a visão e o propósito, a escolher estruturas e estratégias, a realizar esforços de marketing, a administrar recursos financeiros, a estabelecer metas de produção, a definir preços e tantas outras decisões e ações.” Para Chiavenato (2004), assim como as pessoas são importantes para as organizações, as organizações são importantes para as pessoas. As pessoas despendem grande parte do seu tempo trabalhando em organizações, que são para elas o principal meio para se atingir objetivos pessoais e missões. Além disso, acrescenta o autor, as organizações influenciam muito o ambiente em que estão inseridas, e consequentemente as pessoas. Apesar dessa relação de importância entre organização e pessoas Chiavenato (1999) lembra que por muito tempo perdurou a ideia de que os objetivos das organizações e das pessoas eram opostos. Sustentava-se que as necessidades de aumento de lucros, redução de custos e racionalização de processos das organizações não poderiam se ajustar as necessidades de melhor remuneração, melhores condições de trabalho e maior horizonte de crescimento dos empregados. Recentemente, porém, verificou-se que a busca dos objetivos da empresa se beneficia de uma relação que pondere motivar as pessoas e propiciar a estas o atingimento das suas metas, afirma o autor. Para ele, o desenvolvimento das capacidades e competências das pessoas leva a empresa a resultados e níveis de desenvolvimento e competitividade superiores. Diante dessa relação entre pessoas e organizações Vergara (2003) observa que é fundamental buscar estudar as características dessa interação e entender seu funcionamento para que se tenha uma maior compreensão, também, do mundo dos negócios e consequentemente melhores resultados. A Gestão de Pessoas é função da organização que atua com esse foco, 30 pois, de acordo com Chiavenato (1999), essa função trabalha a relação entre as organizações e as pessoas, a fim de aproveitar de forma eficiente os recursos oferecidos pelos colaboradores, os conhecimentos, as habilidades e as atitudes, para se alcançar os objetivos da empresa e também os objetivos individuais desses colaboradores. 2.2.1 Conceitos e objetivos A Gestão de Pessoas é também chamada por Chiavenato (1999) de Administração de Recursos Humanos ou ARH. O autor diferencia os dois conceitos basicamente pela forma de abordagem do papel das pessoas, Gestão de Pessoas considera as pessoas como parceiros da organização, já a Administração de Recursos Humanos avalia-as como recursos produtivos; mas analisa as duas funções em conjunto. Um conceito de Gestão de Pessoas apresentado por Chiavenato (1999, p. 8) foi desenvolvido por Martilla e James: Administração de Recursos Humanos (ARH) é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial relacionados com 'pessoas' ou recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avaliação de desempenho. Outro conceito citado por Chiavenato (1999), de Ivancevich, tem visão similar ao apresentado, indicando como ARH uma função que trata de adquirir, treinar, avaliar e remunerar empregados, e revela que todos os gerentes das organizações trabalham Gestão de Pessoas, pois todos se envolvem com algum desses processos. Ribeiro (2006) sintetiza o conceito deixando claro que os processos de recursos humanos, como treinamento e desenvolvimento, devem ser constantes e com foco na modernização, no crescimento e na qualidade. O autor ainda alerta que é fundamental lembrar sempre das expectativas dos empregados. As atividades que envolvem os recursos humanos são bastante diversificadas, e abrangem uma vasta gama de disciplinas e assuntos, constata Chiavenato (2004). O autor ressalta que o desenvolvimento da função de Gestão de Pessoas envolve conceitos relacionados à psicologia, sociologia, direito, engenharia de diversos tipos, além de abordar diversos assuntos, desde nutrição e alimentação, 31 passando por questões previdenciárias, satisfação profissional, transporte, em fim muitos temas. Outra característica importante da área de recursos humanos, também lembrada por Chiavenato (2004) é a contingencialidade: não existe uma fórmula universal para a administração de recursos humanos, cada caso ou situação é diferente e varia conforme a cultura e o meio onde a organização está inserida, as características da própria empresa, as peculiaridades das pessoas que trabalham na organização e principalmente a quantidade e qualidade de recursos disponíveis. Essa análise condiz com a visão que Ribeiro (2006) tem a respeito do profissional de recursos humanos. O estudioso verifica que recentemente buscamse profissionais de recursos humanos que possuam grande visão em relação a pessoas, capacidade de mobilizar equipes, mas também com um conhecimento holístico, que abranja também outros ambientes da empresa, como marketing, produção, finanças, psicologia, em fim, seja um administrador completo, e que, sobretudo, tenha atitude e postura. Diante da constatação de que as pessoas podem fortalecer ou enfraquecer uma organização e que esse resultado depende inclusive da maneira como as pessoas são tratadas, Chiavenato (1999) verifica que o objetivo geral da Gestão de Pessoas é contribuir com a eficácia da organização. O autor destaca alguns objetivos intermediários da Administração de Recursos Humanos, que reputa como formas de contribuição para a organização: • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e a realizar sua missão: o autor considera que a função de recursos humanos, diante do contexto atual de mercado, é fundamental para as organizações, da mesma forma essa função não pode ser imaginada sem o conhecimento das atividades da empresa, e por isso o principal objetivo da Gestão de Pessoas é ajudar a organização a cumprir suas metas e objetivos, e consequentemente sua missão. • Proporcionar competitividade à organização: Chiavenato (1999) destaca que a Gestão de Pessoas prima por conhecer a utilizar da melhor forma possível o potencial da força de trabalho da empresa, aumentando a capacidade produtiva dessa organização, e também os ganhos para a empresa e para os funcionários; 32 • Proporcionar à organização empregados bem treinados e bem motivados: o estudioso verifica que através da qualidade na Administração de Recursos Humanos, por meio do reconhecimento, das recompensas, da motivação das pessoas em geral e da clareza nos objetivos, a empresa terá pessoas preparadas e dispostas para o trabalho quando precisar; • Aumentar a auto-atualização e a satisfação dos empregados no trabalho: esse objetivo é visto pelo autor como a mobilização da empresa para gerar satisfação em seus funcionários. O autor revela que através de boas condições de trabalho e da identificação do funcionário com a organização reduz-se problemas como rotatividade de empregados e ausências, além do empregado satisfeito produzir com maior qualidade; • Desenvolver e manter a qualidade de vida no trabalho: Sobre esse objetivo Chiavenato (1999, p. 9) descreve: Qualidade de vida no trabalho (QVT) é um conceito que se refere aos aspectos da experiência do trabalho, como estio de gerência, liberdade e autonomia para tomar decisões, ambiente de trabalho agradável, segurança no emprego, horas adequadas de trabalho e tarefas significativas. Dessa forma, analisa o autor, programas de QVT buscam melhorar a experiência dos empregados através da estruturação do trabalho e do ambiente de trabalho, objetivando satisfazer as necessidades desses empregados, retendo-os; e buscam também tornar a empresa atrativa para quem ainda não trabalha nela, captando novos recursos; • Administrar a mudança: Diante da crescente velocidade das mudanças nos mais diversos aspectos do mercado, Chiavenato (1999) considera que os responsáveis pela Gestão de Pessoas nas organizações precisam saber lidar com mudanças para apoiar esses processos nas organizações, se preparando para desenvolver soluções para os desafios apresentados; • Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável: Com esse objetivo o autor destaca que toda a atividade de Recursos Humanos deve primar pela ética, levando em conta equidade, observação dos direitos das pessoas e transparência, e 33 a expansão desses valores para todas as pessoas e processos na empresa. Dessa forma a atividade de Gestão de Pessoas ajuda a organização a se adaptar as exigências crescentes do mercado em relação aos padrões éticos e a responsabilidade social. Em outra análise Chiavenato (2004, p. 138) sintetiza os objetivos da Administração de Recursos Humanos em “buscar conquistar e manter pessoas na organização, trabalhando e dando o máximo de si, com uma atitude positiva e favorável.” E autor conclui que os objetivos da ARH derivam dos objetivos da empresa, mas que devem considerar os objetivos pessoais dos colaboradores. 2.2.2 Atividades da Gestão de Pessoas A função de Gestão de Pessoas abrange um grande leque de atividades, revela Gil (2001), e existem diversas formas de classificá-las. As diversas classificações, entretanto, apresentam algumas divergências, percebe o autor, ocasionadas justamente pela amplitude de atividades. Ainda assim, o estudioso identifica um padrão geral de classificação dessas atividades em cinco sistemas gerais: Suprimento ou Agregação, Aplicação, Compensação ou Manutenção, Desenvolvimento ou Capacitação, e Controle ou Manutenção. Chiavenato (1999) apresenta um modelo de classificação semelhante para, segundo o autor, os processos da Gestão de Pessoas, apenas desagregando algumas atividades, com seis classificações: agregar pessoas, aplicar pessoas, recompensar pessoas, desenvolver pessoas, manter pessoas e monitorar pessoas. Essas classificações, contudo, abrangem as funções clássicas de recursos humanos, alerta Gil (2001), pois conforme foi evoluindo a área de Gestão de Pessoas novas atividades foram consideradas pertinentes a essa área, como motivação, comunicação e liderança. 2.2.2.1 Processos de agregar pessoas Segundo Chiavenato (1999, p. 12) esses processos “[...] são os processos utilizados para incluir novas pessoas na empresa. Podem ser denominados processos de provisão ou de suprimento de pessoas. Incluem recrutamento e seleção de pessoas.” 34 Em uma descrição mais completa Chiavenato (1999) verifica que esse processo representa a alternativa de entrada das pessoas na empresa, e é a possibilidade que a organização tem de permitir o ingresso de pessoas que sejam adequadas as suas atividades, com características que possam se adaptar as características da organização. As organizações determinam, conclui o autor, as necessidades que elas têm para buscar seus resultados e tentam localizar as pessoas que apresentem condições de suprir essas necessidades. A importância do processo fica clara no discurso de Gil (2001). O autor destaca que, pela importância fundamental das pessoas na organização, a escolha dessas pessoas deve ser feita da forma mais competente possível, a fim de que pessoas incapacitadas não comprometam outras ações da empresa. Seleções mal feitas, segue o autor, podem reduzir muito o número de candidatos, eliminar candidatos com grande potencial para aquela atividade ou escolher pessoas com perfil para outra função, por exemplo, e consequentemente ocasionam mau desempenho nas funções, insatisfação com a atividade e alta rotatividade de pessoal. A primeira etapa dos processos de agregar pessoas apresentada por Chiaventao (1999) é o recrutamento. O recrutamento é, de acordo com Marras (2000), uma atividade que busca captar pessoas para que, pela seleção, sejam atendidas as demandas internas de pessoal. Essa etapa se inicia, continua Marras (2000), por uma necessidade de algum setor da empresa de contratar pessoal; em seguida são determinadas as características principais da atividade, que podem seguir um padrão de cargos já determinado pela empresa; com base nessas características define-se a fonte de recrutamento, que pode ser interna, quando se privilegia a utilização de funcionários que já fazem parte do quadro da empresa, ou externa, quando a empresa não possui pessoas adequadas a função ou precisa ampliar seu quadro de pessoal; após isto, é feita a divulgação da necessidade nos meios escolhidos; finalmente os candidatos são recebidos e são coletadas informações que permitam encaminhar para a etapa de seleção apenas os candidatos mais adequados a função. A seleção de pessoal é a etapa que segue o recrutamento, indica Chiavenato (2004). Essa etapa tem por missão escolher entre os candidatos encaminhados pelo recrutamento o mais adequado para a função, ponderando, de 35 maneira geral, dois aspectos, a capacidade de aprendizagem dos candidatos e o potencial de execução da atividade aprendida. O autor afirma que o processo seletivo é basicamente uma comparação entre características de candidatos e características da função, através de métodos variados, como entrevistas, testes de personalidade e simulações. Chiavenato (2004) ainda destaca que, conforme a disponibilidade de recursos para aplicação no programa de seleção, pode ser executada mais de uma etapa de coleta de informações dos candidatos, melhorando a qualidade da decisão de contratação e os resultados do processo. 