a construção da linguagem a partir do sócio-interacionismo

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A CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM A PARTIR DO SÓCIO-INTERACIONISMO DA
TEORIA VYGOSTKYANA E SUAS IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS
HOFFMANN, Camila Dalmolin²; MARQUEZAN, Fernanda Figueira³
¹ Trabalho de Pesquisa _UNIFRA.
² Acadêmica do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Bolsista de
Iniciação Científica (PROBIC), Santa Maria, RS, Brasil.
³ Professora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS,
Brasil.
E-mail: [email protected]; [email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Linguagem; Pensamento; Vygotky; Educação; Infância.
INTRODUÇÃO
A educação é algo que permeia toda a existência humana, sendo interrupta ao longo
da vida. Sabe-se que muito se tem refletido sobre a educação de crianças, devido ao
ingresso, cada vez mais precoce na educação formal; entretanto, acredita-se que pouco se
reflete sobre a questão da linguagem infantil, especialmente de zero a seis anos, apesar do
seu frequente uso terminológico. Para tanto, decidiu-se, interinstitucionalmente (UFRGS,
UFSM, FURG, UNISC, UNIJUÍ e UNIFRA) e de maneira interdisciplinar, pesquisar sobre a
linguagem na infância. O intuito de discutir essa temática advém da necessidade de refletir o
conceito de linguagem e suas consequências no aprendizado infantil. Por isso, optou-se,
enquanto grupo do Centro Universitário Franciscano, como teórico, Vygostky por ser
referencial e discutir com propriedade as questões linguareiras agregadas ao
desenvolvimento e à aprendizagem.
METODOLOGIA
A metodologia de pesquisa utilizada foi a bibliográfica e a abordagem qualitativa, com
ênfase na discussão e reflexão acerca do referencial teórico produzido sobre a temática –
Linguagem e sua relação com o pensamento, com base nos estudos de Vygotsky,
especialmente por meio do livro Pensamento e Linguagem (VYGOTSKY, 1993). A respeito
da pesquisa bibliográfica, Thums (2000) ratifica que o bom embasamento bibliográfico
subsidia outras investiduras na temática, ao mesmo tempo em que pode promover uma
avaliação coerente a fim de avaliar se está no caminho certo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os antecessores de Vygostky e Piaget acreditavam que as crianças eram menos
inteligentes que os adultos; após as discussões e estudos desses dois autores passou-se a
perceber que a diferença entre o pensamento adulto e o infantil é mais no âmbito qualitativo
do que quantitativo. A gênese do pensamento complexo advém da fala social, das relações
interpessoais e com o meio. Nos primeiros anos de vida, a pessoa desenvolve a fala
egocêntrica, que é um “estágio transitório na evolução da fala oral para a fala interior”
(VYGOSTKY, 1993, p. 16) e que, ao contrário do que se pensava, está intimamente
vinculada com a realidade. Essa fala apresenta-se quase de forma integral em crianças de
até sete anos e com a mesma função que a fala interior para o adulto, ou seja, tem o intuito
de organizar o pensamento e não espera resposta de um interlocutor. Um exemplo concreto
a esse respeito é o papel que o brinquedo desempenha ao tornar-se centralidade da vida
infantil, indissociável entre real e imaginário. Quanto mais desafiada a criança for e quanto
mais estiver em contato com outras pessoas, maiores serão suas habilidades e
desenvolvimento. No último estágio, em torno dos sete anos, a fala egocêntrica se ameniza
e surge a fala interior que marca o mais complexo desenvolvimento do pensamento. É
importante ressaltar que na fala interior ainda existirá a fala egocêntrica; e que a fala social
permeará toda a vida. Desde quando bebê, a pessoa se comunica e utiliza de linguagem
não-verbal. Vygostky (1993) é claro ao trazer que o gesto precede a fala: “a palavra é um
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substituto convencional do gesto e aparece muito antes da crucial „descoberta da linguagem‟
por parte da criança, antes que ela seja capaz de operações lógicas” (p. 27).