2.2.2.2 Processos de aplicar pessoas Uma empresa possui diversas funções e processos que precisam ser realizados para que ela possa desenvolver sua atividade e atingir sua missão, revela Chiavenato (1999). Essas funções são desenvolvidas pelas pessoas que participam da organização, cada qual desempenhando um papel específico, com atribuições e características diversas, continua o autor, e justamente dar condições para que as pessoas possam desenvolver seus papéis, orientando-as e definindo suas atribuições, é o objetivo dos processos de aplicar pessoas, conclui ele. Chiavenato (1999) ainda verifica que no mercado atual é possível identificar variações marcantes nos processos de aplicar pessoas, desde organizações com métodos lógicos, padronizados e com pouca variação, até empresas que possuem modelos flexíveis, que dão liberdade as pessoas para buscarem de formas diferentes o atingimento de metas e são abertos a mudança. Diante disso o estudioso afirma que modelos pouco mutáveis são baseados no passado da empresa, ao passo que os modelos mais flexíveis e participativos tem foco na construção do futuro da organização. Os processos de aplicação de recursos humanos são compostos por três funções principais, segundo Chiavenato (2004): • Socialização organizacional; • Desenho cargos. Descrição e análise de cargos; • Avaliação do desempenho humano. A primeira ação da empresa após o ingresso das pessoas nas organizações é a socialização organizacional, explica Chiavenato (2004). O objetivo 36 desse contato é passar a essas pessoas os principais valores e características da organização, contextualizando os contratados a situação da empresa, e ao mesmo tempo buscando condiciona-los a essa realidade, tentando suprimir características e costumes desnecessários a organização. Marras (2000) afirma que pela sua cultura a empresa orienta e controla o comportamento das pessoas que a integram, além de estabelecer um perfil para ela. Nesse contexto Marras (2000, p. 290) apresenta o conceito de cultura organizacional desenvolvido por Schein: Cultura organizacional é o modelo de pressupostos básicos que um grupo assimilou na medida em que resolveu os seus problemas de adaptação externa e integração interna e que, por ter sido suficientemente eficaz, foi considerado válido e repassado (ensinado) aos demais (novos) membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas. Verifica-se, com base nesse conceito, a importância do processo de socialização organizacional, que, conforme Chiavenato (1999), serve para moldar o bom relacionamento entre a empresa e o indivíduo, mas principalmente, para que seja fixada e mantida a cultura organizacional. Pode-se constatar a importância da segunda etapa do processo de aplicação de pessoas, o desenho, a análise e a descrição de cargos, através do significado dos cargos para a organização, descrito por Gil (2001). O autor esclarece que as organizações só funcionam porque as pessoas que a compõe passam a desempenhar determinados papéis, e por depender disso para o funcionamento as organizações buscam escolher candidatos adequados para desempenha-los, avaliam o desempenho dos funcionários, corrigem diferenças no desempenho esperado através de treinamento, e remuneram melhor aqueles que desenvolvem de forma mais completa os papéis a eles atribuídos. Por isso, conclui, as organizações precisam definir claramente os papéis de cada empregado. O conjunto de tarefas e atribuições de uma determinada posição na organização é um cargo, como verifica-se no conceito de Chiavenato (2004): “[...] um cargo constitui uma unidade da organização e consiste em um conjunto de deveres e responsabilidades que o tornam separado e distinto dos demais cargos.” O desenho de cargos, a primeira fase dessa etapa, consiste, conforme Chiavenato (1999), em especificar o conteúdo dos cargos, abrangendo o conjunto de tarefas ou atribuições a serem desempenhadas, como deverão ser desempenhadas, a quem deve se reportar, e que outros cargos estão subordinados 37 a esse cargo. O autor indica que existem diversas formas de desenhar cargos, contudo, o padrão utilizado deve considerar as características de atuação da empresa e se adaptar a sua estrutura. Outro aspecto ponderado pelo estudioso é que uma estrutura de cargos mais dinâmica e que tarefas mais abrangentes são fatores motivadores para as pessoas que ocupam o cargo. Uma tendência crescente no desenho dos cargos, lembrada também por Chiavenato (2004), é o desenvolvimento de equipes de trabalho, onde as tarefas definidas tem grande nível de interdependência, as ações e decisões são tomadas em conjunto, a própria equipe define a distribuição de tarefas, avalia o desempenho dos membros do grupo, e a responsabilidade pelo alcance dos resultados é de todo o grupo. Uma vez desenhado o cargo, com todos os seus detalhes, Chiavenato (1999), indica a necessidade de formalizar, através de uma descrição escrita, as características traçadas, definindo assim a fase da descrição de cargos. Com base na descrição dos cargos, continua o autor, são definidos os requisitos necessários para a pessoa que vai ocupar o cargo, em termos de conhecimentos, habilidades e capacidades. Os objetivos das fases de descrição e análise de cargos são descritos por Gil (2001, p. 176): • a determinação do perfil do ocupante para definir os procedimentos para a seleção do pessoal; • o fornecimento dos dados necessários para o levantamento das necessidades de seleção dos conteúdos dos programas de treinamento de pessoal; • o fornecimento de dados para subsidiar os programas de higiene e segurança no trabalho; • o fornecimento de informações para o supervisor e o empregado acerca dos padrões de desempenho no trabalho; • o fornecimento de subsídios para avaliação de cargos e determinação das faixas salariais; • a determinação das linhas de autoridade e responsabilidade na organização; • o fornecimento de subsídios para a implantação de sistemas de avaliação de mérito. A terceira etapa do processo de aplicação de pessoas, a avaliação do desempenho humano, origina-se, segundo Chiavenato (1999), da necessidade das organizações de avaliar os mais diversos desempenhos de sua atividade, e como as pessoas são fundamentais para a atividade, também de avaliar o desempenho das pessoas. Nos tempos atuais, destaca, as empresas não podem mais admitir desempenhos sofríveis, nem mesmo abaixo da média, pois têm a necessidade de 38 serem excelentes em todos os momentos a fim de obter a competitividade que o mercado exige. A avaliação de desempenho é um instrumento administrativo importante, destacam Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001), pois permitem a empresa analisar o desempenho dos empregados, de acordo com a própria equipe, mas também analisar o potencial de sua equipe para planejar estratégias futuras. Há uma série de objetivos que podem ser atingidos com a avaliação de desempenho, listados por Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 207), sendo: […] adequação do indivíduo ao cargo; identificação das necessidades de treinamento; promoções; incentivo salarial ao bom desempenho; melhoria no relacionamento entre supervisores e liderados; autoaperfeiçoamento do funcionário; estimativa do potencial de desenvolvimento dos empregados; estímulo à maior produtividade; divulgação dos padrões de desempenho da instituição; feedback para o próprio indivíduo avaliado; e decisões sobre transferências, dispensas e progressão/ascensão funcional. Gil (2001) ressalta que a avaliação das pessoas acontece mesmo quando a empresa não possui um sistema de avaliação formal, pois é natural que as pessoas avaliem informalmente seus subordinados. Apesar disso, o autor destaca que quando há um modelo estabelecido de avaliação evita-se uma avaliação superficial e unilateral, alcança-se maior profundidade na análise, e obtém-se maiores informações sobre desempenhos deficientes, além da redução de distorções. Em relação as características de avaliação de desempenho Chiavenato (2004) pondera a importância de se definir os responsáveis pela avaliação de desempenho, que pode ser apenas o superior hierárquico, o próprio indivíduo, a equipe onde a pessoa esta inserida, um órgão específico da empresa, ou a combinação de uma dessas fontes. O autor indica também uma diversidade de métodos de avaliação, revelando que é natural que as organizações ajustem alguns métodos tradicionais a sua realidade ou utilizem formas combinadas de avaliação, entretanto, destaca ele, é fundamental que a avaliação de desempenho seja utilizada como uma ferramenta de comunicação e coleta de dados, não como um objetivo a se cumprir pelos empregados. Outra consideração importante, apontada por Gil (2001), é que, apesar da diversidade de métodos e sistemáticas de avaliação, o principal responsável pelo bom resultado dessa fase do processo de aplicação de pessoas é o avaliador, que 39 deve estar preparado, receber treinamentos e ter atitude positiva em relação a avaliação. 2.2.2.3 Processos de recompensar pessoas Os processos de recompensar pessoas são as principais ferramentas para gestão e motivação de pessoas, afirma Chiavenato (1999). A recompensa é contrapartida da organização para com os empregados que auxiliam a empresa a alcançar seu desempenho, e busca incentivar as contribuições deles por meios como retorno financeiro e reconhecimento, mas ao mesmo tempo afeta os custos da empresa como um todo. Existem desde empresas que atuam com modelos de recompensa ultrapassados, genéricos, que recompensam com base no passado, no tempo e sem distinção entre os funcionários, até outras organizações que atuam com sistemas bastante flexíveis, que priorizam o desempenho, consideram as diferenças individuais e focam metas e objetivos, mostra o autor, que ainda alerta que o desenvolvimento desses sistemas impactam diretamente na capacidade da empresa de atrair, reter e motivar os funcionários. Marras (2000) afirma que a definição das recompensas é geralmente feita em conjunto com a definição dos cargos. Da mesma forma Gil (2001) mostra as atividades de definição salarial intimamente ligadas a definição dos cargos, sendo que com base na estruturação dos cargos em níveis de importância se busca estabelecer um sistema de pagamento de salários equilibrado. Os processos de recompensa são apresentados por Chiavenato (1999) em três formas, que são remuneração, incentivos, benefícios e serviços. De forma geral, segundo Chiavenato (1999, p. 221), “[...] o principal componente da remuneração total é a remuneração básica, que é o pagamento fixo que o funcionário recebe de maneira regular na forma de salário mensal ou na forma de salário por hora.” A importância do salário para as pessoas é verificada na colocação de Chiavenato (2004) que mostra que as pessoas aceitam empenhar parte do si mesmo e do seu esforço para a empresa, se comprometendo a rotinas diárias para o desenvolvimento da sua função, em troca do salário, que é o meio da pessoa atingir seus objetivos, e buscar e manter o seu padrão de vida. 40 Marras (2000) comenta, entretanto, que antes de desenvolver a estrutura salarial a empresa precisa fixar condições e normas, parâmetros, que devem ser seguidos no tratamento das questões relativas a remuneração, através da definição da politica salarial, que nascem de determinações da diretoria da empresa e que sejam condizentes com a missão da organização. Os incentivos são alternativas desenvolvidas para recompensar os funcionários que apresentam bom desempenho, continua o autor, e estão ligados a recompensas por seguir certos tipos de comportamentos e atingir metas. A utilização desse tipo de recompensa busca fazer com que os empregados contribuam de forma mais comprometida com a organização, em troca de uma recompensa pelo bom resultado, e considera da premissa de que apenas a remuneração fixa não é suficiente para motivar os funcionários a fazer sempre o melhor possível e superar metas desafiadoras. Chiavenato (1999, p. 251) lista os principais tipos de remuneração variável, o principal tipo de ferramenta de incentivo: [...] planos de bonificação anual, distribuição de ações da empresa aos funcionários, bonificação anual [...], opção de compra de ações da companhia, participação nos resultados alcançados, remuneração por competência e distribuição do lucro aos funcionários. Benefícios são complementos que a organização oferece aos funcionários além dos salários, afirma Marras (2000). O foco do programa de benefícios, continua, é mostrar que a organização sabe do que seus funcionários precisam, tentando gerar um vínculo maior entre empresa e indivíduo, ao mesmo tempo que garante qualidade de vida aos empregados, reduzindo rotatividade e dando condições para um melhor desempenho desses. O estudioso verifica que existem alguns benefícios que a empresa deve oferecer obrigatoriamente, os benefícios compulsórios, como décimo terceiro salário, férias, licença maternidade e auxílio-doença, mas lista uma série de benefícios que as empresas oferecem livremente aos funcionários, dentre os quais: restaurante, seguro de vida, assistência médica, festa para empregados, transporte, cesta básica, empréstimo subsidiado, complementação de aposentadoria e horário móvel. Considerando a importância de modelos de recompensa que estimulem as pessoas a se dedicarem a organização muitas empresas começaram a buscar novos sistemas de remuneração mais compatíveis com a realidade do mercado, afirma Gil (2001), e, conclui o autor, mesmo com alguns resultados negativos ainda 41 há necessidade de se buscarem práticas de remuneração condizentes com a administração moderna. 2.2.2.4 Processos de desenvolver pessoas O foco principal do desenvolvimento de pessoas é, conforme Chiavenato (1999), buscar explorar as potencialidades do indivíduo, não apoiando-se apenas em repassar informações, mas sim buscando aproveitar a criatividade da pessoa e desenvolver atitudes e conceitos que influenciem sua postura como um todo e potencializem seus resultados para a organização. O autor verifica que esses processos apresentam três níveis, os dois primeiros, treinamento e desenvolvimento de pessoas, abrangem o desenvolvimento individual, e o outro, o desenvolvimento organizacional, trata de como a empresa se desenvolve pela mudança e inovação. Sobre treinamento Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p.219) conceituam: […] visa ao aperfeiçoamento do desempenho funcional, ao aumento da produtividade e ao aprimoramento das relações interpessoais. Na realidade, o treinamento prepara as pessoas para o desempenho do cargo mediante um processo contínuo visando a mantê-las permanentemente atualizadas com a tecnologia utilizada na realização de suas tarefas. Por isso as organizações passaram a considerá-lo indispensável à obtenção da qualidade total. O processo de treinamento é apresentado em quatro etapas por Marras (2000), diagnóstico, programação, execução e avaliação. O diagnóstico representa o momento em que se verifica a necessidade de treinamento, descreve o autor, onde busca-se definir quem precisa de treinamento e qual o aprendizado necessário. Essa etapa baseia-se na comparação entre o perfil do trabalhador e as exigências definidas pela empresa para aquele cargo. O diagnóstico pode mostrar duas realidades distintas, acrescenta Marras (2000): um cenário com necessidades já presentes, onde a falta de preparo já ocasiona prejuízos a organização; ou um cenário onde as necessidades de treinamento são estabelecidas com base nos objetivos futuros da empresa, visto que a situação atual já é suficiente. A grande diferença entre os cenários é a realização ou não de constantes análises de necessidades de melhoria, pois a empresa e o mercado passam por mudanças frequentes e por meio dessas análises é possível 42 antecipar as mudanças necessárias preparando as pessoas antes que ocorram impactos negativos a produtividade. Concordando com a lógica apresentada, após verificadas as necessidades inicia-se, segundo Gil (2001), o planejamento das atividade de treinamento. O objetivo dessa etapa é justamente maximizar os resultados do treinamento em vista da realidade diagnosticada, orientando as atividades exatamente para as necessidades elencadas. Entre as informações definidas nessa etapa o autor destaca: definição de modalidade de treinamento, formulação de objetivos, conteúdo, estratégias de ensino e recursos necessários. A etapa de execução do treinamento é a aplicação prática das ações planejadas, esclarece Marras (2000), e tem duas responsabilidades, a qualidade na aplicação do conteúdo e a eficiência nos resultados, o que basicamente se apóia no correto desenvolvimento e utilização do planejamento traçado. O processo da avaliação do treinamento apesar de ser a ultima etapa ocorre, de acordo com Gil (2001) durante todo o processo de treinamento. Trata-se de uma série de investigações que ocorrem desde antes do treinamento e seguem após este, buscando informações que permitam mensurar os resultados motivados pelo programa, e assim definir o valor desse para a organização. O autor alerta, porém, que, apesar de ser a única forma de definir se o treinamento atingiu seus objetivos, é normal que organizações desconsiderem essa etapa do processo devido a sua complexidade, mas destaca que a avaliação é uma fase crítica do treinamento. Apesar da importância do treinamento Chiavenato (1999) afirma que esse processo isolado é insuficiente para as organizações atuais, pois a dinâmica do mercado exige organizações prontas para a mudança devido a instabilidade desse, empresas com menos níveis hierárquicos, funções complexas, descentralização, autocontrole do desempenho pelas pessoas, apoiada em equipes multifuncionais, enfim, conclui o autor, empresas com modelos de gestão que busquem flexibilidade e adaptação ao mundo exterior. Nessa ótica o autor destaca que as empresas precisam focar a criatividade e a inovação, que só pode se originar em seus funcionários, e buscar a mudança constante, o que também passa por mudar constantemente as pessoas, e apresenta assim a importância do desenvolvimento de pessoas. Desenvolver pessoas baseia-se em ações quem vislumbrem não só a preparação do empregado 43 para o cargo, como no treinamento, mas no crescimento pessoal do empregado, em sua carreira, em atitudes e em comportamento. Marras (2000) comenta que a empresa seleciona para os principais projetos de desenvolvimento de pessoas aqueles indivíduos em que se identifica maior potencial de crescimento, desenvolvimento e retorno, os talentos da organização, ao passo que Chiavenato (1999) afirma que todos os funcionários podem se desenvolver. A diferença de opinião dos autores é reflexo da análise que fazem do processo de desenvolvimento, sendo que o primeiro pondera um processo direcionado para alguns funcionários com grande potencial, enquanto o segundo pondera uma empresa direcionada para a qualificação total de todo o quadro. Empresas com equipes criativas e inovadoras estão preparadas para processos de desenvolvimento organizacional, como se percebe no discurso de Chiavenato (1999, p. 331), que afirma que esse processo “[...] é uma abordagem especial de mudança organizacional na qual os próprios funcionários formulam a mudança necessária e a implementam [...]”. As ferramentas de desenvolvimento organizacional são apresentadas por Chiavenato (1999) como um processo planejado de desenvolvimento, que busca municiar os funcionários com condições para a busca de soluções as demandas organizacionais e permite avaliar os progressos do processo de mudança, agregando valor aos negócios da organização, às pessoas e aos clientes. E o autor resume, destacando que o desenvolvimento organizacional consiste na reavaliação constante da estrutura da empresa, em diversos aspectos, com foco na melhoria da qualidade. 2.2.2.5 Processos de manter pessoas A importância das pessoas para a organização trás à tona outra ação necessária a gestão de pessoas, de acordo com Chiavenato (1999), a busca da manutenção dessas pessoas. Os processos de manter pessoas visam satisfazer as necessidades físicas, psicológicas e sociais dos empregados no longo prazo, além da manutenção de uma boa relação com entidades trabalhistas, tudo com objetivo principal de motivar as pessoas para buscar resultados para a organização. 44 O autor estuda os processos de manter pessoas em dois grupos gerais, relação com empregados, e higiene, segurança e qualidade de vida na organização, sendo esse último tema mais destacado por outro estudiosos. A base do processo de relação com os empregados, exposta por Chiavenato (1999), é o estilo de administração aplicado na empresa, ou seja, a postura com que os superiores tratam seus subordinados. Existem concepções de administração onde os empregados são considerados ociosos, sem vontade, e por isso há a necessidade de ações repressivas dos superiores para que as pessoas alcancem os resultados projetados. Outras concepções verificam que as pessoas possuem qualidades individuais e que se forem oferecidas boas condições de trabalho elas se sentirão motivadas e comprometidas com a empresa, por isso os superiores adotam posturas cooperativas, com divisão de responsabilidade e participação na tomada de decisão, apoiados no reconhecimento, na liberdade e na autenticidade das pessoas. Essa interação entre superiores e subordinados, entretanto, da-se, mostra Chaivenato (1999), em um contexto onde os empregados são influenciados por diversos fatores externos e internos, que influenciam seus comportamentos e consequentemente seus resultados. Nessa ótica surge a importância da empresa oferecer aos funcionários programas que busquem reduzir os efeitos das contingências que afetam o desempenho desses, a fim de que eles possam participar plenamente dos processos e da política da organização. Os principais aspectos do processo de relação com empregados mostrados por Chiavenato (1999) são: • Programa de assistência ao empregado: segundo o autor são programas desenvolvidos para auxiliar funcionários que enfrentam problemas pessoais, através de orientações, conversas com a gerência e até reuniões com consultores profissionais; • Disciplina: de acordo com Marras (2000) consiste em estabelecer as regras que nortearão o comportamento de todos os empregados da organização, sendo fundamental por conter a estrutura da cultura organizacional e mostrar o perfil da organização e sua preocupação com os empregados; • Administração de conflitos: Chiavenato (1999) mostra que a divergência entre pessoas é natural, contudo a forma como essas 45 divergências são tratadas podem gerar resultados negativos para o desempenho de uma equipe ou da organização, ao invés de aproveitar a diversidade para o desenvolvimento, por isso é importante que a organização apresente uma administração preparada para contornar e resolver os conflitos antes que ocorram os impactos negativos. Além desses pontos em outro estudo Chiavenato (2004) identifica outras tarefas referentes a relação com empregados: movimentação de pessoal, políticas de demissão e relações trabalhistas legais. Sobre os processos de higiene e segurança no trabalho Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p.229) conceituam: A higiene e a segurança no trabalho visam basicamente garantir as condições adequadas a saúde e ao bem-estar dos trabalhadores, tanto no que se refere a observância dos preceitos legais quanto à aplicação de novos conceitos de gestão ambiental e gerenciamento ecológico As funções de higiene no trabalho referem-se a questões inerentes a saúde do trabalhador e a doenças tipicamente relacionadas ao trabalho, afirma Marras (2000), tratando de temas como ergonomia, insalubridade, toxicologia e controles clínicos. O objetivo dessa área, indica Chiavenato (2004), é prevenir que os empregados necessitem se ausentar do serviço por motivos de doença, por meio do foco em saúde e conforto do trabalhador, buscando eliminar as causas de doença, reduzir os efeitos prejudiciais do trabalho nas pessoas que apresentem dificuldades, prevenção do agravamento de doenças, e manutenção da saúde e aumento de produtividade através de ações relacionadas ao ambiente de trabalho. As funções de segurança no trabalho tratam sobre prevenir os acidentes de trabalho e eliminar suas causas, afirma Marras (2000). Essas funções tem foco maior no longo prazo, buscando educar o trabalhador a uma cultura de cautela para evitar exposição a riscos de acidente. O trabalho de prevenção de acidentes é importante para a organização, mostram Tachizawa, Ferreira e Fortuna(2001), pois reduzem as ausências e reduções de desempenho oriundas de condições de trabalho inadequadas. Os processos de qualidade de vida na organização, destacado por Chiavenato (1999), sintetizam ações de melhoria em questões físicas, ambientais e psicológicas no ambiente de trabalho, com base em um profundo respeito pelas 46 pessoas, procurando atingir níveis elevados de qualidade e produtividade, enquanto considera vários fatores: • Satisfação no trabalho executado; • Possibilidade de futuro na organização; • Reconhecimento pelos resultados alcançados; • Salário percebido; • Benefícios auferidos; • Relacionamento humano dentro do grupo e da organização; • Ambiente psicológico e físico de trabalho; • Liberdade e responsabilidade de decidir; • Possibilidades de participar. A fundamentação para a implantação de um modelo de qualidade de vida no trabalho segue a mesma lógica da qualidade no relacionamento com os funcionários, como verifica-se na conceituação de Chiavenato (1999, p. 392): Se a qualidade do trabalho for pobre, conduzirá à alienação do empregado e à insatisfação, à má vontade, ao declínio da produtividade, a comportamentos contraproducentes. Se a qualidade do trabalho for boa, conduzirá a um clima de confiança e respeito mútuo, no qual o indivíduo tenderá a aumentar suas contribuições e elevar suas oportunidades de êxito psicológico e a administração tenderá a reduzir mecanismos rígidos de controle social. Uma ferramenta crescente dos processos de qualidade de vida na organização são os programas de bem estar, também apresentados por Chiavenato (1999). Esses programas tratam de ações que buscam prevenir problemas de saúde dos funcionários, buscando difundir ações para uma vida mais saudável aos funcionários também em ambientes fora da empresa. O autor cita exemplos desses programas, desde medidas simples, como o fornecimento de informações nutricionais de alimentos, até sistemas complexos, como a implantação de salas de execícios com instrutores e programas de controle de peso, e conclui afirmando que faz parte da função social das organizações buscar o desenvolvimento das pessoas e da comunidade de maneira responsável. 