RESULTADOS PARCIAIS
Vygotsky pretendia construir uma teoria do desenvolvimento intelectual para isso
utilizou a observação de crianças e animais; e, a crítica ao determinismo de certos pensares
da sua época. Para Vygotsky, a linguagem é a base de produção das capacidades
humanas. O desenvolvimento da fala é um momento de estreitamento entre o pensamento e
linguagem, apesar de terem raízes genéticas diferentes. Esse aspecto é ilustrado através da
comparação com os chimpanzés que possuem uma comunicação relativamente bem
desenvolvida e semelhante à fala humana, principalmente em termos fonéticos; entretanto,
estes animais são incapazes de associar suas experiências e abstraí-las para a solução de
uma situação conflitante, situação essa que, certamente, segundo o autor, originou-se a fala
humana.
No caso do ser humano, a fala está diretamente relacionada com reações intelectuais,
com o pensamento, existindo assim uma estreita correspondência entre pensamento e fala.
A linguagem, então, é a base do pensamento e estrutura para as demais linguagens e
expressões, sendo mediadora da expressão simbólica, já que ela se produz e reproduz a
partir da expressão não-verbal. A interiorização do diálogo exterior leva à linguagem, que
por sua vez, influencia o fluxo do pensamento. Para Vygotsky (1993), em um determinado
momento, ocorre um encontro, “é no significado da palavra que o pensamento e a fala se
unem em pensamento verbal. É no significado, então, que podemos encontrar as respostas
às nossas questões sobre a relação entre o pensamento e a fala” (VYGOTSKY, 1993, p. 4).
Ratifica essa ideia ao afirmar que “assim, a verdadeira comunicação humana pressupõem
uma atitude generalizante, que constitui um estágio avançado do desenvolvimento do
significado da palavra. As formas mais elevadas da comunicação humana somente são
possíveis porque o pensamento do homem reflete uma realidade conceitualizada. É por isso
que certos pensamentos não podem ser comunicados às crianças, mesmo que elas estejam
familiarizadas com as palavras necessárias.” (VYGOTSKY, 1993, p. 5).
Pode-se afirmar, a partir desses estudos, que existe uma determinação histórica da
consciência e do intelecto humano que se expressa nas possibilidades de aquisição e uso
da linguagem. Vygotsky manifesta com clareza sua preocupação com o desenvolvimento do
pensamento e da linguagem, sendo a linguagem muitas vezes relacionada à fala;
entretanto, a maneira de externalização da linguagem não é somente oral. Outro aspecto
que é necessário ser considerado é que a estruturação da ação está intimamente ligada
pela estruturação do pensamento; nos primeiros anos de vida a ação regula a linguagem,
logo após, a linguagem regula a ação. Na fase pré-intelectual do desenvolvimento da fala,
outras reações, tais como: as risadas, os sons articulados, o movimento, gestos, o balbucio
e o choro, “[...] são meios de contato social a partir dos primeiros meses de vida da criança
(p.37)”, ou seja, a forma da criança interagir com o mundo. Os estudos de Vygostky trazem
certamente muitos elementos a serem ponderados e que contribuem nas reflexões das
práticas de ensino-aprendizagem.
CONCLUSÕES PARCIAIS
A pesquisa revelou que para Vygostky o pensamento é o fundamento da linguagem
e ambos se constituem por meio das relações inter e intrapessoais. É na sociedade que a
criança se forma enquanto pessoa; por isso, muito além do simples cuidar, os infantis
necessitam de educadores capacitados, conhecedores do desenvolvimento humano e
sensíveis as suas especificidades, a fim de compreender e mediar o desenvolvimento e
aprendizagem de seus alunos. O ensino hodierno está excessivamente preocupado com a
linguagem verbal escrita, entretanto na educação de crianças pequenas é necessário mudar
o paradigma de maneira que possa incluir e abranger uma formação integral, ou seja,
possibilitar às crianças o desenvolvimento de todas as suas potencialidades e com as
diferentes expressões da linguagem.
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REFERÊNCIAS
THUMS, Jorge. Acesso à realidade: técnicas de pesquisa e construção do conhecimento.
2. ed. Porto Alegre: Sulina/ULBRA, 2000.
VYGOSTKY, L. Pensamento e linguagem. Traduzido por Jeferson Luiz Camargo.
Revisado por José Cipolla Neto. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
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