2.2.2.6 Processos de monitorar pessoas O monitoramento de pessoas é fundamental para a Gestão de Pessoas, afirma Chiavenato (2004), pois permite verificar o andamento dos processos da 47 organização em diferentes partes da mesma, e propor soluções para adequar eventuais diferenças de ritmo constatadas. Chiavenato (1999), entretanto, revela que a forma como se executa o controle vem sofrendo mudanças recentemente, acompanhando os conceitos da Administração de Recursos Humanos, deixando de ser um processo de fiscalização externa e de submissão a regras e regulamentos impostos, para se tornar um processo focado em seguir, acompanhar, orientar e manter o comportamento de pessoas, apoiado no autocontrole e na autonomia dos empregados em busca dos objetivos traçados para a organização. O processo de controle fundamenta-se em um ciclo repetitivo com quatro etapas genéricas, explicadas por Chiavenato (2004): • Estabelecimento de padrões desejados: onde são definidos os critérios para acompanhamento e análise e os resultados aceitáveis e desejáveis; • Monitoração dos desempenho: etapa em que o desempenho é medido; • Comparação do desempenho com os padrões desejados: são comparadas a informações medidas com os padrões estabelecidos, e analisados os resultados com base em pequenas margens de tolerância; • Ação corretiva: é o resultado do processo de controle, uma ação, caso necessário, para que se corrijam os desvios e falhas constatadas, a fim de que a empresa mantenha um desempenho próximo ao esperado. O autor apresenta ainda dois aspectos principais do processo de monitorar pessoas, Sistemas de Informações de RH e Auditoria de RH. Os Sistemas de Informação de RH, conceitua Chaivenato (1999), são sistemas com uma gama abrangente de informações sobre a força de trabalho da empresa, servindo para análises e ações da área de gestão de pessoas, e tem por objetivo reduzir custos e tempo no processamento de informações, e principalmente municiar as pessoas com essas informações rápidas no processo decisório. A Auditoria de RH, por sua vez, trata de um processo de revisão e controle dos resultados de todos os processos e práticas de pessoal de uma organização, e tem como propósito, mostra Chiavenato (2004, p. 490) “mostrar 48 como o programa está funcionando, localizando práticas e condições que são prejudiciais à organização ou que não estão compensando seu custo ou, ainda, práticas e condições que devam ser acrescentadas.” 2.2.3 Gestão por competência As mudanças rápidas e toda a conjuntura competitiva atual vêm exigindo das organizações cada vez mais capacidade de se antecipar e se adaptar a novos desafios, afirma Gramigna (2002). Essa capacidade, segue a autora, advém da condição da organização de capacitar e manter talentos e consequentemente preservar sua história e cultura organizacional. E a estudiosa categoriza afirmando que as empresas de sucesso apresentam um forte componente humano e que conseguem isso por tratar seus talentos de forma especial, através de um modelo efetivo de gestão de pessoas. Nessa ótica Gramigna (2002) apresenta a gestão por competências, uma forma de atrair, desenvolver e reter talentos que vem crescendo no Brasil, e tem por fundamento analisar o comportamento das pessoas com desempenho excelente nas atividades e com base nisso traçar perfis que permitam criar projetos e planos de treinamento e desenvolvimento de competências, e orientar a seleção de pessoas. A implantação desse sistema, complementa a autora, apresenta impactos relevantes na organização, e vem comprovando sua eficiência. Existem vários conceitos de competência, explica Daólio (2004), mas a gestão por competências aborda essa temática de maneira especial. Competências, segue o estudioso, tratam de características intrínsecas da pessoa, relacionadas a traços de sua personalidade, habilidades, atitudes e outros, mas que são duradouras, não momentâneas, causando impactos no comportamento de longo prazo desse indivíduo, e que levem esse a desempenhos superiores aos padrões em uma determinada atividade. Gramigna (2002, p. 15) apresenta outro conceito, formulado por Levy Leboyer, que mostra competência como um “repertório de comportamentos e capacitações que algumas pessoas ou organizações dominam melhor que outras, fazendo-as eficazes em uma determinada situação.” Seguindo esse mesmo direcionamento Rabaglio (2001), destaca que ser competente e ter competências não significam o mesmo, apesar da origem das 49 palavras ser a mesma, pois ter competências está relacionado a possuir conhecimentos, habilidades e atitudes compatíveis com uma tarefa e ser capaz de utilizar esse conjunto de características sempre que necessário, garantindo um desempenho com eficácia em qualquer situação, por quanto ser competente pode significar o bom desempenho de uma tarefa eventualmente, mas não as condições para desenvolve-la por um longo período. Rabaglio (2001) ainda subdivide as competências em dois grupos, as competências técnicas e as comportamentais. As competências técnicas tratam de conhecimentos e habilidades específicos em determinadas funções. As competências comportamentais estão relacionadas a atitudes e comportamentos necessários a uma determinada função na organização. Atualmente as atenções do mercado têm se voltado para as competências comportamentais, justamente pelo excesso de atenção dado anteriormente as competências técnicas, uma vez que verificou-se que o conhecimento técnico sem um comportamento condizente, que potencialize esses conhecimentos, é insuficiente para que o profissional apresente os resultados esperados pela empresa, e por isso o comportamento tem se tornado um grande diferencial competitivo. Seguindo este pensamento a autora apresenta a matriz de competências CHA - conhecimentos, habilidades e atitudes, e descreve cada componente: • Conhecimentos – saber: trata do conhecimento teórico, cursos, escolaridade; • Habilidades – saber fazer: é a experiência prática nos conhecimentos adquiridos, saber realmente como executar as funções estudadas; • Atitudes – querer fazer: refere-se às atitudes e comportamentos compatíveis com a atividade para que se utilizem os conhecimentos e habilidades com eficácia. 2.2.3.1 Perfil de competências A gestão por competências, ilustra Daólio (2004) teve como base uma proposta de estudos elaborada por McClelland, motivada pela ineficiência dos padrões de seleção de empregados existentes na época. McClelland basicamente analisou grupos de pessoas que desempenhavam a mesma função, diferenciando 50 entre essas pessoas aqueles indivíduos que apresentavam um desempenho superior e aqueles com resultados medianos. Através de entrevistas focadas em comportamento o pesquisador destacou um conjunto de características que mais diferenciavam os profissionais com melhor resultados, e chamou características diferenciadoras, além de outras características que estavam presentes nos dois grupos, as características comuns. Com base nessas características McClelland criou um perfil de competências para a função que pesquisou, que foi implantado para a seleção de candidatos e apresentou resultados positivos. É justamente esse o objetivo da gestão de competências, como fica visível na concepção de Rabaglio (2001, p. 7), “criar um modelo de competências para cada função dentro da empresa, isto é elaborar um mapeamento de competências que façam parte das estratégias de competitividade e diferenciação no mercado de trabalho.” O método de competências, na concepção do próprio McClelland, parte do principio de criar perfis de acordo com características que realmente resultem em um desempenho superior da atividade, mostra Daólio (2004), que conclui que no desenvolvimento desse modelo o objetivo do analista é descobrir a realidade e propor perfis em função da realidade descoberta. Rabaglio (2001) define algumas etapas para a construção de um perfil de competências: • Estabelecer parceria com a área requisitante: é fundamental que toda a estrutura da empresa esteja engajada com o processo e que a área responsável pelo cargo atue como parceira no desenvolvimento do perfil; • Buscar indicadores de competência: recolher informações sobre a função, visto que essas informações são indicadores competências, e com base neles determinar as de competências imprescindíveis para um bom desempenho do cargo; • Extrair dos indicadores as competências imprescindíveis para o cargo: com base nos indicadores estudar os conhecimentos, habilidades e atitudes necessários ao cargo; • Formar grupos de competências similares: objetiva facilitar a identificação das competências nas pessoas, com base no agrupamento de competências semelhantes; 51 • Definição de cada competência ou de cada grupo de competência: consiste na descrição de características que denotem a intensidade daquela competência no indivíduo. • Compartilhar com o requisitante as definições dos grupos de competências: tem por objetivo receber sugestões da área responsável pela função e validar os resultados obtidos. Percebe-se, contudo, pelo discurso de Daólio (2004) que o momento fundamental da formação dos perfis está nas etapas de busca de indicadores de competência e extração das competências imprescindíveis para o cargo. O foco do autor é constante na importância de determinar as competências com base em entrevistas focadas, comparando as competências que diferenciam os indivíduos com melhor desempenho dos demais, ou seja, em processo similar ao aplicado por McClelland, e também na importância da definição de critérios claros para a seleção das principais competências diferenciadoras. Da mesma forma procede Gramigna (2002) que, ao elencar os passos para a implantação de um modelo de gestão por competências, mostra como opções para a execução da definição de perfis a realização de reuniões orientadas ou de seminários. A autora também destaca a importância de, após identificadas as competências, definirem-se pesos de acordo com as exigências das unidades de negócios, e que isso requer participação e comprometimento das pessoas da organização, especialmente os que possuem maior gama de informações sobre a empresa. Gramigna (2002, p. 37) também alerta para algumas variáveis a serem observadas no processo de definição de perfis: • • • • Os postos de trabalho têm um conteúdo que varia de tempos em tempos e se modifica perante novas demandas. Descrições rígidas de perfis devem ser evitadas. A flexibilidade é condição para o atual modelo empresarial. Pessoas com perfis diferentes ocupam um mesmo posto de trabalho, exercendo responsabilidades e tarefas variadas. Deve-se portanto, evitar que o conjunto de competências definidas subestime a possibilidade de iniciativas individuais e venha a interferir na mobilidade horizontal em um mesmo posto de trabalho. Unidades de negócio com o mesmo nome não contêm necessariamente as mesmas exigências. Em alguns casos, variam de acordo com as especificidades do contexto. Exercer o papel de gerente de vendas em um grande centro comercial é bem diferente do que estar no mesmo papel em uma filial de cidade do interior. A escolha das competências-alvo, consideradas importantes para toda a empresa, deve agregar uma estratégia de diferenciação que oriente a verificação dos desempenhos nos diversos postos de 52 trabalho. A capacidade de planejar é uma competência considerada universal e serve para exemplificar esta fala: 'não se pode esperar do empregado de chão de fábrica a mesma desenvoltura para gerar estratégias no seu plano diário de trabalho, daquela demonstrada por um diretor.' Outra contribuição para a definição de perfis de competência é feita por Daólio (2004) que identifica na classificação das competências, além de competências diferenciadoras e básicas, conforme sugeriu McClelland, um grupo de competências que chama de sinalizadoras, competências que apesar não apresentarem um resultado e incidência tão alto como as competências diferenciadoras nos indivíduos com desempenho excelente apresentam resultados bem superiores nesses indivíduos em comparação com os resultados os indivíduos de desempenho regular. Uma ferramenta, também desenvolvida pela equipe de consultoria de McClelland, que pode ser utilizada nos trabalhos de gestão de competências, um dicionário de competências genéricas, também é apresentado por Daólio (2004). Essa ferramenta teve origem em 1989 e consiste na síntese de diversos indicadores de competências elencados nos trabalhos da consultoria, que resultam em uma lista de poucas competências abrangendo a grande maioria dos modelos de comportamento de pessoas com desempenho excelente, definidos nesses trabalhos. O dicionário apresenta nomes de competências, suas descrições e uma relação de comportamentos relacionados a essa competência. 2.2.3.2 Possibilidades da gestão por competência A gestão por competências, como já destacado Gramigna (2002), é um formato de gestão de pessoas que apresenta impactos relevantes nos resultados das organizações, através diversas possibilidades de utilização. Uma das ferramentas que a gestão por competências permite utilizar é a seleção por competências, destacada por Rabaglio (2001). Essa metodologia difere das formas tradicionais de seleção por voltar seus processos a gestão por competências, inicialmente definindo os perfis de necessidades dos cargos com base nos perfis de competências que empresa estabeleceu para aquela função ou até desenvolvendo para cada processo seletivo um novo perfil de competências, conforme as necessidades da área de atuação que requisita o profissional; e também por utilizar técnicas diferenciadas de coleta de informação sobre os 53 candidatos, com entrevistas focadas em comportamento e identificação de competências e com jogos e dinâmicas de grupo que evidenciem a presença ou ausência das competências desejadas. Rabaglio (2001, p. 96) expõe uma série de benefícios da seleção por competências, dentre os quais: • • • • • • • • • • • Seleção feita com mais foco, objetividade e por um processo sistemático. Maior consistência na identificação de comportamentos relevantes para a vaga. Maior facilidade na avaliação do desempenho futuro. Maior garantia de uma contratação de sucesso. Boa adequação do profissional à empresa e a atividade a ser desempenhada. Turnover mais baixo e melhora na produtividade. Evita prejuízos com reabertura de processos seletivos com funcionários ineficientes. Diminui a influência de opiniões, sentimentos ou preconceitos dos selecionadores.[...] Fornece dados concretos sobre o desempenho do candidato, facilitando o feedback para ele.[...] Aumento da credibilidade da área de Seleção entre clientes internos e externos.[...] Imagem de ética, profissionalismo e respeito pelo ser humano. Outra ferramenta potencializada pela gestão por competências é apresentada por Gramigna (2002), o banco de identificação de talentos. Esse instrumento consiste na aplicação de ferramentas de diagnósticos e identificação de potenciais nas pessoas e equipes que formam a organização, gerando para a mesma uma visão geral do seu potencial humano, capaz de auxiliar diversas decisões gerenciais. O foco do banco de identificação de talentos, descreve a autora, é o potencial das pessoas. A metodologia consiste na definição de perfis de competências e na medição dessas competências nos colaboradores, permitindo a comparação dos desempenhos desses em relação ao perfil traçado e entre os próprios empregados, e possibilitando a verificação de lacunas e o investimento certeiro no desenvolvimento de potenciais futuros das equipes. O banco de identificação de talentos possui uma série de aplicações mostradas por Gramigna (2002): definição de critérios justos de seleção; planejamento de treinamentos e ações de desenvolvimento de pessoas; aproveitamento de pessoas com grande potencial na formação de equipes; movimentação de pessoal com foco no desenvolvimento de competências, assertividade nas realocações, compatibilidade entre função desempenhada, 54 competências requeridas, competências apresentadas pelo empregado e predisposição desse para a função; melhora na qualidade do processo de elaboração de perfis; identificação de talentos para vagas internas; planejamento de carreira individual de acordo com a capacidade de desenvolvimento do indivíduo; ações motivacionais assertivas; e aumento da autonomia dos empregados, do comprometimento e da participação nas decisões. Gramigna (2002, p. 45) ainda lista as vantagens da utilização da ferramenta: • • • • • • • • Instrumentalização da empresa para identificação, absorção e aproveitamento máximo das potencialidades dos colaboradores.[...] Aperfeiçoamento do colaborador na função, com consequente aumento da produtividade. Prospecção dos colaboradores na carreira e próximas opções profissionais. Elevação do moral e da satisfação de pessoas e de grupos[...]. Ampliação do domínio de competências. Maior rendimento e produtividade. Melhoria do potencial humano. Maior integração das funções. Outra grande possibilidade da gestão por competências pode ser percebida quando Gramigna (2002) apresenta o banco de identificação de talentos, no ponto em que se destaca a possibilidade de verificação de lacunas de competências, do investimento certeiro no desenvolvimento de potenciais futuros das equipes e no planejamento de treinamentos e ações de desenvolvimento de pessoas: a gestão do desempenho. As organizações, em uma análise estatística, vão apresentar em seu quadro funcional pessoas com desempenho superior, mas da mesma forma serão verificadas pessoas com desempenho abaixo da média, que apresentam resultados fracos ou regulares, mostra Stoffel (2000), e nessa condição, segue o autor, faz-se necessário que se adotem medidas para aprimorar esses desempenhos inferiores a padrões aceitáveis, através da administração do desempenho. Stoffel (2000, p. 13) conceitua a administração do desempenho: é uma metodologia gerencial que visa promover a consecução das metas organizacionais e o desenvolvimento dos recursos humanos, através de um processo participativo, dinâmico, contínuo e sistematizado de planejamento, acompanhamento, avaliação e melhoria do desempenho. É possível comparar os momentos da administração de desempenho, mostrados por Stoffel (2000) com alguns momentos da gestão por competências e de suas ferramentas já apresentados e também resumidos por Gramigna (2002): 55 • Planejamento: essa etapa, segundo Stoffel (2000) trata do estabelecimento de metas e da disponibilização dos recursos necessários ao colaborador. Pode ser comparada a formação dos perfis de competência, onde se indicam os comportamentos esperados dos colaboradores para desempenhar uma função de forma excelente. • Acompanhamento: Stoffel (2000) mostra que é fundamental o gestor acompanhar o desempenho dos seus subordinados, verificando e corrigindo os desvios apresentados. Equivalente, na gestão por competências, a verificação de comportamento e de potenciais, e a verificação das lacunas de competências, além da oferta de ações de desenvolvimento. • Avaliação: consiste, conforme Stoffel (2000), em um momento de comparação dos resultados alcançados com os resultados esperados do funcionário após o termino de um período de tempo, um ciclo, pré-estabelecido. Na etapa de avaliação de desempenho Gramigna (2002) mostra a relevância de um processo que considere vários retornos ao indivíduo, através de avaliações que consideram não só o superior hierárquico, mas também os pares, os subordinados, autoavaliação, e até os clientes e fornecedores, concluindo o processo de crescimento profissional, mostrando a relação entre o desempenho real e o desempenho esperado. O bom desenvolvimento do processo de avaliação, conclui Gramigna(2002), deve ser capaz de prover a pessoa com informações de potenciais que não percebia, possibilitando ampliar o seu domínio sobre as competências, com informações de falhas e pontos fracos, permitindo a administração e superação disso no cotidiano, e principalmente com um mapa pessoal de orientação de desenvolvimento, permitindo que o avaliado organize um plano de desenvolvimento de competências condizente com as necessidades da organização e com seus objetivos pessoais. 56 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Os métodos de pesquisa que foram utilizados para o levantamento de dados e informações que possibilitassem a análise proposta seguem-se nesse capítulo. Gil (1991, p. 19) caracteriza pesquisa como “[...] o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. A necessidade de pesquisa origina-se, conforme o autor, da falta de informações ou conhecimentos adequados que possibilitem se responder a um problema. A pesquisa utiliza-se de métodos científicos, aplicados de maneira lógica, para chegar à produção do conhecimento, revela Andrade (2005), e esses métodos são chamados de metodologia. Existem diversos métodos de pesquisa, desenvolvidos por uma grande variedade de pesquisadores, que se adaptam de forma diferente aos tipos de ciências e pesquisas. 3.1 Delineamento da pesquisa Os principais critérios para a classificação de pesquisas, segundo Andrade (2005), são natureza, objetivos, procedimentos e objetos, apesar da possibilidade de uma diversidade de critérios destacada pelo autor. Gil (1991) destaca que, mesmo havendo uma diversidade de classificações e sendo importante conhecer os métodos para a melhor aplicação da pesquisa, as classificações não devem ser interpretadas de forma totalmente rígidas e em muitas situações a pesquisa se desenvolve com base na associação dos diversos métodos para alcançar os objetivos. No que diz respeito à natureza esse trabalho é um resumo do assunto, ou seja, uma pesquisa, conforme Andrade (2005), apoiada em áreas e trabalhos já existentes, de autores conceituados no assunto, que aborda a temática de maneira cientifica, mas de um ponto de vista original, interpretando ideias e fatos. Essa natureza é pertinente e, segundo Andrade (2005), contribui para o acumulo de experiência do pesquisador. 57 O estudo em questão apresentou dois momentos distintos de pesquisa, sendo o primeiro caracterizado pela coleta de informações e conhecimentos para a formação de uma base teórica que permitisse uma análise consistente e coerente do tema proposto. Baseando-se na proposição de Gil (1991), como melhor opção para essa fase do processo apresentam-se as pesquisas exploratórias, que buscam esclarecer problemas e construir hipóteses, objetivando melhorar conceitos atuais ou sugerir outras possibilidades, considerando vários aspectos do assunto. Seguindo essa proposta realizou-se uma pesquisa bibliográfica. Na pesquisa bibliográfica, indica Gil (1991), a coleta de informações baseia-se em materiais já existentes, em geral livros e artigos científicos. Esse tipo de pesquisa é o principal meio para embasamento de trabalhos científicos e pode até ser a única forma de coleta de dados da pesquisa. A principal vantagem dessa forma de coleta é possibilitar o acesso do pesquisador a informações mais amplas do que é possível pesquisar diretamente. A abordagem dos dados mais evidente para essa etapa foi a abordagem qualitativa, onde, seguindo Oliveira (1997), tem-se a facilidade de descrever os detalhes das informações obtidas, relacioná-las e gerar uma visão a partir disto. Ainda assim, lembra o autor, no uso dessa abordagem pode ocorrer influência das barreiras de interpretação que eventualmente surgem no processo. O segundo momento do estudo constituiu-se da coleta de dados e informações no ambiente analisado, referentes aos processos de vendas e gestão de pessoas adotados e as características da equipe de vendas daquela organização. Primeiro efetuou-se uma pesquisa descritiva, que conforme o conceito de Gil (1991) tem foco em traçar características ou relacionar variáveis de acontecimentos ou grupos de indivíduos e em alguns casos identificar a natureza destas características ou relações de variáveis. Objetivou-se com isso caracterizar os processos de gestão de pessoas voltados a equipe de vendas. Os dados, nessa etapa, foram obtidos através de pesquisa de levantamento com a administração da agência, forma de coleta em que, descreve Gil (1991), efetua-se a solicitação da informação à amostras da população e, com base na quantificação dos resultados e analise dos mesmos, chega-se as conclusões acerca do estudo; e também através da busca em informações da 58 empresa, instruções, documentos e dados do sistemas, caracterizando uma pesquisa documental, descrita por Gil (1991) como uma forma de pesquisa em dados já existentes, mas que difere da pesquisa bibliográfica por buscar os dados em documentação não analisada ou que pode ser estruturadas de uma nova maneira. Com as informações que caracterizavam o ambiente de trabalho já coletadas efetuou-se nova pesquisa descritiva, conforme a proposição de Gil (1991), agora voltada as características dos perfis da equipe de vendas. Para coletar os dados e informações almejadas foram utilizadas pesquisas de levantamento com os funcionários da empresa, contendo duas tabelas com afirmações relacionadas as competências diferenciadoras dos profissionais de vendas, elencadas na fundamentação da pesquisa, uma para autoavaliação e outra para avaliar o comportamento de toda a equipe da agência. Esse tipo de pesquisa agrega ao estudo, conforme Gil (1991), uma visão direta da realidade. A abordagem no segundo momento, classificando conforme Oliveira (1997), foi qualitativa, no tratar da descrição de detalhes da estrutura da organização, e simultaneamente quantitativa na pesquisa final com os funcionários, abordagem que, de acordo com Oliveira (1997, p. 115), “[...] significa quantificar opiniões, dados, nas formas de coleta de informações, assim como também com o emprego de recursos e técnicas estatísticas[...]”. 3.2 População e amostra As pesquisas, de maneira geral, podem buscar informações de grupos grandes de elementos, mostra Gil (1991), o que torna inviável coletar dados de todos os membros deste grupo. Para contornar essa dificuldade é comum a utilização de amostras da população, que, através de rigorosa seleção, possam caracterizar a opinião geral do universo. População ou universo são conceituados por Oliveira (1997, p. 160) como “[...] o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum [...]”. A amostra é conceituada, também por Oliveira (1997), como uma seleção da população, caracterizando assim um subgrupo do universo. 59 Considerando-se a pequena população de que tratam as pesquisas de levantamento propostas, um total de quatorze pessoas, ponderou-se aplicar as pesquisas a toda a população, excluindo apenas o pesquisador e um funcionário ausente no período de aplicação da pesquisa, não se definindo amostras. A entrevista com a administração da agência foi realizada no dia 03 de março de 2011, a pesquisa com os funcionários foram aplicadas nos dias 21, 22 e 23 de março de 2011. 3.3 Coleta de dados O processo de coleta de dados precisa contar com transparência e confiabilidade, alerta Gil (1991), e deve ser acompanhado quanto a seus resultados parciais frequentemente, possibilitando correções e providências que venham a ser necessárias. O sucesso da coleta de dados depende, também, da seleção e da boa aplicação dos instrumentos de pesquisa e do acompanhamento de todo o processo, acrescenta Oliveira (1997). Toda a aplicação das duas pesquisas de levantamento foi feita pelo pesquisador, facilitando o controle e a verificação dos resultados e a consequente confiabilidade do processo. O corpo administrativo da agência foi abordado inicialmente através de um questionário estruturado, aplicado e gravado pelo pesquisador, com perguntas abertas relacionadas ao tema estudado e a estrutura de gestão da equipe de vendas, para permitir que o maior número de informações fosse captado pelas respostas. A pesquisa com os funcionários da agência, inclusive os administradores, foi aplicada posteriormente, com um questionário com uma série de afirmações para serem avaliadas, focadas em identificar características relevantes do perfil dos vendedores, onde o entrevistado fazia uma autoavaliação e uma avaliação da equipe da agência, verificando tópicos similares relacionados as competências definidas. 60 3.4 Análise e interpretação dos dados Após a coleta de dados os mesmos devem ser organizados através de tabulações, cálculos e codificações dos dados, mostra Gil (1991). Nesse momento também já é possível interligar os dados e estabelecer as relações entre eles e a fundamentação do projeto, acrescenta o autor. Oliveira (1997) indica que, antes da interpretação dos dados, devem ser seguidas três etapas, a seleção, que é a verificação dos dados obtidos para detecção de possíveis erros; a codificação, que trata basicamente de transformar dados qualitativos em quantitativos; e a tabulação que é a organização dos dados em tabelas. A tabulação dos dados da pesquisa com funcionários foi efetuada pelo pesquisador, com o auxílio de recursos de informática, e simultaneamente executada a interpretação dos dados obtidos, para posteriores conclusões. A análise dos dados do questionário aplicado à administração consistiu na observação da gravação efetuada e desenvolvimento de texto descritivo com a interpretação das respostas, em seguida confrontados com os conceitos e técnicas relacionadas na fundamentação teórica. Na pesquisa com os funcionários a análise baseou-se no agrupamento das afirmações conforme as competências a que se referiam e a observação das avaliações desses grupos, comparando as médias e os conceitos da autoavaliação e da avaliação do desempenho da equipe, além das médias gerais de cada avaliação. 3.5 Ambiente de pesquisa A agência bancária analisada é uma agência de pequeno porte, localizada e um pequena cidade da região de Criciúma(SC), com quatorze funcionários de atendimento e vendas, além da equipe de vigilância, limpeza, estagiários, telefonista e um aprendiz. A atuação do banco no município tem grande visibilidade, prestando atendimento a agricultores locais, a empresários da região, apoiando pequenas empresas em diversos mercados, e ao público pessoa física em geral, inclusive servidores públicos e funcionários de pequenas empresas. 61 4 EXPERIÊNCIA DA PESQUISA Neste capítulo estão agrupados os resultados obtidos na pesquisa realizada, a confrontação e a análise desses dados, indicando um resultado para a proposta do estudo. 4.1 Processos de gestão de pessoas voltados a equipe de vendas Todos os processos da agência estudada possuem sua fundamentação nas diversas instruções normativas desenvolvidas pela empresa, seguindo um padrão burocrático de atividades, condição comum em grandes empresas. Essas normas e processos, contudo, ficam sujeitas a peculiaridades locais e características das pessoas que realizam as atividades, como verificou-se na pesquisa com a administração. A contratação de funcionários da empresa da-se através de concurso público, baseado em questões teóricas voltadas a conhecimentos prévios da atividade e a conhecimentos gerais, não atingindo, segundo a própria gestão, um nível de análise de atitudes, que são verificadas posteriormente em entrevistas admissionais e no período de experiência do funcionário, que dura cerca de noventa dias. Alguns colaboradores, como estagiários, aprendizes e telefonistas são contratados através de entrevistas, contudo estes efetuam serviços de suporte, não atuando diretamente no serviço de oferta. Os cargos e funções da empresa são claramente definidos nos normativos do banco, apresentando características da atividade, responsabilidades, remuneração, requisitos e outras informações de forma abrangente. A seleção de funcionários para ocupação de determinados cargos, em nível de agência passam por um processo mais informal, que vai sendo delineado conforme aumenta a importância e responsabilidade da função. A decisão para cargos mais simples como caixas e também a definição dos setores para atuação são feitas pela própria administração da unidade. As demais funções, como assistentes, gerentes de serviços e gerentes de contas possuem um processo formal de recrutamento, onde os candidatos se escrevem para a função e são classificados pelo sistema com base em conhecimentos, cursos, grau de instrução e 62 avaliações de desempenho; sendo que os melhores classificados são entrevistados ou, no caso de candidatos que já atuam na própria agência, analisados no comportamento cotidiano, buscando-se um processo que considere conhecimentos, habilidades e atitudes. Cargos superiores, como gerentes de negócios, gerentes de público alta-renda e gerentes de agência passam por processo similar, mas são analisados em níveis diferenciados, com entrevistas mais elaboradas, por equipes mistas de gestão de pessoas e negócios. Revelou-se, contudo, que, em nível de agência, recorre-se pouco a descrição de cargos e as competências definidas pela empresa, apesar disso ser a condição ideal, devido ao amplo conhecimento adquirido pelos selecionadores no dia a dia do trabalho bancário; e ainda, que o composto de conhecimento, habilidades e atitudes é muito importante, mesmo que avaliado informalmente, e que um critério marcante para a decisão é a postura do funcionário diante das demandas do banco. Dessa forma, percebe-se que o processo de recrutamento externo da empresa é bastante restritivo, excluindo eventuais candidatos que podem ter perfil mais adequado a função de vendas por considerar apenas conhecimentos técnicos, ao contrário do processo de seleção interna para ascensão, que pondera aspectos técnicos, mas também o desempenho do funcionário e sua avaliação de desempenho, além de entrevistas para análise comportamental, estando mais alinhado com os conceitos apresentados pelos autores consultados no estudo. Outro ponto importante, com base no estudo, é a existência de uma descrição completa de cargos e funções, importante para se conhecer os critérios para a tomada de decisão na seleção de funcionários para ascensão, mas constatase a pouca utilização dessa ferramenta nas decisões em nível de agência. O direcionamento da empresa para vendas é algo crescente, contudo recente. A no máximo quinze anos, indica a administração, a empresa começou a direcionar sua equipe para a oferta de produtos e venda, atuando, antes disso, com um foco maior em atender as demandas básicas de intermediação financeira dos clientes. Atualmente, na agência, tem-se foco de prestar um atendimento cortes e de qualidade aos clientes, direcionado para suas demandas, mas utilizando isso como abertura para a oferta dos produtos e serviços da empresa, considerando que o cliente satisfeito é aquele que também compra produtos do banco. Os funcionários novos já vêm sendo orientados em relação essa cultura 63 de vendas, através de um curso de que participam assim que admitidos, voltado para o atendimento de excelência e para a venda, que busca inseri-los na cultura da empresa. Além disso, com foco em priorizar essa direção, recentemente a empresa vem difundindo treinamentos orientados para cultura da oferta constante e da venda diária, não apenas em períodos de campanha, cursos esses que anteriormente estavam restritos a gerência, procurando especializar seu pessoal, e incrementar o desempenho na venda de produtos. A empresa também desenvolve cursos voltados ao conhecimento de produtos e serviços que oferece, e a operacionalização de sistemas e processos mostrando novamente preocupação com o composto conhecimento, habilidades e atitudes. Há nesse foco na orientação a observância da importância do preceito do direcionamento de pessoas, em especial a inserção na cultura da empresa. Essa condição porém é prejudicada pela pouca observância da descrição de cargos, e pela estrutura de caráter burocrático da empresa, que apesar de ter um foco mais técnico em determinadas situações limita as ações alternativas. O controle do desempenho dos funcionários em vendas era efetuado até pouco tempo de maneira informal, mas recentemente a empresa implantou um sistema que monitora a venda de produtos por agência e por funcionários, permitindo um melhor acompanhamento do desenvolvimento das atividades. Outra ferramenta importante para análise de desempenho é o processo de avaliação de desempenho funcional, apoiado em um sistema abrangente de múltiplas fontes, que considera, pares, superiores, subordinados e a autoavaliação, além de englobar o atingimento de resultados da agência para os processos de concorrência a funções gerenciais. Verifica-se, contudo, que essa ferramenta ainda possui alguns entraves para o uso, principalmente devido à cultura de pouca receptividade a críticas, e a eventuais ações punitivas durante a avaliação. Essa situação mostra que a empresa está buscando moldar-se aos conceitos de gestão de desempenho, evidenciada pela alta qualidade da avaliação de desempenho com múltiplas fontes e pela busca de novas ferramentas de acompanhamento, mas ferramentas acabam sendo mal utilizadas pela cultura até então limitada nesse aspecto. A remuneração dos funcionários da empresa engloba um salário base, aplicado a todos os funcionários, que possui reajustes automáticos por tempo; um 64 salário por função, que consiste em um adicional pago aos funcionários que possuem cargos de confiança especial, mudando conforme a função, como é o caso de gerentes, assistentes e analistas; uma remuneração por fatores, que engloba um adicional ao salário pago a funcionários que ocupam um cargo de gerencia média ou superior a algum tempo e atendem alguns requisitos relacionados a conhecimentos e desempenho; e remuneração variável, que consiste em um pagamento extra por atingimento de metas, realizado pela participação nos lucros, considerando apenas os resultados da agência e não o individual para fim de pagamento, mas mantendo uma relação com o salário por função. Observa-se, portanto, e ainda confirma a administração da agência, que não há uma distinção financeira direta entre os funcionários com melhor desempenho em venda, apenas a valorização profissional e psicológica, visto que esses acabam se destacando e obtendo vantagem nas concorrências, alcançando mais facilmente uma remuneração melhor por função e participação nos lucros superior, além de obterem maior visibilidade em nível regional. Analisa-se, portanto que o banco estudado possui uma boa política de remuneração fixa, capaz de gerar o comprometimento do empregado, contudo, apesar dos benefícios na carreira não há uma vantagem financeira perceptível e frequente para os funcionários com melhor desempenho, havendo contradição com o sugerido pelos estudiosos da área. A agência considera importante a participação de todos os funcionários na realização das metas, e por isso trata eventuais dificuldades de desempenho com bastante zelo. Segundo a administração, a primeira providência é buscar, com o funcionário, diagnosticar a origem da dificuldade no trabalho, se de ordem técnica, se são problemas pessoais, ou se algo relacionado a saúde, e com base nisso direcionar para os treinamentos devidos, ou para as estruturas de apoio da empresa, como departamento de gestão de pessoas e médicos especializados, ou até auxiliar no próprio âmbito da agência. Outro ponto relevante da participação de toda a equipe é a necessidade que os funcionários que tratam do relacionamento com clientes possuem de uma equipe de suporte capaz de entregar os produtos e serviços que os vendedores ofertam. A empresa possui também em seus normativos uma série de competências que julga fundamentais para o bom desempenho dos funcionários, 65 que são: • Prestar atendimento com cortesia e agilidade; • Disponibilizar soluções adequadas às expectativas do cliente e as orientações da empresa; • Identificar e aproveitar oportunidades de negócio; • Relacionar-se com os colegas, de forma cordial e profissional; • Aplicar ações relacionadas ao seu desenvolvimento profissional; • Demonstrar conhecimento de produtos, serviços, processos e aplicativos relacionados a sua área de atuação; • Comunicar-se de forma clara, objetiva e acessível; • Identificar riscos e implementar ações adequadas na realização das suas atividades; • Ser organizado; • Atuar considerando princípios de responsabilidade socioambiental. Verifica-se que as competências indicadas pela empresa guardam algumas relações com as competências e características apresentadas por Daólio (2004) e por Greenberg, Weinstein e Sweeney (2002), além de considerarem aspectos relacionados a busca por conhecimentos e habilidades e também a importância do relacionamento interno e da observância das instruções da empresa, contudo não evidenciam as competências como ferramentas para vendas, com poucas competências nesse sentido, apenas “identificar e aproveitar oportunidades de negócio”, tratando a relação com as competências indicadas pelos autores de forma vaga, ponderando mais os resultados finais dos grupos de competências do que traços de pequenas ações que levam a esses resultados. Outra questão importante é que a principal forma de avaliação dessas competências é o processo de avaliação de desempenho, que apresenta entraves como já explicitado, o que reduz a qualidade de ações no sentido de aprimoramento da equipe. 4.2 Avaliação do perfil de competências A avaliação do perfil de competências pautou-se em conceitos atribuídos 66 pelos próprios funcionários, que avaliaram afirmações relacionadas às competências importantes para a atividade de vendas, dentro da seguinte escala: 1 – discordo totalmente, 2 – discordo muito, 3 – discordo pouco, 4 – neutro, 5 – concordo pouco, 6 – concordo muito e 7 – concordo totalmente. As afirmações, de maneira geral, eram positivas, o que significa que resultados maiores indicariam melhor qualidade da equipe. Os resultados apresentados a seguir foram obtidos pelo calculo da média aritmética das avaliações dos funcionários e estão apresentadas em duplas, de acordo com as afirmações equivalentes para a autoavaliação e para avaliação da equipe. A exposição considera também as competências relacionadas a cada afirmação. Tabela 1: Avaliação da competência empatia Afirmação Percebo pelas ações do cliente durante nossa interação o interesse que ele tem pelo que estou apresentando Percebem pelas ações do cliente durante a interação o interesse que ele tem pelo que se está apresentando Me coloco no lugar da pessoa que estou atendendo Colocam-se no lugar da pessoa que estão atendendo Autoavaliação Equipe 5,92 5,5 5,83 5,33 Fonte: Dados do pesquisador Os resultados da afirmações referentes a competência empatia ficaram próximos a média geral da pesquisa. O fato principal nesse critério foi que em uma das autoavaliação foi assinalado que o avaliador discordava da segunda dupla de afirmações, e também duas avaliações da equipe com resultados baixos, mostrando que eventualmente o interesse dos clientes acaba não sendo considerado no momento da oferta. 67 Tabela 2: Avaliação da competência ego-drive Afirmação Autoavaliação Equipe 6,67 6,17 Me sinto bem quando consigo convencer alguém sobre alguma coisa Sentem-se bem quando conseguem convencer alguém sobre alguma coisa Fonte: Dados do pesquisador Os resultados da avaliação dessa afirmação apresentaram boas médias de concordância com as afirmações, sendo a segunda maior média da autoavaliação e a maior média da avaliação da equipe. Esse resultado indica uma boa disposição da equipe para buscar persuadir os outros, que fica evidente inclusive em seu comportamento. Tabela 3: Avaliação da competência orientação para o atendimento Afirmação Autoavaliação Equipe 6,83 5,92 Quando provoco satisfação no meu cliente fico feliz Se alegram com a satisfação do cliente Fonte: Dados do pesquisador Essa competência teve a melhor média de concordância da autoavaliação, mostrando que os funcionários julgam ter uma grande disposição em tentar satisfazer o cliente. O resultado da avaliação da equipe, contudo, não acompanhou essa média, identificando-se nesse critério, apesar de ser a segunda melhor média da avaliação da equipe, a terceira maior diferença de resultados (0,92), indicando que a equipe não externaliza essa disposição para o bom atendimento em sua atuação de forma tão enfática quanto esperam receber quando atendidos. 68 Tabela 4: Avaliação da competência cautela Afirmação Autoavaliação Equipe 6,42 5,33 5,83 5,25 Sigo meus objetivos com determinação Buscam os objetivos com determinação A busca das metas da empresa é compromisso meu Estão comprometidos com a busca das metas e objetivos da empresa Fonte: Dados do pesquisador A competência cautela apresentou, também uma característica interessante: os funcionários consideram-se empenhados em seus objetivos, porém não apresentam um comprometimento, pelos resultados da própria autoavaliação, tao grande com os resultados da empresa, condição que se reflete na percepção de empenho que os entrevistados tem da determinação da equipe na busca de objetivos. A primeira dupla de afirmações apresentou a segunda maior diferença na média de resultados da pesquisa (1,09), ficando claro que de forma geral os funcionários esperam mais comprometimento de seus colegas. Tabela 5: Avaliação da competência força do ego Afirmação Quando um negócio não da certo me sinto motivado para tentar novamente Resultados negativos na oferta não abalam a motivação para continuar oferecendo Autoavaliação Equipe 5,42 5,17 Fonte: Dados do pesquisador Esse grupo de afirmações foi o que apresentou maior incidência de autoavaliações com índice 3 e 4, e a segunda pior média na autoavaliação e na avaliação da equipe, indicando indisposição dos avaliadores para superação e resultados negativos de barreiras. 69 Tabela 6: Avaliação da competência controle Afirmação Autoavaliação Equipe 6,25 5,58 5,33 5,5 Prefiro que as coisas sigam um padrão ou um planejamento claro Preferem que as coisas sigam um padrão ou um planejamento claro Me sinto melhor quando atendo clientes com um padrão similar de comportamento Preferem atender clientes com um padrão similar de comportamento Fonte: Dados do pesquisador Esse grupo de avaliação apresentou o único resultado da pesquisa em que a média da autoavaliação foi inferior a média da avaliação da equipe (5,33 e 5,5). Os resultados apresentados permitem entender que os funcionários avaliados consideram bastante relevante um direcionamento geral claro da empresa e uma postura gerencial coerente e constante, mostra alto índice da primeira dupla de afirmações. A segunda dupla de afirmações, porém, revela que a necessidade de controle é muito maior no aspecto empresarial do que no trato cotidiano com clientes, visto a menor concordância apresentada na autoavaliação. Tabela 7: Avaliação da competência conquistar Afirmação Autoavaliação Equipe 5,75 5,5 Quero ser o melhor da equipe As pessoas buscam ser os melhores da equipe Fonte: Dados do pesquisador A avaliação dessa afirmação apresentou bastante variação na autoavaliação e um resultado mediano, contudo a proximidade dos resultados entre as duas avaliações permite concluir que alguns funcionários realmente buscam se destacar, ao passo que outros não têm esse desejo claro de conquista, que é importante para a motivação. 70 Tabela 8: Avaliação da competência foco no cliente Afirmação Quando oferto um produto primo para que ele traga o melhor resultado para o cliente Quando ofertam produtos primam para que ele traga o melhor resultado para o cliente Autoavaliação Equipe 5,92 5,25 Fonte: Dados do pesquisador Os resultados desse grupo guardam coerência com a competência empatia, mostrando a eficiência da pesquisa. A principal diferença observada em relação a competência empatia está na maior distância entre o resultado da autoavaliação e da avaliação da equipe, que provavelmente está relacionado as negociações de reciprocidades em operações e nas ofertas por campanha de produtos. Tabela 9: Avaliação das competências redes de trabalho e persuasão Afirmação Autoavaliação Equipe 5,92 5,58 A melhor forma de vender é conhecendo os clientes Se apoiam no relacionamento com os clientes para vender Fonte: Dados do pesquisador Esse critério apresentou apenas duas avaliações que não assinalaram o conceito “concordo muito”, mostrando que os funcionários, de maneira geral, consideram os relacionamentos como uma forma interessante de venda, contudo, a avaliação da equipe apresentou conceitos menores, mostrando que essa competência é pouco utilizada como ferramenta. 71 Tabela 10: Avaliação da competência persistência Afirmação Tento exaustivamente superar as objeções do cliente quando negocio Se empenham em superar as objeções do cliente quando negociam Autoavaliação Equipe 5,75 5,58 Fonte: Dados do pesquisador Os resultados desse grupo ficaram um pouco descasados com a avaliação da competência força do ego, mostrando que os avaliados buscam aproveitar as oportunidades de venda, mas sofrem com resultados negativos, e ainda acreditam que há margem para mais esforço. Os resultados da autoavaliação e da avaliação da equipe apresentaram a menor diferença entre todas as afirmações. Tabela 11: Avaliação da competência autoconfiança Afirmação Desafios me motivam São motivados por desafios Atuo com qualidade e firmeza Agem com qualidade, firmeza e confiança Autoavaliação Equipe 5,83 5 6,17 4,83 Fonte: Dados do pesquisador O grupo referente a competência autoconfiança apresentou avaliações com grandes diferenças de resultados, a primeira e a quarta maior. As afirmações da primeira dupla deixam claro que os funcionários pensam estar reagindo bem aos desafios e metas da empresa, contudo isso não se reflete no comportamento observado pelos colegas, condizendo com a avaliação da competência cautela, também relacionada a comprometimento com objetivos. A segunda dupla, com discrepância ainda maior (1,34), mostra um bom nível de autoconfiança dos vendedores analisados, porém uma baixa confiança dentro equipe, especialmente pela qualidade e firmeza das ações, indicando uma possível necessidade de capacitação no composto de conhecimentos, habilidades e atitudes. 72 Tabela 12: Avaliação da competência iniciativa Afirmação Planejo minhas abordagens e ações de venda Planejam as abordagens e ações de venda Autoavaliação Equipe 5,75 5,08 Fonte: Dados do pesquisador Novamente a principal referência para análise é a diferença razoável entre as duas avaliações. Nas respostas da autoavaliação alguns entrevistados assinalaram “Neutro” no tocante a preparação para abordagem, contudo isso não evidencia a presença ou não de iniciativa para oferta, verifica-se, porém, que na avaliação dos colegas não fica tão perceptível esse preparo para oferecer, visto que a maioria das avaliações ficou em nível “concordo pouco” ou inferior. Tabela 13: Avaliação da competência análise Afirmação Faço ofertas analisando os detalhes dos desejos do cliente Analisam os detalhes dos desejos do cliente para fazer ofertas Tento entender os motivos do cliente para superar suas objeções e expectativas Tentam entender os motivos do cliente para superar suas objeções e expectativas Autoavaliação Equipe 5,67 5,5 6,33 5,5 Fonte: Dados do pesquisador Esse grupo de afirmações apresentou apenas uma afirmação com média diferenciada: a autoavaliação sobre analisar os motivos do cliente. Verifica-se, portanto que os entrevistados consideram estar buscando compreender o cliente, contudo esse resultado não se externaliza completamente, como mostra a avaliação da equipe. Essa situação acaba confirmando os resultados da competência empatia, orientação para o atendimento e foco no cliente. 73 Tabela 14: Médias da pesquisa Tipo Média Média das autoavaliações 5,98 Média das avaliações da equipe 5,42 Fonte: Dados do pesquisador Os resultados obtidos com a pesquisa aplicada aos funcionários mostraram em praticamente todas as afirmações resultados superiores na autoavaliação se comparados a avaliação da equipe. Isso, contudo, não permite concluir com precisão a intensidade da presença das competências diferenciadoras para bons vendedores na equipe de vendas da agência. Ainda assim é possível verificar informações relevantes com os dados obtidos. A média geral inferior na avaliação a equipe, apesar de natural em uma postura de valorização pessoal dos avaliadores, leva a crer que há uma percepção de insuficiência na apresentação das competências durante o desenvolvimento das atividades da equipe, especialmente se o público da pesquisa considerou seu desempenho como referência, como mostrou-se na análise individualizada dos itens. 4.3 Análise geral da pesquisa O estudo traz resultados interessantes em relação ao processo de gestão de pessoas na agência bancária analisada, permitindo a verificação do seu direcionamento para a área de vendas e para a gestão de competências voltadas a atividade de vendas. Em relação ao perfil de competências, é possível perceber a avaliação dos próprios funcionários em relação ao desempenho da equipe, contudo não se tem uma percepção da intensidade dessas competências pela falta de um nível de referência na atividade. Nota-se que a empresa busca atualizar e manter seu processo de gestão de pessoas condizente com as tendências e opiniões de especialistas na área, implantando processos sofisticados, como o abrangente programa de recrutamento interno, a estrutura robusta de remuneração e o moderno sistema de avaliação de desempenho por múltiplas fontes, além de prover os gestores com informações relevantes em relação as funções e atividades, e de aproveitar seus sistemas e tecnologias para desenvolver novas ferramentas de acompanhamento de 74 desempenho. Essa busca, entretanto, enfrenta alguns fatores que podem prejudicar o seu bom andamento, alguns com origens legais, outros com origem em processos e pessoas. Um fator legal relevante trata do recrutamento e seleção externa por meio de concurso público, que é obrigatório, mas é uma condição que dificulta bastante a percepção de atitudes e competências no processo de admissão de funcionários, excluindo muitos potenciais bons vendedores por não apresentar um bom desempenho em testes escritos ou por não possuírem determinados conhecimentos prévios. Em relação aos fatores relacionados aos processos pode-se destacar o fato de a empresa estar se voltando a vendas em um período mais recente e de os treinamentos para vendas começarem a ser difundidos para funcionários que não faziam parte da gerência a ainda menos tempo. Outro ponto trata de as competências fundamentais definidas pela empresa apresentarem um direcionamento maior para o atendimento de demandas e menos focado em resultados de vendas. Além disso, apesar de se tratar de um tema complexo e que necessita de muito estudo, a remuneração da empresa não diferencia os vendedores com desempenho excelente dos demais, vinculando os resultados financeiros dos funcionários ao desempenho das agências ou ao crescimento na função, o que pode ser moroso e desestimulante. Outra barreira presente na agência estudada é uma destacável aversão dos funcionários a determinados processos, ou um desenvolvimento dos mesmos de forma mais informal, desviando-se da proposta da empresa. Essa condição fica clara com a gestão de desempenho, onde a dificuldade de recepção de retornos de aprimoramento prejudica a qualidade do processo, além de haver mau uso da ferramenta por alguns avaliadores, que a utilizam com caráter punitivo. O mesmo acontece em relação aos processos de seleção interna de funcionários em nível de agência, onde alguns passos do processo acabam sendo suprimidos pelos selecionadores. A análise das avaliações de competências dos funcionários, como já destacado, apresentou as maiores diferenças entre autoavaliação e avaliação da equipe em afirmações das competências autoconfiança e cautela. Essas duas competências estão relacionadas a comprometimento, empenho, firmeza de atitude, ousadia e qualidade nos serviços. 75 Os resultados da análise das avaliações de competências dos funcionários mostram que a equipe possui um boa disposição para tentar persuadir as pessoas, que de forma geral, consideram os sentimentos e condições do cliente na oferta e também estão orientados para satisfação do cliente, condições relevantes para a venda. Também indicam heterogeneidade em relação a competitividade, persistência e capacidade de análise dos funcionários, e a importância para alguns do relacionamento com o cliente para o fechamento de negócios. Contudo, como já destacado, as maiores diferenças entre autoavaliação e avaliação da equipe surgiram em afirmações das competências autoconfiança e cautela. Essas duas competências estão relacionadas a comprometimento, empenho, firmeza de atitude, ousadia e qualidade nos serviços, e tendem a impactar na percepção da demonstração de todas as competências, auxiliando na justificativa do resultado geral da avaliação que mostra a autoavaliação acima do desempenho da equipe. Essa falta de comprometimento, empenho e qualidade pode estar vinculada as ações de gestão de pessoas da empresa, que eventualmente podem ser insuficientes para extrair o melhor desempenho dos funcionários. Da mesma forma, mesmo com a atuação positiva da empresa em relação ao treinamento e direcionamento dos novos colaboradores e até do empenho na implantação da cultura de vendas, os resultados dessas ações podem não estar sendo suficientes para gerar os conhecimentos e habilidades necessários para a confiabilidade dos serviços, índice bastante prejudicado na pesquisa, e para despertar atitudes voltadas aos clientes, às vendas e a busca de objetivos, nesse caso da organização, constatadas como fortes na equipe. 76 5 CONCLUSÃO A crescente competitividade do mercado em todos os ramos de atuação vem tornando as pessoas o grande diferencial das organizações. São as pessoas as responsáveis pela diferenciação dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas em uma realidade onde o acesso a processos e a tecnologias está cada vez mais similar. A importância das atividades de gestão de pessoas vem crescendo, acompanhando a ascensão das pessoas como diferença das empresas. Tais processos de gestão auxiliam a organização na atração e seleção de melhores profissionais, na manutenção dos mesmos, no incentivo e no direcionamento do desempenho, no planejamento do crescimento das pessoas e da empresa, em fim, auxiliam na obtenção de melhores resultados desse recurso tão importante. A pesquisa bibliográfica foi importante para o enriquecimento do embasamento do estudo, confirmando a relevância da gestão de pessoas e também dando a conhecer as características das atividades de marketing e vendas, especialmente as características diferenciais do profissional de vendas. O profissional de vendas apresenta competências que diferenciam os melhores dos demais. A necessidade de convencer, de ser o melhor, e de superar desafios precisa estar aliada a capacidade de perceber os sinais dos clientes, de analisar causas e motivos de suas ações, de sentir que as necessidades e objetivos dos clientes são importantes e de querer satisfaze-la, para que se obtenha mais sucesso na oferta. Isso ainda precisa estar aliado a um senso de compromisso com a organização, de determinação na busca de objetivos, de capacidade de superação de obstáculos e da persistência para superar as respostas negativas inerentes a oferta. Em acréscimo verificou-se, pela pesquisa bibliográfica, os conceitos e direcionamentos da gestão por competências, que foram fundamentais para o desenvolvimento do estudo, norteando boa parte da pesquisa de campo. Dessa forma a fundamentação teórica permitiu a análise de diferentes óticas e com apoio em conceitos sólidos, garantindo, assim, a maior precisão e relevância nos resultados. A análise de competências da equipe de vendas da agência demonstrou 77 certa heterogeneidade entre os entrevistados, permitiu a verificação de algumas informações relevantes, como a presença e demonstração de determinadas competências pelos funcionários, contudo não foi suficiente para medir a intensidade de presença dessas competências. Nas avaliações efetuadas pelos funcionários verificou-se a marcante orientação para o atendimento internalizada pelos funcionários, e também uma busca pelo convencimento e persuasão, perceptível inclusive na avaliação da equipe como um todo, características relevantes para a venda. Verificou-se, entretanto, uma menor percepção por parte da equipe da demonstração de outras competências importantes para a venda, com índices inferiores as duas competências citadas anteriormente, aí incluídos comportamentos de análise e acompanhamento das necessidades dos clientes e empatia, condições que podem prejudicar o processo de oferta e relacionamento de longo prazo principalmente no que se refere a assertividade e satisfação, pontos importantes para que a empresa possa fidelizar e encantar clientes como mostram as teorias de marketing. As competências mais prejudicadas, indicou a pesquisa, foram a autoconfiança e a cautela, questões intimamente ligadas a determinação, comprometimento, ousadia e firmeza. Em relação a autoconfiança verificou-se que os avaliados internalizam e tem consciência de sua importância, contudo a equipe da agência não percebe esses resultados nos colegas, indicando falta de qualidade nos serviços e deficiências no conceito de conhecimentos, habilidades e atitudes, e uma consequente desconfiança generalizada. Em relação ao empenho e comprometimento percebeu-se, novamente, que os conceitos internalizados também não se refletem intensamente nas ações do trabalho cotidiano, situação que se esclarece pelo menor índice de compromisso com a empresa apresentado nas duas avaliações. Uma ultima característica marcante das competências foi a importância de orientação estratégica apresentada pelos vendedores, que em relação a competência controle apontaram uma maior propensão nesse sentido. Esse quadro guarda algumas relações com as atividades de gestão de pessoas da empresa, diagnosticadas em nível de agência pelo estudo. Apesar da empresa demonstrar alinhamento com práticas de administração de recursos humanos e indicar relevância nesse setor, visto nos resultados apresentados, 78 percebeu-se algumas situações negativas no processo, como a seleção externa deficiente no diagnostico de atitudes, o processo de remuneração sem vantagens claras para os melhores desempenhos e a atitude negativa de funcionários quanto aos processos de avaliação. Diante dessas informações é possível sugerir que a empresa busque agregar uma maior análise de atitudes no processo de seleção externa, completando o processo com avaliações de comportamento ou entrevistas que permitam buscar diagnósticos das competências diferenciadoras dos vendedores. Por a seleção se tratar de uma questão legal, e haver possíveis entraves para implantação disso, eventualmente questões relacionadas a estudos de caso poderiam ser inclusas nas provas atuais buscando melhor filtrar os candidatos. O estudo de um sistema de remuneração variável, que pondere os resultados em vendas também pode ser interessante para a organização, refletindo inclusive em condições de comprometimento e empenho. Entende-se, porém, que essa questão é bastante delicada, por envolver pessoas nos serviços de suporte, eventuais problemas de relacionamento pessoal, inadequação de produto para cliente em função de comissão, fluxo de receitas da empresa e outras questões. A ênfase na cultura de crescimento e vendas também é relevante. A empresa já demonstrou direção nesse sentido, contudo, vale destacar a importância dessas ações e a necessidade de correções em casos como da avaliação de desempenho dos funcionários. Eventuais estudos futuros, inclusive por parte da empresa, podem ter direcionamento para a medição da intensidade das competências nos funcionários, comparando com referências em resultados na própria empresa ou em setores similares. Com isso a empresa poderia direcionar treinamentos e atividades para o desenvolvimento de competências deficitárias, buscando aprimorar os resultados em vendas e na relação com os clientes. 79 REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de . Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2005. 174 p. CHIAVENATO, Idalberto . Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 1999. 457 p. CHIAVENATO, Idalberto . Recursos humanos: o capital humano das organizações. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 508 p. CHURCHILL Jr., Gilbert A. ; PETER, J. Paul . Marketing: criando valor para o cliente. Tradução: Cecília Camargo Bartalotti, Cidd Knipel Moreira . São Paulo: Saraiva, 2000. 626 p. COBRA, Marcos . Administração de vendas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994. 492 p. COBRA, Marcos ; TEJON, José Luiz . Gestão de vendas: os 21 segredos do sucesso . São Paulo: Saraiva, 2007. 270 p. 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Avalie as afirmações a seguir em relação a sua atuação no atendimento ao cliente Afirmações Conceitos de avaliação Discordo Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo Concordo totalpouco muito mente muito pouco Totalmente Percebo pelas ações do cliente durante nossa interação o interesse que ele tem pelo que estou apresentando. 1 2 3 4 5 6 7 A melhor forma de vender é conhecendo os clientes. 1 2 3 4 5 6 7 Me coloco no lugar da pessoa que estou atendendo 1 2 3 4 5 6 7 Me sinto bem quando consigo convencer alguém sobre alguma coisa. 1 2 3 4 5 6 7 Faço ofertas analisando os detalhes dos desejos do cliente. 1 2 3 4 5 6 7 Sigo meus objetivos com determinação. 1 2 3 4 5 6 7 Quando oferto um produto primo para que ele traga o melhor resultado para o cliente. 1 2 3 4 5 6 7 Desafios me motivam. 1 2 3 4 5 6 7 Atuo com qualidade e firmeza. 1 2 3 4 5 6 7 Tento entender os motivos do cliente para superar suas objeções e expectativas. 1 2 3 4 5 6 7 Quando provoco satisfação no meu cliente fico feliz. 1 2 3 4 5 6 7 Quero ser o melhor da equipe. 1 2 3 4 5 6 7 Planejo minhas abordagens e ações de venda. 1 2 3 4 5 6 7 A busca das metas da empresa é compromisso meu. 1 2 3 4 5 6 7 Tento exaustivamente superar as objeções do cliente quando negocio. 1 2 3 4 5 6 7 Quando um negócio não da certo me sinto motivado para tentar novamente. 1 2 3 4 5 6 7 Prefiro que as coisas sigam um padrão ou um planejamento claro. 1 2 3 4 5 6 7 Me sinto melhor quando atendo clientes com um padrão similar de comportamento. 1 2 3 4 5 6 7 83 Avalie as afirmações a seguir em relação a atuação das pessoas da equipe da agência no atendimento ao cliente Afirmações Conceitos de avaliação Discordo Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo Concordo totalmuito pouco pouco muito mente Totalmente Percebem pelas ações do cliente durante a interação o interesse que ele tem pelo que se está apresentando. 1 2 3 4 5 6 7 Se apoiam no relacionamento com os clientes para vender. 1 2 3 4 5 6 7 Colocam-se no lugar da pessoa que estão atendendo 1 2 3 4 5 6 7 Sentem-se bem quando conseguem convencer alguém sobre alguma coisa. 1 2 3 4 5 6 7 Analisam os detalhes dos desejos do cliente para fazer ofertas 1 2 3 4 5 6 7 Buscam os objetivos com determinação. 1 2 3 4 5 6 7 Quando ofertam produtos primam para que ele traga o melhor resultado para o cliente. 1 2 3 4 5 6 7 São motivados por desafios. 1 2 3 4 5 6 7 Agem com qualidade, firmeza e confiança. 1 2 3 4 5 6 7 Tentam entender os motivos do cliente para superar suas objeções e expectativas. 1 2 3 4 5 6 7 Se alegram com a satisfação do cliente. 1 2 3 4 5 6 7 As pessoas buscam ser os melhores da equipe. 1 2 3 4 5 6 7 Planejam as abordagens e ações de venda. 1 2 3 4 5 6 7 Estão comprometidos com a busca das metas e objetivos da empresa. 1 2 3 4 5 6 7 Se empenham em superar as objeções do cliente quando negociam. 1 2 3 4 5 6 7 Resultados negativos na oferta não abalam a motivação para continuar oferecendo. 1 2 3 4 5 6 7 Preferem que as coisas sigam um padrão ou um planejamento claro. 1 2 3 4 5 6 7 Preferem atender clientes com um padrão similar de comportamento. 1 2 3 4 5 6 7